Março: Traição e Cigarros

Março: Traição e Cigarros



N/A: Oiiieee! Talvez demore um pouco para ru colocar o segundo capítulo... vou colocá-lo aos poucos, certo? Estou escrevendo outra fic, então essa pode demorar um pouco... Bjos, Giovanna




quinta-feira, 19 de março


Todas as mulheres acreditam-se singulares, todas pensam que determinadas coisas não lhes podem acontecer e todas se enganam. Todas. Como eu. Anh... será que preciso me apresentar a um diário? Bem, sou Virgínia Weasley. Já não uso o Potter. Aconteceu a exatamente dois dias. Harry (meu marido... ou deveria se ex?) tinha saído; iria na casa de meu irmão, Rony. Não consegui falar com ele e quando aparatei na casa de meu irmão, ele disse que Harry já tinha deixado a casa a um tempo.



Comecei a ficar muito preocupada. Afinal, mesmo depois da morte de Voldemort no meu sexto ano (sétimo de Harry) ainda existiam Comensais da Morte por todos os cantos, e a idéia de Harry ser atacado me perturbava todos os dias. Voltei para casa e tentei dormir, sem sucesso algum. Fiquei acordada, sentada no sofá da sala, no escuro.



De repente ouvi o barulho de alguém aparatando. Já me preparei caso fosse um Comensal; tinha a varinha nas mãos, suadas de nervoso, é verdade. Mas então vi a silhueta de Harry perto da cadeira ao lado da Tv e fiquei mais tranqüila. Acendi as luzes, e ele se assustou.



- Você está acordada?! Que foi que aconteceu? - perguntou-me um pouco apreensivo.



Não consegui emitir uma palavra sequer. Senti as mãos tremerem; corri para abraçá-lo.



- Oh, Harry! Onde você estava? Eu estava tão preocupada! Porque demorou? Rony disse que você já tinha saído da Toca a bastante tempo...



Ele não me respondeu.



- Você foi beber? Não, você não bebe... Encontrou algum amigo? Foi visitar alguém?



Ele continuou sem me responder. Então algo veio a minha cabeça. Algo completamente improvável, é claro.



- Você... você tem outra mulher?



Eu disse aquela frase quase rindo. Mas então ele virou-se para mim. Os olhos verdes encararam os meus, e ele murmurou:



- Sim, Gina. Tenho outra mulher.



Eu teria soltado muitas risadas se não fosse a cara dele. Harry não conseguia mentir: ele sempre começava a rir. Eu fiquei ali, parada, esperando ouvir suas risadas, mas isso não aconteceu. Não consegui emitir um som qualquer. Não entrava na minha cabeça. Harry jamais me trairia. Controlando a voz o máximo que pude, lhe perguntei quem era. A resposta só me fez ficar ainda mais a beira das lágrimas.



- CHANG! Essa mulher maldita está sempre na minha vida... como? porque? Harry... me diga porque!! Eu não fui boa? Eu não te fiz feliz? O que foi que houve? Por Deus, me diga...



Eu já não podia controlar minhas lágrimas... era demais. Claro que eu sabia que Harry tinha tido algo com Cho Chang no seu quinto ano... mas eu não imaginava. Eles trabalhavam juntos como aurores... quando eu soube disso me desesperei, mas ele... Harry me garantiu que me amava e que Chang não ia mudar nada. Acreditei.



- Gina... entenda... eu te amo...!



- Oh, Deus, claro que ama! - eu gritei louca de raiva. - Por isso que foi encontrar-se com ela... foi deitar-se, transar com ela! Eu não sou mulher o bastante? Não sou boa na cama? Qual é o problema?! Einh? Responda, porra!



- Eu a amo, Gin. Eu amo a Cho.



A voz dele era cansada e calma. Eu parei de resmungar baixinho quando ele disse aquelas palavras. "Eu a amo, Gin. Eu amo a Cho". E me amava também! Deitava-se comigo todas as noites, amando outra? Gritei todas as palavras que consegui, acusei-o de mentiras, traição, chamei Harry de todas as piores palavras que consegui encontrar.



- Pegue suas malas e suma daqui, seu porco imundo! Vá para casa daquela piranha tão imunda quanto você! Cafajeste, mentiroso... vá se deitar com aquela puta de rua...



- Você pode me chamar de tudo que quiser, Gina - ele me cortou, sua voz seca. - Mas não chame Cho de nada, porque ela não tem culpa!



- Não tem culpa?! - soltei uma gargalhada. - NÃO TEM CULPA?! Quando ela estava sendo comida por você, sabia que eu existia! Sabia que éramos casados!



Diante daquelas palavras, Harry não teve como falar nada. Não tinha o que falar.



- Você está cansada, Gin. Está exausta...



- Não venha me dizer como estou, Harry! Você nem faz idéia de como estou me sentindo!



- ... por isso conversaremos amanhã.



Ele foi para o quarto. Achei que ia querer dormir lá e me deixar na sala. Fiquei irada e me preparei para gritar novamente, quando ele apareceu na sala novamente, malas nas mãos. Olhou para mim e pude ver uma lágrima. Aparatou. Só Deus e ele sabem para onde, creio que para a casa daquela porquinha imunda. Quando me vi sozinha naquele enorme apartamento, sem Harry, sem seus sorrisos, chorei. Chorei por tudo. Chorei até dormir.


*****


sexta-feira, 20 de março


Eu esperava muitas coisas do Harry. Mas nunca - nunca mesmo - a traição. Nem ao menos passava pela minha cabeça a idéia de que um dia, aquele homem que eu amava desde meus onze anos fosse me trair. Nós nos conhecemos quando eu tinha onze anos, era meu primeiro ano em Hogwarts - escola onde estudávamos. Ele estava fazendo o segundo ano com meu irmão Rony. Enfim... ele me salvou de Voldemort... é, agora falo o nome dele. Acabei acostumando de tanto Harry falar.



Voldemort foi morto no começo de meu sexto ano, e depois disso eu e Harry começamos a namorar. Fiz meu último ano em Hogwarts enquanto ele acabava seus estudos de Auror. Me formei, fui trabalhar no jornal Profeta Diário. Ainda trabalho lá, estou de férias. Deus, como eu o amava. Agora nem sei o que sinto.



Raiva. Ódio. Quando acordei hoje levei muito tempo para entender o que tinha acontecido. Fiquei me perguntando se Rony sabia e escondeu de mim. Se ele sabe, Hermione não tem a mais pálida idéia, porque tenho certeza que ela me contaria. Hermione é a mulher de Rony, estudou com ele e Harry. É minha melhor amiga.



Preciso conversar com ela, desabafar. Deus, não acredito nisso! Estamos casados a dois anos, desde meus dezoito, e nada assim aconteceu. Maldita Chang! Maldita seja!


*****


domingo, 22 de março


Acho que fiz uma besteira. Sexta eu estava a beira da histeria. Precisava fazer alguma coisa. Não aguentava mais ficar em casa, desde terça-feira. Eu não saia desde que Harry me contara sobre Chang. Os dois provavelmente devem estar indo a cinemas, shows, jogos de quadribol e eu trancada em casa. Decidi sair, me divertir. Mas... cometi erros.



Ao chegar ao barzinho que fica a uns dois quarteirões aqui de casa, o Browser Willam - só Deus sabe porque deram esse nome ao lugar... talvez um dia eu descubra - eu tinha apenas a intenção de passear, ver as pessoas se divertindo, enquanto eu estava sofrendo. Quem sabe eu melhorasse, como em filme: de repente, eu me daria conta de que não valia a pena sofrer e sairia cantando e dançando pelas ruas.



Mas nada disso aconteceu. Entrei no barzinho e vi algumas pessoas. Alguns rostos se viraram para mim ao me ver. Talvez algumas tenham me reconhecido, ouvi uma mulher sussurar para a amiga: "essa não é a mulher do Potter?". Ia pedir um refrigerante para o barman, mas... perto de mim havia um homem bebendo um uísque. Parecia tão convidatido que pedi um.



Fiquei olhando de um lado para o outro. A bebida era, claro, forte demais para mim que não estou acostumada a beber. Então senti um cheiro. Deus, aquele cheiro que já senti tantas vezes. Naquele momento, um cigarro parecia perfeito. Virei-me para a jovem que fumava e lhe pedi um. A garota me olhou surpresa, depois me entregou um cigarro, que foi direto para minha boca. A garota acendeu o cigarro para mim, e no momento que soltei a famosa fumaça... ah... todo o meu corpo relaxou.



Eu nunca bebi. Nunca fui daquelas loucas de beber sem parar e depois acordar num motelzinho nua, sem saber de nada. Mas o cigarro... Ah! Eu era fumante desde o final do meu sexto ano, mas fazia tudo escondida de Harry e Rony. Hermione sabia, não aprovava, lógico, e tentou muitas vezes me convencer a parar... mas eu amava!



Quando Harry terminou seu sétimo ano dei graças a Deus: agora eu poderia fumar em paz! Claro que ele suspeitava, e um dia até me pegou, eu prometi que ia parar, mas foi mas forte que eu... eu não conseguia. Então teve uma saída para Hogsmead - um vilarejo perto de Hogwarts - e ele ia, mas eu não sabia. Eu estava no Três Vassouras, fumando e bebendo uma cerveja amantegada, quando meus olhos viraram para a porta e eu gelei.



Harry estava lá, me olhando como se eu fosse uma coisa nojenta. Ele veio caminhando, e eu já estava esperando o esporro. Ele parou ao meu lado e todos da mesa se calaram. Colin, que também tinha um cigarro na boca, murmurou baixinho para mim: "agora fudeu, Gin-Gin". Gin-Gin! Porque diabos ele me chamava assim?! Bem, o fato é que ele tirou o cigarro da minha boca e apagou. Fiquei muito puta: uma coisa é ele me pedir e outra é fazer o que fez.



- Se você quer acabar com seus pulmões Gina, o problema também é meu, sabia? Eu não quero te ver doente.



A voz era tão fria que o lugar pareceu gelado de uma hora para outra.



- É, Harry. Mas a vida é minha. Meus pulmões. E então... - suspirei fazendo pose - eu posso fumar quando bem entender. Já sou maior de idade.



- Mas quando começou com essa merda não era! - ele exclamou furioso. - Certo, Gina. Lamento muito, mas nosso namoro acabou, então. Junto com ele, o noivado.



Eu fiquei ali parada, olhando ele virar e sair do Três Vassouras, todos os olhares da mesa em mim. Luna me olhava meio espantada, Colin meio que sorria amargurado. Foi quando me dei conta.



- Ele... ele disse noivado? - falei um pouco baixo demais. Peguei uma bala em cima da mesa e enfiei-a na boca enquanto corria atrás de Harry.



- Harry! HARRY!!



Ele se virou calamamente e veio andando até mim. Perguntou o que era e eu peruntei o que ele queria dizer com "noivado". Os olhos dele brilharam por alguns minutos e depois me encararam.



- Eu ia pedi-la em casamento Gina. Mas... o cigarro...



- Cristo Jesus! Eu paro! Eu paro! - comecei a berrar na rua. - Se eu parar você vai casar comigo?



- Acho que sim - ele fez uma voz como se fosse doloroso casar comigo, mas depois sorriu.



- Oh... oh, meu Deus... - eu comecei a rir e chorar ao mesmo tempo.



Entramos no Três Vassouras de novo e eu gritei:



- EU VOU CASAR!! Eu vou casar com o Harry!



Colin veio me abraçar, Luna e os outros também, desejando-me felicidades e tudo mais... Dois meses depois que acabei a escola nós nos casamos. E eu nunca tinha posto um cigarro na boca depois disso.



Mas naquele mometo... era algo fundamental. Eu precisava do cigarro. Paguei o uísque e comecei a voltar para casa, um pouco tonta. Nossa... um copo já me faz ficar completamente zonza. Só lembro de ter aberto a porta, apagado o cigarro e caído no sofá. Depois disso, acho que dormi.


*****


segunda-feira, 23 de março


Acordei com uma terrível dor de cabeça. Efeito da bebida. Harry ainda não apareceu. Nem ligou, nem nada. Maldito telefone trouxa que não toca! Preciso de um cigarro. Vou ter que ir até a lojinha ali em baixo comprar. O bom de morar aqui em Londres é que é tudo tão perto. Quer dizer, o bom de morar nesse apartamento. vou dar uma descidinha.



uns minutinhos depois...



Fumando desesperadamente, como se não houvesse cigarros nunca mais. Tenho que economizar, além do mais... Que barulho foi esse? Alguém aparatou aqui. Harry!



horas depois...



Era o Harry. Tivemos uma discussão. Quando saí do quarto com olheiras, cigarro na mão e camisola... Camisola! Santo Deus! Se eu estou de camisola até agora e não troquei de roupa... oh, eu fui até a lojinha de camisola! Por isso todos me olhavam esquisito... eu achei que estava de vestido! Que estúpida!



Mas voltando ao Harry... quando ele me viu naquele estado, tive a impressão de ver um olhar cheio de pena. Então ele começou a gritar que eu não devia fumar e que era errado, e blá-blá-blá. Eu dei uma profunda tragada e soltei a fumaça calmamente, provocando-o. Ele ficou irado, me disse palavras agressivas. Fiquei ainda mais nervosa... ameacei matá-lo. Estava fora de mim. Ele veio andando, tirou o cigarro da minha mão - como já havia feito anos atrás... - e atirou no chão.



- Seu puto! Agora quer incendiar a casa?



Comecei a bater nele. Tapas. Mas Harry tem bons reflexos, e eu só acertei alguns.



- Gin... escuta! - ele berrou de repente, me assustou. Apertou meus braços de modo que eu não conseguia me soltar. - Eu... eu sinto muito. Pelo negócio da Cho. Eu me apaixonei por ela... ela está grávida. Quero... quero o divórcio.



Ele não precisou mais me segurar. Eu nem tentei me debater. O mundo parecia rodar muito rapidamente, e depois parou. Eu não consegui nem chorar, nem ao menos me mexer. Harry me soltou. Eu desabei. Por sorte havia uma cadeira logo atrás de mim. Eu ouvi ele dizer algumas palavras, não sei o que falou. Então ele desaparatou.



E eu me senti sozinha. Me sinto sozinha. Uma coisa é Harry me trair. Outra, completamente diferente, é ele me pedir o divórcio. Chang está grávida. Eu... eu tinha esperanças dele voltar para mim! Eu o quero de volta! Eu o quero de volta! Ela... ela não pode tirar Harry de mim... ela levará minha vida junto...


*****


quinta-feira, 26 de março


Terça-feira fez uma semana que Harry me contou da traição. Nesse dia, fui até a Toca. Devia estar muito horrível, porque Hermione soltou um gritinho ao me ver. Meu cabelos estão sujos, embaraçados, feios. Não tenho a menor vontade de fazer nada. Me sinto suja por dentro. Fraca. Contei toda a história para Hermione. Ela ouviu pacientemente, não me interrompeu nem uma vez. Observava eu chorando, me abraçava, me dava apoio.



Conversamos muito, eu lhe pedi para não contar nada ao Rony. Ele ia ficar chateado com Harry, e eu não queria destruir sua amizade. Era o que ele merecia... mas eu não ia ser tão baixa. Eu tenho certeza de que vou melhorar.


*****


sábado, 28 de março


Fui ao salão de beleza, junto com a Hermione. Na verdade, ela que me obrigou a ir. Ameaçou contar a Rony. Hermione é má quando quer alguma coisa. Adoro ela. Quando acabaram, juro, não me reconheci. Meus cabelos, antes comprido - acho que ia até o meio das costas - agora está um pouco abaixo dos ombros. Fiz as unhas do pé e da mão. Cores claras.



Admito que estava um caco. Agora estou bem melhor, pareço mais alegre e viva. Amanhã vou sair para comemorar. E quarta-feira (ou é quinta? sei lá...) vai ter um jantar na Toca... aniversário de casamento de Rony e Hermione! Tenho que comprar um presente... vou sair amanhã de manhã para comprar!



PS: Desisti do cigarro. Simplesmente parei, de uma hora pra outra... não tenho mais tanta vontade.


*****


domingo, 29 de março


Acabei de chegar em casa. Comprei um tabuleiro e peças de xadrez para Rony e dois livros para Hermione. Espero que os dois gostem... Almocei fora, num restaurante muito bonito que abriu aqui do lado. Muito simpático e agradável.



Acho que vou sair hoje a noite. Ir a uma boate, quem sabe... Estou com muita vontade de dançar, muita mesmo!


*****


segunda-feira, 30 de março


Dancei muito ontem. Estou exausta, de ressaca total. Hermione veio aqui confirmar minha presença. Disse que Rony encontrou Harry - óbvio, eles trabalham juntos - e ele lhe contou do divórcio. Perguntei o que Rony falou.



- Nossa! Rony me contou, disse que vocês estava brigando e então você pediu o divórcio...



- Como assim?! - eu perguntei furiosa. Que diabos estava acontecendo?



Hermione suspiroi, frustrada e cansada.



- Harry não contou da Chang.



Fiquei com tanto ódio... Harry mentiu para Rony! Ah, ele vai ver quarta, porque ele vai - com certeza - na Toca, e ele vai ver só. Vou gritar pra tudo e todos o que ele fez comigo.

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