Desiludida
Desiludida
- Ginny, preciso falar com você. – chamou Harry, sério. Parecia inquieto. Chegou a mesa da Grifinória, que estava esvaziando de acordo com os alunos que a deixavam, indo respectivamente para suas primeiras aulas. Gina o olhou, desconfiada “Coisa boa não pode ser” pensou, apreensiva.
- Sim, Harry? – disse a garota forçando um sorriso, tentando manter-se calma.
- Vamos conversar em outro lugar.
- Tudo bem... – concordou a garota e seguiu Harry para fora do salão. Estava começando a ficar irritada “Até onde ele quer ir?”. No mesmo instante o menino parou. Ginny se espantou quando ele parou, não parecia o Harry que ela havia conhecido, ele tinha um outro olhar, indiferente talvez.
- Eu... Ginny, me desculpe, desculpe mesmo. Não... consigo... mais... não dá mais... eu... – falava sem jeito. Aparentemente estava bastante angustiado. “Não posso mais ficar com você” pensou Harry “Me desculpe Gina”.
- A-acho que sei o que você está tentando me dizer... eu... tudo b-bem... já entendi. – murmurou a ruiva, já segurando as lágrimas. Parecia ter lido os pensamentos do garoto, mas não podia chorar na frente dele, não podia. Não iria mais mostrar fraqueza. Teria que agüentar. – Eu... tenho que ir.- e saiu em disparada pelo corredor contrário. Já não segurava mais, estava chorando.
Corria. Sem nem ao menos saber onde queria chegar. Queria apenas fugir de tudo aquilo. Fugir de Harry, de seus sentimentos despedaçados e acabados e que haviam sido pisados. Queria morrer, não tinha mais por que viver sob aquela tortura. Alimentou por tanto tempo aquela paixão platônica e doentia pelo “Menino que sobreviveu” e agora, nada mais havia entre eles. Ele não a amava mais e isso era tudo.
Um bombardeio de lembranças vieram a tona em sua cabeça – ele a beijando pela primeira vez. A primeira declaração. Risadas. Seu jeito manso de conversar...tudo em meio às últimas palavras trocadas. Ele não estava mais ao seu lado...
Seu coração estava quase explodindo de dor, angústia, e perda. Tudo havia mudado ao longo das férias e ele resolvera terminar seu romance logo no início do ano letivo. Ela sentia que já não estava indo tão bem, mas isso a confundia, a deixava sem reação, desesperada e acabada por dentro. Tinha sido destruída. Sentimentos jogados no lixo - rascunhos de um caderno velho.
Corria. Só sabia que queria estar longe dali e de suas lembranças que, pela parte do garoto, tinham sido esquecidas, como se tudo não passasse de um sonho bobo e displicente. Estava atordoada, só, sem Harry e sem amigos. Estava apenas com seus pensamentos embaralhados, fazendo-a se afundar cada vez mais.
As paredes pareciam passar rápido por ela, bem como os olhares curiosos que iam a seu encontro. Chorando, quem passava por perto a observava passar veloz aos prantos e soluços mais altos do que ela desejava. "Não tenho o porque continuar aqui, ele conseguiu o que queria, acabar comigo" este pensamento se repetia a cada passo desesperado e corrido que dava. "O que eu fiz para ele agir assim comigo? Nunca fui importante para ele?" mais lágrimas rompiam seu rosto quente cheio de sardas, agora vermelho e inchado. Os olhos comprimidos doíam, não conseguia nem ao menos enxergar o que passava velozmente pela sua frente.
Corria. Seus longos cabelos vermelhos contrastavam com o breu do sétimo andar, até que sentiu colidir com algo - ou até mesmo alguém, e caiu. Todos seus livros, cadernos e anotações estavam no chão, fazendo um imenso barulho ao atingi-lo. Livrando-se de seus pensamentos e levantando a cabeça, viu quem menos queria encontrar. Através dos cabelos loiros-platinados, caído com uma cara amarga, o garoto estava fitando-a com ódio. Seus olhos cinzentos percorreram a menina caída na frente. Fez um gesto superior, empinando o nariz. Frio. Essa era a palavra que descrevia os modos e atitudes do rapaz estirado ao chão. “Nojento” pensou a menina.
- Olhe por onde anda, Weasley probretona. – disse, irritado - Não se atreva a encostar suas vestes imundas em mim.
“Essa Weasley...nojenta” pensou o garoto, olhando com desprezo a menina caída em sua frente, com lágrimas nos olhos. “Odeio gente chorona” - se levantou, recompondo-se e desamassando suas vestes.
- De-desculpe...- disse Ginny abaixando os olhos, engolindo seco e limpando os olhos com as mangas das vestes.
Sem que a garota visse, o garoto loiro pegou algo de Ginny que havia caído - um pequeno caderno. Algo que, mais tarde, a garota de cabelos vermelhos e sardas sentiria falta. Mal sabia ela que seu problema começava ali e agora. Seu diário havia caído em mãos erradas – estava nas mãos de Draco Malfoy.
N/A: Comentem! ;*
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