Uma Questão de Confiança



Quando o amor não basta


cap 1: uma questão de confiança


Harry Potter era considerado um herói para a comunidade bruxa. Seu nome era conhecido mundialmente por ser “O Menino que Sobreviveu" ao maior bruxo das trevas de todos os tempos.
Ele tentara, muitas vezes, levar uma vida normal, mas todos o conheciam e o faziam um “excepcional”. E em Hogwarts, ele era o apanhador da Grifinória, conhecido por suas jogadas geniais.
Era popular, tinha muitos amigos, era admirado. No Quadribol, conquistava as meninas e quem mais quisesse ver.
Não ligava muito pras regras e vivia a desobedecê-las. Ele era o maioral pra muitos que ouviram seu nome.
Mas de uns tempos pra cá, meio sem querer, alguma coisa aconteceu. Harry andava meio quieto demais, só que quase ninguém percebeu.
-Harry...Hora do jantar, vamos descer.
-Não. Tô sem fome.
-Mas você nem almoçou!
-Vou para o dormitório, Hermione.
-Harry! Volte aqui! -Ela gritou, em vão
-Boa-noite.
Naquela noite, Harry subiu para o dormitório dos meninos, mas não estava com o mínimo sono, era verdade que não tinha almoçado, mas não sentia fome. Ultimamente, ele não tinha nem dormido.
Abriu o seu malão e procurou por um pergaminho velho e amarelado.
-Juro solenemente não fazer nada de bom.
Harry deitou livremente em sua cama: estava sozinho no dormitório, era hora do jantar, então ninguém o veria com o Mapa do Maroto.
Procurou entre todos aqueles nomes, o único que poderia fazer alguma coisa por ele naquele momento. Por alguns segundos, Harry observou sem piscar os dizeres em itálico com o nome "Gina Weasley".
Ela estava no Salão principal, sentada a mesa ao lado de Draco Malfoy.
Era mesmo inacreditável para Harry. Ele já tivera que superar muitas coisas na sua vida. Perdera cedo demais o amor de seus pais. Claro, ele sabia que era muito difícil viver sem eles, mas ele nunca soube o que era ser amado por um pai e por uma mãe. Seu padrinho Sirius lhe fora tirado pouco tempo depois de lhe conhecer. Ele era um irmão mais velho que Harry nunca teve, talvez até um pai, e era bom demais pra ser verdade, não dava pra acreditar que alguém assim, realmente se preocupasse com ele. Alguém de sua família...
Como se já não bastasse tudo isso, Harry perdera sua namorada, uma das poucas pessoas que lhe sobrara o abandonou. Ele só queria mais uma chance para mostrar que ela está sendo enganada.
Gina Weasley e seu grande coração. Era por causa dessa mania dela de ajudar todo mundo que eles estavam separados agora...
Harry ouviu passos.
-Malfeito, feito. -e jogou o pergaminho no malão.
Alguém abriu a porta e ele fingiu dormir.
-Shhh! O Harry está dormindo!-disse uma voz suave conhecida.
-Anda logo, então! E seja rápida, porque o jantar já vai terminar e os meninos vão subir, Gina.
-Espera, Mione. Esse é o único jeito. Eu preciso fazer isso, você sabe, eu não consigo mais viver assim e eu faria isso hoje nem que ele estivesse acordado, só que é melhor assim.
Gina se aproximou da cama de Harry e se ajoelhou no tapete. Ele nem tinha percebido pelo mapa onde ela estava. Ela o observou por um segundo e depois se aproximou até que seus cabelos caíram sobre o rosto de Harry e ela os jogou para trás daquele jeito que ele tanto admirava, pena que não podia ver direito.
Harry não podia olhar muito para Gina. O dormitório estava escuro, por isso ainda era possível abrir um pouquinho os olhos, de vez em quando, mas quando o fazia, mal podia vê-la, não dava pra distinguir suas lindas feições, ele pensava..
-Harry -ela sussurrou -Por que você tem que ser assim? Seu cabeça-dura. Eu te amo. Tinha que confiar em mim. -Ela se aproximou um pouco mais e tocou seus lábios quentes nos dele. -Te amo, Harry. Confie em mim.
-Mas você também devia confiar em mim.
-Harry! Eu pensei que vc estava dormindo...
-Por que vc protege o Malfoy? O Draco Malfoy!
-Olha, Harry, vc demonstrou não estar pronto para entender minha explicação. Mas mesmo assim, eu lhe disse que eu não o protejo, apenas sei que vc está sendo injusto com ele. –ela afastou um pouco a cabeça e falou em tom de voz normal.
-Lá vem vc.
-Estou falando o que tem que ser dito, Harry. Só que eu acho que vc não quer escutar, então não tenho mais nada pra falar. Vamos, Hermione. –disse, se levantando.
-Gina...Por que não me diz como tem certeza que o Malfoy merece sua confiança?
-Porque vc não deve saber agora. Mas devia ouvir o que ele tem a dizer. –E saiu sem dizer mais nada.
-Harry, er... tchau - disse Hermione.


**FLASHBACK** (Alguns meses antes)


Harry estava sentado numa das poltronas da sala d´A Toca. Era uma noite quente e ele não queria ficar ali dentro, mas havia muitas medidas de segurança a serem tomadas agora e uma delas era evitar sair de casa. A lareira da casa estava coberta de teias de aranha. O sr. e a sra. Weasley estavam em reunião para a Ordem. Havia alguns membros lá fora de guarda na frente da Toca. Harry estava realmente entediado quando ouviu passos e olhou pra trás e viu Hermione caminhar até a poltrona a sua direita.
-Oi, Harry! –Ele estranhou como mesmo com todo aquele tédio, ela parecesse absurdamente feliz.
-Você não estava tendo uma conversa séria com o Rony e a Gina?
-Ah, Harry, Harry... Não exagere. Você poderia ter participado da conversa, se o Rony tivesse deixado.
-Mas e então, o que te fez sair da “conversa séria” e vir até o “Harry excluído”?
-Agora, Harry, a “conversa séria” é com você.
-Então, o que eu fiz dessa vez?
- Mais uma vez, você não se desprendeu totalmente das coisas...
-Eu não sei do que vc está falando.
-Tudo bem. Eu falo de Cho Chang.
-Quê? Vc ficou louca?
-Me escute, Harry.
-Eu não tenho mais nada a ver com ela. Esquece, Hermione... Não gosto mais dela!
-Então, por que vc não se desprende dela?
-Eu não estou preso a ela.
-E por que vc não desocupa de vez o lugar que ela tinha em seu coração?
-O que vc quer dizer com isso?
-Eu quero saber o que vc está fazendo, por que não olha a sua volta pra ser feliz novamente?
-Agora vc não está falando da Cho, né?
-Não. Estou falando de alguém que está bem próximo de vc e que vc despreza com a sua amizade.
-Desprezo com a minha amizade?
-Sabe de quem eu falo?
-Não.
-Gina. Por que vc faz isso com ela? Não aja assim, tão ingênuo. Não finja que nada aconteceu.
-Mas eu falo com ela, eu sou amigo dela.
-E quando a amizade não basta?
-Você quer dizer que a Gina não quer minha amizade?
-Eu quero dizer que vc poderia dar mais que isso. Ao menos a trate melhor...
-Tratá-la melhor?
-Harry, parece que a Gina ñ faz diferença pra vc!
-Quê?!? Eu salvei a vida dela! Arrisquei a minha vida pra salvar a dela e vc diz que ela não faz diferença pra mim!
-Certo, vc salvou a vida dela. Vc é um herói, Harry. É isso que heróis fazem. Sabia que até um tempo atrás, a vida dela era vc?
-O que vc quer dizer com “até um tempo atrás”?
-Isso mesmo. Ela desistiu de vc.
-Mas...
-Tá vendo? Eu estava certa. Você sempre teve a Gina fácil demais, por isso não dava valor pra ela.
-Eu dou valor pra ela.
-Não o que ela merece, Harry...
-Tudo, bem... Então o que vc quer que eu faça?
-Odeie-a
-O quê?
-Isso mesmo, não seja pra ela mais perfeito do que vc foi todo esse tempo. O seu problema é que mesmo acontecendo tudo isso, nada interferiu na sua amizade com a Gina, então, pelo menos uma vez, faça o melhor pra ela. Ela disse que queria que vc a odiasse pra ela conseguir te odiar também.
-Mas... Hermione, eu não quero odiar a Gina. Quero continuar levando, como sempre levei.
-Pra vc tá bom, né? Porque vc não usa esse seu velho coração empoeirado. Está na hora de usar, por bem ou por mal... Ou ame-a ou odeie-a. Não brinque com ela mais do que já brincou.
-Herm...
-Pense nisso. –E com essas palavras, ela subiu.
Mesmo com a cabeça explodindo, Harry continuou ali, pensando. Hermione enlouquecera? Só podia ser brincadeira... Ele queria gostar de Gina, mas achava que não era bom pra ela. Será? Ele nunca tinha parado pra pensar, mesmo fazendo tanto tempo que soubera que Gina gostava dele... É, vendo por esse lado, poderia até dar certo. Mas... e se fosse tarde demais? Se a Gina tivesse mesmo desistido dele? E como ele faria se quisesse se aproximar dela agora? Acabou adormecendo ali mesmo.
No dia seguinte, Harry acordou e foi falar com Gina.
-Gina... Tem um minuto pra mim?
-Claro. Pode falar...
-É... hum, é que, er...
-Fala, Harry.
-Eu preferia... ñ falar.
-Eu ñ entendi, mas fique a vontade...
Harry se aproximou devagar, Gina percebeu o que ele tentava fazer e quis se afastar, mas ele a segurou, puxou-a e ela não resistiu, queria ser forte, mas mais que isso, queria aquele beijo, o beijo que ela esperara por tanto tempo, que só aconteceria quando ela decidira que não devia mais querê-lo.
Naquele momento, Rony e Hermione entraram, eles estavam na sala, e foram vistos imediatamente.
-Eu nunca imaginei que fosse fazer efeito tão cedo, Harry! Vocês também!!!
-Como assim “vocês também” ? –Harry finalmente soltou Gina, infelizmente, ele pensou.
-Bem, nós queríamos juntar vocês, né, mas o destino acabou nos juntando... –disse Hermione, dando um beijinho carinhoso em Rony. Harry achou estranho, estava acostumado a vê-los brigando.
-Então... Vocês... se ajeitaram, enfim? –Rony quis saber, ele estava um pouco vermelho.
-Er... –Harry começou, mas foi interrompido.
-Não! Ele me agarrou a força!-Gina falou, com um tom de voz ligeiramente alteado.
Ninguém entendeu nada.
-Gina... Você...? O quê?-Rony falou, incrédulo.
-É isso... Ele me agarrou! Eu vou sair daqui!
-Gina... Espera! Agora é minha vez de te pedir uma chance...
-Pois agora é a minha vez de dizer que não!
-Gina, mas... agora nós poderemos dar certo.
-Prove.
Harry se aproximou devagar e a beijou novamente. Foi um beijo perfeito, mais do que o primeiro, foi mágico. Ele não sabia como isso poderia provar pra Gina que ele a queria ao seu lado, mas sabia que provaria.
-Tudo bem, tudo bem. Mas se vc me fizer sofrer de novo...
-Eu prometo que vou te fazer feliz...-Harry a agarrou, sem saber como ficara tão dependente dela de uma hora pra outra.
**FIM DO FLASHBACK**

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