Velhos Golpes Novos Vigaristas

Velhos Golpes Novos Vigaristas









Nova pagina 1




 


Paradis, o ultimo recanto
totalmente bruxo na França há muito perdera o encanto, que, no inicio do século
atraia milhares de bruxos para lá.


O outrora famoso cassino sorcier
chanceux estava fechado para reparos muito necessários, enquanto o Cassino
Municipal, na Rua orfèvre, era  agora
um prédio desmantelado, alojando pequenas lojas e uma escola de dança. As
antigas villas nos morros assumiram uma aparência de nobreza maltrapilha.


 


Mesmo assim, durante a temporada,
de julho a setembro, os bruxos ricos e puros-sangues da Europa continuavam a ir
para Paradis, a fim de desfrutar o jogo, o sol e suas recordações. Os que não
possuíam residências próprias ficam hospedados no luxuoso Hôtel
du
Palais.
A antiga residência de
verão de Jean-Claude "Grifindorr" Bianco (descente francês de Godric
Grifindorr) ficava situada em um promontório com vista para o 
Atlântico, num dos mais espetaculares cenários da natureza: o farol de
um lado, flanqueado por imensos rochedos pontiagudos assomando do mar cinzento
como monstros pré-históricos, e a calçada de madeira no outro.


 


Numa tarde, no final de agosto,
Marguerite de Chantilly, um dos nomes mais ilustres do mundo bruxo (Talvez por
seus gostos exóticos, tanto na cama como na arte) entrou no saguão do Hôtel
du Palais.


 


Era uma mulher elegante, de
cabelos louros lustrosos. Dona de um corpo que fazia as mulheres morrerem de
inveja e os homens embasbacarem. Quando chegou a recepção do hotel, Marguerite
de Chantilly usava um Givenchy de seda verde e branco que parecia ter sido
costurado no corpo.


Para o recepcionista ela apenas
solicitou:


- Ma clé,
s'il vous plaít.


Tinha um encantador sotaque francês.


- Pois não sra. Chantilly.


O recepcionista entregou a
Hermione a chave e diversos recados telefônicos. Quando ela se encaminhou para
o elevador, um homem de óculos, com aparência amarfanhada, virou-se
abruptamente da vitrine que expunha echarpes Hermès e esbarrou nela, derrubando
a bolsa de sua mão.


- Oh, minha cara, lamento
profundamente! - Ele pegou a bolsa e a entregou de volta. - Por favor,
perdoe-me.


Ele falava com um sotaque da
Europa Central. Marguerite de Chantilly deu-lhe um aceno de cabeça arrogante e
seguiu em frente.


O ascensorista abriu a porta do
elevador e deixou-a no terceiro andar. Hermione escolhera a Suíte 312, tendo
aprendido que muitas vezes a seleção das acomodações no hotel era tão
importante quanto o próprio hotel. Em Capri, era o Bangalô 522, no Quisisana.
Em Majorca, era a Suíte Real do Son Vida, dando para as montanhas e a baía
distante. Em Nova York, era a Suíte da Torre 4717, no Hehnsley Palace Hotel. Em
Amsterdã, era o Quarto 325, no Amstel, onde o hóspede era embalado ao sono
pelo marulhar suave das águas no canal.


 A Suíte 312 do Hôtel du Palais oferecia uma vista panorâmica
tanto do mar como da cidade. De lá Hermione podia observar, pelas janelas, as
ondas se lançando contra os rochedos eternos, projetando-se do mar como vultos
afogados.


As paredes da Suíte eram
forradas em damasco azul e branco, os rodapés eram de mármore, os tapetes e
cortinas da cor de rosa desbotada. A madeira das portas e janelas era manchada
com a suave patina do tempo.


Depois de trancar a porta,
Hermione, com um aceno de varinha, transfigurou o cabelo loiro em castanhos.
Massageando o couro cabeludo (sempre dava uma certa irritação transfigurar o
próprio corpo) Hermione pensou no estranho que esbarrara nela no saguão do
hotel e sorriu.


_______________________________________________________


Às oito horas daquela noite,
Marguerite de Chantilly estava sentada no bar do hotel quando o homem com quem
colidira no saguão aproximou-se de sua mesa.


- Com licença - disse ele,
timidamente - mas quero pedir desculpas outra vez por minha falta de jeito
indesculpável esta tarde.


Hermione presenteou-o com um
sorriso gracioso.


- Não foi nada. Apenas um
acidente.


- É muito gentil. - O homem
hesitou. - Eu me sentiria muito melhor se me permitisse lhe oferecer um drinque.


- Oui... Se faz questão.


Ele ocupou uma cadeira à frente
de Hermione.


- Permita que eu me apresente.
Sou o Professor Adolf Zuckerman.


- Marguerite de Chantilly.


Zuckerman fez sinal para o garçom
e depois perguntou a Hermione:


- O que gostaria de tomar?


- Champanha. Isto é, se...


Ele levantou a mão, num gesto
tranqüilizador.


- Tenho condições. E, para
dizer a verdade, estou prestes a ter condições de oferecer qualquer coisa no
mundo.


- É mesmo? - Hermione sorriu -
Mas que ótimo para você.


- Tem toda a razão.


Zuckerman pediu uma garrafa de
Bolfinger, depois se virou para Hermione.


- Aconteceu-me a coisa mais
extraordinária. Eu não deveria estar discutindo isso com uma estranha, mas é
excitante demais para me manter calado. - Ele inclinou-se para frente e baixou a
voz. - Para ser franco, sou um simples professor... Ou era, até recentemente.
Ensino história. É bastante agradável, mas não muito emocionante.


Hermione escutava com uma expressão
de interesse polido no rosto.


- Ou melhor, não era emocionante
até há poucos meses atrás.


- Posso perguntar o que aconteceu
há poucos meses, Professor Zuckerman?


 - Eu fazia pesquisas sobre a Armada Espanhola, procurando
informações que pudessem tornar o assunto mais interessante para meus alunos.
Nos arquivos do museu local, encontrei um velho documento que de alguma forma se
misturara com outros papéis. Continha detalhes sobre uma expedição secreta
que o Príncipe Philip despachou em 1588. Um dos navios, carregado de barras de
ouro, supostamente naufragou numa tempesta-de desaparecendo sem deixar qualquer
vestígio.


Hermione fitou-o com uma expressão
pensativa.


- Supostamente naufragou?


- Exatamente. Mas, de acordo com
esse documento que descobri, o comandante e a tripulação deliberadamente
afundaram o navio numa enseada deserta, planejando voltar depois para recolher o
tesouro. Mas foram atacados e mortos por piratas, antes que pudessem voltar. O
documento só sobreviveu, porque nenhum dos piratas sabia ler ou escrever E,
assim, ignoravam o que tinham em mãos.


 A voz do professor tremia agora de excitamento.


- Agora... - Ele, olhou ao redor,
certificando-se de que era seguro continuar, baixou ainda mais a voz para
acrescentar: -... Eu tenho o documento, com instruções detalhadas sobre a
maneira de chegar ao tesouro.


 - Uma descoberta afortunada, professor.


Havia um tom de admiração na
voz de Hermione


- O ouro vale provavelmente cinqüenta
milhões de dólares hoje - disse Zuckerman. -Tudo o que tenho de fazer é tirá-lo
lá do fundo.


- O que o está impedindo?


Ele encolheu os ombros, embaraçado.


- Dinheiro, Preciso equipar um
navio para trazer o ouro à superfície.


- Entendo... Quanto isso custa?


- Cem mil dólares. Devo
confessar que fiz uma tremenda tolice. Peguei vinte mil dólares... As economias
de minha vida... E vim para Paradis jogar no cassino, esperando ganhar o
suficiente para...


A voz dele sumiu.


- E perdeu tudo.


O professor assentiu. Hermione
percebeu o brilho de lágrimas por trás dos óculos.


O champanha chegou, o garçom
tirou a rolha, despejou o líquido dourado nos copos.


- Bonne chance - brindou
Hermione.


- Obrigado.


Eles tomaram um gole do
champanha, num silêncio pensativo.


Por favor, perdoe-me por entediá-la
com a minha história - disse Zuckerman. - Eu não deveria estar expondo os meus
problemas a uma linda dama.


- Achei a sua história
fascinante, professor. Tem certeza de que o ouro está mesmo lá?


- Sem a menor sombra de dúvida.
Tenho as ordens de embarque originais e um mapa desenhado pelo próprio
comandante. Conheço a localização exata do tesouro.


Hermione observava-o com uma
expressão cada vez mais pensativa.


- Mas precisa de cem mil dólares,
não é mesmo?


Zuckerman riu, tristemente.


- Exatamente. Para obter um
tesouro que vale cinqüenta milhões de dólares.


Ele tomou outro gole de
champanha.


- É possível... - Hermione
parou e não acrescentou mais nada.


- O quê?


- Já pensou em fazer isso usando
magia?


Ele não pareceu surpreso.


- Na verdade sim. Mas não há
como um humano chegar à profundidade em que o navio esta. Nem mesmo usando uma
varinha. Teria que ser feito mesmo com equipamentos trouxas de prospecção. -
ele fez uma pausa.- por isso não tenho o dinheiro necessário.


Hermione pensou no que ia falar.
Talvez, só talvez fosse uma boa idéia...


- Já pensou em arrumar um sócio,
prof. Zuckerman?


Ele agora parecera surpreso.


- Um sócio? Não. Planejei fazer
tudo sozinho. Mas é claro que agora que perdi meu dinheiro...


Sua voz tornou a sumir.


- E se eu lhe desse os cem mil dólares,
Professor Zuckerman?


Ele sacudiu a cabeça.


- Absolutamente não, sra.
Chantilly. Eu não permitiria. Pode perder seu dinheiro.


- Mas se tem certeza de que o
tesouro se encontra lá...


- Quanto a isso, tenho certeza
absoluta. Mas mil coisas podem sair erradas. Não há garantias.


- Há poucas garantias na vida.
Seu problema é muito interessante. Se eu o ajudasse a resolver, poderia ser
lucrativo para nós dois.


- Não. Eu jamais me perdoaria
se, por algum acaso remoto, perdesse o seu dinheiro.


- Posso arcar com o prejuízo. E
poderia obter um grande lucro com meu investimento, não é?


- Claro que tem esse lado. -
Zuckerman ficou em silêncio por um longo tempo, obviamente dilacerado pelas dúvidas.
- Se é o que deseja, será uma sociedade meio a meio.


Ela sorriu, satisfeita.


- D'accord. Eu aceito.


O professor apressou-se em
acrescentar:


- Descontadas as despesas, é
claro.


- Naturalmente. Quando podemos
começar?


- Imediatamente. - O professor
exibia uma repentina vitalidade. - Já encontrei o barco que quero usar. Possui
um equipamento moderno de dragagem e quatro tripulantes. É claro que teremos de
dar a eles uma pequena parcela do que encontrarmos, e usarmos um obliviate. Eles
com certeza não podem saber que somos bruxos.


- Ahhh! São trouxas?


- Bem sim, sra. Chantilly. Não há
bruxos especializados em maquinaria trouxa e essas são simplesmente difíceis
de se comandar.


- Se o sr. diz que assim será
melhor. Tem minha confiança.


O prof. Zuckerman ficou mais
animado do que Hermione achou possível.


- Devemos começar o mais
depressa possível ou poderemos perder o barco.


- Posso ter o dinheiro disponível
em cinco dias.


- Maravilhoso! - exclamou
Zuckerman. - Isso me dará tempo suficiente para todos os preparativos. Ah, que
encontro fortuito para nós dois, não é mesmo?


- Sim, sem dúvida.


- À nossa aventura.


O professor ergueu seu copo.
Hermione também ergueu o seu e brindou:


- Que seja tão lucrativa quanto
eu pressinto que será.


Os copos retiniram. Hermione
olhou através do bar e ficou paralisada. Harry Potter se encontrava a uma mesa
no canto, observando-a com um sorriso divertido. Tinha em sua companhia uma
mulher atraente, carregada de jóias.


Ele acenou com a cabeça para
Hermione e ela sorriu, recordando como o vira pela última vez, no lado de fora
da propriedade do Conde de Monte Cristo, acompanhado por um enorme cão. Aquela
foi uma vitória minha, pensou Hermione, feliz.


 - Com licença, mas é melhor eu me retirar agora - Zuckerman
estava dizendo. -Tenho muito que fazer. Ficarei em contato. Hermione estendeu a
mão, graciosamente, ele beijou-a e partiu.


_______________________________________________________


- Vi que seu amigo a abandonou e
não posso imaginar o motivo. Você está absolutamente sensacional como uma
loura.


Hermione levantou os olhos.
Harry, reconhecido apenas por seus olhos verdes, estava de pé ao lado de sua
mesa.


Ele sentou na cadeira que Adolf
Zuckerman desocupara poucos minutos antes.


 - Meus parabéns - acrescentou Harry. - O golpe do Conde de
Monte Cristo foi muito engenhoso. Impecável.


- Partindo de você, Harry, é um
grande elogio.


- Está me custando muito
dinheiro, Hermione.


- Acabará se acostumando.


 Ele ficou brincando com o copo à sua frente.


 - O que o Professor Zuckerman queria?


 - Você o conhece?


 - Pode-se dizer que sim.


 - Ele... Ahn... Apenas queria tomar um drinque.


 - E lhe falou sobre o tesouro afundado?


Hermione tornou-se subitamente
cautelosa.


 - Como sabe disso?


Harry fitou-a com uma expressão
surpresa.


 - Não me diga que caiu! É a mais antiga vigarice do mundo.


 - Não desta vez.


 - Está querendo dizer que acreditou nele?


Hermione disse, rigidamente:


 - Não estou em liberdade para discutir o assunto, mas
acontece que o professor dispõe de informações confidenciais.


Harry apenas meneou a cabeça,
incrédulo.


 - Ele está tentando passá-la para trás, Mione. Quanto lhe
pediu para investir em seu tesouro afundado?


 - Não interessa - respondeu Hermione, bruscamente. - É meu
dinheiro. E por merlin: não me chame de Mione. - ela praticamente sibilou o
apelido.


Harry limitou-se a encolher os
ombros.


 - Certo. Mas depois não diga que o Harry aqui não tentou
avisá-la.


 - Isso não significa que você está interessado no ouro,
pois não?


 Ele levantou as mãos, num gesto irônico de desespero.


 - Por que está sempre tão desconfiada de mim?


 - É muito simples. Não confio em você. Quem era aquela
mulher que lhe fazia companhia?


 Hermione desejou no mesmo instante poder retirar a pergunta.


 - Suzanne? Uma amiga.


 - Rica, é claro.


Harry exibiu um sorriso
prolongado.


 - Para ser franco, acho que ela tem algum dinheiro. Se quiser
nos acompanhar no almoço amanhã, o chef de Suzanne, em seu iate de duzentos e
cinqüenta pés ancorado no porto, faz um...


 - Obrigada, mas por nada neste mundo eu poderia atrapalhar o
seu almoço. O que está vendendo a ela?


 - Isso é pessoal.


 - Tenho certeza de que é mesmo.


 As palavras saíram mais ásperas do que Hermione tencionara.
Ela estudou-o por cima da borda de seu copo. Ele tinha feições firmes, lindos
olhos verdes, pestanas compridas e o coração de uma cascavel. Uma cascavel
muito inteligente.


 - Já pensou alguma vez em se meter num negócio legitimo? -
perguntou-lhe. - Provavelmente seria muito bem sucedido.


 Harry ficou chocado.


 - E voltar a ser o Potter perfeito? Você só pode estar
gracejando!


 - Quando se tornou um vigarista?


 
"Quando levou meu coração embora" foi o que Harry quis dizer. Mas
em voz alta, apenas retrucou:


 - Vigarista? Sou um empresário.


 - E quando se tornou um... Um empresário?


 - Quando a guerra acabou, me juntei a Sirius e Lupin. Nós tínhamos
um parque de diversões ambulantes.


 - Como não fiquei sabendo disso?


 Era o primeiro vislumbre que Hermione tinha do que havia por
trás do verniz sofisticado e charmoso que Harry criara ao longo dos anos.


 - Estava ocupada demais correndo atrás do senhor Rony Percyfeito.-
respondeu sarcasticamente.


Hermione perdeu o fio da respiração.
Fazia mais de dois anos que não pensava naquele nojento Weasley.


Harry vendo que a magoara sem
necessidade, mudou de assunto bruscamente.


- Ainda detesta quadribol?


- Se vai me vender um time, não
obrigada.


- Vamos, Mione deixe de ser
desconfiada. Se pode ouvir a baboseira daquele homem, pode também escutar o que
tenho a dizer. - e sem dar tempo para ela pensar, fez a proposta.- Tenho dois
ingressos para esta noite, mas Suzanne não poderá ir. Gostaria de me
acompanhar?


 Foi uma imensa surpresa, para a própria Hermione, escutar um
sim saindo da sua boca.


_______________________________________________________


 


Eles jantaram num pequeno
restaurante na praça municipal, tomando um vinho local e comendo confit de
canard d'aile - pato assado em seus próprios sumos, com batatas e alho. Estava
delicioso.


- A especialidade da casa -
informou Harry a Hermione.


Conversaram sobre política,
livros e viagens. Além de contarem o que acontecera no passado de cada um
(embora fizessem questão de escolher passagens engraçadas, para não quebrar o
clima agradável da noite).


- Quando você se vê no meio dos
trouxas ricos   - explicou
Harry - é preciso aprender a esconder a vulnerabilidade.


Eles não muito diferentes dessa
corja bruxa que existe por ai, nem são mais sutis nos seus insultos e no modo
como fazem suas canalhices. Mas tudo para eles se resume nas aparências.


Hermione sorriu, especulando se
Harry tinha alguma idéia do quanto os dois eram parecidos, ela também tivera
sua cota com os trouxas ricos.


E
mesmo gostando de sua companhia, tinha certeza de que, havendo a oportunidade,
Harry não hesitaria em traí-la.


Tornara-se um homem que tinha de
tomar todo cuidado e ela não tencionava facilitar.


O quadribol era jogado num grande
campo, perto das colinas da cidade. De cada lado do campo existiam 3 aros no
formato de canudinho com aros na parte superior.


Nessa noite quem ia jogar eram
equipes regionais que não tinham muito destaque. Mas a torcida, como dizia
Harry, era um show à parte.


E ele estava absolutamente certo.
Havia todo o tipo de esquisitice e fantasia na arquibancada. Pessoas gordas com
uniformes velhos e apertados, magras com fantasias de trouxas muito engraçadas,
rosetas que ficavam falando a escalação da seleção Paraguaia. Era uma
cacofonia ensurdecedora.


Quando as duas equipes entraram
em ação a torcida foi à loucura. Na primeira arremetida do artilheiro do time
da casa, o lado torcedor vibrou como se houvesse sido gol.


E quando os jogadores erravam, o
que acontecia mais freqüentemente do que acertos, a torcida também berrava e
vibrava como se houvesse sido gol.


 - Eles realmente levam esse jogo muito a sério - comentou
Hermione em tom de riso.


 Harry riu. - realmente muito a serio. E olhe, esses são os
dois melhores times da região.


Quando finalmente o artilheiro
dois do time dos Bascos (na torcida a qual Hermione e Harry estavam) fez um gol,
a multidão levantou enlouquecida. Berros, vivas e pulos, numa arquibancada
muito cheia, comprimiram Hermione a Harry. E se ele estava consciente do calor
do corpo dela junto ao seu, não deixou transparecer.


 O ritmo e ferocidade da torcida pareciam se intensificar à
medida que os minutos passavam. Os gritos ressoavam pela noite. E para eles não
importavam o que acontecia, o bom era fazer farra.


 - Isso é mesmo perigoso não é? - perguntou ao ver um
artilheiro levar um balaço no braço.


 - Sra. Chantilly, aquela bola viaja pelo ar a uma velocidade
superior a cento e cinqüenta quilômetros horários. Se bater em sua cabeça,
está morta. Mas pode ficar tranqüila, o que esses times tem de melhor são
batedores.


 Harry afagou-lhe a mão distraidamente, os olhos concentrados
no jogo. Aqueles dois times não tinham jogadores extraordinários, nem mesmo os
apanhadores eram bons. "Pegam o pomo por pura sorte" garantiu-lhe Harry.


 Mas, no meio da partida, inesperadamente, um dos batedores
arremessou o balaço em direção ao apanhador, mas esse, num raro momento de
esperteza  desviou-se do balaço.
Então a bola mortífera avançou para o banco em que os dois estavam sentados.
Os espectadores tentaram se proteger. Alguém tentou impedir o balaço com uma
varinha, mas Harry agarrou Hermione e empurrou-a para o chão, seu corpo
cobrindo o dela. Ouviram a bola passar diretamente por cima de suas cabeças e
bater na parede. Hermione ficou deitada no chão, sentindo a dureza do corpo de
Harry. O rosto dele estava muito próximo do seu.


Ele segurou-a por um momento,
depois se levantou e ajudou-a a se erguer também. Havia um súbito
constrangimento entre os dois.


- Eu... Eu acho que já tive emoção
suficiente por uma noite - murmurou Hermione. - Gostaria de voltar ao hotel, por
favor.


Despediram-se no saguão.


- Gostei muito da noite -
disse-lhe Hermione, usava de absoluta sinceridade.


- Mione, pretende mesmo levar
adiante a história maluca do tesouro afundado?


 - Claro.


 Ele estudou-a, por um longo momento.


 - Ainda pensa que estou atrás daquele ouro, não é mesmo?


Hermione fitou-o nos olhos.


 - E não está?


 A expressão de Harry se endureceu.


 - Boa sorte.


 - Boa noite, Harry.


Hermione observou-o virar-se e
deixar o hotel. Calculou que ele ia ao encontro de Suzanne. Pobre mulher. Quando
ela foi pegar a chave, o recepcionista disse:


- Boa noite, sra. Chantilly. Há
um recado à sua espera.


Era do Professor Zuckerman.


_______________________________________________________


 


Adolf Zuckerman tinha um
problema. Um problema muito grande.


Estava sentado no escritório de
Vitor Krum e ficara tão apavorado pelo que estava acontecendo que urinara nas
calças.


Krum era o proprietário de um
cassino particular ilegal, localizado numa elegante villa, na Rue Frias, 123. Não
fazia a menor diferença para Krum se o Cassino Municipal estava fechado ou não,
pois o clube da Rue Frias sempre ficava repleto de clientes ricos. Pois ao contrário
dos cassinos supervisionados pelo governo, as apostas ali eram ilimitadas.


Aquele era o lugar em que os
grandes apostadores iam jogar roleta, blackjack e dados. Os clientes de Krum
incluíam bruxos árabes, ingleses, homens de negócios orientais, chefes de
Estado bruxos africanos.


Jovens escassamente vestidas
circulavam pela sala, recebendo pedidos para mais champanha e uísque grátis.
Vitor Krum aprendera há muito tempo que os ricos, mais do que qualquer outra
classe apreciava obter alguma coisa de graça. E Krum podia se dar ao luxo de
oferecer bebidas de graça, pois suas roletas eram viciadas e os jogos de cartas
combinados.


O clube geralmente vivia repleto,
com finas jovens escoltadas por homens mais velhos e endinheirados. Mais cedo ou
mais tarde, as mulheres eram atraídas para o dono do lugar. Ele ainda tinha a
mesma aparência de quando visitara Hogwarts: ainda andava com as pernas
abertas, tinha os ombros caídos e o maior nariz de adunco que uma pessoa pode
ter.


Mas mesmo sendo tão feio quanto
antes da guerra, agora Krum tinha um diferencial: dinheiro. E isso atraia as
mulheres, a quem ele tratava com charme dissimulado, como moscas no mel:


 - Eu a acho irresistível, chérie, mas infelizmente para nós
dois, estou loucamente apaixonado por outra mulher.


 E era verdade. É claro que a outra mulher mudava de semana
para semana, pois em Paradis havia um suprimento interminável de finas jovens e
Krum habilidoso na arte de amar, concedia a cada uma o seu breve lugar ao sol.


 Suas ligações com o submundo e a polícia eram


bastante
poderosas para que pudesse manter seu cassino.


Empenhara-se arduamente para
subir pela escada do crime, começando como mensageiro de Voldemort, mas sem
realmente se alistar ao Lord. Até que finalmente conquistou seu feudo em
Paradis. Os que se opunham a ele sempre descobriam, tarde demais, como o
homenzinho podia ser mortífero.


 Agora, Adolf Zuckerman estava sendo interrogado por Vitor
Krum.


 - Fale-me mais a respeito dessa sra. Chantilly com quem você
falou sobre o golpe de tesouro afundado.


 Pelo tom furioso de sua voz, Zuckerman compreendeu que alguma
coisa estava errada, terrivelmente errada. Ele engoliu em seco e disse:


 - Ela é viúva. O marido deixou-lhe muito dinheiro. Disse que
vai entrar com cem mil dólares. - O som de sua própria voz deu-lhe confiança
para continuar: - Depois que recebermos o dinheiro, é claro, diremos a ela que
o navio de salvamento sofreu um acidente e precisamos de mais cinqüenta mil. E
depois haverá outros cem mil... E assim por diante.


 Ele percebeu a expressão desdenhosa no rosto do chefe e
balbuciou:


 - Qual... Qual é o problema, chefe?


 - O problema é que acabei de receber um telefonema de um dos
meus homens em Paris. Ele falsificou um passaporte para a sua sra. Chantilly.
Ela se chama Hermione Granger é americana e eu a conheço.


 Zuckerman sentindo a boca subitamente ressequida passou a língua
pelos lábios.


 - Ela... Ela parecia realmente interessante, chefe.


- Balle! Conneau! Ela é uma
vigarista. Você tentou dar um golpe numa golpista!


 - Então... Então por que ela aceitou? Por que simplesmente não
me repeliu?


 A voz do búlgaro era gelada:


 - Não sei, professor, mas tenciono descobrir. E quando o
fizer, mandarei a mulher dar um mergulho na baía. Ninguém pode fazer Vitor
Krum de idiota. Agora, pegue o telefone. Diga a ela que um amigo seu propôs
entrar com a metade do dinheiro e que eu estou indo falar-lhe. Acha que pode
fazer isso?


 Zuckerman disse ansiosamente:


 - Claro, chefe. Não se preocupe.


- Eu me preocupo - retrucou,
falando bem devagar.


-
Eu me preocupo muito com você.


_______________________________________________________


 


Vitor Krum não gostava de mistérios.
Ele era como os gigantes, se a coisa ficasse complicada demais acabava com o
problema. Era mais fácil e dava menos dor de cabeça.


 O golpe do tesouro afundado vinha dando certo há séculos,
mas era necessário que as vítimas fossem crédulas. Não havia a menor
possibilidade de uma vigarista cair num golpe assim. Era esse o mistério que
perturbava Krum. Por que ele sabia que Hermione era esperta e inteligente.
Alguma coisa estava tremendamente errada e ele tencionava esclarecê-la; e
depois que o fizesse, a ex-paxonite seria entregue a Bruno Vicente. Vicente
gostava de se divertir com suas vitimas, antes de liquidá-las.


Krum saltou da limusine diante do
Hôtel du Palais, entrou no saguão e aproximou-se de Armand Jules Bergerac, o
basco de cabeça branca que trabalhava no hotel desde os 13 anos de idade.


- Qual é o número da Suíte da
sra. Marguerite de


Chantilly?


Havia uma regra rigorosa que
vedava aos recepcionistas informarem os números dos quartos dos hóspedes. Mas
as regras não se aplicavam a Vitor Krum.


- Suíte 312, Monsieur Krum.


- Merci.


- E Quarto 311.


Ele parou.


- Como?


- A sra. também tem um quarto ao
lado de sua Suíte.


- É mesmo? E quem o ocupa?


- Ninguém.


- Ninguém? Tem certeza?


- Oui, monsieur. Ela mantém esse
quarto sempre trancado. As criadas foram avisadas para não entrarem ali.


Krum franziu o rosto, numa
expressão de perplexidade.


- Tem uma chave mestra?


- Claro.


Sem a menor hesitação, o
recepcionista meteu a mão por baixo do balcão, pegou a chave mestra e
entregou-a ao homem mais importante de Paradis. Jules observou-o se encaminhar
para o elevador. Nunca se discutia com um homem como Krum.


 Ao chegar à porta da Suíte sra. Chantilly, ele


encontrou-a
entreaberta. Empurrou-a e entrou. A sala de estar estava vazia.


 - Olá? Tem alguém aqui?


 Uma voz feminina respondeu do outro cômodo:


 - Estou no banho. Espere só um momento. Sirva-se de um
drinque, por favor.


 "Aquela não era voz que se lembrava como de Hermione"
pensou ele. Ele conhecia tudo ali, pois ao longo dos anos instalara no hotel
muitas de suas amigas. Entrou no quarto. Jóias caras estavam negligentemente
espalhadas sobre a penteadeira.


 - Não vou demorar - gritou a voz feminina do banheiro.


 - Não há pressa, sra Chantilly.


 Chantilly mon cul! Pensou ele, furioso. Qualquer que seja o
seu golpe, chérie, vai malograr. Ele foi até a porta que dava para o quarto
adjacente. Estava trancada. Tirou a chave mestra do bolso e abriu a porta. O
quarto em que entrou tinha um cheiro estranho, bolorento. O recepcionista
dissera que ninguém o ocupava. Então por que ela precisava...


A atenção de Krum foi atraída
para uma coisa estranhamente deslocada. Um fio elétrico, preto e grosso, preso
a uma tomada na parede, estendia-se pelo assoalho e desaparecia num armário. A
porta do armário se achava aberta para dar passagem ao fio. Curioso, Krum
adiantou-se e abriu a porta.


Uma fileira de notas de cem dólares
úmidas, presas por pregadores a um arame, estendia-se de um lado a outro do armário
grande. Havia um objeto coberto por um pano numa mesinha de máquina de
escrever. Ele levantou o pano, descobrindo uma pequena impressora, com uma nota
de cem dólares ainda molhada.


Ao lado da impressora havia
folhas de papel em branco, do tamanho da nota americana, assim como um cortador
de papel. Várias notas de cem dólares, cortadas de maneira errada, estavam
espalhadas pelo chão. Uma voz furiosa, por trás de Krum, perguntou:


 - O que faz aqui?


 Ele virou-se preparado. Mas Hermione era ainda mais linda do
que se lembrava. Estava com os cabelos molhados do banho e envolta numa toalha,
mas mesmo nesses trajes sumários ela entrou no quarto.


Controlando a ansiedade, Krum
disse, suavemente:


- Dinheiro falso! Você ia nos
pagar com dinheiro falso!


Ele observou a reação da
mulher. Negativa indignação e depois desafio.


 - Está bem - admitiu Hermione. - Mas não faria a menor
diferença. Ninguém pode distinguir estas notas das verdadeiras.


- Isso é demais!


Seria um prazer destruir aquela
mulher.


- Estas notas são tão boas
quanto ouro.


- É mesmo?


Havia desdém na voz de Krum. Ele
pegou uma das notas úmidas e examinou-a. Olhou um lado, depois o outro,
examinou mais atentamente. Era uma falsificação excelente.


- Quem fez as matrizes?


- Que importância isso tem?
Posso ter os cem mil dólares prontos até sexta-feira.


Krum fitou-a, aturdido. E quando
compreendeu o que ela estava pensando, não pôde conter uma risada.


- Essa não! Você é mesmo estúpida.
Não existe nenhum navio.


Hermione mostrou-se
desconcertada.


- Como assim? Não existe nenhum
navio? Mas o Professor Zuckerman me garantiu...


- E acreditou nele? Mas que pena,
"Creme de Leite". - Ele tornou a estudar a nota em sua mão. - Levarei isto.


Hermione encolheu os ombros.


- Pode levar quantas quiser. É
apenas papel.


Krum pegou um punhado das notas
úmidas de cem dólares.


- Como pode saber que uma das
criadas não entrará aqui?


- Eu pago para elas ficarem longe
- E tranco o armário quando saio.


É como se fosse outra pessoa,
mais fria e imperturbável, pensou Krum. Mas isso não será
suficiente
para mantê-la viva.


- Não deixe o hotel - ordenou
ele. - Tenho um amigo que quero que você conheça.


Ele tencionava entregar a mulher
a Bruno Vicente


imediatamente,
mas algum instinto o conteve. Tornou a examinar uma das notas. Já manipulara
muito dinheiro falsificado, mas nada tão bom quanto aquele. Quem quer que
fizera as matrizes era um gênio. O papel parecia autêntico, as unhas eram
perfeitas e limpas. As cores permaneciam definidas, mesmo com a nota úmida. A
imagem de Benjamin Franklin era perfeita. A mulher estava certa. Era difícil
dizer a diferença entre o que ele tinha na mão e a coisa verdadeira. Vitor
especulou se seria possível passá-la como dinheiro genuíno. Era uma idéia
tentadora.


Ele decidiu manter Bruno Vicente
à espera por mais algum tempo. Na manhã seguinte, bem cedo, ele mandou chamar
Adolf Zuckerman e entregou-lhe uma das notas de cem dólares.


 - Vá ao banco e troque isto por argent. (argent era o
dinheiro que a Fraça bruxa usava)


 - Certo chefe.


Krum observou-o deixar
apressadamente o escritório. Aquela era a punição de Zuckerman por sua
estupidez. Se ele fosse preso, nunca diria de onde saíra à nota falsa... Não
se quisesse viver. Mas se ele conseguisse enganar os duendes e passar a nota sem
problemas... Vamos esperar para ver o que acontece, pensou com seus botões.


Zuckerman voltou ao escritório
15 minutos depois. Colocou sobre a mesinha um saco com a quantia certa de
argents, que correspondia aos cem dólares.


- Mais alguma coisa, chefe?


Krum ficou olhando para os
argents.


- Teve algum problema?


- Problema? Não. Por quê?


- Quero que volte ao mesmo banco
e diga o seguinte...


_______________________________________________________


 


Adolf Zuckerman entrou no saguão
do Gringotes francês e aproximou-se do guichê numero nove. O duende que
atendia era bastante feio e mal-humorado. Desta vez, Zuckerman, tinha consciência
do perigo que corria, mas preferia enfrentá-lo a ficar exposto à ira do chefe.


 - O que deseja? - perguntou o duende mal-encarado.


Zuckerman fez um esforço para
disfarçar seu nervosismo.


- O problema é que me meti num
jogo de pôquer ontem à noite, com alguns americanos que conheci num bar.


Ele parou de falar. O duende
ainda não parara o que estava fazendo (medir rubis do tamanho de cinzeiros). Ao
ver o silencio prolongado do cliente, ele disse rabugentamente:


- E perdeu todo o seu dinheiro.
Agora está precisando agora de um empréstimo?


- Não é isso. Para dizer a
verdade, eu ganhei. O problema é que os homens não pareciam muito honestos. -
Zuckerman tirou do bolso duas notas de cem dólares - Pagaram-me com este
dinheiro e receio... Receio que talvez seja falso.


Zuckerman prendeu a respiração,
enquanto o duende se inclinava para frente e pegava as notas com suas mãos
grossas e encalombadas. Examinou-as meticulosamente, primeiro uma, depois a
outra, passou os dedos compridos por toda a cédula e finalmente suspendeu-as
contra a luz. Finalmente, ele olhou para Zuckerman e sorriu.


 - Teve sorte, monsieur. Estas notas são genuínas.


 Zuckerman permitiu-se deixar o ar escapar dos pulmões. Graças
a Merlin! Tudo daria certo.


 


- Não há qualquer problema,
chefe. Ele disse que as notas são genuínas.


Era quase bom demais para ser
verdade. Vitor Krum pôs-se a pensar, um plano já parcialmente formulado em sua
mente.


- Vá buscar a "Creme de
Leite".


_______________________________________________________


 


Hermione estava sentada no escritório
de Vitor Krum, fitando-o através da mesa. "Se ele vai fingir que não me
conhece, eu também o farei!"


- Nós vamos ser sócios -
informou-a Krum.


Hermione começou a se levantar.


- Não preciso de um sócio e...


- Sente-se.


Ela fitou-o nos olhos e
sentou-se.


- Paradis é minha cidade. Tente
passar uma só dessas notas e será presa tão depressa que nem saberá o que
lhe aconteceu.


 
Coisas terríveis acontecem com as mulheres bonitas em nossas prisões. Não
poderá fazer qualquer coisa por aqui sem a minha permissão.


Ela estudou-o.


- Então o que estou comprando de
você é proteção?


- Errado. O que está comprando
de mim é a sua vida.


Hermione acreditou.


- E agora me diga onde arrumou
suas matrizes.


Ela hesitou e Krum gostou de vê-la
se contorcer e acabar por se render. Ela disse, relutante:


- Comprei de um americano que
vive na Suíça. Ele foi gravador da Casa da Moeda dos Estados Unidos por vinte
e cinco anos. Quando o aposentaram, houve algum problema técnico e nunca lhe
pagaram a pensão. Ele sentiu-se trapaceado e resolveu se vingar. Tirou dos
Estados Unidos algumas chapas de notas de cem dólares que deveriam ter sido
destruídas, usou os seus contatos para obter o papel com que o Departamento de
Tesouro imprime seu dinheiro.


Isso explica tudo, pensou Krum,
triunfante. É por isso que as notas parecem tão boas. Seu excitamento era cada
vez maior.


- Quanto dinheiro a impressora
pode produzir em um dia?


- Somente uma nota por hora. Cada
lado do papel tem de ser processado e...


 Krum interrompeu-a:


- Não há uma impressora maior?


- Há, sim. Ele tem uma que
produz cinqüenta notas a cada oito horas, mas só venderia por meio milhão de
dólares.


- Compre-a - ordenou Krum.


- Acontece que não tenho
quinhentos mil dólares.


- Mas eu tenho. Quando poderá
ter uma impressora maior?


Ela respondeu, relutante:


- Acho que imediatamente. Mas eu
não...


Krum pegou o intercomunicador
(como o que havia na sala de Rony)e ordenou:


- Louise, quero quinhentos mil dólares
em argents.


- Não! - reagiu Hermione - o
homem é trouxa. Não sabe que sou bruxa.


- Mude, Louise. Quero quinhentos
mil dólares em francos franceses.  


Tire o que temos no cofre e pegue
o resto com os bancos. Traga ao meu escritório. Já!


Hermione levantou-se, bastante
nervosa.


- É melhor eu ir e...


- Você não vai a lugar nenhum.


- Mas eu preciso...


- Fique sentada ai e mantenha-se
calada. Estou pensando.


Ele tinha associados nos negócios
que esperariam ser incluídos numa operação como aquela. Mas o que eles não
sabem não lhes fará mal, decidiu-se. Compraria a impressora maior para si
mesmo e substituiria o dinheiro que tomara emprestado da conta do cassino nos
bancos pelos dólares que imprimiria.


Depois disso, mandaria Bruno
Vicente cuidar da mulher. Ela não gostava de sócios.


Vitor Krum também não.


_______________________________________________________


 


O dinheiro chegou duas horas
depois, numa sacola grande.


Krum disse a Hermione:


 - Você sairá do Palais. Tenho uma casa nas colinas que é
muito particular. Ficará lá até iniciarmos a operação. - Ele empurrou o
telefone na direção dela. - Agora, ligue para o seu amigo na Suíça e diga a
ele que vamos comprar a impressora grande.


- Tenho o telefone dele no hotel.
Ligarei de lá. Dê-me o endereço de sua casa. Avisarei a ele para enviar a
impressora para lá e...


- Não! - gritou Krum,
rispidamente. - Não quero deixar qualquer pista. Mandarei buscá-la no
aeroporto. Conversaremos a esse respeito esta noite, durante o jantar. Eu a
verei às oito horas.


Era uma dispensa. Hermione
levantou-se. Krum acenou com a cabeça para a sacola que continha o dinheiro.


- Tome cuidado com o dinheiro. Eu
não gostaria que nada acontecesse a ele... Nem com você.


- Nada acontecerá.


Ele sorriu sugestivamente.


- Sei disso. O Professor
Zuckerman a acompanhará de volta ao hotel.


Os dois seguiram em silêncio na
limusine, a sacola com o dinheiro entre eles, cada um absorto em seus
pensamentos.


Zuckerman não sabia direito o
que estava acontecendo, mas tinha a impressão de que seria ótimo para ele. A
mulher era a chave de tudo. Krum lhe ordenara que ficasse de olho nela e era o
que Zuckerman tencionava fazer.


_______________________________________________________


 


Vitor ficou eufórico naquela
noite. Àquela altura, a compra da impressora grande já deveria estar acertada.
Granger dissera que imprimiria cinco mil dólares por dia. Mas ele tinha um
plano melhor. Tencionava operá-la em turnos, 24 horas por dia. Isso daria 15
mil dólares por dia, mais de cem mil dólares por semana, um milhão a cada dez
semanas. E isso era apenas o começo. Descobriria quem era o gravador naquela
noite e faria um acordo com ele para obter mais máquinas. Não havia limite
para a fortuna que a operação lhe traria.


 Eram precisamente oito horas quando sua limusine parou diante
da entrada do Hôtel du Palais. Krum saltou para o passeio.


Ao entrar no saguão, notou com
satisfação que Zuckerman se achava sentado perto da entrada, observando
atentamente as portas. Encaminhando-se para a recepção.


- Jules, avise a Sra. Chantilly
que eu estou aqui. Mande-a descer para o saguão.


O recepcionista ficou surpreso.


- Mas essa Sra. já deixou o
hotel, Sr. Krum.


- Está enganado. Ligue para ela.


Armand Jules Bergerac sentiu-se
consternado. Não era saudável contestar Vitor Krum.


- Eu mesmo fiz o registro de saída.


Impossível!


- Quando?


- Pouco depois que ela voltou ao
hotel. Pediu-me para levar a conta à sua Suíte, a fim de poder pagar em
dinheiro...


A mente do homem mais poderoso da
cidade estava em disparada vertiginosa.


- Em dinheiro? Francos franceses?


- Isso mesmo, monsieur.


Krum perguntou, freneticamente:


- Ela levou alguma coisa de sua
Suíte? Qualquer bagagem ou caixas?


- Não. Ela disse que mandaria
buscar a bagagem mais tarde.


Então ela levara o seu dinheiro
e fora para a Suíça, a fim de comprar pessoalmente a impressora maior!


- Leve-me para a sua Suíte.
Depressa!


- Oui, Monsieur Krum.


Bergerac pegou uma chave na
parede por trás e seguiu apressadamente para o elevador, junto com o homem. Ao
passar por Zuckerman, Krum sibilou:


- Por que está sentado aí, seu
idiota? Ela já foi embora.


Zuckerman fitou-o sem
compreender.


- Ela não pode ter ido embora. Não
desceu para o saguão. Fiquei atento a ela.


- Atento a ela! - imitou-o,
brutalmente. - Mas por acaso esteve atento a uma enfermeira, uma velhinha de
cabeça branca ou uma criada saindo pela porta de serviço?


Zuckerman ficou aturdido.


- Por que eu deveria fazer isso?


- Volte ao cassino -
ordenou-lhe asperamente - Cuidarei de você mais tarde.


A Suíte parecia exatamente como
quando Krum fora ali anteriormente. A porta de ligação com o quarto adjacente
se achava aberta. Krum entrou, foi apressadamente até o armário e abriu a
porta. A impressora ainda estava ali, graças a Merlin! A maluca tivera tanta  pressa
em partir que a deixara. Isso fora um erro. E não é o seu único erro, pensou
Krum. Ela o trapaceara em 500 mil dólares e ele a faria pagar com uma vingança.
Deixaria os armados ajudá-lo a descobrir a mulher e a mandaria para a cadeia,
onde seus homens poderiam alcançá-la. Eles a obrigariam a revelar quem era o
gravador e depois a calariam para sempre.


Krum, em um aceno de varinha,
mandou uma mensagem para a o Escritório Geral dos Armados  e
pediu para falar com o Armado Dumont.  


Quinze minutos depois o Aramado,
que era seu amigo, chegou à Suíte, acompanhado por um homem de corpo andrógino
e uma das caras mais feias que Krum já vira, inclusive a sua. A testa parecia
prestes a explodir do rosto, os olhos castanhos, quase escondidos por trás dos
óculos de lentes grossas, possuíam a expressão penetrante de um fanático.


- Este é Monsieur Dudley Dursley
- disse o Armado Dumont. - Monsieur Krum. O monsieur Dursley esta cooperando com
a Armada Bruxa.


Desde a guerra contra Voldemort,
todo o sistema criminal e penitenciário dos bruxos sofreu uma tremenda
reviravolta.


Os Aurores ainda existiam, mas os
casos somente chegavam a ele como um ultimo recurso. A Armada era o primeiro
passo para se pegar um bruxo criminoso.


E quando Duda finalmente se
lembrara onde havia ouvido o nome de Hermione Granger (em um dos muitos
pesadelos que escutara de Harry) fora fácil juntar as peças desse imenso
quebra cabeça. E a partir dai, Duda estava usando cada grama de astúcia que
possuía: os não-bruxos não podiam descobrir a existência dos seres mágicos,
alias ninguém nem acreditaria nele.


Ao ver o bruxo mais poderoso de
Paradis, Duda falou:


 - Mencionou ao Armado Dumont que ela está envolvida numa
operação de falsificação.


- Exatamente. A mulher está a
caminho da Suíça neste momento. Poderão pegá-la na fronteira. E tenho bem
aqui todas as provas necessárias.


 Ele levou-os ao armário. Duda e o Armado deram uma olhada no
interior.


- Lá está a impressora usada
para fazer o dinheiro.


Duda examinou a máquina
cuidadosamente.


 - Ela imprimiu o dinheiro nisto?


 - Foi o que acabei de falar - disse Krum bruscamente. Ele
tirou uma nota do bolso. - Olhem para isto. É uma das notas falsas de cem dólares
que ela me deu.


Duda foi até a janela e examinou
a nota contra a luz.


- Esta nota é genuína.


- É que ela usou as chapas
roubadas que comprou de um gravador que trabalhou para a Casa da Moeda
americana, em Filadélfia. E imprimiu as notas nesta impressora.


Duda disse rudemente:


- Esta é uma impressora comum,
se você fosse acostumado com maquinas de não-bruxos saberia. Você é muito
estúpido. A única coisa que se pode imprimir nesta máquina é papel timbrado.


- Papel timbrado?


Krum tinha a sensação de que o
quarto começava a rodar.


- Acreditou realmente na fábula
de uma máquina que transforma papel em notas de cem dólares genuínas?


- Estou lhe dizendo que vi com
meus próprios olhos...


Krum parou de falar abruptamente.
O que vira? Algumas notas molhadas de cem dólares penduradas para secar, papel
em branco e um cortador de papel. Ele começou a perceber a enormidade do golpe
de que fora vitima. Não havia qualquer operação de falsificação, não havia
gravador esperando na Suíça. Hermione Granger jamais caíra na história do
tesouro afundado. A desgraçada usara o seu próprio golpe como uma isca para
arrancar-lhe meio milhão de dólares. Se a notícia do golpe se espalhasse...


 Os dois homens observavam-no.


 - Deseja apresentar acusação de alguma espécie, Vitor? -
perguntou Dumont, que ra amigo dele.


 Como poderia? O que diria? Que fora enganado ao tentar
financiar uma operação de falsificação? E o que fariam seus associados com
ele quando soubessem que lhes roubara meio milhão de dólares e perdera tudo?
Ele foi dominado por um temor súbito.


 - Não. Eu... Eu não desejo apresentar qualquer acusação.


 Havia pânico em sua voz. África pensou Vitor Krum. Eles
nunca me encontrarão na África.


 Mas Duda estava pensando: Na próxima vez, Eu a pegarei na próxima
vez.


mso-ansi-language:PT;font-weight:normal">______________________________________________________


mso-ansi-language:PT;font-weight:normal"> 


mso-ansi-language:PT;font-weight:normal">N/A : e ai galera o que axaram??? A
Mione mandou bem hein? E o Harry apareceu bem mais nesse cap né? Vou contar uma
coisa: a partir de agora as coisas entres eles vão fluir melhor, não que eles
vão se acertar por agora, mas vão se re -
conhecer.


mso-ansi-language:PT;font-weight:normal">Bom, me digam o que axaram, mandando
mails, coments, votando na minha fic (pro pessoal do Potterish) e claro fazendo
uma propagandinha básica.


mso-ansi-language:PT;font-weight:normal">Um beijão!





Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.