Sinceridade...(?)



Quase uma hora depois Draco voltou para a biblioteca. Hermione estava sentada em uma poltrona, folheando um livro.
Estava preocupada, não queria ter ofendido Malfoy. Nos últimos dias, havia mudado completamente seu conceito a respeito dele, e realmente acreditava que ele estava mudado.
O rapaz entrou, os cabelos molhados, com o olhar mais calmo.

- Tudo bem?- perguntou sem jeito Hermione.
- Ahã. Tudo bem. Já está tarde. Quer ir embora?

Hermione olhou para a janela, que mostrava que o dia lá fora já havia se ido. Olhou novamente para aqueles olhos, eternamente nublados. Levantou-se, e se colocou corajosamente diante dele.

- Está bravo comigo?

Draco deu aquele seu sorriso de deboche. Afinal, quem estava perdendo alguma coisa era ela, não ele. Pensando bem, ela e o Potter eram perfeitos um para o outro. Ele não pode esconder uma risada espontânea, imaginando os dois perdendo a virgindade juntos na lua de mel.

- Do que você está rindo?- perguntou curiosa a moça.
- Hermione...

Ele deu lhe as costas e sentou-se na poltrona que estava antes. Pegou novamente o peso de papel dourado, e começou a brincar de passa-lo entre os dedos.

- Vamos conversar?- ele apontou uma outra poltrona para ela.

Ela se espantou pela milionésima vez naqueles dias. Ele não parecia o tipo de cara que costumava conversar.

- escuta Hermione, eu não sei se você percebeu, mas eu não sou do timinho do Potter ou do Weasley.
- O que você quer dizer com isso?
- Bem. – Draco usou um tom de voz de quem explicava algo a uma criança muito pequena. – Eu mudei muito nos últimos tempos, como você notou. Mudei porque percebi que não queria seguir um cara louco, que era filho de um trouxa, mas pregava a perseguição dos “sangue-ruim”. – ele fez uma pausa, para ver a reação que ela teria, como não notou nada, prosseguiu.- Na verdade, percebi que não queria seguir ninguém que não eu próprio. Disse isso a meu pai. – ele desviou o olhar para o chão, sempre fugia dos olhos dela quando falava algo realmente doloroso. – E ele achou que minha mãe é que estava me jogando contra ele. Ser esposa de um Malfoy não é fácil sabe. E ela estava um pouco descontrolada nos últimos tempos, minha mãe já não agüentava mais o casamento, e, meu pai achou que a vingança dela contra ele era me envenenar contra Voldemort e os Comensais. E ele a matou, para provar que ninguém podia contraria-lo. Então eu o matei...
- Draco...
- ... mas eu não virei o bom moço comportado. É verdade de que me arrependo de muitas coisas que fiz antes, mas eu ainda sou Draco Malfoy. Vou ser completamente sincero com você. Não te trouxe aqui por que você é minha amiga, porque você sabe que não somos. Nem porque estou com pena de você, porque isso também não é da minha natureza. – ele riu antes de continuar- Eu quis te ajudar com o Potter porque depois que pude trocar algumas palavras com você te achei muito atraente.

Hermione ficou com o rosto absurdamente vermelho, e Malfoy riu de novo.

- Me arrependo sim de ter sido tão preconceituoso quanto à questão de sangue. Mas também não leve isso ao extremo. Eu não sei, se, e somente SE, algum dia eu quiser ter filhos, não tenho certeza de que não vou procurar uma mulher de “sangue puro”. Não me pergunte, porque simplesmente eu não sei. O que sei agora, é que te achei muito agradável, e bonita também. Apesar de ser meio boba e ficar vermelha à toa. Acho que a palavra certa é atraente mesmo.

Ela não sabia se o espancava pelo boba, ou se fugia pelo “atraente”.

- Mas como disse, não sou do time dos santinhos. Eu não me importo de você ser apaixonada pelo Potter, afinal, não estou te pedindo em casamento. Apesar de achar estranho pra caramba, também posso até respeitar esse lance de ser virgem. – ele parou antes de dizer “mesmo com essa idade”. - Mas também não vou bancar o apaixonado na frente dos outros, e ser seu irmãozinho quando estamos sozinhos...
- Eu não pedi para você fazer nada Malfoy!
- ...Eu sei que não pediu, e é em consideração a isso que estou fazendo essa babaquice. Ou você acha que eu discuto relação com todo mundo?! O negócio é o seguinte: eu te acho atraente, e tenho a leve- dizendo isso ele passou a mão nos lábios maliciosamente – impressão de que você também se sente atraída por mim. Eu sugiro que nós saiamos juntos, - também se conteve para não dizer “ mesmo que só com beijinhos”. – E não me importo de te ajudar a fazer ciúmes no Potter com isso. Eu só peço uma coisa: quando, e eu não disse se eu disse quando o Potter acordar para a vida, e perceber que você é perfeita para ele – Draco não pode deixar de pensar, virgem igualzinha – e vocês ficarem juntos, diga para ele que JÁ tínhamos terminado. Eu não posso com a idéia de que ele pense que tirou algo de mim.
- Eu não sou “algo”! E essa proposta é absurda!
- Por que? – novamente, sorriso de lado desdenhoso.- Até pouco tempo atrás estava dando muito certo.

Ele se levantou e a beijou na poltrona. Para surpresa até de Mione, ela correspondeu. Não podia negar, ele beijava muito bem, era muito bonito e tudo mais. Além do que, não estavam fazendo mal a ninguém. Eram adultos, e alguns beijos (bons, muito bons beijos!!!!!) caiam bem. E não o estava enganando. Ele sabia que gostava do Harry...
Logo não conseguia mais pensar direito, porque seu corpo todo se arrepiava, correspondendo a carícia da língua dele na sua boca...
Pouco depois ela foi embora aparatando para casa. Draco ficou sentado na poltrona, a cabeça jogada para trás, sorrindo. Lucius, Lucius. – repetia ele- você já beijou uma “sangue-ruim” como eu? Já tomou uma nos braços, como eu fiz? Na sua casa? E não vai demorar papai, logo vou leva-la para a sua cama...Tomara que possa me ver...

O sorriso de Draco foi interrompido por um pensamento turvo. Se não fosse o Potter, poderia dar certo... surpreendido com o pensamento, ele balançou a cabeça violentamente, como que para expulsa-lo. O único motivo é a vingança! Quero me vingar do meu pai! É só isso Draco Malfoy, só isso...
E ele repetiu a frase muitas vezes, dentro da biblioteca vazia.

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