Segredos Revelados



Capítulo 10: Segredos Revelados

Na manhã seguinte Gina foi a primeira a acordar. Por trás das do fino tecido das cortinas, podia vislumbrar a claridade. Levantou-se e olhou no relógio que havia sobre a cabeceira, o qual marcava 8h02min. Decidiu ir até o banheiro, tomando o cuidado de não acordar o marido. Quando voltou, constatou que o loiro ainda dormia.
“Ah, ele não parece um anjo dormindo?” perguntou-se suspirando.
Já estava no sexto suspiro, quando percebeu que estava com fome. Então pegou o telefone e pediu o café-da-manhã no quarto.
Esperou por alguns minutos o pedido, enquanto mais uma vez olhava para Draco.
“Acho que vou bater o recorde de mais suspiros em menos tempo.” Pensou, sentindo um pouco boba por isso, porém, logo o café-da-manhã chegou.
-Grazie. –a ruiva agradeceu ao homem que viera trazer a refeição e lhe dera uma gorjeta.
Estava na hora de acordar o marido. Deu um selinho nele e chamou:
-Draco, acorda.
Ele imediatamente abriu os olhos, surpreso que ela tivesse acordado primeiro que ele. Bocejou, enquanto a ruiva disse:
-Bom dia, Draco. Eu já pedi o nosso café-da-manhã.
-B-bom dia, Gina. Eu já volto. –respondeu, dirigindo-se ao banheiro.
A Malfoy começou a arrumar as coisas para o café, com um belo sorriso no rosto. Ainda tinha os olhos um tanto inchados pelas lágrimas derramadas na noite anterior, mas agora sentia-se muito bem. Estava animada, Draco prometera que hoje sairiam do hotel e ela confiava que seria um dia maravilhoso.
Assim que Draco saiu do banheiro, viu que a mulher estava virada para a mesa. Chegou de fininho por trás dela e abraçou-a pela cintura:
-Como vai a minha ruiva preferida? –ele sussurrou no ouvido dela.
-Pensei que fosse a única ruiva em sua vida. –ela falou, em tom jovial.
O Malfoy virou-a de frente para si:
-Você não é a única. Tem a minha sogrinha, a sua prima...
-Draco! –ela exclamou, mas não deixando de dar um leve sorriso.
-Você me quer só pra você? Ah, não conhecia esse seu lado possessivo, Virgínia. –ele comentou, zombeteiro e erguendo uma sobrancelha –Acho que terei que pedir o divórcio, não tinham me avisado desse detalhe antes do casamento.
-Como se atreve a... –ela começou a dizer, indignada, mas não pôde terminar.
Draco deu-lhe um beijo arrebatador que a fez esquecer toda a provocação. Porém, como tivesse lembrado de que ficara um tanto brava com o que ele dissera, empurrou-o:
-Draco Malfoy... –começou, mas ele interrompeu-a.
-Isso, adoro ouvir você pronunciando o meu nome desse jeito tão carinhoso. –comentou com ironia.
A ruiva bufou suavemente e em seguida sorriu com segundas intenções:
-Ah, tadinho do meu gatinho. Tá se sentindo carente é? –perguntou e ele balançou a cabeça afirmativamente, fazendo dengo e a ruiva teve que se controlar para não rir da situação –Hum, então implore.
-O quê?!? –ele indignou-se –Eu não vou implorar nada!
-Ai, nervosinho. Nem sabe brincar. –ela falou e passou uma mão no rosto dele, fazendo carinho, o que suavizou a expressão dele –Eu só tava brincando com você.
Ele sentiu-se um pouco desconfortável e mudou de assunto:
-Estou com fome. Será que não podemos tomar nosso café-da-manhã de uma vez?
-Claro que sim, mas... –ela deu uma pausa teatral para aguçar a curiosidade do loiro –Bem, só se você pagar pedágio.
-Como é que é? Hum, que tipo de pedágio?
-Um beijo. –ela murmurou suavemente.
Sem aviso ele acabou com a distância que havia entre eles e encostou seus lábios nos de Gina. A ruiva até que estranhou. Não era nem um pouco calmo e calculado. Era uma explosão de desejo e paixão que ele demonstrava para ela através daquele beijo. Ela sentiu-se flutuar. Um beijo do Malfoy nunca era igual ao outro e ela bem sabia disso. Mas ou interrompia o marido naquele instante ou teria muito trabalho para conseguir pará-lo mais à frente. Ela finalizou o beijo com um selinho e colocou as mãos contra o peito dele:
-Nossa, Draco. Isso foi maravilhoso, mas não era você que estava com fome?
-Sim, ainda estou com fome. Mas o alvo do meu apetite definitivamente mudou. –ele murmurou sugestivamente, enquanto a encarava nos olhos.
Instantaneamente a coloração vermelha assomou a face da Sra. Malfoy e ela não sabia o que dizer. Então apenas sentou-se à mesa e ocupou sua boca com a primeira torrada que viu na frente.
Draco riu da atitude dela:
-Só com esse comentário você já ficou desse jeito, Virgínia. Mas eu nem comentei o que eu pensava fazer com...
-E nem precisa! –ela interrompeu-o com urgência –Por favor, Draco. Você sabe que eu não posso. Nossa, espera só esses dias passarem. Você vai desejar que eu ainda estivesse como estou agora. –ela disse, apontando a faca para ele de maneira alarmada.
Draco riu abertamente:
-Será que isso foi o que eu pensei? Você me ameaçou, Virginia? E não apenas isso. O melhor, o jeito com que você me ameaçou. Eu não acredito que insinuou que irá fazer tanto sexo comigo que eu desejarei que você não possa mais me esgotar. –ela ficou mais vermelha ainda, aparentemente não havia se dado conta do tipo de ameaça que fizera –No dia que eu não quiser mais fazer sexo com você, por favor me mande para o St. Mungus.
-Como quando você brigou com o meu pai pelo telefone? –ela alfinetou e ele prontamente fechou a expressão divertida que tivera outrora.
-Não é que eu não tivesse vontade. É apenas que o meu orgulho foi maior.
Gina suspirou, podia ver que o marido estava tenso e que se ela não tomasse cuidado aquilo se transformaria numa grande briga. Engoliu então o que pretendia dizer e disse:
-Eu pedi geléia de morango, porque é a sua preferida. Por que não prova? –forçou um sorriso.
Draco atendeu ao pedido dela. Comendo uma torrada com geléia:
-Boa. –ele comentou.
-Hum, e eu pedi coca-cola. –ela apontou a garrafa -Eu não sou muito chegada, mas como eu sei que você adora...
Ela pegou a mão dela que estava mais próxima e beijou-a com carinho:
-Obrigado.
Um sorriso terno e feliz iluminou a face da ruiva.
-São nesses momentos que eu vejo o quanto valeu a pena ter me casado com você. –ela disse, com voz sonhadora –Hoje nós vamos passear não é, Draco? –acrescentou, animada –Eu quero muito andar em uma gôndola. A gente vai, não é mesmo?
Os olhos da mulher brilhavam, Draco pôde constatar. E ao vê-la assim não pôde deixar de responder que sim, o que fez com que Gina pulasse no pescoço dele, o abraçando com força.
-Calma, Virgínia. Ou assim acabará passeando com o meu espírito, já que eu estarei morto por sufocamento.
-Exagerado. –ela reclamou, mas ainda assim sorrindo.
Terminaram o café-da-manhã um tanto rapidamente, já que Gina estava ansiosa e apressava o marido. Porém, levaram um tempo, limpando os estragos que uma guerra de pasta de dentes entre eles havia feito enquanto escovavam os dentes.
Depois do inusitado episódio no banheiro, saíram do hotel de mãos dadas. A ruiva estava toda sorridente, emanando felicidade. Ao seu lado, Draco tentava se manter sério, querendo se fazer de indiferente, mas a verdade era que transbordava felicidade também. Apenas não queria demonstrar o quanto aquele sentimento era mais forte que ele e o dominava.
Por insistência da ruiva, a primeira coisa que fizeram foi andar de gôndola através dos canais. Por sorte, apesar do sotaque carregado, o gondoleiro falava inglês. Draco combinou com ele o melhor (mais romântico) passeio, o que custaria mais ao bolso do loiro, mas ele pouco se importava. Se fosse fazer sua mulher feliz, então ele pagava de bom grado o quanto fosse necessário.
Permaneceram abraçados durante a maior parte das cerca de duas horas do passeio. O gondoleiro ia apontando e comentando sobre onde estavam passando. Aqueles canais revelavam belas paisagens e eram recheados de histórias, tão antigas quanto a cidade de Veneza. Passaram por diversos pontos, inclusive pela Ponte dos Suspiros e a Ponte Rialto (a única que liga as duas margens do Canal Grande no coração da cidade). Ao descer da gôndola a ruiva tinha um sorriso imenso. Ela arrastou o marido para ver algumas das construções que haviam visto da gôndola, como o Palácio Dario com os mármores coloridos de sua fachada. Visitaram diversas igrejas de estilo barroco. Depois foram até a Piazza di San Marco, considerada o coração da cidade. Lá havia muitos pombos, foi a primeira coisa que o Malfoy notou.
Gina olhou para Draco com os olhos brilhando:
-Vamos naquela igreja ali? –ela apontou.
Ele levantou as sobrancelhas brevemente e depois deu um sorrisinho superior:
-Acho que você quer dizer Basilica di San Marco ou Basílica de São Marcos. É uma construção com mistura entre os estilos bizantino e gótico.
-Como é que você pode saber disso? –ela perguntou ao mesmo tempo surpresa e orgulhosa.
-Bem...eu entreouvi um guia turístico. –ele confessou.
-Ah...Mas então, vamos até lá!
-Ah não, Virginia. Eu estou cansado de ver igrejas. –ele reclamou.
-Mas está é “a igreja”, ou melhor, basílica, como você bem disse. Diz que sim.
Ele suspirou:
-Ok, mas primeiro vamos almoçar. Eu estou com fome.
Gina acabou por concordar:
-Tá, eu sei como você é uma péssima companhia quando está com fome. –resmungou.
Ele fez cara de indignado, mas depois sorriu ligeiramente:
-Má companhia ou não você simplesmente faz questão dela, não é mesmo?
Gina encarou-o e percebeu que ele tinha uma expressão vitoriosa, pois sabia que ela não negaria. Suspirou:
-Eu não vou dizer o que você quer ouvir e inflar o seu ego, Draco Malfoy. É muito óbvio. Não sei porque ainda pergunta. – revirou os olhos –Pra onde quer ir?
-Almoçar. –murmurou.
-Ai, isso eu já sei. Mas é loiro mesmo, viu? –fez o último comentário em voz baixa e abafando o riso, mas ainda assim ele ouviu.
-Hey! –ele interrompeu –O que você tem contra?!? A inteligência não se mede pela cor dos cabelos, ok? Além do mais, você sabe muito bem que eu sou sim inteligente.
-Calma, Draco. Eu estava apenas brincando. –justificou-se –Eu sei que o meu loirinho é inteligente. –disse num tom de quem fala com uma criança birrenta, o que só fez ele cruzar os braços à frente do peito e fechar um pouco mais a expressão.
Ela controlou a vontade de rir. Queria tirar uma foto dele com aquela cara.
“Ah, meu garotinho mimado.” Ela pensou e ele leu.
“Eu não sou mimado!” respondeu, encarando-a firmemente.
Os olhos do loiro estavam mais escuros que o normal e ela decididamente não gostava de vê-lo olhando para si dessa maneira. Isso a fazia recordar de coisas desagradáveis, como o dia em que ele fê-la acreditar que não a amava...
Virgínia aproximou-se mais de Draco e levou uma mão à face dele, acariciando. Ele não fez nada para impedir, mas tão pouco se mexeu. A única coisa, que apenas um observador atento notaria, era que os olhos do Malfoy suavizaram. A ruiva olhou profundamente nos orbes cinzentos.
“Eu não acredito que você vai ficar chateado comigo por causa disso. Falando sério, é óbvio que você é inteligente. Voldemort acreditava em você e você nunca foi tão fiel assim a ele. Você arquitetava vários dos planos dele, que eu sei. Mas você só estava esperando uma oportunidade e iria apunhalá-lo pelas costas. Sei que sonserinos são ardilosos, é uma habilidade, mas se vier acompanhado de uma ambição desmedida, pode se tornar um fardo. Não imagina o quanto fiquei feliz ao saber que você tinha desistido daquela idéia de ser o novo Lorde das Trevas.” Pensou, dando um sorriso singelo.
“Eu desisti por você.” Foi a única coisa que ele pensou antes que a mulher se erguesse nas pontas dos pés e o puxasse para um beijo.
Draco finalmente descruzou os braços e passou-os ao redor da cintura de Gina, puxando-a ainda mais para perto de si. O casal simplesmente esqueceu que aquele era um local público e que tinha turistas aos montes. Era um daqueles beijos de reconciliação. Com ele a ruiva queria dizer ao Malfoy que a desculpasse se o tinha irritado e ele aceitava as desculpas dela e ficaria tudo bem entre os dois. Não conseguiram precisar quanto tempo ficaram se beijando, mas o fato é que foram interrompidos:
-Hem, hem. –fez alguém perto deles, que fez com que o casal se soltasse.
-O que você quer? –Draco perguntou nada gentil e Gina deu-lhe uma cotovelada.
Era um homem de meia idade com cabelos castanhos que ao sol pareciam quase loiros, tinha olhos verde-água e segurava uma câmera fotográfica. Ele pareceu sem jeito pelo olhar hostil que o loiro tinha.
-Hum, é que...Eu sou um fotógrafo –começou a se explicar em um inglês com algum sotaque italiano e Draco pensou “Isso nós já sabemos.” – Eu tiro fotos para turistas. Penso que o signore e a signora são turistas ingleses em lua-de-mel. Presumi errado.
A ruiva sorriu:
-Está absolutamente certo.
-Mas ainda não disse exatamente o que quer. –O Malfoy cobrou.
-Bem, eu tomei a liberdade de tirar algumas fotos dos signores e estava pensando se gostariam de comprar...
-Você tirou as fotos porque quis. –Draco disse.
-Pare de ser chato, Draco. Eu quero as fotos.
“São fotos trouxas, Virgínia!” ele reclamou por pensamento.
“E daí? Ainda assim eu quero. Às vezes uma imagem parada representa tudo o que há para ser representado, sabia? Você nunca viu as pinturas trouxas? Há muitas realmente belas e elas nem se mexem.” Ela respondeu.
-Ok, faça o que quiser, Virgínia. –ele suspirou, resignado.
-Então eu quero mais uma foto. Uma no centro da praça, na frente da fonte.
A ruiva arrastou o marido até lá e o fotógrafo seguiu-os. Chegando lá, Gina passou a mão pela cintura do Malfoy e ele por seus ombros. Ela abriu um sorriso enorme e Draco, apesar de achar a situação (deixar um trouxa tirar fotos) humilhante e ridícula, ele sorriu levemente ao sentir a quentura do corpo da mulher. Houve um flash, que os fez verem estrelinhas por alguns segundos.
-Quanto é? –ele perguntou –Cem euros está bom?
O fotógrafo sorriu:
-Sim, está ótimo. Preciso que me digam onde estão hospedados, para que mande as fotos para lá quando estiverem reveladas.
Gina disse o endereço e o quarto do hotel em que estavam hospedados. Logo depois se despediram do fotógrafo.
-Onde vamos almoçar? –ela perguntou.
-Da Raffaele Ristorante, é um local trouxa, mas uns amigos do Ministério me indicaram. Então creio que seja digno de Malfoys. –respondeu displicentemente.
Gina bufou:
-Draco, deve ser o olho da cara. –ela reclamou.
-E daí? Não me importo de gastar dinheiro para te dar o luxo que merece. Sou muito melhor do que aquele Finnigan estúpido. –disse a última parte baixo, mas a ruiva ouviu.
-Draco. –ela colocou a mão sobre o ombro dele –Você não precisa provar nada pra ninguém.
-E desde quando querer dar do bom e do melhor para a minha mulher é considerado errado? –questionou-a.
-Não é que seja errado. Apenas os seus motivos são errados. Não é com dinheiro e luxo que vai me impressionar e você bem sabe disso.
Ele passou uma mão pelo rosto dela, acariciando levemente:
-Eu apenas quero que a nossa lua-de-mel seja inesquecível. –falou com uma sinceridade que fez a ruiva sorrir –Eu te devo isso, Sra. Malfoy. Se eu tivesse compreendido antes que você me amava, nós poderíamos ter ficado juntos antes. E além do mais, até agora, o que mais conseguimos nessa lua-de-mel foi muita confusão.
-Ok. Se te faz feliz. Nós vamos a esse restaurante italiano. –ela rendeu-se.
-Ótimo. Vamos indo. –ele anunciou, entrelaçando sua mão na dela e a conduzindo até o local.
O restaurante era, sem favor algum, fabuloso. Era um dos mais, senão o mais caro da cidade. Sentaram-se em um lugar onde havia a vista de um canal. Ao olhar no menu, Gina percebeu que não era qualquer um que podia se dar ao luxo de freqüentar aquele lugar. Preferiu deixar que o marido escolhesse. De entrada ele pediu um minestroni, acompanhado de um bom vinho branco. Como prato principal, tagliatelli com lagosta Panna Cotta de Limão e Baunilha com Calda de Cerejas Frescas (um tipo de pudim com sabor de limão e baunilha feito com leite e creme, o qual é servido gelado acompanhado da calda de vinho tinto e cerejas frescas). Apesar daquela refeição ter despendido uma boa quantidade de euros do bolso do Malfoy, a ruiva não podia negar que a comida realmente estava deliciosa.
Após o loiro pagar a conta, eles saíram de mãos dadas.
-Ai, Draco. Acho que sai daqui dois quilos mais gorda, você não acha? –ela comentou.
-Hum. Eu não acho. Dois quilos, não seja modesta, acho que uns cinco. –disse zombeteiro e ganhou um tapa leve no ombro por parte da esposa.
-Draco! Desse jeito eu vou me sentir uma baleia. –ela reclamou.
-Nossa, você já reclama quando está esbelta, imagine quando estiver carregando o nosso filho.
A respiração da mulher ficou suspensa por um instante, antes que ela pudesse recuperar-se um pouco e murmurar:
-F-fi-lho?
-Claro. –ele disse beijando o topo da cabeça dela –Não importa quantos quilos você pode ter ou deixar de ter, vai continuar sendo o meu objeto de desejo. Não é mesmo, moranguinho? –ele perguntou, passando a língua por entre os lábios.
Ela apenas bufou, resolvendo não dizer para ele não fazer aquele tipo de comentários que a envergonhavam. Ele sabia como ela corava com essas coisas e ainda assim continuava fazendo, então por que pararia agora? Aliás, ele fazia isso justamente porque sabia do constrangimento dela e achava graça nisso.
-Vamos à basílica. –ela mudou de assunto e ele não pareceu muito satisfeito –Ah, você prometeu pra mim, gatinho, lembra? –ela perguntou manhosa.
-É, eu prometi. –ele deu um suspiro cansado –Então vamos logo, antes que eu mude de idéia.
Foram então até a Basílica de São Marcos. Aos olhos de Gina parecia um palácio de mármore branco com complexos detalhes dourados.
-Não é maravilhosa a arquitetura dessa construção, Draco? –perguntou impressionada.
-É, eu tenho que concordar que os trouxas se viram bem sem magia. –deu o braço a torcer.
Ao entrarem, Virgínia ficou ainda mais espantada. Por dentro, as paredes eram recobertas com mosaicos, numa mistura dos estilos bizantino e gótico. O piso, do século XII, era uma mistura de mosaico e mármore em padrões geométricos e desenhos de animais. Os mosaicos continham ouro, bronze e uma grande variedade de pedras. A ruiva estava maravilhada e não sabia para onde olhar primeiro, não queria perder nenhum detalhe. Draco, por sua vez, mostrou-se interessado no começo, mas logo se cansou:
-Gina, vamos embora. –ele pediu, depois de meia hora que haviam entrado.
-Mas Draco, eu ainda não terminei de ver tudo. –ela disse.
-Bom, eu já. –ele respondeu –Vou esperar lá fora. É bom você não demorar muito ou ficarei à mercê das ninfomaníacas desse lugar. –e saiu antes que a mulher pudesse responder algo.
“Se a intenção dele era me fazer sair logo, conseguiu!” ela pensou revoltada, saindo cinco minutos após ele e já pensando em Draco lá fora acompanhado por várias mulheres.
Dirigia-se para fora, quase correndo, tanto que quase atropelou várias pessoas.
Ao chegar lá fora vasculhou com os olhos o local. Não seria tão difícil assim encontrar um loiro como ele no meio de uma multidão, seria? A menos que ele não estivesse lá...
“Não! O Draco não pode ter feito isso comigo, pode? Aquele cretino! Fez com que eu saísse de lá e agora não está aqui.” Pensou, fervendo de raiva, que nem sentiu que alguém se aproximava de si.
De repente tudo ficou preto. Alguém havia tapado os olhos da ruiva e ela não enxergava nada.
-Pode parar com isso, Draco Malfoy, seu cínico. –falou arisca.
O Malfoy destapou os olhos da mulher e virou-a para si:
-Você é tão carinhosa, querida. –ele falou com acentuada ironia.
-Não se faça de coitado. Você fez de propósito. Fez eu pensar que...
-Pensar o quê, Virginia? –ele questionou-a.
-Eu... –ela desviou o olhar.
Draco pegou o queixo dela e virou o rosto dela delicadamente para si:
-Fala pra mim. –ele sussurrou calmamente.
A ruiva ruborizou imediatamente:
-Eu sou uma estúpida. E você se aproveitou disso. Eu não consegui continuar lá depois que você saiu. Só ficava pensando que podia ter alguma mulher dando em cima de você e...
Draco calou-a com um beijo, que na opinião dela foi tranqüilizador. Quando finalizaram o beijo ele disse:
-Eu confesso que fiz de propósito, mas eu não estava com mulher alguma. Fiquei apoiado numa parede com cara de poucos amigos. Ninguém ia querer se aproximar de alguém assim.
-Mas eu queria continuar vendo a basílica...
-Agora não, Virgínia. –ele disse sério –Não estou com a mínima vontade. Quem sabe mais tarde, mas não agora. Vamos dar mais uma volta pela praça e iremos embora, o que acha?
-Tá bom então. Fazer o quê?
Draco abraçou-a e eles passaram a andar assim. Gina ainda dava indiretas de que queria voltar à basílica, quando Draco disse:
-Silêncio, Virgínia. Eu...
Ela cortou-o, soltando-se do braço dele:
-Mas você sabe que eu tenho razão.
-Calma, Virgínia. Eu tive a impressão de ouvir algo diferente. Você não ouviu?
-Não. Do que você está...?
-Shiu!
Ela fechou a cara, mas fez silêncio. O loiro começou a seguir uma direção e ela foi obrigada a segui-lo. Quando se deu conta, estavam dentro do Bar do Tim:
-Eu não disse, Virgínia? Era o hino dos Tornados de Tutshill! Eu nunca vi antes quadribol numa televisão! –ele exclamou animado.
No entanto, a ruiva não estava nem um pouco feliz. Para começar, Gina torcia para as Flechas de Appleby, que foram derrotadas nas oitavas de final pelas Vespas de Wimbourne, que agora jogavam as quartas de final contra os Tornados. A ruiva não queria ver aquele jogo, queria mais é que as Vespas se explodissem.
-Draco... –ela começou, mas foi interrompida.
-O que você quer beber, querida? –ele perguntou de boa vontade para Gina.
-Nada.
-Uma dose de Firewhisky, Tim. –Draco pediu ao dono do bar.
-Draco... –ela começou, ia pedir para que eles fossem embora dali, mas ao ver o brilho no olhar do marido, não conseguiu –Não é nada. Eu apenas estou cansada e vou voltar para o hotel. E quando você chegar quero que me diga que os Tornados esmagaram as Vespas, ok?
-Com prazer. –ele respondeu, com um enorme sorriso –Mas você vai mesmo ficar bem? –ele quis saber.
-Claro, a gente se vê. –e deu um selinho nele –Divirta-se, Draco. Até mais Tim.
Gina andou a esmo pelas ruas. Até que parou sobre a Ponte Rialto e ficou apreciando a vista por alguns instantes. Sentia-se uma covarde por não contar para Draco o seu grande segredo. Estava ficando cada vez mais insuportável guardar isso para si. Seria pior se ele ficasse sabendo por outra pessoa.
“Mas como é que alguém pode dizer ao próprio marido que dormiu com outro? Eu me sinto tão culpada.”
Algumas lágrimas rolaram por sua face, mas ela logo tratou de enxugá-las. Então pela segunda vez no dia, não viu nada à sua frente ao sentir um par de mãos sobre seus olhos. Abriu um sorriso involuntário:
-Draco, eu disse que ficaria bem. Não precisava vir atrás de mim.
Seus olhos foram destampados e ela virou-se num rompante, pronta para abraçar e beijar o marido. Acontece que não era Draco Malfoy. Gina desequilibrou-se com o susto e ele segurou-a pela cintura para que não caísse. Piscou várias vezes, tentando provar a si mesma que aquilo era impossível.
-Eu não acho que esteja bem. –focou seus olhos verde azulados nos castanhos de Gina e ofereceu um lenço, que ela aceitou –O que o Malfoy fez dessa vez para você?
-Ele não me fez nada, Simas. –ela respondeu, um tanto rude e fazendo com que ele soltasse sua cintura.
-Não é o que esses seus belos olhos dizem. Você estava chorando, Gina. Que tipo de homem faz uma dama como você chorar?
Ela fez um muxoxo, muito sarcástico. Talvez tivesse aprendido com Draco:
-O mesmo que entrega um lenço para uma dama como eu.
-O quê? Eu apenas quero te ajudar. O Malfoy é que é o vilão da história. Foi ele que te fez alguma coisa.
-Eu já disse, o Draco não me fez nada. A culpa é sua Simas. Aliás, o que faz por aqui?
-Será que não posso vir passar um tempo no Internationale Hotel Itália, do qual sou sócio?
-Há quanto tempo você está aqui? –perguntou desconfiada.
-Cheguei ontem de manhã... –disse e logo estava sendo interrompido.
-E por acaso foi você que mandou aquele bilhete com letras recortadas de jornal, dizendo “Eu sei do seu segredinho”? –perguntou, brava.
-E-eu n-não... –ele gaguejou.
-NÃO MINTA PRA MIM! –ela gritou, chamando a atenção de várias pessoas ao redor.
-Eu acho que aqui não é o lugar mais adequado para falarmos sobre isso. Venha, eu vou te levar de volta ao hotel. E no caminho conversamos, desde que você prometa não fazer escândalos.
-Ok, eu prometo. –bufou.
Eles começaram a andar:
-Tá bom, eu admito. Fui eu quem mandou aquele bilhete. –confessou -Lembre-se do que prometeu. –acrescentou ao ver a expressão assassina no rosto da ruiva.
-Por quê você fez isso, Simas? –falou séria –Assim você me decepciona.
-Eu fiz porque eu te amo. E não pense que é porque eu quero tirar você do malfoy a qualquer custo. Eu apenas acho que ele não te merece. Então se ele soubesse do seu segredo...Se ele te perdoasse, eu aceitaria a derrota. Porque isso significaria que ele realmente te ama.
Gina suspirou:
-Simas, não é assim que se fazem as coisas. Eu gosto de você, mas é apenas como amigo. Você é um homem atraente e bem-sucedido, tenho certeza que vai encontrar uma mulher que te ame de verdade e te mereça. Acontece que essa mulher não sou eu. –falou, mais suavemente, odiava dar um fora em alguém, ainda mais alguém que ela conhecia desde os tempos de escola –Você compreende?
Ele baixou a cabeça:
-Acho que sim. Mas você também acha que é certo esconder algo tão importante do Malfoy?
Foi a vez de Virgínia abaixar a cabeça:
-Eu sei que é errado. Você tem razão, Simas. Eu devo contar para o Draco. –ela decidiu-se.
-Sério?
-Sim. Ele tem que saber, eu não agüento mais esconder a verdade dele. Eu vou contar e vai ser hoje.
Durante o resto do trajeto permaneceram em silêncio. Ao chegarem no hotel, Simas disse:
-Boa sorte, Gina. Se precisar de um ombro amigo, pode contar comigo.
-Obrigada. –ela agradeceu e subiu as escadas.

***

Draco Malfoy assistia a partida, animado. Os Tornados estavam a frente por 50 pontos e a partida estava emocionante. Quando a artilheira do Tornados fez mais um gol, o loiro deu um grito de viva, junto com muitos dos presentes. Nesse momento ele ouviu a voz de mulher:
-Você é inglês, não? Está torcendo mesmo pelos Tornados.
Draco olhou para ela. A mulher era um pouco mais baixa que ele. Tinha olhos verdes, lábios carnudos e cabelos dourados com mexas loiras ainda mais claras que a cor natural. A capa preta que ela vestia estava aberta e revelava um corpo bem torneado por debaixo da mini-saia preta e a blusinha de cor e botões vermelhos que ela usava. O sotaque da mulher era forte e puxava um tanto as sílabas com “r”. Percebeu logo que ela era do leste europeu.
-Sim, eu sou inglês. –ele respondeu, não desviando muito os olhos da tela onde o jogo se passava.
-Meu nome é Anna Poliakoff. Sou da Romênia.
Draco virou-se para ela:
-Prazer, Srta. Poliakoff. Sou Draco Malfoy e inglês, como já percebeu. Quer que eu lhe pague uma bebida?
-Claro. –ela sorriu e para não olhar para aquele sorriso provocante, ele olhou pra baixo, o problema é que seus olhos se detiveram no vários botões desabotoados da blusa dela.
Chutando-se mentalmente por isso, o loiro pediu a ela a coisa com menos álcool em que pôde pensar, cerveja amanteigada. Porque se ela já estava tentando se aproximar dele daquele jeito, imagine depois de umas doses de bebidas fortes...
O Malfoy achou que pagando a ela uma bebida, ela não falaria tanto, mas foi o contrário. Apenas fingia que prestava atenção na mulher, mas na verdade estava mais interessado no jogo. No fim, os Tornados ganharam de 300X140.
O loiro estava satisfeito por seu time ter ganhado, mas agora não teria uma desculpa para evitar a loira. Antes que ele pudesse dizer que iria embora, uma música famosa das Esquisitonas começou a tocar e Anna o puxou para onde outras pessoas dançavam, dizendo que adorava aquela música.
-No que você trabalha? –ela perguntou, um tanto alto, para que ele ouvisse.
-Sou chefe do Departamento de execução das Leis da Magia. –disse displicentemente.
-Wow! Deve ser muito importante. –ela deu mais um de seus sorrisos provocantes.
-Não, mais importante mesmo é o Ministro da Magia. –e não pôde esconder uma ponta de mágoa e aborrecimento ao se referir a Arthur Weasley.
-Ai, compreendo. Esses Ministros da Magia vivem abusando de seus poderes. –deu um suspiro –Por ordem do Ministro da Magia da Romênia não há mais colégios mistos. Dou aula em um internato feminino bruxo. Não tem um homem por lá, sabia? –ela fez cara de coitada –Agora estou de férias. –voltou a falar animada –Em que hotel você está hospedado?
-No único bruxo dessa cidade, o Internationale Hotel Itália. –respondeu indiferente.
-Mas que coincidência! –ela sorriu –Eu também estou hospedada lá. O que acha de irmos juntos?
Draco levantou suas sobrancelhas. Era óbvio pra ele que a tal Anna Poliakoff queria tirar o atraso pelos meses em que deu aula no internato e ele tinha sido o escolhido. O Malfoy não podia negar que a mulher era atraente, mas quando pensava em Gina...Ele simplesmente perdia a vontade, de estar com qualquer outra que não fosse a sua ruiva.
-Hum... –ele tentava arrumar um pretexto –Está bem. Vou ao banheiro e quando voltar, nós podemos ir. –ele disse procurando o banheiro masculino.
Draco entrou dentro do banheiro e respirou aliviado antes de aparatar num local próximo ao hotel. Foi o mais rápido possível para seu quarto e não ficou surpreso ao encontrar a ruiva lá. No entanto surpreendeu-se ao encontrá-la sentada no divã, com as mãos torcidas sobre as pernas e parecendo preocupada.
-Os Tornados ganharão, querida! 300X140! –tentou animá-la.
-Que bom, Draco. –ela murmurou indiferente.
-Gina, o que aconteceu? –perguntou preocupado.
A ruiva fez sinal para que ele se sentasse no divã também. Estavam virados um de frente para o outro.
-Draco, alguma vez você já escondeu algo de mim? Algo que você sabia que tinha que me contar, mas não sabia como? E se sentiu culpado e esse sentimento ia aumentando cada vez mais até que você não pudesse viver em paz consigo mesmo?
O Malfoy olhou preocupado para ela, engolindo em seco. Teria ela descoberto o que ele tinha feito contra Ronald Weasley?
-Gina, você falou com o Daniel? Eu juro que eu...
Ela o interrompeu:
-Não, eu não falei com o Daniel. Mas isso significa que sim, você esconde algo de mim. –ela falou séria –Nosso casamento deve ser baseado em verdades. Quero que me conte.
-Eu...eu... –ele não sabia por onde começar.
-Vamos, Draco. É tão grave assim?
Ele balançou a cabeça afirmativamente:
-Mas lembre-se. A gente prometeu que ficaríamos juntos não importasse o que acontecesse. O que aconteceu foi o seguinte. Lembra da noite em que fui pedí-la em casamento para a sua família?
-Como poderia esquecer?
-Me deixa falar até o fim, por favor. –ele pediu e ela assentiu –Eu queria que tudo saísse perfeito. Porque você merecia. Eu nunca fui um exemplo de perfeição de caráter e eu sabia o que todos pensavam de mim. Eu me esforcei por você, para que tudo saísse perfeito e você se orgulhasse de mim. Mas então o seu irmão, o Ronald, estragou tudo. Eu fiquei tão furioso que...Eu tentei matá-lo. Eu lancei um feitiço para que ele rolasse escada abaixo. –ele confessou e viu a ruiva levar as mãos à boca, com espanto –Me perdoe, Virgínia. Eu me arrependi na hora, tanto que eu fiz questão de levá-lo ao St. Mungus.
A ruiva levantou-se do divã, vestindo uma jaqueta preta por cima da blusinha azul que vestia e pronta para sair.
-Eu posso agüentar você ser arrogante, dirigir mal e ser orgulhoso de tudo o que tenha a ver com o nome Malfoy. Mas eu não posso suportar você atentando contra a vida das pessoas que eu amo! –e dizendo isso foi andando até a porta e abriu-a.
Porém, o Malfoy logo a alcançou, puxando-a para dentro do quarto e batendo a porta com força:
-Tudo isso começou com você querendo contar alguma coisa, não é mesmo, Virgínia? –ele falou, sério, segurando-a por um braço.
-Me solta, Draco. Você ta me machucando.
Havia um brilho perigoso nos olhos dele:
-Fale o que ia dizer desde o começo, Virgínia. Eu sei que você esconde algo e posso dizer pelo seu medo que é algo grave.
-Eu não to com cabeça pra falar disso agora. Me solta, Draco!
-Eu não vou soltar! –ele insistiu –enquanto você não me dizer...
-EU DORMI COM SIMAS FINNIGAN! –ela exclamou, como se as palavras tivessem criado vida e saído sozinhas.
O loiro soltou-a com o choque, não sabia o que dizer. Tinha que ter ouvido errado. A sua Gina não faria isso com ele, faria?
-O quê? –ele fez uma voz de calma forçada.
-Eu dormi...
-Tá bom, já ouvi. –ele cortou-a –Eu quero saber de tudo. Quando foi, como foi e porquê você fez isso? –a voz dele estava um tanto tremida, ele parecia dividido entre a vontade de chorar e de esganar a mulher a sua frente.
-Eu não queria, Draco. Eu...
-Ele te estuprou por acaso? –ele perguntou seco, com uma amarga ironia.
-Não.
-Então você quis. Foi antes de nos casarmos?
-Sim.
-Antes de ficarmos noivos?
-Não. –ela respondeu pesarosa, olhando para baixo e sentindo seus olhos arderem, lutando contra as lágrimas que pareciam querer brotar a qualquer custo.
-Quando foi? –aquela voz fria e ácida dele, doía mais do que qualquer grito que ele podia ter dado.
-Uma vez em que o Simas tinha vindo dos EUA. Eu fui jantar com ele, a Hermione e o Harry. Mas acontece que eu bebi demais. Eu estava completamente bêbada e você sabe o que ele sente por mim, então ele se aproveitou que eu não estava raciocinando, Draco você sabe como eu fico quando estou bêbada...
-Ele é melhor que eu na cama, Virgínia? –perguntou como gelo –Se estivesse insatisfeita era só ter me falado. Mas o que você fez...Por que você fez isso comigo, Virgínia?
-Eu não estava insatisfeita. Você sabe que eu adoro fazer amor com você, Draco. Como pode pensar que... –nem terminou de dizer isso, tamanha indignação, respirou fundo –Além do mais, eu já te disse, Draco. Eu estava bêbada demais, eu achava que era você. Quando eu acordei levei um grande susto e me arrependi tanto, você não pode imaginar...
-Arrependimento não muda o que aconteceu, Virgínia. Isso simplesmente aconteceu. Eu sou corno, Virgínia. –disse amargamente –Eu era um galinha, mas eu te fui fiel desde que reatamos em Roma. Eu...nunca imaginei que você pudesse fazer isso comigo... –desviou o olhar e falou numa voz tão decepcionada que cortou o coração dela.
A ruiva aproximou-se de Draco e tentou tocar a face dele. No entanto, ele afastou-a:
-Não me toque!
-Draco, por favor. Me perdoa. Você sabe que eu nunca faria algo para machucá-lo.
-Mas machucou, Weasley.
-Weasley? –ela perguntou indignada –Não era Malfoy?
-E eu não tenho certeza se quero que você continue com o meu sobrenome. O que você fez não tem perdão, Weasley. Assim como você disse...Eu posso agüentar certas coisas sobre você, como ser muito melodramática em certos dias, ser teimosa como uma porta e querer trabalhar mesmo eu dizendo que posso perfeitamente te sustentar. Mas EU NÃO POSSO! Eu não posso, entendeu? Não vou suportar você me trair!
-Ótimo. –a ruiva disse com raiva, saindo do quarto.
Draco bateu a porta do quarto, seguindo a ruiva:
-Aonde pensa que vai desse jeito? –perguntou autoritariamente.
-Não te interessa. –ela foi seca e não sabia de onde estava tirando força, apenas não queria ficar na presença dele, não queria chorar na frente dele nem demonstrar o quanto estava magoada.
-Como não me interessa. Eu ainda sou seu marido.
-Ainda? Você é tão injusto, Malfoy!
-Eu injusto? –ele perguntou à porta do hotel, detendo-a pelo braço.
-Sim, eu quis te contar. Antes que chegasse aos seus ouvidos por alguma outra pessoa.
-Quem mais sabe disso? –ele perguntou, seu orgulho ferido ao pensar que caçoavam dele pelas costas por ser corno.
-O próprio Simas e a Hermione. Mas eu não duvidava que numa de suas discussões com o Simas ele não te contasse. E ele está aqui também, no mesmo hotel que a gente. Então eu achei que você devia saber. Eu não agüentava mais esconder de você, estava me corroendo por dentro.
-Então agora você vai atrás do Finnigan? –ele perguntou, sarcástico.
“Será que nem uma situação dessas ele consegue não ser cínico?” ela pensou com raiva.
-Não vou. –disse como se fosse óbvio.
-Porque eu não quero que vá pra cama com ele enquanto eu ainda estiver casado com você.
-Então é o divórcio que você quer, Malfoy? Você é mesmo cruel e injusto! –ela ainda lutava contra as lágrimas.
-Claro. Você feriu mortalmente o meu orgulho e o meu ego. Não se faça de vítima, eu sou a vítima por aqui. E você....você é a adúltera, Weasley.
-ASSASSINO! –ela gritou, empurrando-o para longe de si e indo embora por um lado.
-PROSTITUTA! –ele gritou, seguindo a direção oposta a dela.

N/A: Gente, desculpa pela demora. E não me matem, ok? Se não quem vai continuar a fic. Vcs vão comentar, não vão? *autora com cara de gato de botas no Shrek, quando ele enche os olhos d’água e faz cara de quem ta implorando inocentemente*

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