O jantar



A primeira
reacção de Harry foi esbugalhar os olhos. Sabia que era ela, só podia ser. No
entanto, achou tão estranho vê-la ali, no mundo trouxa e envergando uma
mini-saia que fazia conjunto com uma camisa decotada (Que Harry percebeu depois
ser o uniforme feminino), que achou por bem perguntar:



 



- Ginny?



 



A garota
sorriu, e então todas as dúvidas que pudessem existir cessaram. Aquele sorriso
franco e tímido era o sorriso da caçula Weasley, com
toda a certeza.



 



- Sim, sou eu, claro! Mas que
espanto é esse?



- O que você faz aqui?! - Harry quase se atropelou ao fazer a
pergunta e nem respondeu à questão da ruiva.



- Ora, o mesmo que você! Vim
estudar, assistir aulas… Bem que sua mãe me disse que você acordou estranho.



- Ahn? Minha mãe?



- Sim! Ela me telefonou hoje cedo e
pediu para falar com voc



 



Mãe?
Telefone? Ou Harry estava muito enganado ou aquela Ginny que ali estava não era
a mesma que conhecia. A aparência era igual, o nome pelos vistos também, mas a
personalidade era… trouxa demais.



O moreno
sabia o que era um telefone, mas duvidava que a ruivinha soubesse. E depois,
ela sabia tão bem quanto ele que sua mãe (a verdadeira!), estava morta.



 



- Harry?!?



- O quê? Desculpa, eu…



- Eu estou aqui falando com você,
mas parece que é o mesmo que falar para o boneco!



- Ginny,
me desculpa, mas eu tenho algo urgente a tratar, a gente se fala depois.



 



Virando-se
então para Draco, que continuava lutando desenfreadamente com a pasta mas que
deitava um olhar que demonstrava nojo a Ginny, murmurou algo que soo parecido a
“siga-me”, e correu pelo corredor até ao átrio, que se encontrava deserto.



“Ainda
bem” pensou “que todos eles preferem o parque ou o bar lá fora”. Puxou de uma
cadeira e se sentou, colocando a pasta nos joelhos. Continuava a não querer abri-la,
o que estranhava, visto ser muito curioso.



Esperava
que Draco lhe seguisse o exemplo, mas ao invés disso o loiro apenas disse:



 



- style='mso-bidi-font-style:normal'>Primeiro, acordo numa casa que não é a
minha, com pais que não são os meus e venho para uma escola que não é a minha.
Depois, encontro você e descubro que vou ter de permanecer aqui até descobrir
algo sobre nós que não consigo nem imaginar o que seja, de seguida, essa
maldita pasta que não quer abrir, e para completar em beleza… Uma Weasley!



- Caso você não lembre, eu estou na
mesma situação!



- Sim, claro, Potter! Mas você e a
pobretona se dão bem, ela é gente da sua laia…



- Olha como fala, Malfoy! E essa
não é a Ginny que eu conheço!



- Como não, Potter? Estou ficando
doido, agora?



- Não é isso, porra! A fisionomia é
dela sim, mas a personalidade não. Das duas, uma: Ou ela foi enfeitiçada, ou é
um clone.



- E porquê a enfeitiçariam?



- Mas é muito lógico, Malfoy! Ela
pode nos ser útil, visto ser alguém que conhecemos. Como o que temos de
descobrir é relacionado comnosco apenas, eu acho, a
enfeitiçaram, pois seria bastante estranho para ela acordar aqui e não saber de
nada.



- Mas se ela não sabe de nada, não
poderá nos ajudar…



- Isso é que eu não sei, sabe? Ela
não apareceu aqui do nada…



- E que feitiço lhe jogaram? - Perguntou o loiro pouco convencido
da explicação.



- Só no curto espaço de tempo que
estamos aqui, já me questionei umas mil vezes se você pensa! Essa Ginny acha
que pertence aqui, a esse mundo, e sabe tudo sobre ele. Transformaram-na numa
trouxa, que no entanto, nos conhece.



- Nos conhece não, TE conhece. Ou
você viu-a falando comigo?



- Lógico que não. Ou você acha que
ela quer ser humilhada como sempre é quando te dirige a palavra? Tiraram-lhe as
características bruxas, apenas isso.



- É, até que você tem razão… - Disse
Draco com um sorriso irónico - Mas… me
lembrei agora!! Lá no nosso mundo não darão pela nossa falta? E pela falta
dela?



- É uma boa questão - Disse Harry pensativo - style='mso-bidi-font-style:normal'>Não sei… Talvez a pessoa que nos enviou para
aqui tenha colocado clones nossos, para ninguém saber que estamos aqui.



- É, é uma hipótese…



 



O átrio
começava a encher-se, a pouco e pouco, e os dois jovens não se sentiam muito à
vontade. Os grupinhos de garotas eram muitos, e sempre que passavam junto dos
dois, sorriam… nomeadamente para Draco.



 



- Eu e o meu irresistível charme…



- Ora Malfoy, cala a boca! - Disse Harry rindo, e surpreso por
ver Draco rir também.





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O dia de
aulas passou rapidamente, e ao contrário do que esperavam, nem um nem outro
tiveram dificuldades com as matérias. Pelo contrário. Harry foi ovacionado
pelos novos colegas na aula de matemática,
quando explicou detalhadamente à turma como se resolviam inequações ( style='mso-bidi-font-style:normal'>Algo que ele sabia nunca ter ouvido sequer
falar até ao professor lhe pedir para falar) e Draco foi super elogiado pelo
professor de Português ao proclamar um poema de Fernando Pessoa ( style='mso-bidi-font-style:normal'>Harry tirou muito sarro do loiro, pois o
professor disse que Malfoy tinha talento para ser proclamador de poemas).



Quando se
reuniram, Harry questionou-se do porquê de entenderem tão bem a matéria trouxa,
quando nunca a tinham aprendido. Draco colocou a hipótese de tal como Ginny,
terem sido enfeitiçados, para que a sua única e grande preocupação fosse apenas
resolver o mistério, teoria com a qual Harry concordou efusivamente.



À saída
das aulas, Harry e Draco se dirigiam juntos para o portão, quando Harry
murmurou:



 



- Aquelazinha
lá, a loira… é a mulher que puseram como minha mãe! Vê se pode…



- E a outra, Draco, é a que puseram
como minha! Elas se conhecem!



 



As duas
mulheres deram-se então conta da aproximação dos “filhos” e se dirigiram a
eles. Uma mulher loira, um pouco gorda e de olhos pretos beijava a face de
Draco, que fazia esforço para não vomitar, enquanto que a mulher que Harry
conhecera de manhã, de longos cabelos castanhos, o abraçava.



 



- Meninos… Hoje vamos jantar todos
juntos! -
Disse a
loira, com uma vozinha extremamente aguda e irritante.



- Como assim, juntos? - Perguntou Draco não escondendo a
surpresa que o atingia.



- style='mso-bidi-font-style:normal'>Seu pai e eu convidámos a família Potter
para jantar lá em casa hoje. Têm algum problema, filho?



- Não, não, claro que não!



- E como hoje é sexta-feira, Harry
dormirá na sua casa. Aliás, esse procedimento é normal… -
Desta vez, quem falava era a
morena, que esbanjava sorrisos e acenos para pais de outros alunos que nenhum
dos dois conhecia.



- style='mso-bidi-font-style:normal'>Ah, claro! Que bom, não é, Draco? - Harry
tentava agir o mais normalmente possível, mas quem olhava para ele reparava nas
gotas de suor que lhe escorriam pelo rosto e pelas pernas bambas.



- N style='mso-bidi-font-style:normal'>Sim… ahn, claro
que sim! - Draco recebeu um olhar fuzilante do moreno ainda antes de
terminar a primeira palavra, e rapidamente corrigiu o que ia dizer. Sabia que
tinha de agir normalmente, e se a mulher dizia que aquilo era normal, ele só
tinha que fingir que sim.



- style='mso-bidi-font-style:normal'>Filho, você prefere ir já com Draco e Milla ou ainda vai em casa?



- Eu vou com eles, se não for
incómodo.



- Claro que não, Harry! É um
prazer, você sabe isso.



 



Despediu-se
então de sua mãe e seguiu Draco e Milla. Rapidamente
os outros dois pararam em frente a um carro luxuoso e a loira entrou. Harry
ainda teve tempo de comentar, antes de entrar: normal'>“Pelos menos nisso, você ficou igual…”



Já dentro
do carro, e de cinto de segurança colocado, Draco falou baixinho, para a mulher
não ouvir:



 



- Só mesmo no mundo trouxa os
Malfoys convidariam os Potter para jantar…



- É, é muito estranho! Afinal,
nossas “mães” se conhecem, são amigas, e eu vou dormir na sua casa toda a
sexta-feira… E pensar que eu não sabia isso!



- Ah, e você goza, não é?



- Claro que não, estava apenas
brincando. Você é enjoado mesmo, hein?



Draco
sorriu e não respondeu. Se ao princípio a ideia de conviver com Harry lhe
parecera insuportável, agora a sua opinião não era exactamente a mesma. style='mso-bidi-font-style:normal'>“Até que o cicatriz é legal… E já que vou
ter que conviver com ele, pelo menos que seja uma convivência civilizada.”



Rapidamente
chegaram aquela que Harry presumiu ser a casa da família Malfoy no mundo
trouxa. Altiva, enorme e bastante luxuosa, o moreno duvidou que, mesmo com todo
o dinheiro que tinham, os Malfoy (bruxos) pudessem ter uma mansão daquelas.



Entraram
em casa e a mulher disse-lhes que se quisessem, poderiam ir para o quarto de
Draco, onde tinham o computador e a Playstation para
jogar. Harry esforçou-se para não rir ao ver a cara de espanto que Malfoy fazia
enquanto que acenava com a cabeça distraidamente.



Subiram
então a escada em conjunto e o loiro perguntou:



 



- style='mso-bidi-font-style:normal'>Mas que raio é o computador e a Playstation?



- Hahahaha, o meu primo trouxa tem
3 computadores! É assim uma máquina, onde eles escrevem textos, e navegam na
Internet. A Playstation eu não sei…



- Ahn? Inter quê?



- Ah, isso
eu já não sei. Digamos que eu e o meu primo não temos
uma convivência muito pacifica, então, nunca tive a
oportunidade de lhe perguntar.



- Bah,
não interessa. Deve ser bobagens de trouxas mesmo.
Gente insignificante, reles, burra, nojenta…
- E o role de insultos continuou até
Draco não ter mais adjectivos para qualificar os não-bruxos.



 



O que é
certo é que passaram a tarde toda de volta do computador, fazendo uns desenhos
idiotas num programa chamado Paint e nem deram pelo
tempo passar. Só perceberam que já era noite quando ouviram uma voz grossa,
chamar:



 



- style='mso-bidi-font-style:normal'>Garotos! O jantar está na mesa! Podem descer!!



- Suponho que essa seja a voz do
meu pai… -
Disse Draco com irritação na voz. Nunca ninguém iria substituir
Lucius Malfoy, muito menos um trouxa idiota.



- style='mso-bidi-font-style:normal'>Você também não conhece o seu pai?



- Nã… a
mulher falou que ele já tinha saído para o emprego quando eu acordei.



 



O jantar
foi entediante no mínimo. Os dois garotos olhavam-se enjoados enquanto os homens
discutiam futebol (Que raio é isso? -
Mais uma vez Draco perguntava)
e as mulheres discutiam assuntos fúteis como
o novo desfile da “Dolce & Gabanna”
e as tendências para o Inverno, no assunto “moda”. Sem conversarem, os garotos
devoravam a comida, que tinham de admitir, estava muito bem confeccionada e com
um sabor delicioso. Conseguiram se esgueirar para o quarto de Draco, pois este
não parava de insistir que queria abrir as pastas.



O que é
certo é que não conseguiram. Tentaram os dois juntos abrir a pasta que dizia
“Draco Malfoy” e que era verde, sem sucesso, e o mesmo aconteceu com a que
tinha inscrito “Harry Potter” e que era vermelha. Desistindo por fim, vestiram
o pijama que alguém tinha colocado em cima das duas camas existentes no quarto,
e se deitaram. Antes disso, Draco colocou as duas pastas, uma sob a outra, em
cima da mesa da cabeceira, virando-se logo de seguida. Não pode assim observar
que as duas pastas se uniram numa só, de um tom acastanhado…

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