Suícidio



SUÍCIDIO



Nova Orleans

QUINTA-FEIRA, 20 DE FEVEREIRO - 23 HORAS

Ela despiu-se devagar, em devaneio; quando estava nua, escolheu um negligê vermelho vivo para usar, a fim de que o sangue não aparecesse.

Doris Granger olhou ao redor pela última vez, a fim de certificar-se de que o quarto agradável, que tanto passara a amar ao longo dos últimos 25 anos, se encontrava arrumado e impecável.

Abriu a gaveta da mesinha-de-cabeceira e tirou a arma, com todo cuidado. Colocou-a ao lado do telefone e discou para a filha em Filadélfia.

- Mione... Senti vontade de repente de ouvir o som de sua voz, querida.

- Que surpresa boa, mamãe.

- Espero não tê-la acordado.

- E não acordou. Eu estava lendo. Aprontando-me para dormir. Rony e eu íamos sair para jantar fora, mas o tempo está horrível. Neva muito por aqui. Como está aí?

"Santo Deus, estamos falando sobre o tempo", pensou Doris Granger, "quando há tanta coisa que quero lhe dizer. E não posso".

- Mamãe - Você ainda está aí?

Doris Granger olhou pela janela.

- Está chovendo.

E ela pensou: Como é melodramaticamente apropriado. Parece até um filme de Alfred Hitchcock.

- Que barulho é esse, mamãe?

- Trovoada. Tão absorta em seus pensamentos, Doris Granger nem percebera. Nova Orleans sofria uma tempestade. Chuva contínua dissera o homem da previsão do tempo. Dezenove graus em Nova Orleans. Ao cair da noite haverá chuvas torrenciais, acompanhadas de trovoadas. Não se esqueçam de sair com o guarda-chuva. Ela não precisaria de um guarda-chuva.

- É uma trovoada, Hermione. - Ela forçou um tom de jovialidade na voz. -Conte-me o que está acontecendo aí em Filadélfia.

- Eu me sinto como uma princesa num conto de fadas, mamãe. Nunca imaginei que alguém pudesse ser tão feliz. E amanhã sairá oficialmente a candidatura de Rony para chefe do Departamento de Execução das Leis em Magia.

Ela engrossou a voz, como se estivesse fazendo uma proclamação oficial, ao dizer:

- Os Stanhopes, os Patil, e muito mais gente importante virá para o coquetel. - Mione soltou uma risada.- Eles são uma instituição. Estou no maior nervosismo.

- Não se preocupe. Tenho certeza de que Rony ira ganhar.

- Rony não para de dizer que esse é um momento importantíssimo na vida dele, mas que não seria nem metade se eu não estivesse lá para ficar ao seu lado. Ele me ama. E eu o adoro. Mal posso esperar o momento em que você vira aqui para nos ver casando. Ele é fantástico.

- Tenho certeza que é mesmo. - Ela jamais veria os dois casando. Nem teria um neto no colo. Não! Não devo pensar sobre isso. - Ele sabe como é afortunado por tê-la, meu bem?

- É o que estou sempre lhe dizendo.- Mione sorriu.- Mas já chega de falar a meu respeito. Conte-me o que está acontecendo por aí. Como se sente?

Você goza de perfeita saúde, Doris, foram as palavras do Dr. Rush. Viverá até os cem anos. Uma das pequenas ironias da vida.

- Eu me sinto maravilhosa. Falando com você.

- Já tem um namorado? - indagou Mione, meio zombeteira,

Desde que o pai de Mione morrera, cinco anos antes, Doris Granger jamais sequer considerara a possibilidade de sair com outro homem, apesar das exortações de sua filha.

- Nada de namorados. - Ela mudou de assunto.- Como está o seu trabalho? Ainda gostando?

- Adorando. Rony não se incomoda que eu continue a trabalhar depois de casarmos.

- Isso é maravilhoso, meu bem. Ele parece ser um homem muito compreensivo.

- E é mesmo.

Houve uma trovoada mais alta, como uma deixa oportuna dos bastidores. Estava na hora. Não havia mais nada a dizer, exceto uma despedida final.

- Adeus, minha querida.

Doris manteve a voz cuidadosamente firme.

- Eu a verei no casamento, mamãe. Telefonarei assim que Rony e eu marcarmos a data.

- Está certo. - Havia uma última coisa a dizer, no final das contas. - Eu a amo muito, Mione. Mas muito mesmo.

Lentamente, Doris Granger repôs o telefone no gancho.

Ela pegou a arma. Só havia uma maneira de fazê-lo. Depressa. Ela levantou a arma para a têmpora e puxou o gatilho


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N/A: galera! queria dizer três coisas importantes sobre essa fic:

1° - a fic é adaptada da obra de Sidney Sheldon, "Se Houver Amanhã". Por isso quem leu o livro vai ver muitas coisas iguais.

2° - tem uma fic aqui no 3V, que é baseada no mesmo livro e tem o mesmo nome (Se Houver Amanhã), é da autora Tracy Whitney e ela escreveu a fic antes de mim, mas com o shipper D/G.

3° - e por último e muito importante, esta fic deve ser lida como se os acontecimentos de HPs tivessem acontecido nos E.U.A isto para que ela faça sentido, ok?

E agora é o último mesmo, espero que vcs gostem de ler a fic tanto quanto eu gosto de escrevê-la!

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