Anônimo



Mais uma vez Harry teria que passar as férias de verão na casa dos tios. Era quase que insuportável ter que aturá-los novamente, tão emocionante quanto assistir a uma disputa de lesmas no gramado de tia Petúnia.

Os Dursley normalmente eram pessoas cultas e simples, que detestavam tudo o que fosse anormal ou fora do padrão dentro das normas, especialmente da parte do sobrinho. Harry não era um garoto anormal, apenas diferente, mas essa diferença tornava o seu mundo tão mais complexo quanto o deles, e era isso que tonnava a vido do menino bem mais prazerosa do que qualquer outra coisa. Mas esta questão não era discutida pelos Dursley, não quando não aceitaval ter mais um bruxo na família.

Talvez, pensava Harry enquanto folheava os deveres de casa nesta madrugada, eu passe mais dias na casa da Sra. Figg.

E passar um dia na casa da Sra. Figg era terrível, ainda mais com aqueles paparicos exagerados que Harry não tinha a menor idéia de onde pudesse ter saído.

Mas aguentar seu primo Duda tornava-se cada vez mais a pior coisa a aturar-se em suas férias. Duda não só era um garoto rebelde e mimado, como também chato, arrogante e implicante.

- Lá vem o anormal. - balbuciou Duda, enquanto assistia Harry descer as escadas em direção a cozinha nesta manhã.

Tio Válter grunhiu como se tevesse engasgado e ajeitou-se na poltrona, lendo seu jornalzinho de sempre, quando viu o menino passando por ele, parecia estar incomodado com a presença de Harry, mas este não ligou. Apenas foi em direção à sua cadeira na mesa, sentou-se e admirou a Duda comer de tudo do bom e do melhor, enquanto só poderia desfrutar de uma única maravilhosa torrada com meio capo de suco de laranja.

- Mãe - disse a voz de Duda novamente, lançando um olhar nada, nada agradável a Harry: sorria. - Quero outra torrada.
Tia Petúnia virou-se para o filho e disse, aos mimos e paparicos:

- Ah, claro que a mamãe vai te dar mais uma... - e olhou de Harry para sua torrada e depois novamente para o menino, continuando a falar em outro tom de voz. - não é, garoto? Vamos, dê a torrada para seu primo. Ele precisa mais do que você!

Tia Petúnia desistira de tentar convencer o filho a fazer regime e, uma vez que ela dava as ordens, tio Válter concordava. Resultado: mais um café da manhã perdido.

Harry, então se viu obrigado a subir e comer algumas das coisas mais deliciosas da Sra. Weasley as escondidas. Sobreviver na casa dos Dursley era realmente quase que impossível.

Porém Harry tinha seu meio de distração, embora o tédio superasse: andava todas as noites pelas ruas vizinhas. Passou até a conhecer Little Whinging melhor.

Oito da noite. Harry permanecia deitado em sua cama, pensando na vida, no padrinho, em Hogwarts...

"Não fique preocupando-se com isso, afinal, não a coisa melhor do que estudar e colocar em dia os deveres nas férias." Dizia a última carta de Hermione.

"Harry, será que seus tios liberariam você pra passar o final das férias aqui? Falei com meu pai e ele vai ver o que faz - se pelo menos ainda tivéssemos o Ford..." Dizia a última carta de Rony.

É, pensava Harry, só posso esperar, né? Fazer o quê.

Esta noite ele resolveu dar algumas voltas pela rua, já estava cansado de ficar parado. E não arrependeu-se de se levantar, duas coisas mudaram seu humor e seu dia.

- Vamos, Dudinha, pra cama. - ouviu-se a voz de tia Petúnia.

- Mas mãe...

- Sem reclamações, Dudinha, vamos, dormir. - e foi empurrando Duda para dentro do quarto.

Harry assistia tudo de longe com uma vontade imensa de rir da cara de desgosto do primo. Só se viu a tia saindo do quarto sorrindo e encostando a porta. Depois, ficando furiosa, foi em direção a escada dando passas pesados e apressados. Harry a seguiu - gostaria muito de saber o que faria tia Petúnia dizer para o filho dormir cedo - e teve quase certeza de que ouviu alguma coisa se quebrar dentro do quarto do primo.

- Válter! - exclamou ela. - Eu vi com meus próprios olhos, foi isso que aconteceu.

- Calma, querida, você tem certeza de que foi isso que viu?

- Tenho, eu vi!

Tio Válter a encarou duvidoso.

- Como pode alguém sair da lareira assim, do nada?

Sair da Lareira? Pensou Harry.

- Mas saiu. Estou dizendo, aquela velha esconde alguma coisa.
Tio Válter coçou a cabeça e analizou a situação, fitando a esposa por um tempo.

- Você está querendo dizer que a Sra. Figg é igual àquela gente?

Isto era a pior calúnia inventada por tia Petúnia, se não fosse pela história da lareira, pensava Harry enquanto andava pelo parque. Desconfiar que a Sra. Figg é uma bruxa, aliás, afirmar que ela é uma bruxa é coisa de maluco. Mas se fosse mentira, continuou pensando, minha tia não falava que viu alguém saindo da lareira. Como ela poderia saber que os bruxos fazem isso? E mesmo assim, não ia sair inventando isso, ainda mais da Sra. Figg.

Porém esta não foi a dúvida maior de Harry neste dia. Uma carta anônima, trazida pro Edwiges, que depois de dias não voltava para casa, foi que deu a ele o que pensar. Continha uma letra muito caprichosa e parecia ter sido escrita com pressa:

Não digo quem sou mas logo descobrirá.
Saia desta casa antes que seja tarde, irá entender mais tarde.

Se aquilo era um aviso correto ele não sabia. Mas quem o mandaria sair da casa dos tios em pleno início de agosto?


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