Enquanto houver sol



- Isso... Aqui, menininha! Isso! – Andrômeda brincava com uma das gêmeas, chamada Stefhanie. – Jogue a bolinha pra tia, isso! Parabéns, querida! Você é muito inteligente!
As gêmeas já estavam com um ano. Havia se passado um ano da morte de Sarah, e ninguém, mesmo tentando fingir, não esquecera. Andrômeda estava brincando com Stefhanie na sala, enquanto Amanda estava no quarto mostrando algumas fotos para Liliane, a outra gêmea, que, mesmo que não entendia direito o que Amanda dizia, estava olhando as fotos.
- Veja... Sou eu, meu chefe, meus colegas de trabalho... E... – Ela olhou para Liliane. – E sua mãe, veja... É, essa moça alta e loura... É linda, não é? Eu sei que ela não está mais aqui com a gente, mas, mesmo assim, saiba que ela estará sempre cuidando de você, dentro de seu coração, Lia. Entendeu? – Amanda sorriu e abraçou-a.
Sirius abriu a porta de casa, olhando para os lados. Logo em sua mente vieram lembranças de Sarah, e ele tentou pensar em outra coisa rapidamente. Tinha que ser forte. Quando Stefhanie viu que seu pai havia chegado, largou a bolinha com que estava brincando com Andrômeda e olhou-o. Ele sorriu para a filha.
- Ela é linda, não é, Sirius? – Andrômeda perguntou, enquanto Sirius pegava sua filhinha no colo, olhando-a atentamente.
- Sim... Parece muito com a mãe dela... Principalmente os olhos...
Stefhanie tinha os olhos azul-celeste, igual Sarah possuía. Aquela cor transmitia muita paz.
- Sim, ela é linda mesmo... – Andrômeda fez carinho em Stefhanie. – Por que será que Liliane é mais nervosa que ela?
- Ah, Andrômeda, gêmeos podem ser idênticos, mas tem jeitos completamente diferentes. – Sirius explicou. – Liliane tem o gênio completamente diferente de Stefhanie, que é mais calma e alegre. Não sei por que Liliane é assim, mas deve ter desde quando nasceu.
- É, tem razão. – Andrômeda sorriu.
Amanda apareceu, segurando Liliane no colo.
- Bem, eu já vou então... – Ela deu um sorriso, colocando Liliane no colo de Andrômeda. – Amanhã eu volto. Ah, e Sirius, se precisar de alguma coisa, é só me mandar uma coruja, está bem?
- Ah, claro. Muito obrigado mesmo, Amanda. – Ele sorriu.
- Ah é um prazer... Eu sempre quis ter uma filhinha mesmo... Tchau, até amanhã! Tchau, lindinhas! – Deu um beijinho em cada uma, e, sorrindo, fechou a porta, indo embora para sua casa.
Sirius estava olhando para o nada, pensativo. Andrômeda, percebendo, falou sabiamente para o primo:
- Uma morte se paga com a vida, Sirius. – Ela o olhou. – E nesse caso, foi pago em dobro. Sarah teria ficado muito orgulhosa de você. Tem sido um bom pai.
Ele olhou Andrômeda, e tentou sorrir. Sua prima logo percebeu que ele estava tentando segurar o choro.
- Ah, priminho, não segure... É pior... Chore que faz bem pra alma... Você só vai ficar prendendo um sentimento ruim...
Então, ele, olhando Andrômeda, desabou, chorando.
- Ah, Andrômeda, como eu sinto falta dela...
- Eu entendo! – Ela o abraçou, tentando consola-lo. – Mas, onde ela estiver, tenho certeza que está muito calma, pois tem certeza de que você cuidará delas direitinho...
- Eu a amo tanto, Andrômeda... – Ele olhou para o retrato de Sarah que havia na instante.
- Ela também te amava muito, Sirius! Você tem dúvidas disso?
Ele olhou para Andrômeda. Sua prima levantou.
- Olhe, quero que saiba que a morte não supera o amor! Mesmo que morremos ou a pessoa que amamos morra, as almas continuam ligadas... Então, você foi o último, e tenho certeza que o único que Sarah amou antes de falecer! Ela sempre terá uma ligação com você... Suas almas estão ligadas... Para sempre, Sirius! Ela odiaria te ver assim... Ela sempre foi tão animada!
Ele enxugou as lágrimas, e abaixou a cabeça.
- Tem razão. Eu faço papel de besta às vezes. Desculpe-me, Andrômeda.
- Ah, tudo bem primo... – Ela se sentou ao seu lado. – Escute... Meu marido também morreu.
- O que? – Sirius a olhou. – Ah, eu sinto muito, Andrômeda, sinto mesmo...
- Ele morreu a três anos atrás. – Ela contou, séria. – Sabe, o Ted era trouxa... Toda a família estava contra a minha opinião e sentimento. Mas eu fui fundo... E casei-me com ele. E tive a minha filha. Então, ele morreu. Foi em um acidente...
Sirius sentiu pena de sua prima. Passara a mesma coisa que ele.
- Por muitos meses eu fiquei chorando pelo canto, não saia, ficava o dia inteiro deitada, com depressão, não comia... Mas, então, peguei uma carta que ele havia me escrito antes de casar comigo. Dizia que sempre me amaria e que sua alma sempre acharia a minha, não importava o lugar, que jamais estaríamos perdidos um do outro. Então, acreditei nisso quando olhei a aliança que ele me dera de noivado. Nós nos amamos muito, Sirius, e ainda o amo, e tenho certeza que ele também me ama, em qualquer lugar que ele esteja.
Sirius sorriu e abraçou Andrômeda. Ficaram minutos juntos, sem abrirem a boca, só aprofundados em seus pensamentos.
- Eu tenho certeza... – Andrômeda sussurrou. – Que Sarah e Ted estão juntos, como estamos agora. Estão pensando na gente.
Sirius passou a mão de leve pelo rosto de sua prima, jogando seus cabelos longos e negros para trás.
- Eu te adoro, Andrômeda.
- Eu também te adoro, Sirius. Afinal, somos primos e quase irmãos! – Ela sorriu. – Foi por pouco!
Os dois riram, e de mãos dadas, levantaram-se e abriram a porta de casa, indo dar uma caminhada pela noite, para olhar as estrelas e lembrar de Sarah e Ted, que, um dia, fizeram-nos felizes.

>> Fim.

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