Provocações



Capítulo 13: Provocações

Gina sentiu um peso no coração ao entrar no avião sem Draco, tanto que mal ouviu a aeromoça desejando-lhe boas vindas. Procurou sua poltrona, a qual ficava mais ou menos na metade do avião e do lado da janela. Colocou sua bagagem de mão no devido lugar e sentou-se. Após afivelar o cinto, ficou olhando tristemente para os outros aviões e os carrinhos que carregavam bagagens até eles. Porém foi tirada de seus pensamentos por uma voz conhecida:
-Gina!
Ela virou-se para o dono da voz, inexpressiva:
-Simas, me deixa em paz. –seu tom era de súplica.
Antes que o grifinório pudesse responder, uma aeromoça chegou até onde ele estava parado no meio do corredor. Olhou o ticket da passagem que ele tinha em mãos:
-A poltrona do senhor é do outro lado contando mais três para trás. É melhor que se acomode logo, pois já vamos decolar.
Lançando um último olhar a ruiva, ele dirigiu-se a seu lugar. Ela deu um suspiro cansado e aliviado. Alguns segundos depois a aeromoça informou que o embarque havia sido encerrado e começou a dar os avisos de praxe. Quando o avião começou a se movimentar, Gina fechou os olhos. Agora era definitivo. Draco não havia entrado no avião e ela o estava deixando.
“Talvez ele nunca me perdoe.” E esse pensamento foi como um balde de gelos em seu estômago.
Parte da viagem Gina passou olhando as nuvens pela janela e a outra parte fingindo que dormia. Porém, ainda assim, pareceu durar menos do que ela desejaria. Logo que o avião aterrissou e ela pôde desabotoar o cinto, pegou sua bagagem de mão. Mas então Simas apareceu:
-Espere, Gina.
-O que você quer, Simas? –ela perguntou, sem paciência.
-Quer que eu leve sua bagagem? –ofereceu-se.
-Não é necessário. –negou.
-Eu faço questão, Gina. –disse, pegando da mão dela.
A ruiva virou-se e seguiu pelo corredor, com o objetivo de sair do avião. Simas seguia atrás de si. Apenas pensava em Draco e no olhar desesperado que ele tinha antes de puxá-la para o último beijo. Fazia apenas algumas poucas horas desde que vira o marido pela última vez, mas para ela parecia muito mais.
“Como aquele loiro me faz falta...” suspirou “Mas também eu ainda estou brava e magoada com ele. Como ele pôde levar outra mulher pro quarto do hotel na nossa lua-de-mel?!?” e seu olhar tornou-se ainda mais triste.
-Gina! –era a voz de Simas chamando-a.
-O quê? –perguntou, desanimada.
-Pare de agir como uma morta-viva. Isso não vai te fazer bem. –Simas disse e ela deu de ombros –Estou falando sério. Quer uma carona para a hum...Mansão Malfoy? –perguntou, deixando transparecer o seu desgosto ao dizer o nome do lugar.
-Eu não vou pra Mansão Malfoy. Eu vou para a Toca. Se puder me levar eu agradeço.
Ele deu um sorriso enorme:
-Claro que posso, mas por que...?
Gina cortou-o:
-Eu não quero falar sobre isso.
-Ok. –respondeu resignado, mas já estava feliz por Gina voltar à casa dos pais.
Seguiram para fora do aeroporto e havia um carro do ministério esperando Simas. Gina sentou-se no banco de trás e para a sua insatisfação, Simas também. Ela não queria ficar perto dele, pois se lembrava que se não tivesse dormido com ele, ela e Draco estariam felizes e ainda em lua-de-mel. Olhou pela janela.
“Draco por que você fez isso comigo? Será que não me ama o suficiente?!? Eu prometi que nunca o deixaria, mas veja o que aconteceu...Vai ser tão difícil viver sem você.”
Durante a viagem inteira a ruiva olhou sem realmente ver as paisagens pela janela. Seus pensamentos estavam no loiro. Sabia que sofreria estando distante dele, mas também sabia que sofreria se ficasse ao lado dele. Apenas julgou que a dor que sentiria seria maior se estivesse ao lado dele. Agora já não tinha mais tanta certeza...
Quando menos esperava, pôde avistar A Toca. Começou a ficar nervosa. O que falaria para seus familiares? Ainda não tinha pensado nisso.
“Burra! Burra! Burra! Você realmente é idiota, Gina! Eu deveria pensar nos detalhes importantes.” Repreendeu-se enquanto o carro estacionava e ela descia.
Simas tirou a bagagem da ruiva do porta-malas.
-Deixa que eu carrego. –ela disse, pegou suas coisas e começou a andar em direção à porta de entrada.
Logo ele alcançou-a e estava andando a seu lado:
-Simas, você já fez bastante me trazendo aqui. Agora vá embora, por favor.
-E eu não posso mais cumprimentar a sua família? –ele perguntou.
Ela bufou:
-Provavelmente você só achará a minha mãe na Toca. Por que não vai procurar o meu pai no Ministério? Aposto que ele ficaria satisfeito ao ouvir da sua boca que conseguiu acabar com o meu casamento. –disse vermelha de raiva, enquanto dava batidas fortes na porta.
-Hoje é domingo, Gina. –ele respondeu, aborrecido pela acusação dela –Aposto que a sua mãe não é o único membro da sua família presente nessa casa.
A ruiva bateu a mão na testa involuntariamente. Como poderia ter esquecido de tal coisa? Porém, antes que tivesse tempo de se lamentar mais ou dar meia volta e sair dali bem rápido, a porta foi aberta por Molly Weasley. Sua mãe encarou-a com surpresa, mas abriu um grande sorriso.
-Gina! –exclamou, abraçando-a com força –Eu estava com tantas saudades sua, querida.
-Mãe, você tá me sufocando. –ela reclamou e antes que pudesse dizer mais, viu várias pessoas atrás de sua mãe (em sua maioria ruivos) que olhavam para ela com surpresa.
-Gina! –Rony exclamou –O que você está fazendo aqui? E ainda mais com o Simas. Você não tinha mais uma semana de lua-de-mel? Cadê o Malfoy?
“Sou mesmo o ser mais tapado que já pisou na superfície da Terra! Como pude esquecer que hoje é domingo?!?”
-Eu não quero falar sobre isso, Ronald. –disse, soltando-se do abraço da mãe e subindo as escadas com suas malas para o seu antigo quarto.
No mesmo instante todos começaram a falar ao mesmo tempo, indagando o que havia acontecido até que a Sra. Weasley mandou todos calarem a boca. Porém, a ruiva não prestou a tenção em nada disso. Ao chegar em seu quarto bateu aporta, jogou as malas de qualquer jeito e jogou-se na cama após tirar os sapatos.
A janela encontrava-se fechada e tudo estava exatamente do jeito que ela deixara. Nem a roupa de cama havia sido trocada. Ela podia sentir o cheiro do perfume de Draco e isso era torturante. Lembrou-se das tantas noites que haviam passado se amando naquela cama. A dor era crescente em seu peito. Por mais que não quisesse chorar, viu-se chorando ao sentir as lágrimas rolando por sua face. Aquele líquido quente que escorria livremente por sua face ansiava por ser aparado pelas mãos de Draco Malfoy. Era isso o que ele costumava fazer quando Gina chorava. Ele aparava suas lágrimas, abraçava-a e ela sentia-se segura nos braços dele, sabendo que tudo ficaria bem. No entanto, agora estava sozinha naquele quarto. Tinha por companhia apenas suas agridoces memórias e o cheiro do perfume dele.
Gina ouviu baterem à porta de seu quarto. Não queria ver ninguém, mas sentia que a pessoa não desistiria e entraria de qualquer maneira. Então enxugou os olhos e a face, mas continuou deitada. Após alguns segundos, ouviu a maçaneta girar e a porta abrir-se.
-Gina... –a pessoa disse, fechando a porta e Gina reconheceu a voz.
-Ainda não foi embora, Gabrielle? –perguntou para a prima.
Com um gesto de sua varinha, Gabi abriu a janela e deixou a claridade do dia entrar no quarto:
-Ai, por que fez isso? –reclamou pela repentina luz a que suas retinas foram expostas.
Ignorou a pergunta da prima e sentou-se na cama:
-Gina, o que aconteceu? –perguntou e havia preocupação em sua face.
-Nada, Gabrielle. –respondeu de mau-humor.
A ruiva dos cabelos cor de cereja deu um suspiro cansado:
-Olha, Gina. Pare com isso está bem? Eu sou sua amiga e você não me engana. Eu sei que algo deu muito errado entre você e o Draco e por isso você voltou mais cedo. Você pode confiar em mim, eu sinto que você precisa desabafar.
Gina sentou-se na cama também e Gabi pôde ver que seus olhos estavam vermelhos:
-Ah, Gabi. Deu tudo errado. Eu e o Draco brigamos várias vezes, não transamos desde que estamos casados, fomos expulsos de um hotel, dormimos por uma noite dentro de um carro minúsculo porque estávamos presos na neve.
-Nossa. –ela impressionou-se, arregalando seus olhos verde-oliva.
-E isso não é tudo. O Draco tentou matar o Rony no dia do nosso noivado, ele confessou. E daí eu também confessei que dormi com o Simas em uma vez que estava bêbada. Daí nós brigamos feio.
-Nossa. Você dormiu com o Simas? –ela estava de boca aberta.
-Eu estava bêbada! – a ruiva se defendeu –MUITO bêbada. –reiterou.
-Hum e como assim o Draco tentou matar o Rony?
-Ah, na noite do nosso noivado o Rony fez um escândalo e subiu as escadas. Sem ninguém perceber o Draco fez um feitiço que fez o Rony rolar escadas abaixo, mas como o próprio Draco tinha se oferecido pra levar o Rony pro St. Mungus, ninguém desconfiou. Mas então, foi horrível. O Draco me chamou de prostituta, Gabi! –e uma lágrima escorreu.
-Ele falou isso sem pensar, o Draco te ama. Ele apenas estava fora de si.
-Mas ele disse que ia pedir o divórcio. Nós saímos do hotel um para cada lado de Veneza. Só que eu encontrei o Simas. Ele foi pra Veneza e tenho certeza que foi pra tentar atrapalhar minha lua-de-mel com o Draco. Quando eu voltei pro hotel mais uma briga, porque o Draco tinha visto quando o Simas me beijou à força. Brigamos mais, mas quando estávamos quase nos acertando, eu encontrei um sutiã vermelho no quarto e não era meu. Daí nós brigamos novamente. Ele jura que não transou com a vagabunda e a mandou embora quando viu o que ela realmente queria com ele, mas eu não consigo acreditar. Então nessa hora o Simas apareceu na porta e perguntou se eu queria ir morar com ele nos EUA. Daí o Draco ficou mais puto da vida então e os dois começaram a duelar, dizendo que o prêmio seria eu. Então eles saíram do quarto ainda duelando e destruindo coisas pelo caminho. De repente, depois que eu já tinha tentado e não conseguido fazer eles pararem, vieram os aurores italianos e nós fomos detidos.
-Putz, aconteceu tudo isso? –a francesa estava claramente espantada –Parece até um filme.
-É, mas para mim foi um pesadelo. Eu bebi veritasserum e me expliquei para o Chefe dos Aurores. Então me liberaram. Eu resolvi deixar o Draco. Fui para o aeroporto, mas nos encontramos lá. Ele me pediu perdão, disse que iria mudar, que não queria me fazer sofrer. Me custou todo o auto-controle para não perdoá-lo. Eu sempre o perdôo e ele continua com os erros e eu sofro.
-Então você quer que ele mude isso, que ele deixe de ser tão egocêntrico. –Gabi disse.
-Sim. Mas eu não sei se ele me ama o suficiente pra fazer isso. Sei lá, é muito difícil mudar. Talvez ele realmente peça o divórcio e então eu terei que dar. Isso vai me doer profundamente, mas o que posso fazer?
Gabrielle abraçou a prima:
-Gina, vocês se amam. Eu sei disso. Não posso acreditar que vão desistir por causa de algumas confusões na lua-de-mel.
-Algumas? –a ruiva perguntou com ironia.
-Tá, muitas. Mas mesmo assim, Gina. Eu acho que você e o Draco deveriam conversar com calma e então veriam o quanto se amam e não podem viver separados.
-Gabi, ele levou uma outra qualquer pro nosso quarto! E ele não estava bêbado.
-Mas ele não te disse que não dormiu com a tal?
-Disse, mas e se ele mentiu?
-Bem, não posso afirmar com certeza se ele mentiu ou não. Mas estou certa ao dizer que ele te ama. Eu vejo a maneira com que ele te olha, Gina. Os olhos dele suavizam e parecem brilhar. –disse levantando-se –Qualquer coisa, me chama, tá?
Virgínia fez que sim e a outra saiu.

***

Falar que Draco Malfoy encontrava-se de mau humor era um elogio. O loiro estava de péssimo humor! Demorou algumas horas para que conseguisse provar aos seguranças trouxas do aeroporto que Gina era realmente casada com ele. E depois disso ainda teve que ouvir as desculpas deles enquanto o olhavam com pena. Uma das coisas que Draco odiava era isso. Ele não precisava da pena de ninguém, muito menos de trouxas que nem ao menos o conheciam.
“Ah, Virgínia. Você não perde por esperar.” Pensou.
O Malfoy teve que esperar várias horas a mais por outro vôo para Londres e quando entrou no avião estava com a expressão tão fechada que até as aeromoças tinham medo de se dirigir a ele.
Para ele nunca um vôo pareceu demorar tanto. Quando finalmente o avião aterrissou e o sinal para desapertar os cintos foi dado, Draco o fez e dirigiu-se à saída com pressa.
Uma aeromoça à porta da aeronave perguntou:
-Teve um bom vôo?
-Claro, tão bom quanto um pau enfiado no rabo. –respondeu sarcástico com cara de poucos amigos e a aeromoça levou a mão à boca, enquanto o olhava reprovadoramente.
O loiro, porém não ligou e saiu dali o mais rápido que pôde. Saiu do aeroporto e procurou por um lugar discreto. Quando encontrou tratou de imediatamente aparatar em sua Mansão. Apareceu no Saguão de Entrada e subiu as escadas principais puxando sua mala de carrinho. O barulho chamou a atenção de Narcisa e ela logo estava ao pé da escada, perguntando intrigada:
-Draco. O que está fazendo aqui? Cadê a Virgínia?
O loiro virou-se para sua mãe. Deixou o semblante inexpressivo, mas seus olhos estavam estreitos e gelados:
-Dentro da mala é que não está.
-Deixe de ser sarcástico com a sua mãe, Draco! –ela o repreendeu –Conte o que aconteceu, eu quero saber.
-Eu não quero falar sobre isso. –e seu tom era definitivo.
Cissy, no entanto, insistiu:
-Draco, meu filho. Eu só quero o seu bem...
Ele cortou-a:
-Vou me divorciar da Virgínia, satisfeita?
-Como é que é? –perguntou surpresa.
-Isso mesmo o que ouviu. –e a voz dele já começava a transparecer tristeza.
-Mas Draco...
-Não, mãe. Vou tomar um banho. Depois a gente se fala. –disse e virou-se, continuando a subir as escadas.
Assim que entrou no quarto bateu a porta com força e jogou a mala num canto qualquer. Em seguida despiu-se, atirando as peças de roupa pelo quarto.
“Afinal, para que servem os elfos domésticos se não para limparem o que eu sujo.” Pensou antes de entrar no chuveiro. Achou que se entrasse na banheira lembraria de quando Gina cuidou dele por estar gripado. Mas ao entrar no chuveiro lembrou-se do sonho que ela contou-lhe em que ensaboavam o corpo um do outro. O pensamento foi como uma faca em seu coração. Mordeu o lábio inferior e sentiu os olhos arderem, querendo derramar lágrimas.
“Desde quando eu me tornei tão fraco assim?” repreendeu-se “Aquela mulher acabou com a minha vida.”
Draco deu um murro na parede do banheiro, o que fez com que sua mão latejasse fortemente com dor. No entanto, não saiu um lamento da boca dele sobre essa dor, pois a que sentia por dentro era maior. Amava Gina, mas era acima de tudo um sonserino e como tal orgulhoso e vingativo. A água morna que caía sobre seu corpo serviu para acalmá-lo um pouco. Quando saiu do banho sentiu-se um pouco melhor, já que pelo menos o cansaço havia ido embora de seu corpo.
Vestiu um pijama e um robe por cima, depois saindo do quarto que havia sido arrumado para ser dele e de Gina. Respirou profundamente, tentando afastar de sua mente os pensamentos que envolviam a ruiva, mas era de certa forma impossível e ele não estava obtendo sucesso.
Foi até a sala de jantar e para sua satisfação a mesa estava posta. Ao olhar para a mesa percebeu tinha muita fome e que sua mãe já estava lá, mas esperava-o para começar a refeição. Sentou-se de frente para a mãe e serviu-se em silêncio. Quando ele começou a comer um tanto rápido, Narcisa comentou:
-Onde estão seus modos, Draco? Mastigue ao menos. E não pense que eu esqueci o nosso assunto pendente.
O loiro olhou feio para a mãe, terminou de mastigar e engolir a comida que tinha na boca e disse:
-Eu estou mastigando, acontece que tenho fome. Agora me deixe comer em paz.
A loira respirou fundo e resmungou algo que soou como “Filho que não tem a mínima consideração pela mãe”.
Após a refeição, Draco fez menção de sair da mesa, mas Cissy não deixou, puxando-o de volta para a mesa pelo braço:
-Draco, nós ainda não terminamos. Você tem que me falar porque quer se divorciar da Virgínia. Eu não consigo entender. Vocês pareciam um casal tão feliz e apaixonado.
Foi a vez de Draco respirar fundo e forçar-se a olhar nos olhos azuis da loira:
-Ela me traiu, mãe.
-Como? –Cissy perguntou automaticamente, não querendo acreditar no que ouvira.
-Ela dormiu com o maldito do Finnigan. –falou como se cuspisse as palavras com raiva e nojo.
-Mas como aconteceu isso?
-Mãe, é óbvio. Como você acha que duas pessoas transam? Acho que sua memória sobre essas coisas já está começando a falhar... –disse amargamente.
-Como se atreve a falar assim com a sua mãe?!? Eu te dei educação melhor que essa, garoto. –ela estreitou os olhos.
-Ok, desculpe. Eu me descontrolei. Mas é que você não entende como estou me sentindo. É horrível. Às vezes quero quebrar tudo que vejo pela frente ou então me trancar no meu quarto até morrer de fome e sede. Eu simplesmente perdi o meu chão. –confessou, olhando para baixo.
Narcisa sentou-se na cadeira ao lado da do filho e abraçou-o, acariciando as mechas do cabelo dele:
-Oh, Draco, meu filho. Eu sinto muito por você. Como aquela Weasley teve coragem de fazer isso?
-Ela disse que estava muito bêbada e achou que o Finnigan fosse eu. –murmurou fracamente.
-E você não acredita nela?
-Sim, eu acredito. Já vi a Virgínia bêbada. Mas o problema é que ainda assim ela dormiu com outro. Eu pensava que tinha sido o único homem para quem ela havia se entregado, sabe?
-Ai, maldito machismo! –Narcisa bradou –Mesmo se ela tivesse tido outros antes de você, Draco. O que importaria? Se há amor, isso não deveria importar.
-Mas nesse caso ela dormiu com o Finnigan depois que estávamos noivos.
-Mas como você bem disse, ela estava bêbada. Você não vai perdoá-la?
-Mãe, ela fugiu de mim. Eu fui até o aeroporto e a procurei como um louco. Então por acaso nos esbarramos quando ela saía do banheiro. Eu pedi desculpas...
Narcisa o cortou:
-Não seria ela quem te deveria desculpas? –questionou, levantando uma sobrancelha.
-Hum, é, bem...eu...
-Você?
-Ok, eu a chamei de prostituta. –falou, envergonhado.
-VOCÊ FEZ O QUÊ, DRACO THOMAS MALFOY?!? –Narcisa parou de abraçá-lo e encarou-o, furiosa –Isso é maneira de se dirigir à sua mulher?
-Foi quando ela me contou sobre o Finnigan. Eu fiquei fora de mim, mãe. Não consegui medir as palavras. –tentou se defender –E ela tinha me chamado de assassino. –continuou em um tom meio magoado –Lembra que te contei como foi quando fui pedir a mão da Gina em casamento? – e a loira fez que sim –Então, eu contei pra Gina que eu fiz o irmão dela rolar aquelas escadas...Ela ficou bem brava comigo também. Aí me chamou de assassino e eu a chamei de prostituta. Eu me arrependi por ter falado isso, porque sei que a magoei. Mas ela deve ter me perdoado por isso, porque depois nós estávamos quase fazendo as pazes, mas...
-Hum, vocês dois não sabem viver sem brigar... –ela deu um suspiro de cansaço.
Draco ignorou o comentário da mãe e continuou:
-Acontece que depois da discussão em que ela ficou sabendo sobre o irmão dela e que eu fiquei sabendo sobre o Finnigan, nós saímos cada um pra um lado. Estávamos de cabeça quente. Então eu voltei a um bar que já tinha ido. Eu comecei a beber e então uma romena de nome Anna veio dizer que eu tinha demorado muito. Acontece que antes ela tava dando em cima de mim e eu então disse que ia ao banheiro, mas fugi dela. Daí como eu estava com raiva da Virgínia e tinha uma mulher que estava se oferecendo pra mim, eu iria aproveitar. –ele falou e Cissy o olhou com cara de reprovação –Hey, mãe, não me olhe assim. Eu estava me sentindo o último dos homens. Pensei então em pagar na mesma moeda.
-Draco, e eu que sempre fechei os olhos aos comentários das minhas amigas. Achava que eram apenas boatos. Mas não, meu filho é realmente mulherengo. Puxou esse péssimo hábito do pai. –falou decepcionada.
-Mãe, eu a Virgínia não transamos desde que nos casamos. –ele reclamou.
-Draco, eu acho que não preciso saber desses detalhes.
O loiro passou a mão pela face da mãe:
-Ok, mãe. Eu era assim. Mas não sou mais. –e ela fez cara de descrença –A Anna quis entrar no meu quarto, dizendo que ia usar o telefone do meu quarto para ligar para pedir a chave do quarto dela. Mas assim que entramos no quarto ela literalmente me atacou. Ela me beijou e me empurrou pra cama. Quando dei por mim eu estava deitado com ela por cima. Ela tirou a camisa e o sutiã e eu pensei na Gina e percebi que não conseguiria fazer isso com ela. Ainda mais na mesma cama em que estávamos dormindo. Então eu mostrei a minha aliança pra ela e disse que era casado e estava em lua-de-mel. Levei um tapa na cara e ela saiu de lá o mais rápido que conseguiu. Acontece que ela esqueceu o sutiã e eu percebi isso tarde demais. Aliás, foi a Gina quem descobriu.
-Ah, aposto que ela deve ter ficado louca de raiva com você.
-Eu estava com raiva porque antes dela chegar tinha visto o Finnigan a beijando enquanto observava pela janela. Então quando ela abriu a porta eu a acusei. Ela disse que ele tinha a beijado à força e que ela tinha dado um tapa nele por isso, mas eu não quis acreditar. Daí ela falou umas coisas que me amoleceram um pouco e depois me abraçou. Então ela foi pro banheiro e quando voltou estava disposta a realmente fazer as pazes. Mas então ela encontrou o sutiã e começou a gritar e brigar comigo. Dizendo que eu a tinha traído e não acreditou em mim quando eu disse que não tinha transado com a outra. Então bateram na porta do quarto dizendo se serviço de quarto, mas era o Finnigan. Daí eu me descontrolei e ele sugeriu um duelo e quem ganhasse ficava com a Gina. Então nós duelamos pra valer e destruímos várias coisas no hotel. A Gina tentou parar a gente, mas nem ouvimos, queríamos levar aquele duelo até as últimas conseqüências. Mas então aurores apareceram e fomos detidos.
-Draco! Mas que vergonha. Como pôde sujar o nome Malfoy dessa maneira?
-Mãe, eu tinha que duelar e mostrar pra aquele idiota que sou muito melhor que ele. Além do mais, o Lúcio já sujou nosso nome o suficiente. Mas voltando...Todos nós contamos a nossa versão dos fatos. A Gina foi a primeira. Quando eu terminei, eu voltei ao hotel e ela não estava lá. Me deixou uma carta dizendo que estava saindo da minha vida e que estava pensando na minha felicidade e disse que era porque eu não era homem de uma única mulher. E várias coisas.
-E ela está certa? –Cissy questionou-o.
-Mas é claro que não! Por isso, assim que comprei a informação do recepcionista do hotel, peguei um táxi e fui pro aeroporto atrás dela. Eu pedi desculpas. Disse que queria que ela me desse mais uma chance. Eu tentei todos argumentos que consegui pensar na hora e quando não conseguia mais pensar diante de tantas negativas dela, eu a beijei. Ouvimos então a última chamada para o nosso vôo. Ela me empurrou e gritou dizendo que um tarado a tinha agarrado. Daí os seguranças me levaram pra longe dela. Ela embarcou e eu demorei um bom tempo pra convencê-los de que a Virgínia era mesmo minha mulher.
-Nossa! Não acredito que ela fez isso com você.
-Sim, fez. E agora eu estou morrendo de raiva. Ela vai ver só.
-O que você vai fazer, Draco?
-Não sei ainda exatamente, mas ela não pode me fazer de palhaço e ficar por isso mesmo.
“Só espero que ele não se arrependa depois.” Narcisa pensou, sabendo que o filho podia muito bem estar maquinando uma vingança.

***

Gina levantou às 6h da manhã no dia seguinte. Sentiu o estômago roncar, já que havia se recusado a comer no dia anterior e ficara o tempo todo trancada em seu quarto. Arrumou sua cama e dirigiu-se ao banheiro. Ao olhar-se no espelho percebeu que precisava dar um jeito nos olhos, então fez um feitiço para que eles desinchassem e outro para que as olheiras desaparecessem. No entanto, eles ainda encontravam-se um tanto vermelhos. Tomou um banho não muito demorado. Pegou um conjunto de lingerie preta e vestiu. Por cima colocou o uniforme feminino de auror (uma calça preta no estilo bailarina que dava ampla liberdade de movimentos, uma blusinha cinza que delineava suas curvas e que tinha um A bordado em preto) e por cima colocou uma capa preta, mas a deixou aberta.
Desceu então para tomar café. Sua mãe, seu pai, Gabi e Daniel estavam à mesa. A ruiva, para a surpresa de todos, sorriu:
-Bom dia pessoal. –e eles responderam e ela sentou-se –Gabi será que pode me passar a caneca com leite? E Daniel, poderia me passar a geléia de morango?
Tanto a caneca quanto a geléia foram passadas para ela, que começou a passar geléia em algumas torradas, tentando disfarçar o quanto doía lembrar de Draco com aquele gesto.
-Gina, querida, você está bem? –Molly perguntou-lhe.
-Claro, mãe. –respondeu e deu um sorriso falso –Pai, o Chefe dos Aurores Italianos te mandou lembranças. –emendou, quando viu que a mãe queria dizer algo mais.
-Ah, o Amadeus Ricci. –Arthur deu um grande sorriso –Há muito tempo que não o vejo. Ele é um bom amigo.
-Estão gostando de ficar aqui na Inglaterra? –Gina perguntou a Gabi e Daniel.
-Sim. –o moreno respondeu, focando seus olhos azuis em Gina.
-Pois é. Quem sabe não compramos mais pra frente uma casa por aqui. –Gabi comentou em tom de brincadeira.
-É. –Daniel concordou –Por que não?
-Olha os dois, hein? – Gina falou.
-Nós estamos noivos, Gina. –Daniel contou.
-Putz, como é que eu não fiquei sabendo? –perguntou, indignando-se.
-Bem, aconteceu na semana passada. Você tava viajando. E ontem quando você voltou...
-Hum. –Gina cortou-a –O importante é que vocês estão felizes. Meus sinceros parabéns pra vocês. –ela sorriu, enquanto misturava chocolate em pó e mel em seu leite.
Virgínia fez o que pôde para terminar rapidamente seu café. Subiu para seu quarto para escovar os dentes e pegar suas coisas e então, após se despedir de todos, aparatou no Ministério da Magia. Estava decidida a enterrar-se no trabalho e assim não pensar em seu provavelmente futuro ex-marido. Porém nada a havia preparado para o que aconteceu...
Assim que chegou no Quartel General dos Aurores, cumprimentou seus colegas de trabalho e dirigiu-se à sua repartição. Deixou a maleta sobre sua mesa e a capa sobre a cadeira, sentando-se em seguida. Concentrou-se, ou pelo menos tentou, nos pergaminhos de mandatos de prisão já ou ainda não executados que ela deveria ler e assinar e eram montes deles.
Após algum tempo nessa tarefa maçante um memorando veio voando e deixou cair um envelope vermelho em sua mesa.
“Não! Não! Não! Isso não pode estar acontecendo comigo!” repetiu para si mesma como um mantra enquanto assistia o envelope começar a querer pegar fogo.
Antes que perdesse a coragem, resolveu abrir o envelope. A voz de Draco magicamente ampliada começou a bradar:

“VIRGÍNIA MOLLY WEASLEY MALFOY! VOCÊ É UMA MEGERA, É ISSO O QUE VOCÊ É! COMO SE ATREVE A CHAMAR OS SEGURANÇAS DO AEROPORTO E DIZER A ELES QUE EU ERA UM TARADO TENTANDO TE AGARRAR? EU FIQUEI DETIDO POR ALGUMAS HORAS E AINDA PERDI O AVIÃO E A CULPA É TODA SUA! SE PENSA QUE AS COISAS FICARÃO ASSIM ESTÁ MUITO ENGANADA, NINGUÉM FAZ DRACO THOMAS MALFOY DE PALHAÇO E FICA POR ISSO MESMO. VOCÊ MEXEU COM FOGO E VAI SAIR QUEIMADA. E TAMBÉM NÃO PENSE QUE VAI CONSEGUIR O DIVÓRCIO ASSIM TÃO FÁCIL, EU VOU FAZER DA SUA VIDA UM INFERNO E ESSE É SÓ O COMEÇO!
TENHA UM BOM DIA, VIRGÍNIA, QUERIDA.
DO SEU AMADO MARIDO, DRACO”

Gina quis cavar um buraco e pular dentro dele de tanta vergonha. Seu rosto estava completamente vermelho de raiva e vergonha. Ela tinha ciência de que o departamento inteiro deveria ter ouvido e havia mais pessoas olhando para ela do que poderia contar. Sabia que era questão de tempo para virar o assunto do Ministério, no máximo um dia, quem sabe algumas horas e todos estariam sabendo. Essa possibilidade não a agradava nem um pouco.
-O QUE ESTÃO FAZENDO AQUI AINDA? –gritou com os presentes, que se assustaram –VÃO TRABALHAR!!!
“Você me paga Draco Malfoy! Eu juro que me paga!” disse a si mesma.

***

Era horário de almoço e Draco tinha um sorriso satisfeito no rosto, já que àquela hora, Gina já deveria ter recebido a surpresinha dele. O loiro arrumava as coisas em sua mesa para que pudesse sair para almoçar quando ouviu vozes: de Gina e sua secretária.
-Hey, a Srta. Não pode entrar aí sem permissão do Sr. Malfoy.
-Posso sim. Vou entrar por bem ou por mal. Infelizmente ainda sou a Sra. Malfoy e você vai fazer o que estou mandando, vai sair da frente da porra dessa porta!
No instante seguinte a porta era escancarada e Gina passava por ela:
-Que merda foi aquela, Malfoy? Você não tem o mínimo senso, seu cretino!
-Ora, ora. Controle essa boca, Gininha. –falou descontraidamente, com um sorriso sarcástico e vitorioso.
-Eu tentei dizer que ela não podia entrar aqui. O Sr. Mesmo me disse que ela estava proibida, mas ela não quis me ouvir.
-Tudo bem, Dolly. Dessa vez passa, agora saia daqui. –Draco disse duramente para a secretária.
-Você me proibiu de entrar aqui? –a ruiva perguntou com indignação –Não pode fazer isso, Malfoy!
-Eu sou Chefe de departamento e faço o que bem entender. –ele retrucou.
-E só está aqui graças ao meu pai. –ela jogou na cara dele.
O loiro estreitou os olhos e cerrou os punhos:
-Seu idolatrado pai pode ter ajudado a me colocar aqui, mas se permaneço é graças ao meu talento, Virgínia, queira você reconhecer isso ou não!
-Não fuja do assunto, Malfoy. Por que me mandou aquele maldito berrador?!? –a ruiva cobrou com cara de poucos amigos.
Ele fez cara de inocente, mas com uma pitada de cinismo:
-Ah, eu só queria fazer uma pequena surpresa pra minha querida esposinha.
-Você não tinha o direito! Escutou bem? NÃO TINHA! Agora todos falarão de mim. Você me fez passar por uma humilhação!
-Viu como é bom? Pó de mandrágora na pele alheia é refresco, não é mesmo? Você mereceu, Virgínia. E ainda merece muito mais!
A ruiva ficou ainda mais revoltada:
-Eu nem sei por que ainda uso essa aliança. –disse e tentou tirá-la, mas a aliança não se moveu um milímetro –O que há de errado com essa droga?
Draco suspirou:
-Eu também não consigo tirar a minha. Alianças bruxas sempre possuem feitiços. A nossa foi enfeitiçada para não sair até que...
-Até que o quê? –ela encarou-o, com interesse no que ele dizia.
-Até que não haja mais amor em uma das partes. –ele completou.
-Haha. Eu duvido muito. Esse feitiço deve estar com problema, pois eu te odeio.
Draco sentiu como se alguém tivesse enfiado uma faca em seu coração ao ouvi-la dizendo que o odiava. Então sem mesmo perceber o que estava fazendo, ele deu duas passadas largas e puxou o corpo de Gina bruscamente contra o seu. No instante seguinte sua boca estava na dela, com a língua tentando forçar passagem. Talvez por ter sido pega de surpresa, Gina entreabriu a boca, dando acesso a Draco. Foi um beijo necessitado e selvagem. Aquele beijo falava mais de desejo do que amor, mas não significava que os dois não sentissem o mais sublime dos sentimentos um pelo outro. Eles pareciam ter esquecido de toda a discussão anterior e as mãos percorriam o corpo do outro sem pudor algum. Mas então, depois de um bom tempo, Gina lembrou-se que tinha um cérebro e este estava alertando-a do quão inadequada era aquela situação. Gina empurrou Draco pra longe de si com toda força que conseguiu. A camisa dele estava amassada e tinha os primeiros botões abertos. Os cabelos loiros estavam completamente desalinhados. Porém, naquele instante Gina nem conseguiu pensar em como deveria ser seu estado. Lançou um olhar raivoso para Draco:
-Eu te odeio, Malfoy! –bradou e saiu a passos rápidos, sem olhar pra trás e batendo a porta.

***

Terça-feira, fim de expediente no Ministério da Magia.
Gina tinha acabado de sair do elevador e conversava com alguns colegas de departamento. Ela avistou Draco mais a frente conversando com algumas funcionárias. Acontece que a ruiva conhecia muito bem a “boa” fama delas e tinha certeza pelo modo que elas sorriam e riam do que ele falava, que estavam dando em cima dele.
Virgínia sentiu um calor subir por seu corpo, tornando suas orelhas e faces vermelhas. Queria negar, mas estava sentindo ciúmes. Pegou discretamente sua varinha e com feitiços não verbais conjurou um balde de água e fez com que o mesmo despejasse água na cabeça de Draco e em seguida desaparecesse.
-Tenho certeza que um banho frio resolveu o seu problema, querido. –ela comentou ao ver o loiro todo molhado e esforçando-se para não gargalhar com a cena.
Por mais que alguns tentassem disfarçar, todos estavam achando graça na situação. Ele assistiu a ruiva se afastar e gritou:
-Você é louca, Virgínia! Vou te enternar no St. Mungus.
A mulher virou-se de volta para ele e disse de forma cínica:
-Ora, querido, não leve para o lado pessoal. Eu só quis te ajudar a não ficar na mão. –e piscou para ele antes de virar-se e continuar andando.
“Na mão? Com quem ela aprendeu a ser tão maliciosa e cínica?” perguntou-se e não pôde deixar de sorrir ao se tocar que havia sido consigo mesmo.

***

Quarta-feira, horário de almoço.
Virgínia estava atrasada e levaria um sermão de sua mãe por fazer os outros esperarem para almoçar por culpa dela. Então ela corria pelo Saguão de Entrada, objetivando chegar ao local de aparatação. Porém, de repente ela escorrega. Seus sapatos deslizam no chão por cerca de dois segundos, então ela cai de bunda no chão.
-MALDIÇÃO! –a ruiva praguejou e acabou atraindo vários olhares para si –Que foi, nunca viram?!?
Com a nádegas doloridas pela queda, tentou levantar-se, mas acabou caindo novamente. Se antes já estava com raiva, ficou mais ainda ao ouvir o riso de Draco e depois vê-lo parado à sua frente:
-O que foi, Malfoy? Veio ver a minha desgraça e rir da minha cara? Ou melhor, foi você quem causou isso, não é mesmo? –perguntou e ele apenas alargou seu sorriso irônico -Seu desgraçado! –xingou.
-Querida, não faça cena. Não tenho culpa se estava correndo tão depressa e acabou escorregando. –falou com uma expressão inocente e estendendo uma mão para que a mulher se levantasse.
Gina acabou aceitando a mão dele e ele colocou-a em pé. Logo que isso aconteceu, ela puxou-o pela gravata:
-Não pense que me engana, Draco Malfoy. –sussurrou no ouvido dele –Eu não esqueci o berrador e também não vou esquecer desse tombo, querido. –frisou a última palavra, sendo sarcástica e deu uma leve mordida no lóbulo da orelha dele para depois empurrá-lo e aparatar.

***

Quinta-feira, fim de expediente.
Draco após muito esforço, conseguiu livrar-se do “chiclete” que grudou nele desde o começo do expediente. Ele rumava decidido até o Quartel General dos Aurores. Foi até a mesa de Gina, a qual estava quase saindo. Pegou a ruiva pelo braço:
-Não tão cedo, Virgínia. –falou e havia um brilho de raiva em sues olhos –Que merda de idéia foi aquela de dizer para a Alicia Gladhill que o motivo de nossas brigas era o meu amor por ela? Você ficou completamente louca, Weasley!
Mesmo diante do olhar assassino do marido, a ruiva sorriu. Fora ela mesma que dissera a Alicia que Draco a amava e que ela (Gina) morria de ciúmes e por isso brigava com o loiro. A questão é que para o azar de Draco, a mulher acreditara e o perseguira o dia inteiro, tentando beijá-lo. Alicia era uma mulher com cerca de 30 anos e nenhum atrativo. Usava óculos de grossas armações, tinha o cabelo loiro opaco e armado, além de estar bem acima do peso.
-Ah, querido. Me desculpe. –falou de maneira afetada –É que você parece gostar tanto da idéia de ter um harém, então achei que a Alicia era o seu tipo. Apenas quis dar um empurrãozinho.
O aperto de Draco no braço de Gina aumentou a intensidade:
-Nunca mais faça isso, sua louca. Eu nunca falei que queria ter um harém, caralho! Aquela mulher me perseguiu o dia inteiro, foi um horror. Trate de desmentir, fui claro? –perguntou, empurrando-a contra a parede –Espero que sim. –sussurrou e levou sua boca numa parte do pescoço dela, chupando o local para deixar uma marca.
Na hora a ruiva não conseguiu reagir e sentiu-se fraca por isso. Mas assim que ele deu as costas e saiu, ela disse, ainda alto o suficiente para que ele ouvisse:
-Só a sua cara de desespero ao fugir dela já valeu a pena!

***

Sexta-feira, 8h15min da manhã.
-ESPERA! –Draco gritou, mas era tarde demais, o elevador fechou as portas.
O loiro bufou e esmurrou o botão para chamar o outro elevador. Estava atrasado e odiava isso. Após quase um minuto de espera, estava entrando no elevador. Encostou-se contra uma das paredes laterais. Pensou que era o único atrasado e por isso iria sozinho no elevador, mas ficou surpreso quando no último segundo antes de as portas fecharem, uma pessoa entrou apressadamente. Olharam-se:
-VOCÊ? –ambos perguntaram.
-Eu não acredito no meu azar. –Gina reclamou –Além de chegar atrasada eu pego o mesmo elevador que você.
-E eu então? Acha que não tenho mais o que fazer do que ficar na sua presença? –perguntou, aparentando descaso.
Então de repente o elevador parou e a gravação de uma voz feminina pôde ser ouvida:
-Srs. Usuários do elevador, queiram nos desculpar, mas ouve uma queda de força da magia do prédio. Portanto até que o problema seja resolvido não poderemos fazer funcionar coisas como a iluminação, os elevadores e a fonte dos irmãos mágicos.
Agora além de estar parado, as luzes também haviam se apagado. Gina encostou-se contra uma parede. Tentava respirar rapidamente, mas ainda assim estava ficando pálida:
-Lumus. –fez Draco –Gina, você está bem? –perguntou com o semblante preocupado.
-S-sim. –respondeu num tom que não convencia nem a mais inocente das crianças –Eu vou ficar bem.
-Por que será que eu não acredito em você? –ele perguntou com um sorriso.
A ruiva mordeu o lábio inferior ao vê-lo sorrir de maneira tão sexy. Foi pega completamente desprevenida quando ele abraçou-a:
-Calminha, moranguinho. Está tudo bem, eu estou aqui com você.
Sentiu-se melhor ao receber aquele abraço e ouvir aquelas palavras de conforto. Abraçou-o de volta:
-Eu sinto a sua falta. –escapou de sua boca antes que pudesse refrear e ela ficou vermelha.
-Eu também.
-Mas eu não esqueci de tudo o que você me fez. –ela cortou-o, mas mesmo assim continuando a abraçá-lo.
-Nem eu. –ele respondeu –Mas o que acha de uma trégua só por agora? –e olhou os olhos dela ao perguntar.
-Eu não entendo aonde você quer chegar. –fez-se de desentendida.
Draco então colou seus lábios. Gina lutou, tentando empurrar o loiro para longe de si e cerrando os lábios firmemente. Porém, Draco era bem mais forte e ela logo percebeu que era inútil ser teimosa naquele caso. Ela também o queria, sentia falta de seus beijos, abraços, carícias, algumas palavras de amor sussurradas de modo tímido. Sentia falta de como faziam amor e como eles dormiam de conchinha. Deixou-se levar então e correspondeu a altura. O beijo que davam misturava diversos sentimentos: Amor, culpa, saudades, desejo, mágoa e carinho. A intensidade daquele beijo fazia a cabeça de Gina dar voltas. Seus joelhos pareciam querer ceder e ela sentia a necessidade de agarrar-se ao loiro cada vez mais, então passou seus braços pelo pescoço dele. Draco por sua vez prensava a mulher contra a parede do elevador. Ele a queria naquele instante, mas sabia que aquilo era mais que desejo. Sentia-se completo com um simples olhar feliz dela, porque sabia que era a causa de tal felicidade. Beijá-la sempre o deixava sem chão, mas num sentido que ele gostaria de repetir eternamente, já que ela o fazia sentir como se estivesse nas nuvens. Não queriam parar aquele beijo nunca, mas precisaram separar os lábios à procura de ar. Olharam-se nos olhos, enquanto respiravam de maneira ofegante. Draco levou suas mãos ao rosto de Gina e ela fechou os olhos. Deixou-se ser tocada por aquelas mãos frias. O loiro sentia a textura lisa e macia da pele dela contra seus dedos. Podia ver cada detalhe da face dela. O nariz pequeno e delicado, os pontinhos que eram sardas que salpicavam as bochechas dela, os lábios rosados e carnudos, as sobrancelhas claras. As pálpebras continuavam cobrindo os olhos castanhos dela e o loiro beijou-os, partindo em seguida para a testa, o nariz, as bochechas, o queixo...Até que chegou na boca. Deu um selinho de início e então tomou os lábios dela com fervor. As mãos dele aproveitaram que a capa estava aberta e entraram por debaixo da blusa dela. Já estavam quentes e Gina não pôde responsabilizar a temperatura delas pelo arrepio que sentiu. Um suspiro escapou de seus lábios quando ele começou a beijar-lhe o pescoço bem onde ela era sensível. Não conseguia mais pensar em nada, quanto menos em como ainda estava zangada e magoada com ele. Naquele momento precisava senti-lo. Enfiou suas mãos por debaixo da camisa dele, acariciando cada saliência do abdômen dele e subindo até o peito. Como sentira falta de tocá-lo! A respiração de Draco se desregularizava com os toques de Gina e ela percebia isso. Mas o que a fez sorrir foi ouvir um meio suspiro meio gemido quando o arranhava suavemente. Malfoy pegou a ruiva no colo e ela enlaçou as pernas ao redor da cintura dele, enquanto o abraçava pelo pescoço. Conhecia-o suficientemente bem para saber que àquele ponto ele já se encontrava excitado e que não tinha intenções de parar. Obteve a confirmação quando ele a prensou novamente contra a parede do elevador, não restando nenhum espaço entre os corpos. Porém, simplesmente o mundo lá fora parecia ter parado para eles. Aliás, o mundo naquele instante parecia ser somente eles dentro daquele elevador. Não conseguiam articular frases ou pensar. Porém, palavras aparentemente se faziam desnecessárias e os beijos, toques e olhares diziam muito. Mas então a luz voltou, contudo ambos estavam de olhos fechados e distraídos o suficiente para não notarem.
Então ouviram a mesma voz feminina que ouviram quando o elevador parou:
-O sistema foi normalizado e o problema resolvido. Obrigada pela paciência. –e o elevador deu uma sacolejada, começando a andar e chamando os dois à realidade.
Imediatamente Gina saiu do colo de Draco e ele afastou-se dela. O rosto dela parecia pegar fogo de tão quente e vermelho e ao olhar pro chão ela percebeu a varinha dele e suas maletas caídas no chão. Abaixou-se para pegar a sua e tentou arrumar-se o mais que pôde e sem conseguir olhar para ele. Por sua vez, o Malfoy virou-se de costas para ela e ao olhar para baixo suas bochechas ficaram levemente rosadas ao perceber o estado em que se encontrava. Apressou-se em ajeitar a camisa e fechar a capa. Então passou as mãos pelos cabelos e recolheu sua varinha e maleta do chão.
-Gina...Eu... –virou-se e olhou para ela, procurando palavras.
-Se quer me fazer um favor, Malfoy. Fique quieto e esqueça o que aconteceu. –ela respondeu de maneira ríspida e em seguida o elevador abriu-se no nível em que ela desceria –Passar bem. –e saiu sem olhar para trás.
“DROGA!” ele pensou, dando um murro na parede.

***

Mesmo dia, final do expediente.
Gina arrumava suas coisas para ir embora e sentia-se uma tola por ter tido um rendimento tão medíocre no trabalho naquele dia porque deixara que seus pensamentos vagassem até o acontecido no elevador por mais vezes do que poderia lembrar.
Havia acabado de apanhar a bolsa para partir quando um memorando veio até ela. A auror pegou o papel e leu. Na caprichada letra de Draco estava escrito:

“Eu não vou desistir de nós, Virgínia. Vou fazer você perceber e entender que não dá pra continuar do jeito que está.
Ass: Seu marido hoje e sempre, Draco”

A ruiva rasgou o bilhete em pedacinhos e jogou-o no lixo.
“Ai que raiva! A semana inteira ele infernizou a minha vida e agora após uns amassos no elevador manda esse bilhete. É muita cara-de-pau mesmo! Acha que eu não sei que está pensando com a cabeça de baixo, Draco Malfoy?!?” pensou revoltada, saindo de mau-humor do Ministério.
Ficou aliviada ao chegar ao ponto de aparatação e não ter cruzado com Draco. Quando chegou na Toca, abriu a porta de entrada e foi até a cozinha:
-Boa noite mãe, pai. –falou apática –Cadê o Daniel a Gabi? –perguntou, surpresa.
-Jantar romântico. –Molly murmurou e então Gina percebeu a cara séria dela e de seu pai.
-O que aconteceu?
-Estou envergonhado, Virgínia Molly Weasley. –Arthur começou e Gina soube que não viria coisa boa, já que ele usou seu nome inteiro –Pensei que já tivesse aprendido o suficiente sobre o que fazer ou não dentro de um elevador.
-O quê? Como você...? –ela não conseguia pensar direito no que falar.
-O Ministério da Magia não precisa de câmeras para saber o que se passa dentro de seus elevadores. Há um feitiço que grava como se fosse uma câmera e poucos sabem disso. Já aconteceram coisas assim, mas eu nunca pensei que a minha filha faria uma coisa dessas.
Gina bufou:
-Papai, eu amo o Draco e nós somos casados. Estamos brigados, mas ainda somos casados. Além do mais eu sou maior de idade. Por que vocês querem se intrometer tanto na minha vida?!? –ela começava a se alterar.
-Olhe esse tom com o seu pai, mocinha. –Molly a repreendeu.
-Mas o Ministério da Magia é local de trabalho e não para pessoas transarem como dois animais no cio. –ele também começava a se alterar.
-Arthur, não pegue tão pesado com nossa filha.
-Não pegar pesado, Molly? Fala isso por que não viu o que eu vi. Aquele Malfoy não tem o mínimo de respeito com a nossa filha. Não é um rapaz ajuizado como o Simas. Só não o tiro do cargo porque bem ou mal ele está se saindo bem e eu não misturo assuntos pessoais com trabalho. E você. –apontou para a filha que estava muito vermelha e tinha os punhos cerrados –Só não te sou uma suspensão do trabalho porque é uma das melhores aurores que temos e faria falta ao Ministério.
Gina não se conteve mais, explodiu:
-CHEGA! EU ESTOU FARTA DE TUDO! Eu e o Draco não transamos naquele elevador, caramba! Não agüento mais a implicância de vocês com o meu marido e também não agüento mais essa proteção a imagem do Santo Finnigan! –falou numa boa imitação da ironia de Draco –Esse que vocês pensam ser tão santinho abusou de mim, mamãe e papai. Ele sabia que eu estava noiva e ainda assim me incentivou a beber sem parar e quando eu estava bêbada o suficiente ele me levou para o apartamento dele e transou comigo. Vocês têm por acaso a idéia de como me senti? De como temi que o Draco não me quisesse mais ao descobrir? E ainda o queridinho de vocês teve a cara-de-pau de me seguir na minha lua-de-mel e dar em cima de mim. Eu resolvi contar ao Draco antes que ele contasse. Foi por isso que brigamos. Tudo culpa de Simas Finnigan! Eu vou embora dessa casa! –declarou e correu para o quarto para arrumar uma mala.
-GINA! –Molly gritou, porém foi inútil.
Lágrimas escorriam por sua face. Ela simplesmente não agüentava mais, tinha que desabafar. Por isso dissera sem medir as palavras tudo o que estava entalado em sua garganta. Quando terminou de jogar alguns pertences e roupas dentro da mala, fechou-a. Apanhou sua varinha e sua maleta de trabalho. Limpou as lágrimas. Fez a mala flutuar para facilitar sua descida. Ao chegar lá embaixo Molly parou em sua frente:
-Não, Gina. –pediu.
-Não posso ficar mais aqui, entenda.
-Por favor, Gina. É perigoso sair por aí de noite. Onde você vai ficar?
-Não sei. Qualquer lugar é melhor que aqui. –disse, saindo porta afora e aparatando no primeiro lugar que veio em sua mente.

N/A: Espero q tenham gostado do cap e independentemente disso comentem. Quem adivinha pra onde a Gina foi?

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