O ínicio...em uma simples aula



-TRIMMMMMMMMMMMMMMMM

Hermione levantou-se um pouco sonolenta com o barulho do despertador, fazia dias que não dormia o suficiente... Mas nada de queixas dona Hermione! É tudo por uma ótima causa, além do mais, você está aprendendo muitas coisas interessantes!- disse para si mesma.
A moça se levantou e foi se arrumar apressada. Estava muito feliz, afinal tudo parecia estar dando certo para ela e seus amigos. Haviam terminado a escola no ano passado, com muita alegria, já que junto com as aulas do Snape, eles se livraram da sombra maldita de Voldemort. Finalmente, Harry vencera.
E depois de formados, Ron foi jogar quadribol profissionalmente (e quem diria isso há alguns anos atrás?), e ela e Harry estavam estudando para finalmente se tornarem aurores. Ela havia demorado muito para decidir qual profissão seguir, mas no final, viu que nenhuma outra a deixaria tão feliz.
Depois de vestida, ela aparatou no Ministério da Magia, e foi até a sala que era destinada para os aspirantes a aurores. Era muito cedo ainda, e a sala estava vazia. Ela sentou-se e começou a ler um livro que trazia na bolsa. Mas os olhos estavam tão cansados, pareciam cheios de areia. Na noite anterior havia ficado fazendo uma pesquisa até quase quatro horas da manhã, e levantara pouco depois das seis.
A vista foi nublando, escurecendo, até que adormeceu. E começou um sonho teimoso, que ela estava tendo desde que saíra de Hogwarts, mas teimava em fingir que não lembrava ao acordar: ela estava deitada em uma cama muito macia e confortável, mas seus braços e pernas pareciam de chumbo. Ela tentava, mas não conseguia se mexer de maneira nenhuma. Tentava gritar, mas o som não saía. Ela começava a chorar, até que de repente um homem entrava no quarto, e sentava na cama ao lado dela. Ela não conseguia ver direito, devido a escuridão, mas a simples presença dele a acalmava. Ele passava a mão pelos seus cabelos, e aproximava o rosto do dela. Ele a chamava pelo nome, e então ela podia distinguir-lhe os olhos...
- Cinzas? – repetiu Hermione confusa. Estava errado... nos outros sonhos, os olhos eram verdes, não cinzas...
- Você está bem?- insistiu uma voz masculina em frente a ela, que era a do dono dos olhos azul acinzentados.
Hermione ergueu o rosto, e esfregou os olhos para espantar o sono. Notou que dormira na sala do ministério, seu rosto estava molhado de lágrimas. Não havia chorado apenas no sonho, mas também de verdade.
- Você estava chorando, tudo bem?
- Sim estou bem, Malfoy.
Ela olhou para o loiro. A expressão dele não era exatamente preocupada, ela achava que talvez fosse até um pouco divertida. Hoje eles já não se ofendiam pelos corredores, uma vez que Draco Malfoy havia acabado mudando de lado, lutando contra os comensais no momento final. Draco até estava estudando para auror também. Não que isso tivesse feito dos dois amigos propriamente. Apenas se cumprimentavam educadamente, e depois iam cada um para o seu canto. Na verdade, essa foi a vez que trocaram mais palavras desde que saíram de Hogwarts.

Malfoy assentiu, e foi para a cadeira que geralmente ocupava na sala, próxima a porta, umas duas fileiras de distância da de Hermione.
- Brigou com o Potter?
A pergunta a pegou de surpresa. Por que aquilo?
- Não, da onde você tirou isso?
- É que você chorou enquanto dormia, e repetiu umas três vezes o nome “Harry”.

Hermione corou. Ela havia falado enquanto dormia? A idéia de que os olhos verdes que apareciam em seus sonhos eram do Harry, já havia lhe ocorrido... apesar dela jamais ter admitido. Se bem que, o que tinha de mais? Não era nenhum tipo de sonho erótico, ou algo assim. Ela apenas se sentia protegida na presença do homem do sonho, e realmente, era essa a sensação que Harry lhe transmitia.
- Não foi por nada, eu apenas sonhei com ele.
- Ah, entendo. Deve ter sido um sonho terrível.
Ela não desmentiu. Na verdade, já estava pensando em outra coisa. Em como tudo estava diferente agora, em como ela já podia trocar algumas palavras civilizadas com Malfoy. Em como tudo isso enchia sua vida de uma sensação de paz.
Sem pensar direito ela disse algo que achava que deveria ter dito há muito tempo para o rapaz, mas seu orgulho não havia deixado.
- Malfoy.
- Sim?
- Obrigada.
Ele riu, mas um pouco sem graça.
- Não tem do que agradecer, eu apenas a acordei.
E ele voltou a pegar seus cadernos.
- Não por isso. Eu estou agradecendo por tudo o que você fez.
Ele a olhou perturbado, certamente não esperava por aquilo. Apenas acenou com a cabeça, e sentou-se para ler suas anotações.

Hermione ficou um pouco envergonhada, mas entendia o que se passava com ele. Também voltou para suas anotações.
Quase meia hora depois chegou Harry, bocejando e com a camisa toda amarrotada. Com certeza acordou atrasado- pensou Hermione.
- Oi Mione, tudo bem?
- Sim Harry, e com você?
- Só estou cansado. Essas aulas começam muito cedo...
Hermione sacudiu a cabeça em ar de desaprovação. Harry voltou-se para o loiro à sua direita e cumprimentou com a cabeça:

- Bom dia Malfoy.
- Bom dia Potter.

A conversa dos dois terminou por aí.

- Mione?
- Que Harry?
- Eu tomei uma decisão. Vou convida-la hoje para almoçar.


Harry nem precisava dizer de quem estava falando. Ele não parava de falar na Marian desde que a conheceram no curso de auror. Hermione não sabia porque, sentiu um gosto amargo na boca. Apenas sacudiu a cabeça e disse:

- Boa sorte Harry.

E voltou para seu livro. No entanto, Harry que não era nenhum mestre da arte da sutileza, prosseguiu.

- Você acha que ela vai aceitar? Sei lá, ela é tão linda, e eu me sinto tão desajeitado perto dela, não consigo falar sem gaguejar...

Harry estava tão absorto em suas idéias, que nem ao menos percebeu o brilho intenso dos olhos da garota, devido as lágrimas que começavam a se acumular. Ela fazia um esforço hercúleo para não deixa-las cair, mas por algum motivo alheio a sua vontade ela sentia-se muito triste, ferida mesmo.
Mesmo afastado, Malfoy podia ouvir as palavras de Harry, e virando-se notou que Hermione não parecia bem. Depois da cena que presenciara minutos antes, não precisava ser um gênio para imaginar o porque. O Cicatriz é mesmo um idiota.- pensou- Não consegue nem notar quando uma menina está afim dele. Draco tinha sentimentos contraditórios quanto a Potter. Apesar de já não o encarar como inimigo mortal desde que abandonara Voldemort, não podia deixar de acha-lo um estúpido, e mesmo que o loiro nunca admitisse, tinha inveja da posição de herói dele.
Por um momento pensou em simplesmente ficar olhando Hermione lutar com as lágrimas. Poderia ser divertido. Afinal, ela também era uma tola, não desgrudava dele nem um minuto, mesmo quando a presença dele lhe fazia mal, como agora.
Mas no momento seguinte, o nervosismo de Draco com relação a Potter venceu. O cara era muito idiota! Eu estou percebendo daqui o beicinho de choro da Granger, e ele que está de frente não vê! Ou então ele não é tão bonzinho como todos pensam, e faz de propósito...

- Granger!

Tanto Hermione quanto Harry assustaram-se com a chamada de Malfoy. Hermione no entanto estava grata, já que isso fez com que Harry parasse de olha-la e falar naquela maldita Marian, o que lhe dava tempo para se recompor. Olhou para Malfoy, com a expressão mais interessada que conseguiu.

- Achou a resposta para aquela nossa dúvida?- perguntou o rapaz alourado.

Hermione achou que sentiu uma ironia na frase de Draco, mas isso não importava no momento. Entrou no teatro, ansiosa por colocar algumas carteiras entre ela e o seu melhor amigo.

- Sim, acho que sim, Não é isto aqui?- dizendo isso se levantou com o livro e foi sentar-se ao lado de Draco, mostrando uma página aleatória do livro. Malfoy fez uma cara de intelectual, fingindo que lia a página, alterando a sobrancelha, como se pensasse.

- Que dúvida?- perguntou Harry, surpreso pela interrupção de Draco, e mais ainda pelo solicito atendimento de Hermione.

Hermione corou. Até que já havia inventado algumas histórias convincentes na escola, mas mentir para Harry era diferente. Engasgou e ficou vermelha, o que deixou Potter ainda mais intrigado. Por que ela não queria contar?

- Sabe Potter- veio em socorro Draco.- é um assunto particular meu, que a Granger está fazendo o favor de ajudar. Não leve a mal, mas não quero ficar comentando.

Harry ficou estupefato. No que a Hermione podia estar ajudando Malfoy? É certo que ele havia se desligado do lado das trevas, já havia provado quando enfrentou o próprio pai, mas de qualquer modo... Sua admiração não diminuiu quando notou um pequeno sorriso que Hermione dirigiu ao loiro, e o sorriso com o qual por sua vez ele lhe retribuiu.
Emburrou. Estava conversando com sua amiga, um assunto que era importante para ele, e ela simplesmente o deixava falando sozinho para ajudar Malfoy, que mesmo que não fosse mais seu inimigo, ainda era arrogante e metido. Estava decidido a dar uma boa bronca nela, assim que voltasse para o lugar.
Para sua surpresa, ela não voltou. Os outros alunos começaram a chegar, sentaram-se, o professor chegou, começou a aula, e Hermione continuou na mesma cadeira.
Obviamente ele não notou que, quando começaram a chegar os colegas de turma, Hermione escreveu em um pedaço de pergaminho e mostrou para Draco.

Obrigada pelo que fez. Vou voltar agora.

Ele leu, e respondeu:

Não faça isso. Fique aqui hoje.

Hermione franziu o nariz.

Por que?

O loiro sacudiu um pouco a cabeça.

Você não entende muito de homens sabia? Tem que se afastar um pouco, não pode se mostrar tão a disposição. Tem que deixar que ele sinta sua falta.


Isso é uma bobagem. Ele é meu amigo, eu TENHO que estar com ele!


Claro que tem. Se quiser que ele continue te enxergando apenas como a amiga confidente dele, para quem ele conta sobre as garotas em que está interessado.


E quem disse que eu não quero isso? Somos amigos! A-M-I-G-O-S Malfoy!


Tudo bem, não vou discutir, só tentei ajudar. Tem razão não devia me meter onde não sou chamado.

Draco deixou de lado o pergaminho, e voltou a ler suas anotações da aula anterior. Hermione ficou ali olhando sem saber o que fazer. Não queria magoa-lo, ainda mais depois que, depois de tantos anos de brigas, ele estava se mostrando até que muito gentil com ela. Ela notou uma garota morena, muito bem vestida e linda entrando na sala. Era Brenda, uma das mulheres mais bonitas da aula. Não era difícil reparar que muitos dos garotos viravam para olha-la, inclusive Harry, mesmo com toda a sua paixonite pela Marian. Também não pode deixar de notar o sorriso insinuador que ela deu para Draco, que respondeu acenando a cabeça e jogando o cabelo para trás displicentemente.
Bem, ele parece entender de relacionamentos... Mas no que estou pensando!- disse Hermione de si para si.- Não existia relacionamento! Era amiga de Harry e...

Ela pegou outro pergaminho e escreveu:

Desculpe-me. Fui grossa. Mas é que é verdade que Harry e eu somos só amigos.

Draco leu e riu baixinho.

Eu acredito que sejam só amigos, mas não acredito que seja porque VOCÊ quer. Acho que é porque o Potter é CEGO. Mas não vou discutir, afinal, não sou nem mesmo seu amigo para me intrometer. Mas se quiser sair da posição de melhor amiga invisível sexualmente, não me importo em dar alguns conselhos.


Hermione olhou e corou violentamente. Olhou para ele confusa, não sabendo se ficava furiosa ou envergonhada.

Você entende tudo errado Malfoy!

E não conseguiu terminar. Para ela mesma, já não estava tão claro...

Olha, ao contrário do seu amiguinho, de mulher em entendo.

E para demonstrar, piscou para Brenda, que lhe mandou um beijinho com a palma da mão.

Por mais que você queira negar, fica escrito em toda a sua testa que você é caidinha por ele. Eu até entendo você não querer admitir, não deve ser fácil se apaixonar por um idiota como ele.

A menina se enraiveceu quando leu. Ofender o Harry era demais! E ela que já estava pensando que Malfoy havia mudado.

Não o chame de idiota! Não tem esse direito!

Draco deu aquele seu famoso sorriso de lado irônico.

Somente um idiota não perceberia uma mulher como você apaixonada bem do seu lado. Não posso chamá-lo de outra coisa.

Hermione corou novamente. E se deixou ficar. Depois de toda essa discussão via pergaminho, metade da aula já havia se passado mesmo.

Quando faltava menos de dez minutos para a aula acabar, Draco pegou novamente o pergaminho.

Que tal dizer para ele que vai almoçar comigo hoje?

Hermione leu, e não entendeu direito.

Sempre almoço com o Harry.

Eu sei. Para o que mesmo o Potter vai chamar a Marian?


A moça de cabelos castanhos cheios suspirou.

Para almoçar.

Bom, não sei quanto a você. Mas eu sempre almoço sozinho mesmo. E você parece estar precisando de conselhos masculinos.

Ele parou, pensando se deveria concluir com o que estava pensando. Então imaginou a cara do pai se lesse uma frase como aquela, e decidiu terminar:

E eu pago. É uma maneira de redimir alguma coisa do que fiz quando estávamos em Hogwarts.

A menina, não pensou mais. Nunca imaginara que Draco realmente estava tão mudado, a ponto de 1º, não se importar de ser visto em público com uma “sangue-ruim”, e 2º, pedir desculpas pelos erros que cometeu no passado.

Ok, eu aviso o Harry no final da aula.


Já não faltava quase nada para a aula terminar. Harry estava tão perplexo que nem havia falado com a Marian quando ela chegou. O que a Hermione podia ter ficado conversando tanto com o Malfoy? O que era aquele assunto dele no qual ela estava ajudando?
Enquanto as pessoas se levantavam, ele foi até os dois.
Meio sem graça, Hermione olhou naqueles olhos verdes... Céus! Será que o Malfoy tem razão?-pensou a moça, antes de dizer:

- Harry, eu, bem vou almoçar hoje com o Malfoy. Tudo bem por você?
O menino que derrotou Voldemort achou que tinha entrado em um universo paralelo. Ficou parado, olhando para Hermione com expressão de quem não entende nada.
- Claro que você pode almoçar conosco se quiser, não é Malfoy?- tentou consertar a menina, mas Draco respondeu com um aceno de cabeça visivelmente contrariado. Harry podia não perceber muitas sutilezas, mas a cara do loiro era clara: não era bem vindo.
- Não obrigada. Acho que não vou almoçar aqui hoje.
E se virou, dizendo um seco “tchau”.


- Ele ficou bravo...
- Ué, você deveria estar feliz com isso.
- Por que?!
- Porque ele parece estar com ciúmes. Já é alguma coisa.
- Não acho que era ciúmes. Ele parecia magoado...
- Agora eu que pergunto por que? Porque ele reparou que não é o centro do seu universo? Granger, você realmente entende muito pouco de homens.
Eles começaram a se dirigir rumo a um restarante.
- Não acho que sei tão pouco. Sempre ajudei o Harry e o Ron com as garotas, era sempre eu que interpretava o que elas pensavam para eles...
- E passou a vida interpretando as mulheres para eles, e não teve tempo de interpretar os homens para os seus próprios relacionamentos.
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