Um Tempo Para Pensar

Um Tempo Para Pensar



O dia foi tremendamente cansativo para Rony. Estivera distraído durante as aulas e ainda havia pensamentos controversos que não saiam de sua cabeça.

Ao fim do dia ele se sentia exausto, mas tinha que resolver um “problema”. Andou pela sala comunal à procura de Lilá e não a achou, mas encontrou Parvati estudando sozinha.

- Oi, Rony! – disse a garota, percebendo que Rony estava parado à sua frente.

- Er... Você viu a Lilá?

- Da última vez que a vi, ela estava no quarto... Por quê?

- Você poderia chamá-la para mim?

Depois de um bom tempo de espera, Rony a viu descer as escadas ao lado de Lilá, cujo rosto não parecia nada feliz. Ele se levantou e, vendo a expressão hostil no rosto de sua namorada, pediu que ela lhe acompanhasse.

Ao chegarem a um lugar reservado do castelo, Rony parou de frente para Lilá e esperou que ela começasse a falar alguma coisa. Mas a garota parecia muito indisposta para ter qualquer tipo de conversa com o ruivinho.

- Er... Bem... – foi obrigado a começar. – Aquilo que você disse... Tem certeza que é verdade?

- Aquilo o quê? – ela parecia fuzilá-lo com os olhos.

- Você sabe. Aquela história toda de... – Rony tinha sérios problemas para conversar a relação e ele sempre soube disso. E quando sua namorada diz que quer acabar o namoro é porque alguma coisa está muito errada. – De... Bem, você disse que o namoro está acabado! É isso mesmo o que você quer?

- O que é que você acha, Rony?

O rosto de Lilá estava inchado, parecia que ela tinha passado o dia inteiro chorando. E ela não conseguia sequer olhar diretamente para os olhos de Rony, doía-lhe muito saber que estava perdendo o namorado.

- É... Pela sua simpatia comigo... Eu suponho que sim.

- Você é ridículo, sabia? – ela gritou ao mesmo tempo em que lágrimas começavam a escorrer pelo rosto descontroladamente.

- Eu o quê? – Rony parecia assustado com o que ouvia.

- Você é um insensível, sem coração! Essa é a hora em que o namorado briga pelo bem do namoro, sabe? Mas você não... Você continua impassível, sem reação! Você nunca gostou de mim, Ronald Weasley! E eu fui cega esse tempo todo!

Lilá ainda ficou um tempo calada, esperando, com os restos de uma esperança, que ele reagisse. E, tendo visto que ele nada fez, deu meia-volta e voltou para a Grifinória chorando silenciosamente.

Rony permaneceu intacto. Aquelas palavras entraram em seu cérebro com dificuldade de serem processadas. Insensível? Esse tempo todo foi assim a imagem que ele passou para Lilá, uma garota que só lhe tratava bem? Como pôde ele chegar a esse ponto? Rony nunca imaginara que estava sendo tão importante para a namorada, achava que o namoro era apenas uma diversão para os dois, mas pelo visto não era essa a idéia que Lilá tinha de compromisso.

E agora ele se sentia um completo estúpido, incapaz de fazer qualquer coisa da maneira correta. Semanas atrás ele tentara declarar seus sentimentos a Hermione e tinha sido completamente incompreendido. E de tão incompetente que ele era, nem conseguira ir atrás da garota que gostava para convencê-la do que sentia. Talvez, se tivesse tido êxito, nada dessa confusão toda teria acontecido. Se ele tivesse sido sincero com Lilá antes, ela não teria se apaixonado tanto e se enganado tanto com o que ele achava do namoro.

Depois de quase uma hora divagando pelo castelo, Rony voltou para o quarto. Harry já estava se preparando para dormir quando o viu entrar. Perguntou alguma coisa que o ruivo não ouviu direito, pois ainda estava absorto em seus pensamentos. Agora ele se lembrava de Hermione aos braços de Draco Malfoy. Essa imagem vinha lhe perturbando pelo menos cinco vezes por dia ultimamente.

- Rony? – ele finalmente ouviu a voz de Harry claramente.

- Ã? O que foi?

- O que foi, pergunto eu, cara! Mais parece que você está em outro mundo! Aconteceu alguma coisa?

- Ahm.... Mais ou menos. Quer dizer, aconteceu, sim.

Rony sentou-se em sua cama, de frente para o amigo, cuja cama ficava ao lado da sua.

- Eu não sei se sou eu que devo lhe contar isso, mas... Acho que você tem o direito de saber. – ele engoliu em seco ao relembrar a cena. – Hermione está saindo com Malfoy.

A expressão no rosto de Harry não se definia: ora parecia que ele estava tremendamente surpreso, outrora ele parecia rir sem acreditar.

- É sério, cara!

- Hermione... e Draco? Não. Não é possível. – Harry balançava a cabeça negativamente.

- Pois é, eu também não acreditaria se não tivesse visto com os meus próprios olhos.

- Ah, então a capa foi...

- Isso! Foi para isso sim que eu lhe pedi ela.

Harry agora balançava a cabeça positivamente, processando as informações em sua cabeça.

- Mas... Como?

- Eu também não sei. Mas fiquei muito chocado com ela, sabe. Como é que ela se atreveu...?

- Não! Ela não tem culpa, Rony! O problema é ele! Ele que a seduziu! Você não entende, não é?

- Eu entendo perfeitamente, Harry! Um homem tenta beijar uma mulher e se ela corresponde é porque ela quer!

- Mas... Para Hermione estar fazendo isso é porque alguma coisa está errada. Ela deve estar chateada com alguma coisa... deve estar querendo chamar a nossa atenção.

- Eu chamo isso de traição. É simples. – Rony parecia ainda tão indignado quanto no dia em que tinha visto os dois juntos.

Mas Harry não se sentia traído. Ele conhecia a amiga. Mesmo que ela estivesse saindo com Draco por livre e espontânea vontade, não seria simplesmente para irritar ou provocar os amigos. Provavelmente, ou o sonserino tinha lhe seduzido de alguma forma desconhecida ou Hermione se decepcionara com alguma coisa. Ele até entendia a reação de Rony, cujo temperamento era um pouco menos racional que o seu. E ainda por cima, se tratava da garota que ele gostava com a pessoa que ele mais detestava. Mas é claro que ele não comentava mais sobre isso com o amigo, pois sabia que poderia levar mais um fora agressivo.




O clima do café-da-manhã tornava-se cada vez mais frio. E isso não se dava simplesmente pelo inverno que começava a se intensificar, mas pela relação entre cada um dos que ocupavam uma cadeira na região da grande mesa em que Hermione e seus amigos se sentavam todos os dias. Dessa vez, ela não pôde deixar de notar a ausência de Lilá ao lado de Rony, cujo rosto não apresentava expressão alguma.

Assim que viu Hermione se levantar, Harry chamou pelo seu nome e disse que queria conversar com ela antes da aula. Os dois andaram juntos até perto da sala de aula e Hermione perguntou curiosa:

- O que aconteceu, Harry?

- Ah, não aconteceu nada! Na verdade, eu gostaria de saber se aconteceu algo a você!

Imediatamente, Hermione percebeu do que se tratava aquela conversa. Rony já deveria ter contado para Harry sobre ela e Draco.

- Desculpe-me, Harry... E-eu não queria trair a sua amizade, sabe.

- É lógico que não, Mione! Não vou dizer que não estou surpreso com isso, eu admito que achei muito estranho... E é por isso que estou aqui conversando com você. Aconteceu alguma coisa? Ele te forçou a ficar com ele?

- Não! De maneira nenhuma. Aconteceu, Harry... A gente se envolveu, sabe... E ele não é aquele monstro que a gente pensa que é. Ele...

- Mione, você tem certeza do que está fazendo? Tem certeza que ele não vai te machucar? Que ele não está te usando? – disse Harry, preocupado, com as mãos sobre os ombros da amiga.

- Que é isso, Harry! – respondeu Hermione, dando um passo para trás – O que você quer dizer com ele estar me usando? Você acha que ele não pode estar comigo simplesmente porque sente algo por mim?

- Não sei, Mione... É que... Conhecendo o Malfoy como eu conheço...

- Talvez você não o conheça tão bem assim!

- Tudo bem... Me desculpe, Mione! Eu só estou preocupado com você... Quero que você tenha muito cuidado, mesmo. E é claro que ele pode estar gostando de você, sim. Mas eu repito: tenha cuidado...

- Pelo menos a nossa conversa foi mais fácil do que a que eu tive com o Rony.

- Eu imagino... Há semanas que vocês não se falam direito. Ele te magoou?

- Muito. – Hermione sentiu os olhos se enxerem de água. Mas ela respirou fundo para prender o choro.

- Olha, Mione. Seja lá o que ele possa ter dito... Foi simplesmente porque ele gosta muito de você.

- Gosta de mim? Você tem certeza que sabe o que significa uma pessoa gostar de alguém, Harry?

- Mas você conhece o jeito dele. O Rony não sabe lidar com os sentimentos!

- É uma pena. Porque ele acaba de perder uma amiga! – respondeu a garota, olhando para o lado, enraivecida.

- Mione. Eu preciso te contar uma coisa, que talvez você não saiba, ou não queira enxergar. Mas que explica muito tudo o que está acontecendo.

Hermione olhou-o cética e ele prosseguiu:

- O Rony gosta de você. Mas não como amiga. Ele tem sentimentos por você que provavelmente ele nem sequer tinha pela namorada. O problema é que ele tenta fugir disso, e não consegue lidar com certas situações. Ele não se sente traído como um simples amigo por ter lhe visto com o Draco. Ele queria estar no lugar dele! Entende?

Harry nunca diria isso a Hermione, não fossem as circunstâncias. Ela estava muito magoada com Rony e talvez nunca o perdoasse. Aquilo seria o fim também para ele. Como seria ter dois melhores amigos que não se falam? Ele tinha que fazer alguma coisa para impedir isso, mesmo que corresse o risco de chatear Rony.

- O Rony e a Lilá acabaram o namoro? – foi a primeira coisa que Hermione conseguiu falar. Harry tinha jogado muitas informações sobre a amiga e levaria tempo para que ela as processasse em sua cabeça.

- Acabaram, sim.

Durante o resto do dia, as palavras de Harry não saíam de sua cabeça. Não que ela acreditasse piamente nelas, mas nunca imaginaria seu amigo falando esse tipo de coisa sobre Rony. Por mais que tudo aquilo fosse verdade – o que ela duvidava muito –, Rony não tinha o direito de lhe desrespeitar como o fez. Ela nunca se sentira tão magoada.

À noite, foi ao encontro de Draco na masmorra de sempre, um pouco mais desconfortável do que geralmente estava. O loiro percebeu no olhar perdido dela assim que ela entrou.

- O que aconteceu, Granger? – perguntou ele, desconfiado.

- Ã? – ela perguntou, distraída.

- Você está estranha.

- Ah, não foi nada... – Hermione respondeu, tentando apagar as memórias de sua cabeça e depositou um beijo na boca de Draco.

Malfoy ficou parado olhando o rosto de Hermione, passando uma das mãos sobre sua face, enquanto a outra brincava com o seu cabelo. Ele nunca se sentira tão enfeitiçado por alguém antes. Era estranho se esquecer do mundo quando estava ao seu lado, mas ele gostava muito dessa sensação. Passava o dia inteiro pensando em como seria quando a encontrasse naquela noite. Imaginava formas de conquistá-la cada vez mais, de fazê-la rir, de descobrir um pouco mais do mistério que era a cabeça dela.

Mas alguma coisa estava errada naquela noite. Hermione estava ainda mais misteriosa e séria do que o normal. Nos outros dias, ela sorria, ironizava e se divertia. Mas agora ela estava distante.

- Ei, Granger. Tem algo muito estranho acontecendo com você. Qualquer um percebe isso. – disse ele, tomando uma postura mais séria. Por mais que se sentisse profundamente apaixonado pela garota, ele não sabia como se portar em situações mais delicadas.

Hermione ficou ainda mais séria. Adorava se encontrar com Draco, se esquecer de todos os problemas ao lado dele, mas algo lhe dizia que agora não era o momento ideal para estar ali. Ela olhou para os lados e resolveu se sentar no chão.

- Malfoy. Senta aqui, por favor. Preciso conversar com você.

O sonserino ficou assustado, mas fez o que ela pediu.

- Acho que a gente precisa parar de se ver por um tempo. – disse Hermione, olhando para a frente, com medo de desistir ao olhar naqueles olhos azul acinzentado que tanto lhe encantavam.

- Como é? – espantou-se Draco. – O que é que você está falando?

- Exatamente isso o que você ouviu, Draco... – ela se surpreendeu ao ouvir sua própria voz chamá-lo pelo primeiro nome. – E-eu preciso de um tempo para pensar... Não dá mais para a gente continuar se encontrando escondido assim... Ou a gente admite de vez que está junto, ou é melhor... – e agora ela o olhou nos olhos. – A gente parar de se ver.

- Mas... – Draco olhou dos olhos castanhos da garota para a frente, como que calculando o que tinha acabado de escutar.

- E eu acho que a gente precisa de um tempo distante para pensar sobre isso... Ver o que é melhor para os dois...

Hermione se segurou para não dizer que na verdade estava magoada com o que seu melhor amigo tinha dito. Mas assim seria melhor, o que estava acontecendo entre ela e Draco tinha que tomar um rumo mais definitivo. Não podia continuar no disfarce. E ela precisava de um tempo para digerir tudo isso, pois as coisas ocorreram muito rapidamente, sem que ela tivesse tido tempo para pensar sobre o que estava fazendo.

Draco engoliu em seco. Ele achava que estava no comando da situação e ouvir que Hermione estava precisando de um tempo o assustou um pouco. Mas por enquanto ele não podia demonstrar seu desapontamento, afinal de contas ele era Draco Malfoy, o imbatível.

- Bom... Se é assim que você quer... – ele sentiu sua voz ligeiramente embargada.

Hermione apenas o olhou e balançou a cabeça positivamente com o sorriso triste no rosto. E, vendo que Draco não demonstrava nenhuma expressão no rosto e olhava dela para o chão, ela passou uma das mãos sobre o braço dele e em seguida se levantou sem nada dizer, para logo em seguida sair da masmorra com um nó na garganta.




N/a: Pessoas, quero mais uma vez agradecer aos comentários e dizer que estou aberta a mais opiniões e mais comentários! ;) Então não se acanhem!! Vão em frente!
Bjos
Lina Bars.


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