Defesa contra as Artes das Tre



Harry e Rony se encararam brevemente e em seguida fitaram a amiga.

- Leia de novo Hermione, você deve estar precisando de um óculos.

- Não estou - respondeu a menina levemente indignada a Rony, voltando a olhar para a página do Profeta Diário, limpando a boca com um guardanapo com uma das mãos e com a outra segurando o jornal bruxo, passando os olhos rapidamente pelas linhas nele escritas.

- E então?

- O que está escrito?

- Querem calar vocês dois? Estou tentando procurar algum nome...

Enquanto a amiga lia o jornal atenciosamente, à procura do motivo da tal inspeção, Harry olhou despercebidamente para o lado, onde se encontravam professores e alunos espalhados, bem na frente na mesa principal do salão. E no meio do vai e vem daquelas pessoas estava a Srta. Malkin, que há pouco tempo conhecera e salvara sua vida, ficara grato por isso, conversando com uma outra mulher, também de aparência jovem como ela só que uma feição bem mais séria do que esta.

- Vocês, escutem... - disse Hermione. - Não é uma inspeção como estava falando aqui, é um método de precaução, isto, aliás, é o ministro que disse. Ele acha que Hogwarts pode... hum... estar caindo no ensino e na qualidade...

- Que ridículo! - exclamou Rony.

-... e que seria fundamental para o Ministério torná-la a boa escola que era antes. Mas que absurdo!

- E isto quer dizer que...? - perguntou Harry.

- Que ele, ou seja, o Ministério, em um conselho, que aqui num cita qual - Hermione olhou rapidamente para o Profeta Diário em suas mãos, no seu colo. - foi decidido pelos membros, obviamente sem o consentimento de Dumbledore, que Hogwarts será inspecionada durante dois meses, acho... - e olhou de volta para o jornal. - Não, minto... durante todo este ano.

- Quê? - Harry, enraivecido, impaciente e indignadíssimo, exclamou ao escutar a má notícia.

- Não acredito. E por quem? - perguntou Rony, puxando o amigo para se sentar de volta, pois todos, ou melhor, alguns alunos, especialmente os sonserinos, o miravam.

- Não sei. Aqui não está citando nenhum nome específico. Apenas que por um ou mais bruxos. Começa na semana que vem. - respondeu Hermione.

Harry, ajeitando-se, voltou a comer sua torrada matinal com suco de abóbora e ficou imaginando o que seria de Hogwarts este ano, insatisfeito. E Edwiges? O fato de sua coruja não aparecer já estava deixando-o incomodado.

Olhou para o lado mais uma vez e, novamente, focalizou a Srta. Malkin. Até não olharia logo para ela, mas é que a moça estava encaminhando-se exatamente para sua direção.

- Harry... querido - disse com aquele mesmo sorrisinho de antes, idêntico ao que ela dera quando ele a vira pela primeira vez. - posso dar uma palavrinha com você?

Ela tinha acabado de conversar com a outra moça desconhecida e Hermione acabado de fechar a cara, voltando a comer quieta e ler o jornal. A Srta. Malkin olhou de Rony para a garota, como se pensasse se não estaria atrapalhando alguma conversa importante entre três.

- Ah não, que é isso... pode sim, não estará nos atrapalhando. Nem estávamos falando de coisas tão importantes assim... - disse Rony com um sorriso muito amplo.

Hermione o encarou de leve, virando o rosto para ele devagar. Depois voltando a ler.

- Não mesmo? Que bom. Pode vir Harry?


Ela o levou para uma salinha logo adiante, ali mesmo no Salão Principal. O garoto conhecia esta sala, pois fora onde o quarteto (que seria trio) de vencedores escolhidos pelo Cálice de Fogo alojou-se logo depois de anunciado seus nomes por Dumbledore.

- Sabe por que quero falar com você?

O garoto balançou a cabeça negativamente, prestando atenção no que a Srta. Malkin falaria por fim.

- Dumbledore, como eu disse, está louco. Ele não acredita que, com toda a precaução, esta escola, no seu atual comando, deixou-se vacilar na segurança. O dementador, antes de tudo, nem deveria ter entrado aqui e segundo que você cometeu um grande erro por andar sozinho por aqueles lados. Estava próximo da floresta...

- Sim, eu sei.

- Então... - tornou a Srta. Malkin a falar, com uma breve pausa. - o diretor me pediu um favor. Eu estou disposta a cumpri-la e espero que você esteja disposto a aceitá-la de forma natural.
Harry ficou imaginando o que seria. Talvez Dumbledore tivesse pedido para que a Srta. Malkin lhe desse um castigo por ter andado sozinho perto da Floresta Proibida...

- Eu irei te dar aulas extras, Harry. Bom... eu fiquei sabendo que você tem uma grande habilidade ligada a Defesa contra as Artes das Trevas. O professor Dumbledore me disse que você se sairia um excelente auror, então não vejo o porquê de você não aceitar. Na época em que estudei aqui eu me formei nesta matéria, hoje eu até seria uma professora de Hogwarts, mas por alguns motivos não deu... é, nem tudo que nós queremos pode vir a acontecer, nunca devemos pensar assim... - a Srta. Malkin mirou o teto por um momento, pensativa, um tanto desanimada. - Bom, não estamos aqui para falar da minha vida, não é? - disse com repentino ânimo. - E então, você aceita ter aulas extras comigo?


- Vê se eu entendi... - dizia Rony após Harry ter contado-o o que exatamente era, quando se encaminhavam para a primeira aula que seria de Herbologia. - Você vai ter aulas com a Srta. Malkin por não saber... se defender? Pra que são essas tais aulas extras?

- Eu também não entendi muito bem, mas pelo que ela me disse deve ser exatamente para que eu saiba como me defender melhor.
Hermione não se agradara nada, nada ao saber de que a moça, pela qual não tivera afinidade nenhuma e não tinha um pingo de medo ou constrangimento em mostrar isso ao público, daria aulas extras para Harry.

- É claro. Eu sabia! - exclamou a menina parecendo extremamente nervosa. - E você aceitou?

- Sim. Foi Dumbledore que pediu. - confirmou Harry.

- Mentira! Você acreditou? É por isso que sempre acaba acontecendo as piores coisas com você Harry, e você mesmo que as procura. Não acredito como não percebeu... está óbvio que o interesse dela não são as aulas em si, e sim o que vai fazer contigo. Ainda não parou pra pensar? Vai ficar sozinho com uma desconhecida numa sala fechada à noite?

- E isso tem algum problema? - reclamou Harry.

- Todos!

- Quais?

- Ela não quer dar aulas pra você.

- Como tem tanta certeza assim? Se não acredita então procure Dumbledore e pergunte a ele!

- Ah é? Ah é? - gritou Hermione em defesa. - Eu não vou mais me preocupar com você, se não quer me ouvir não posso fazer nada!

- Não disse que não quero te ouvir. Você está louca!

- Ela está com ciúmes. - enfim Rony disse alguma coisa.

- Ciúmes!?

- Sim, ciúmes. - respondeu Rony à menina, que agora se mostrava perturbada.

- Ah, quer saber de uma coisa? Danem-se vocês, estou pouco me lixando! - e saiu com passadas pesadas e apressadas em direção as escadas, teria aula de Runas Antigas enquanto os dois se dirigiram para a estufa quatro, da Profª Sprout. Harry fumaçando de raiva por Hermione ter gritado com ele no meio de todos.


- Você já viu nossa lista de tempos das aulas? - perguntou Rony à Harry agora que se dirigiam para a torre alta, onde teriam aula de Adivinhação.

- Está maior do que antes. - respondeu sem nenhum ânimo, ainda estava um pouco nervoso com Hermione. E agora, pela primeira vez na vida, adorou ter aula de Adivinhação já que a garota não estaria lá.

- Você continua nervoso com a Mione. Ah, não ligue, eu disse que são ciúmes. Quanto mais a gente fala da Srta. Malkin mais ela fica irritada. Não vale a pena é se estressar com uma coisa dessas, Hermione está sendo infantil.

- Também estou pouco me importando com isso - respondeu Harry, porém intimamente, bem lá no fundo, pensava se a garota tinha razão. Ele a conhecia e sabia que ela não afirmaria nada sem ter consciência do que estava falando e sem ter conhecimento de que é verdade.

- E quando vão começar suas aulas extras?

- Na próxima semana.


Mal Harry acabara de brigar com seu amigo Rony e voltado a falar com ele e, agora, era Hermione. Sentia-se infeliz, aliás, um burro e insensível. Ou o problema era com seus amigos ou era ele mesmo, sempre se achou anormal, nunca esteve realmente feliz com a sua vida. Não só com as pessoas que falava, mas com o que todos no mundo bruxo cochichavam, diziam e até inventavam a seu respeito. Um vazio consumia cada parte de seu corpo e, intimamente, Harry gostaria de estar só.


Mas não era possível que uma pessoa tão doce quanto a Srta. Malkin fosse um perigo para ele como Hermione falara e sempre demonstrava. Ela, a Srta. Malkin, que agora pedira insistentemente para que Harry a chamasse de Melwine apenas, o ajudava em todos os momentos. Até mesmo se não tivesse entendido alguma matéria.

Ele não conseguia acreditar que uma mulher como Melwine Malkin pudesse ser como Bartolomeu Crouch Jr., que usou a imagem de outra pessoa para conseguir levá-lo até Voldemort ou pelo menos matá-lo.


Suas aulas com ela começaram antes mesmo que a próxima semana chegasse e, em uma delas, veio uma curiosidade em Harry.

- Por que no dia que o dementador entrou aqui e... e tentou me matar...

- Sugar sua alma. - corrigiu ela com o sorriso de sempre nos lábios.

- Sim, sugar minha alma. Por que eu vi... um anjo? Sabe, naquele momento eu tive quase a certeza de que morreria, ou estava morrendo...

Raramente acontece, mas o sorriso de Melwine Malkin aos poucos foi sumindo de seu rosto e trocado por um olhar triste e vazio, infeliz.
Harry deveria ter tocado em algum assunto um tanto trágico para ela, então abruptamente pediu desculpas.

- Me perdoe Srta. Malkin, não quis te ofender ou...

- Não, num precisa pedir desculpas...

Ela levantou-se devagar, deixando seus longos cabelos negros e liso-ondulados cair pelas costas, andando vagarosamente em torno da própria mesa e, olhando para esta, segurando algo, ainda com o mesmo olhar triste.

Harry subitamente também olhou para o que ela segurava.
Era um porta-retrato.

Melwine Malkin o levantou da mesa e ficou mirando-o durante alguns minutos, que se passaram silenciosos.


Era a primeira vez que Harry vira-a tão infeliz. Prometera a si mesmo não tocar mais no assunto, subindo cansativamente as escadas em direção à torre da grifinória, já estava tarde e ele sentia sono.

As aulas dela, em geral, até agora, estavam sendo teóricas e, as práticas, infelizmente, só começariam daqui a umas duas semanas. Mas não havia nada demais no que ela ensinava não do jeito que Hermione dissera e acusara. Isto, por um lado, deixava a garota perturbada, sempre que topava com Harry, pois desde a discussão um não falava com o outro.


Hoje, quase no final da primeira semana de aulas, numa quinta-feira, seria sua primeira aula de Defesa contra as Artes das Trevas e, ainda, não tinha a mínima idéia de quem fosse o professor ou professora. Não pôde ver Dumbledore anunciando, como sempre o diretor fazia quando alguém novo entrava na escola, no Salão Principal no dia da Seleção, pois fora atacado.
Ele, diferente da maioria, realmente não conhecia a moça, assim que esta entrou sutilmente na sala, fazendo o falatório cessar aos poucos entre os alunos. Pelo menos não teria aulas com Snape.

Era a mulher que conversava com a Srta. Malkin no café da manhã do seu prime iro dia de aula, e não se enganara em pensar que ela demonstrava ser séria, pois além de encarar os alunos desse jeito era direta e prática.

- Bom dia classe.

- Bom dia professora.

Depois de uma pequena pausa, a nova professora tornou a falar:

- Hem, hem... gostaria de informar aos senhores e senhoras que, na minha aula, não aceitarei desculpas por deveres não feitos e falatórios,... cochichos. - dizia a mulher, acentuando a última palavra em voz mais baixa, um pouco fria, direta e séria, sem rodeios. - Vamos então, primeiramente, às apresentações. Meu nome é Christine Prince e serei a nova professora de Defesa contra as Artes das Trevas de vocês neste ano. E...

Um dos alunos ergueu a mão.

- É... Srta. Patil, é isso? Por favor, não gosto de interrupções quando estou falando. Perguntas depois.


Sua aula foi tão rápida que nem pareceu levar uma hora e quarenta. Ela passara, logo no início, um teste de reconhecimento para todos os alunos.

- Acho que ambos aqui têm o conhecimento de que este ano serão prestado os N.O.M's. Espero que a minha classe se saia muito bem, não quero ver notas ruins da parte de vocês.


- Ela é um pouquinho drástica, não? - comentou Rony quando desciam as escadas para a aula de Poções.

- Só um pouco séria demais.

- Mau humor, isso sim.

Hermione costumava, nesses dias, andar com Parvati e Lilá e, por vezes até sozinha, ou então ficar na biblioteca estudando, o que já era costumeiro seu.

- Ah Harry, tem alguma notícia da Edwiges?

- Nem sinal. - disse desanimado. Reparou na Srta. Malkin passar um pouco nervosa pelo corredor e, ao ver o menino, parou, de repente, onde estava, como se tivesse esquecido de algo.

- É uma pena a sua coruja ainda não ter aparecido. - Rony falou também desanimado. - Ela faz falta, não é?

- Sim, faz. - Harry olhava para a Srta. Malkin desde que ela parara de repente e se aproximou, querendo saber o porquê dela estar tão quieta no meio do corredor.

- Aconteceu alguma coisa com a senhora? Posso ajudá-la?

- Não... não Harry, que é isso. Fique despreocupado. E por favor, me chame só de Melwine. - a Srta. Malkin lhe deu uma piscadela, no momento sem sorrir, virando-se apressada e andando na direção contrária a que ele e Rony tomariam e, por alguma razão, mesmo com aquela aparência de nervosa, depois que falou com o menino, ou pelo menos depois que o viu, deu um grande sorriso. Mas não era o mesmo de sempre, parecia ter conseguido alguma coisa, era um sorriso estranho e que por alguma razão não se encaixava com o perfil que Harry fazia dela.

Hermione estaria de repente certa ao afirmar de que Melwine Malkin não era de confiança?

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