Um abismo entre nós

Um abismo entre nós



Capítulo 7: Um abismo entre nós

Logo que voltaram para o quarto, Draco e Gina foram até o banheiro e escovarem os dentes e etc. Vestiram um grosso casaco cada um. Depois arrumaram suas malas e seguiram em direção à porta:
-Esse é um belo hotel. –a ruiva comentou, já saudosa –Espero que fiquemos num tão bom quanto esse.
-Mas é claro. Só do bom e do melhor para nós, Sra. Malfoy.
Gina riu do exibicionismo dele:
-Eu te adoro, Draco.
Ele sorriu, mais cheio de si ainda, enquanto trancava a porta:
-E quem não adora?
-Convencido! Conheço pessoas que não te adoram.
-Um caso a parte. –disse, dando de ombros.
Entraram no elevador e mais uma vez o ascensorista era Dennis:
-Bom dia. –ele cumprimentou –Como vão os pombinhos, gostaram da cama?
-Sim. –Draco respondeu indiferente.
Gina ficou feliz por ele não ter comentado coisas...
O Malfoy havia perguntado como se chegava a rodoviária e Dennis havia respondido.
Ao chegarem no térreo, Virgínia disse:
-Adeus.
Draco acenou com a cabeça e o ascensorista disse:
-Espero que voltem.
Draco entregou as chaves na recepção. Depois, ele e Gina saíram do hotel. Não nevava, mas o chão estava coberto de neve e o vento era cortante. Draco passou um braço pela cintura dela, assim que começaram a andar:
-Hoje a gente vai, não vai?
-Vai o quê...? Ah...sim, entendi...
-E então?
-Tudo bem. –ela respondeu, sem encará-lo.
-Tudo bem? Assim é como se estivesse respondendo a “O que acha de adoçante no seu chá?”.
-Ai, Draco. –ela reclamou –O que queria que eu dissesse? Que não, para assim você poder arrumar mais uma desculpa pra brigar comigo?
-Mas é claro que não, Virgínia. –resmungou indignado –Apenas quero que mostre algum entusiasmo, se é que sente algum.
-Não fale assim comigo, Draco. Eu me casei com você, Draco Malfoy! Eu te amo e te desejo, satisfeito?
-Não precisava falar desse jeito...Eu apenas acho que você tem evitado...
-Evitado? –ela o cortou –E no banheiro do avião?
-Mas depois disso, você nunca...
-Não quer dizer que eu não quisesse. As circunstâncias não ajudaram.
-Ok, ok. Não importa o que deu errado até agora. Daqui em diante vamos fazer dar certo. Concorda?
-Eu não quero mais brigar com você, Draco.
-Nem eu.
Eles deram um selinho e continuaram andando por uns cinco minutos, até chegarem a estação rodoviária. Compraram duas passagens para Zurique, num ônibus que sairia em meia hora. Suas malas foram postas no bagageiro do ônibus e eles então embarcaram.
O ônibus era leito e com dois andares. Os seus assentos eram os penúltimos do lado esquerdo. Draco deixou Gina sentar-se do lado da janela, como ela assim queria. O loiro não parecia muito animado:
-O que foi? Não me diga que está doente de novo.
-Não, é que vamos ficar horas dentro desse ônibus. Não tenho nada para me distrair.
-Que tal brincar de “O que você faria se...”?
-Hum? O que é isso?
-Algo que inventei. Eu pergunto o que você faria em determinada situação e você responde. Depois o contrário.
-Isso é que é falta do que fazer.
-Melhor do que não fazer nada. –ela se defendeu –Não era você o todo entediado?
-Tá bom, você venceu, mas eu começo. –ela fez que sim –Hum... O que você faria se eu morresse?
-Ai, credo, Draco! Deus me livre disso.
-Mas mais cedo ou mais tarde eu vou morrer...Mas então, o que faria?
-Eu...choraria até rivalizar os oceanos.
Draco ficou quieto, sem saber o que responder, apenas disse:
-Sua vez.
-O que você faria se o seu pai tentasse me estuprar ou matar?
-Eu o mataria. –respondeu sem hesitar –O que você faria se eu não quisesse transar com você nunca mais?
-Ah, eu te obrigava, nem que tivesse que te amarrar.
Draco riu:
-Isso não vai acontecer.
-Bom mesmo. O que você faria se eu pedisse o divórcio?
-Não daria. O que você faria se eu tentasse matar um dos seus parentes?
“O que ela irá dizer?” pensou apreensivo.
-Não sei. Nunca pensei sobre isso. Você não faria uma coisa dessas. –ela disse convicta e loiro deu um sorriso sem graça –O que você faria se eu tivesse transado com outro homem?
-Você não faria isso, Virgínia. Eu te conheço. Você cora com alguns simples comentários meus, até parece que teria coragem para tanto. –disse seguro.
“Oh, meu Deus, se ele soubesse...Me sinto tão culpada...” Gina pensou, se remoendo em culpa.
Houve silêncio, então Draco perguntou:
-O que você faria se o Finnigan tentasse te seduzir?
-Eu lançava nele a minha azaração para bicho-papão.
-Hum, aquela que você lançou em mim no meu quinto ano, sua malandra.
-Sabe que é minha especialidade. Uma das minhas prediletas. Mas o que você faria se o Harry te pedisse para ser padrinho de casamento dele?
-Isso é impossível, Virginia. –falou despreocupadamente.
-Mas e se?
Ele suspirou:
-Eu aceitaria. Não seria educado fazer uma desfeita, mas de qualquer forma, isso é impossível. O que você faria se alguém te dissesse que eu tenho um caso com a minha secretária?
-E você tem? –ela perguntou, com um olhar fuzilante.
-É claro que não, Virginia! –reclamou, indignado –Bem se vê o quanto você confia
em mim.
-Desculpa, Draco. Eu...tenho ciúme de você, é isso.
-Verdade?
-Claro. –ela respondeu, entrelaçando seus dedos nos dele –Hum...O que você faria se depois de uma briga eu voltasse a morar na Toca?
-Eu ia te fazer mudar de idéia. Duvido que consegue agüentar muito tempo longe de mim.
-Convencido.
-Mas você não pode viver sem esse convencido. –gabou-se.
-Claro que posso! –ela disse convicta, ao que ele pareceu abismado –Uma vida horrível, mas ainda assim uma vida. –completou –Ora, Draco, você faz a minha vida valer a pena.
Gina agarrou um braço de Draco e deitou sua cabeça sobre o ombro dele:
-Draco, desde quando você se sente atraído por mim? –ela perguntou.
Ele pensou por alguns instantes:
-Acho que desde daquela noite no Japão em que te vi de camisola.
-Sempre pensando com a cabeça de baixo... –ela comentou, suspirando.
-Ah, você não queria que eu te visse daquele jeito e não sentisse nada, não é mesmo?
-Bem... Mudando de assunto, tem uma coisa que você nunca me disse.
-O quê? –ele perguntou curioso.
-Se a Gabi é melhor que eu.
Ele respirou fundo e então explicou:
-Quando eu comecei a me sentir atraído por você, eu quis transar com você, pois achei que pararia de atormentar os meus pensamentos. Como você não cedia, eu resolvi tentar te esquecer com a Gabi. Não deu certo. Eu fiquei o tempo todo pensando que eu queria que fosse você, ou seja, não foi tão bom assim. Com você foi especial.
Gina sorriu:
-Eu pensei que doeria bastante. –ela confessou –Mas você me deixou tão excitada que foi ótimo do começo ao fim. Só incomodou um pouquinho antes de você romper o hímen, mas tudo bem.
Ao dizer isso, ela tinha ficado corada, como Draco sabia que ela ficaria:
-Moranguinho, você está pegando fogo de novo.
-O quê?
-O seu rosto está muito vermelho.
-Eu sei...Mas o que eu posso fazer?
Draco sorriu perversamente:
-Você eu não sei, mas eu posso deixá-la ainda mais vermelha.
-Não, Draco! –ela reclamou.
Ele ignorou o comentário dela:
-Lembra daquela vez? Um dia depois do nosso noivado? Na sauna e depois na piscina da Mansão Malfoy?
Realmente o rosto dela esquentou ainda mais, a coloração vermelha se intensificando:
-É claro que me lembro, não precisa continuar...
Ele a interrompeu:
-Era nosso dia de folga, já que o seu pai tinha feito isso por causa do anúncio do noivado. Fomos para a mansão e após assistirmos o filme que você queria assistir. Qual era o nome mesmo?
-Um Príncipe em minha vida. Mas na verdade você não me deixou assistir todo. Só parou de me beijar quando eu disse que iria amarrá-lo se não me deixasse assistir o filme em paz.
[N/A: Esse filme eu já assisti e gostei, é com a Julia Stiles, que faz 10 coisas que eu odeio em você]
-É. E então quando acabou, eu perguntei o que você tinha achado do filme, afinal. Você disse “Tão fofo! Muito lindo. Em parte me lembrou de você, Draco, já que era um galinha que se consertou, pelo menos assim espero.”
-Verdade. Eu realmente adorei aquele filme.
-Então eu disse que eu era inteiramente seu.
-Era? Por quê? Não é mais? –perguntou, fazendo biquinho.
-Você entendeu o que eu quis dizer. Então você me recompensou por ter que esperar o filme acabar. Nós fomos para a sauna e...
-Draco, pára! –ela o censurou –Será que não vê que a sua voz alcança os ouvidos de outras pessoas? Quer me fazer morrer de vergonha? E daí se forem suíços? Alguém deve saber falar inglês, oras!
O loiro colocou a boca próxima ao ouvido dela, sussurrando:
-Você estava toda suada e eu também, mas foi incrível.
Gina reviveu a cena em sua mente.

***Flashback***

Draco puxava Gina:
-Para onde está me levando? –ela quis saber.
-Você vai ver, moranguinho.
-O que está tramando, meu gatinho?
Ao chegarem à porta da sauna, o loiro disse:
-Tire as roupas, Gina.
-O quê?
-Você me ouviu. –disse, tirando seus sapatos e meias.
-Isso não foi nem um pouco romântico. –ela reclamou.
-Você sabe que normalmente eu não sou romântico, quer dizer, isso se alguma vez eu fui.
Ela mudou o tópico:
-E a sua mãe? Ela não vai aparecer por aqui?
-Não. Hoje ela foi ao salão de beleza Witch Fashion, vai passar o dia inteiro lá.
-Tem certeza? –perguntou receosa.
-É claro que sim. Será que eu mesmo vou ter que tirar as suas roupas? Não seria uma má idéia...
-Ok. –ela respondeu, apesar de corar um pouco e começou a desabotoar a camisa do noivo.
Draco abriu o zíper do vestido dela e quando o mesmo caiu, pôde ver o conjunto preto de calcinha e sutiã que ela usava. Gina tirou o cinto e abriu o zíper da calça dele, em seguida puxando-a para baixo. Draco terminou de tirar as calças e Gina descalçou o tamanco.
Esse era o momento crítico. Gina sempre ficava com vergonha na hora de despir as vestes de baixo. Draco sorriu condescendente ao olhar tímido que ela lhe lançou e abraçou-a, aproveitando para desabotoar o sutiã dela.

***Fim do Flashback***

[N/A: Se vocês tem alguma reclamação quanto ao fim repentino desse flashback, culpem o Draco].
Gina foi tirada de sues pensamentos por Draco a chacoalhando:
-Gina, eu estou falando com você.
-Ah, sim. –ela respondeu vagamente, mas com o rosto pegando fogo.
-Estava dizendo que depois da sauna nós pulamos na água fria da piscina. Tá certo que poderíamos ter tido um choque térmico, mas na hora nem pensamos nisso... Não é mesmo?
A ruiva afastou-se dele. Lembrando do episódio, ele a encurralando num canto da piscina e...
-Pare com isso já, Draco! –ela reclamou, quase que se abanando –Você está me torturando desse jeito.
Ele riu maldoso:
-Tortura sempre foi a minha especialidade.
Gina ficou séria:
-Por favor, pare com isso.
-Ah, mas é tão divertido te deixar...
Ela calou-o com um beijo. Durou até que sentiu que ele estava completamente entregue, então colocou suas mãos sobre o peito dele e empurrou-o:
-Se você começar com esses assuntos de novo, serei eu a te torturar e você não vai gostar nem um pouco.
Ele cruzou os braços em frente do peito e nada disse. Gina recostou-se em seu assento e fechou os olhos. Dormiu e logo o loiro caiu no sono também.
Acordou lá pelas 4h da tarde, com o loiro a chacoalhando:
-Gina, a gente tem que descer. Já chagamos, acorda, vai.
A ruiva abriu os olhos e esfregou-os, depois olhou para Draco:
-Já?
-Sim, você dormiu a viagem inteira. Eu cochilei um pouquinho apenas. –disse levantando-se e puxando-a pela mão.
O ônibus havia parado em frente ao aeroporto. Eles entraram, puxando as malas:
-Vamos comer alguma coisa. –Draco sugeriu e ela concordou.
Comeram um lanche numa lanchonete e ao saírem, Gina disse:
-Por que não aparatamos ao invés de pegar um avião? É mais rápido.
-Eu achei que você não iria querer, mas que bom que estava enganado. –ele disse.
–O problema é acharmos um lugar de onde podemos aparatar.
-Sem problemas.
Foram até onde ficavam os banheiros. Draco colocou uma placa de interditado na frente do banheiro masculino, assim ninguém entraria lá e esperou que todos os homens saíssem. Então entrou com Gina dentro do banheiro e de lá eles aparataram no “Bar do Tim”, o irmão de Tom do Caldeirão Furado.
Dirigiram-se ao balcão e sentaram-se em dois bancos:
-Boa tarde, Sr. E Sra. Malfoy. Meus parabéns pelo casamento, ganhou as manchetes nos jornais bruxos. –Tim disse e o casal sorriu –Mas não esperava encontrá-los. Estão passando a lua-de-mel aqui em Veneza?
-A partir de agora sim. –Gina informou.
-Oh, sim, Veneza é muito apropriada para isso. Romântica para os casais.
-Não saberia de algum lugar onde podemos nos hospedar? –Draco perguntou.
-Bem, aqui é um bar-hospedaria, mas estamos lotados no momento. Mas conheço uma Pensione perto daqui.
-Sério? –Gina perguntou –Poderia nos dizer como chegar lá?
Tim explicou. Então os dois agradeceram e foram para a pensione. Ao chegarem lá, perguntaram-se se não haviam errado o caminho:
-Não, eu tenho certeza que foi esse o caminho que o dono do bar nos indicou. –Draco afirmou.
Estavam no meio de um tipo de beco. As casas eram geminadas, simples e com mais de dois andares. Havia trabalhadores (pedreiros) de uma obra que estavam tomando lanche. Ao avistarem Gina, assoviaram e começaram a comentar:
-Mas que belladonna.
-Draco, vamos embora daqui. –a ruiva cochichou para ele.
-E pedir ajuda para o seu pai ou o desprezível do Finnigan? Não mesmo!
Gina suspirou, contrariada:
-Você diz isso porque não tem cinco caras olhando para os seus peitos nesse momento. –ela sussurrou.
Draco abraçou a esposa e olhou feio para os homens:
-Vamos, Gina. –disse a puxando.
No final do beco estava uma placa com letras descascadas “Pensione Allegro”. Subiram três degraus e entraram numa porta estreita. O lugar parecia uma bagunça e na mesa de recepção havia uma senhora de 80 anos:
-No que posso ajudá-los? –sua voz era anasalada e o tom entediado.
Gina lançou um olhar sério para Draco, do tipo que dizia com todas as letras.
“Não vamos ficar aqui, não é mesmo?”
O Malfoy ignorou o olhar dela e disse:
-Estamos à procura de um quarto.
-Ah, sim, temos um no segundo andar.
-Poderíamos vê-lo? –o loiro perguntou, recebendo em seguida uma cotovela de Gina.
“Ai! Isso doeu, Virgínia. Não custa nada darmos uma olhada.” Pensou, sem fazer esforço algum para bloquear sua mente.
A mulher pegou uma chave grande e enferrujada e saiu detrás do balcão:
-Sigam-me. –disse.
Draco e Gina seguiram a mulher e logo descobriram que ela tinha incontinência de gases, pois fazia uns barulhos bem característicos enquanto subia a escada. A ruiva olhou para o marido que a olhou de volta, então começaram a rir. A mulher olhou-os seriamente, como se perguntasse se havia algum problema. O casal ficou sério, e ela virou-se novamente, continuando a subir a escada como antes. Dessa vez, os dois procuraram manter sem som o ataque de risos.
Chegaram ao quarto, a mulher girou a chave enferrujada na maçaneta e abriu a porta para que entrassem.
Draco teve dificuldades em esconder o quanto abominava o lugar. Havia um quarto pequeno, sem guarda-roupas. A tinta da parede estava descascada e havia um quadro mal feito, de um vaso, e estava pendurado precariamente na parede. Havia uma porta de madeira que dava acesso ao banheiro apertado, sem tampa na privada e com o espelho trincado. A cama de casal parecia fraca e os lençóis eram amarelados e tinham cheiro de mofo.
“Aliás, tudo cheira a mofo por aqui.” O loiro pensou com repugnância.
No entanto, seu orgulho era maior. Dizer a esposa que não gostara do lugar era dar um ponto pra ela. Então ela o infernizaria para que pedissem ajuda ao pai dela e ele odiaria ter que fazer isso...
-Vamos ficar com o quarto. –ele disse, corajosamente, sob o olhar fuzilador de Gina –E vamos ver se...
-Sobrevivermos. –a ruiva completou.
-Gostamos. –Draco corrigiu.
-São 15 dólares a diária e só aceito adiantado.
Draco tirou da carteira uma nota de 5 e outra de 10, entregando-as a mulher, que retirou-se em seguida, fechando a porta atrás de si.
-Você ficou louco, Draco? –perguntou indignada –Isso aqui é uma pocilga!
Draco colocou as malas deles a um canto:
-Calma, Virgínia. É apenas por uma semana, até o dia em que reservamos uma bela suíte no “Gran Hotel Italian”.
-Uma semana? Eu não vou sobreviver uma semana dentro disso. –ela reclamou, emburrada e cruzando os braços em frente aos peitos.
Draco abraçou-a por trás e sussurrou com a voz lenta, arrastada e um tanto rouca (em outras palavras, sensual):
-Nem que seja para estar ao meu lado?
-Isso é ridículo, Draco. Você vivia falando mal da minha casa. A Toca é o Palácio de Versalhes em comparação com esse lugar.
-Correção, querida. A Toca não é mais sua casa. Mas ok, eu admito que esse não é um bom lugar para se estar hospedado, mas não precisamos ficar muito tempo por aqui. Podemos ficar fora o dia inteiro e só dormirmos aqui. Diz que sim, Virgínia. –e a virou para si.
Draco tirou o casaco dela:
-Ah, não, Draco. Eu não estou com vontade.
Era mentira. Gina apenas queria aborrecê-lo, já que se encontrava contrariada por estar naquele lugar. A despeito do que a ruiva disse, ele beijou-a. Ela abraçou-o e devolveu o beijo.
-Você mente tão mal, Virgínia. –ele disse com divertimento, ao perceber as mãos dela abrindo e arrancando seu casaco.
-Que culpa eu tenho? Você me deixa assim. Eu não agüento mais. –falou, colocando suas mãos por baixo das blusas de Draco, até alcançar a pele quente dele.
-Ai! –ela exclamou ao sentir que ele acariciava sua barriga –Que mãos frias.
-Daqui a pouco esquentam. –ele sussurrou e empurrou-a contra a parede.
O quadro que estava mal pendurado caiu no chão. Gina inesperadamente começou a rir:
-Eu nunca vou esquecer essa lua-de-mel. –comentou, girando pelo quarto, agarrada ao corpo dele.
Tinham pegado bastante impulso quando ela empurrou-o contra outra parede. Para a surpresa deles, a parede desabou e eles caíram no outro quarto. Mais precisamente, caíram numa cama, na qual havia um casal seminu deitado.
A ruiva olhou para os desconhecidos e quase morreu de vergonha:
-Desculpa. –murmurou timidamente, saindo da cama, seguida de Draco.
Os dois saíram dali o mais rápido que puderam e foram até a recepção avisar a velha. Ela disse que daria um jeito:
-Ótimo .-Draco respondeu –Eu e a minha mulher vamos sair para jantar. –e saiu puxando Gina.
-Draco, sabia que agora são 5h? Ainda é muito cedo para jantarmos.
-Vamos passear um pouco, não era disso que você gostava?
Gina sorriu:
-Sim, vamos conhecer melhor a cidade. Da última vez que viemos, ficamos pouco tempo.
Ficaram vagando sem rumo pelos arredores, trocando gestos românticos e tiveram alguns desentendimentos (nada muito sério, apenas corriqueiro). Quando era 8h da noite, entraram no mesmo restaurante em que haviam comido há quase um ano atrás, o “Mama Mia”. Lá comeram ravióli e canelone. Tomaram vinho branco e a sobremesa foi uma torta de morangos:
-Eu amo isso. –Draco disse, antes de dar a primeira mordida em sua torta.
-Eu sei disso. –a ruiva disse, começando a comer a sua também.
Ele nem precisava se dar ao trabalho de proclamar o seu louvor à morangos, era evidente pela expressão hedônica no rosto dele.
Após Draco pagar a conta, eles voltaram para a pensione. A recepção estava vazia. Subiram direto para seu quarto e entraram. No lugar da parede que derrubaram, havia agora um lençol pendurado. Depois de irem até o banheiro e vestirem pijamas, deitaram na cama:
-Droga. Esqueci de apagar a luz. –o loiro reclamou.
-Eu é que não vou apagar.
-Nem eu.
Houve silêncio por algum tempo então começaram a ouvir barulho vindo do quarto ao lado. Era óbvio que o casal do outro quarto estava no meio do ato sexual. Havia o rangido da cama deles, além de exclamarem alto coisas em italiano que eles não entendiam, ao mesmo tempo que entendiam (deduziam).
Gina logo ficou vermelha. Draco riu:
-Vamos mostrar pra eles como é que se faz? –o loiro perguntou, sedutor.
Sem esperar uma resposta de Gina, ele ficou por cima dela e beijou-a. Ela puxou para cima a camisa do pijama dele, acariciando o tórax e a barriga dele. Nessa hora, Draco terminou de tirar a camisa do pijama e olhou nos olhos de Gina, bem quando ela pensava.
“Como eu tenho um homem gostoso desses e estou há dias sem aproveitar isso? Que morram todas de inveja.”
Draco riu:
-Eu li isso, moranguinho.
-Ops... –ela murmurou, sorrindo constrangida.
-Nada que eu já não soubesse. –disse cheio de si –Qual posição você quer? Vou deixar que escolha, estou bonzinho hoje.
O rosto dela estava pegando fogo, mas um sorriso cheio de segundas intenções surgiu em seus lábios. Num impulso virou o jogo, ficando por cima dele, as pernas abertas com o corpo dele entre elas:
-O que vai fazer? –ele perguntou.
Gina soltou os cabelos do coque frouxo em que estava, deixando-os exalarem um perfume que o loiro apreciava. Inclinou-se sobre ele, beijando os lábios finos do Malfoy com avidez, como se quisesse devorá-los. Draco sentiu-se envaidecido ao perceber que ele fizera tanta falta para ela quanto ela fizera para ele. Então ela beijou o pescoço dele, onde ela sabia que era sensível nele. Gina ficou satisfeita em arrancar um suspiro dele e desceu seus lábios para o tórax dele. Draco acariciava o corpo da ruiva por debaixo da camisa do pijama dela. Gina desceu mais ainda, beijando a barriga definida que ele possuía. Os músculos dele se contraíam ao entrar em contato com os lábios dela, causando-lhe uma série de arrepios. Então ela ia deixar que ele tirasse a parte de cima de seu pijama, mas algo lhe chamou a atenção. Ao notar o que realmente era aquela coisa no chão, Gina ficou de pé em cima da cama e gritou:
-Um rato, Draco! É um rato!
-Pra mim já chega de escândalo. –ele reclamou e apanhou sua varinha –Avada kedavra. –e matou o rato sem nenhuma hesitação.
[N/A: Dessa vez era só um rato mesmo, o Rabicho está realmente mortinho da Silva]
-Eu não quero continuar aqui, Draco. –a ruiva reivindicou.
-Ah, não Virginia. Estamos no meio da noite...
Ela sentou-se novamente na cama e abraçou-o:
-Por favor, Draco. Eu não vou conseguir dormir. E se aparecer outro rato? Vamos embora daqui, meu amor. Por favor, meu gatinho.
-Ah, Gina...
A ruiva sentou-se no colo do Malfoy, cruzando suas pernas ao redor do quadril dele. Arranhou as costas dele e sentiu-o se arrepiar:
-Ah... –ele lamuriou abafadamente e suas mãos fecharam-se sobre os seios de Gina, comportados pelo sutiã.
Gina tirou as mãos dele dali:
-Não, não. Vamos sair daqui.
Ele ergueu as mãos, rendido:
-Você venceu. Mas coloque apenas um sobretudo por cima do pijama, não quero ter muito trabalho quando chegar ao hotel. –falou sugestivamente.
Gina saiu do colo de Draco:
-Tenho que ligar para o papai. Ele deve saber de um bom hotel que tenha vagas para quem não faz reservas antecipadas.

***

Draco e Gina, com a ajuda da influência do Sr. Weasley, tinham se hospedado no único hotel bruxo de Veneza, o “Internationale Hotel Itália”. O quarto era luxuoso e aconchegante. Todos os objetos eram ostensivos e as cortinas eram magníficas. O lustre tinha um estilo clássico e a cama era king size.
Havia um telefone (o aparelho estava se popularizando entre os bruxos, era incômodo ficar com a cabeça na lareira), Gina sentou-se no divã com várias almofadas de seda e discou para a Toca:
-Alô, mamãe? Sim, está tudo bem aqui. E aí? Ah, que bom...Ah, isso...foi apenas um pequeno contratempo, mãe. Eu e o Draco estamos bem.
-Manda um beijo pra ela. –o loiro disse. [N/A: Querendo puxar o saco da sogrinha...]
-O Draco tá te mandando um beijo, mãe. –a ruiva informou –Ela mandou outro pra você, Draco. –disse para o marido e então se concentrou novamente na ligação –Eu gostaria de falar com o papai, ele está aí? Tchau, mamãe. Sim, eu vou ficar bem. Boa noite. Olá papai, eu gostaria de agradecer pela ajuda. Não foi nada não, apenas um acontecimento sem importância. Mas é claro que sim, papai! Eu amo o Draco e está indo tudo bem. Mas por quê? Tem certeza? Tá, tá. Eu falo pra ele.
Draco olhava apreensivo, para Gina que o olhava também:
-O que foi? –ele perguntou.
-Ele quer falar com você, Draco.
-Não. Diz que eu tô no banheiro. Não é suficiente que você agradeça?
-Draco... –ela pediu, fazendo uma cara que ele considerou muito meiga.
-Tá bom, tá bom. –e pegou o telefone –Alô. Boa noite, Sr. Weasley. Como vai? Porque resolvemos que queríamos vir para cá. Estou falando, está tudo bem. Eu estou cuidando bem da Gina. –e então a ruiva viu os olhos do Malfoy se estreitarem e a sua expressão tornar-se séria –Quanto a isso, não posso fazer nada. Foi à mim que a sua filha escolheu, não é mesmo? Eu não vou. Eu não preciso. Eu fiz isso por ela, tá bom? Passar bem. –e bateu o telefone.
-Nossa, Draco. O que aconteceu?
Ele foi na direção a cama, estava sem camisa, ela percebia agora. Deitou-se na cama e cobriu-se com o edredom. A ruiva foi atrás, deitando-se ao lado dele:
-Draco, fala pra mim. O que ele disse?
O loiro sentou-se na cama:
-Ele disse que preferia que você estivesse casada com o Finnigan...
-Mas eu amo você! –ela o cortou, sentando-se na cama também.
-Ele disse que não confiava em mim. Disse “Uma vez Comensal, sempre Comensal”. Acha que eu não sou capaz de te fazer feliz, que só te darei dor-de-cabeça. –ela fez menção de falar, mas ele não deixou –Me disse para deixá-la em paz e eu disse que não iria. Disse que eu precisava ser igual o Finnigan pra te fazer feliz e eu disse que não precisava. Então ele perguntou o porque de eu ter pedido a ajuda dele e eu disse que eu fiz isso por você. A sua família me odeia, Virginia.
Gina abraçou o torso nu de Draco, mas ele nem parecia ter percebido, tinha uma expressão muito séria, de quem mataria:
-Não liga pra isso, Draco. Eu te amo. Não é suficiente? –ele não respondeu –Draco! Eu estou falando com você!
-Não diga nada, está bem? –perguntou emburrado e deitou-se novamente.
Gina tentou driblar a sua frustração por ele estar tão rude. Passou a mão pelo tronco dele subindo e descendo pelo peitoral e a barriga:
-Não fica chateado, Draco. –ela disse docemente e não obteve resposta.
Sem aviso, começou a beijar-lhe o tórax de maneira provocante, enquanto tentava descer as calças dele:
-Não, Virginia. –ele disse sério e frio.
Ela ergueu a cabeça para encarar os olhos cinzentos:
-Mas Draco, você disse que queria, eu também quero. Não agüento mais ficarmos separados fisicamente e você sabe...
Ele a interrompeu:
-Isso foi antes. Agora eu não estou com vontade.
A ruiva estendeu uma mão e colocou-a na testa do marido:
-Draco, você está bem? Você dizendo que não está com vontade?
-Não me enche, Virginia.
-Mas Draco, eu sinto falta. Não é tão grave assim o que aconteceu para você estar tão aborrecido.
-Não é grave? Como você é insensível.
-Alto lá. –ela reclamou –Acho que estamos trocando os papéis por aqui. Eu não sou insensível, eu só não sei porque você ficou assim.
“Eu não te disse isso, Virginia, e nem vou dizer. O seu pai ainda me disse que você vai perceber que eu não sou o homem certo e vai me deixar. Como é que eu posso ficar feliz ouvindo isso do meu próprio sogro?” o loiro pensou com seus olhos fechados.
-Draco, eu estou falando com você. –ela tentou ser paciente.
-Hum. –ele resmungou, abrindo os olhos.
Encaram-se em silêncio por alguns segundos. Gina ia se aproximando para beijar os lábios do marido, mas ele não deixou:
-Eu já disse que não. Quando eu digo não, é não.
Dessa vez Virgínia ficou emburrada e magoada. Apagou as luzes com um gesto de sua varinha e deitou-se ao lado dele, cruzando os braços sobre o peito:
-Eu pensei que o meu amor por você fosse suficiente. –ela resmungou, mordendo o lábio inferior em seguida –Mas vejo que me enganei. É incrível como eu me engano com você, Draco Malfoy. O que mais me falta descobrir para ficar novamente decepcionada com você.
Ele se sentiu desconfortável com o que ela havia dito, pois realmente escondia algo dela.
“Não é hora de pensar sobre isso, Draco.” Disse a si mesmo “Muito menos de contar à ela ou aí sim ela nunca mais ia querer sequer olhar pra mim.”
-Não comece com isso, Virginia. É óbvio que o seu amor é importante pra mim. –respondeu, ainda distante.
-Às vezes eu me pergunto se você sabe como eu me sinto chateada quando você é rude comigo. –ela comentou.
-É lógico que eu sei. É você quem não percebe que eu também fico chateado com algumas coisas. Como por exemplo como a sua família me odeia e torce para que o nosso casamento fracasse.
-Não depende deles, Draco. Eu me casei com você e pronto. Eles não tem nada que opinar.
-Agora você diz isso, mas aposto que não me defende quando eles falam mal de mim e nem rejeita quando eles tentam jogar o Finnigan pra cima de você.
-Pode ir parando por aí. –ela disse, com irritação –É lógico que eu te defendo e deixo claro pra todo mundo, inclusive para o Simas, que é você quem eu escolhi e que não importa o que eles façam, isso não vai mudar. –ela disse e virou-se de costas pra ele.
Draco suspirou.
“Talvez eu esteja realmente fazendo uma tempestade no copo d’água, mas eu não posso evitar isso. Estou com muita raiva da família dela! Por culpa disso a minha cabeça está estourando.”
-Desculpe se eu fui chato com você, Virgínia. A minha raiva não é com você, e sim com aquela sua família idiota.
-Draco! Não fala assim, por favor.
-Não falar assim? Está me pedindo demais. Eles querem acabar com a minha felicidade. Querem tirar o que tenho de mais precioso. Isso eu não admito!
Gina deu um suspiro cansado. Não adiantava insistir naquele tópico. Apenas continuariam discutindo.
-Boa noite, Draco. –ela disse, contrariada.
-Boa noite, Virginia. –ele respondeu no mesmo tom que ela.
“Odeio essa sensação de que há um abismo entre nós. O fato de não contar pra ele sobre o Simas aumenta essa sensação.” Ela pensou, sentindo falta do calor dos braços de Draco.
“Droga! A noite estava ótima até ela ter ligado pra aquele Weasley metido a dono do mundo. E daí que ele é o Ministro da Magia Inglês? E daí que ele é o meu chefe? E daí que é meu sogro? Ele que se foda! Não tem o direito de se intrometer na minha vida com a Virginia, dane-se o fato dela ser filha dele. Estamos muito distantes e a culpa é da família dela. Não podemos continuar com esse abismo que nos separa. Eu não consigo me sentir bem escondendo dela...” Pensou mal-humorado.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.