A Primeira Aula De D.C.A.T.



Harry parecia demorar mais do que a ansiedade de Loueine podia suportar. A garota consultou seu relógio de pulso e pôs-se a caminhar de um lado para o outro, os braços cruzados, sempre olhando para o alto da escada que levava ao dormitório masculino. Começou a ficar ainda mais tensa ao pensar na possibilidade de alguém entrar e perguntar pelo o que ela estava esperando exatamente, pois lembrava rigorosamente do pedido da Profª McGonagall quanto à discrição dos dois. Finalmente, após uns dez minutos, Loueine parou e viu a silhueta de Harry refletida pelas chamas crepitantes da lareira na parede da escadaria.

- Puxa! Eu estava ficando preocupada! O que houve?

- Desculpe, estava procurando tudo o que achei necessário para a nossa... - Harry parecia tentar achar as palavras certas.

- Primeira aula? – completou a garota com um brilho que realçava ainda mais seus olhos azuis.

- É! Isso!

- Então podemos ir agora? Acho que os outros alunos não vão demorar muito para subirem, o jantar já deve estar quase encerrando.

- Provavelmente. Então você vai primeiro. Eu vou daqui a dois minutos! – Harry apontou o caminho para que Loueine fosse na frente e ela o fez. – Se queremos mesmo despistar os outros, não é bom que nos vejam juntos.

- E onde eu espero por você?

- Perto da tapeçaria de Barnabás, o Amalucado. Sabe onde é?

- Eu descubro. – disse num sorriso cintilante.

- Ótimo!

Loueine cruzou o buraco desaparecendo de vista. Quando Harry tomou fôlego, imaginando como exatamente seria “dar uma aula”, pois nem sequer planejara a mesma, Gina adentrou sorridente.

- Oi Harry!

- Gina?

A garota reparou o quão surpreso Harry estava em vê-la.

- Ora, é claro que sou eu seu bobo. Conhece mais alguma ruiva que seja de Grifinória? – perguntou ela em tom brincalhão, no que Harry não pode deixar de sorrir.

- Obviamente não há outra igual! – Gina ficou ligeiramente corada. – Mas ainda é cedo para estar aqui, não? – perguntou Harry consultando o relógio. – Há algumas semanas você tem sido uma das últimas a subir para a torre.

- Bem, é que... eu tenho umas coisas para fazer!

- Não me diga que é dever de casa?

- Ah não, eu estou aproveitando o feriado com louvor!

- Menos mal então. – Harry sorriu de novo, passando por Gina.

- Ei! Aonde vai com todas essas coisas?

Harry parou sem saber o que dizer. Estava começando a suspeitar que era mal dos Weasleys fazer perguntas difíceis.

- Eu... vou estudar mais um pouco, os Testes já estão perto.

- Ah é, os Testes! Então até mais Harry!

Gina acenou e rumou para o dormitório das meninas. Harry fez questão de esperar mais um pouco para ter certeza de que Gina não viria atrás dele. Sabia muito bem o quão esperta ela era e que sempre desconfiava de tudo. Depois de um minuto concluiu que já dera tempo suficiente de Gina voltar. Ainda sim não pode deixar de olhar para trás enquanto caminhava pelos corredores. Temendo que mais alguém o visse pelo caminho e aproveitando que estava sozinho, Harry tratou de cobrir-se logo com a sua capa de invisibilidade e completar o seu caminho até a tapeçaria de Barnabás, o Amalucado, que já não estava tão longe. Logo que avistou Loueine encostada na parede olhando para o lado oposto ao dele, Harry despiu a capa para não assustá-la.

- Vejo que encontrou o lugar!

- Nossa! De onde você veio que eu não vi?

- Essa é uma longa história que te conto depois. Desculpe te fazer esperar de novo.

- Sem problemas. Mas... porque queria que eu esperasse aqui?

- Já vai saber. – Harry colocou sua mochila no chão e começou a apalpar a parede próxima a tapeçaria resmungando alguma coisa. Loueine que se mantivera quieta até então, engoliu em seco e franziu a testa encabulada. Harry, no entanto, parecia bem à vontade já que sabia que ninguém ia até lá, a não ser que estivesse com segundas intenções. - Acho que é aqui, só preciso... preciso... – Harry falava para si mesmo. – Claro! “Quero a Sala de reuniões da AD”! – falou de olhos fechados e de repente foi como se ele tivesse dito a senha para uma porta, que até então era somente parede, abrir e colocar a vista uma grande sala cheia de almofadas e tapetes. Loueine ficou estupefata com o que vira. – Vamos! Ela só fica aberta por alguns instantes.

Loueine cruzou a porta ainda absorta com tudo aquilo. Depois Harry deu mais uma olhada ao redor para ter certeza de que ninguém os observava e entrou também. A porta falsa fechou-se atrás deles com um baque leve. Loueine virou-se preocupada.

- Mas eu pensei que ela não ficasse à mostra. – questionou olhando para a porta.

- Não fica. – Loueine fez um olhar desentendido. - Não lá fora. Quem passar por aqui verá apenas uma grande parede empoeirada, nada mais.

- Ual! Eu estou impressionada com a quantidade de surpresas desse lugar.

Loueine olhou de Harry para a sala imensa de novo. Apesar de estar fascinada, imaginou que o lugar precisava de um pouco mais de luz. Pronto! A lareira até então adormecida acendeu clareando todo o ambiente. Ela levou as mãos na boca abafando um gritinho.

- Esta é a Sala Precisa, basicamente ela projeta tudo o que você deseja, como a luz, por exemplo.

- Sala Precisa? Interessante! E o que exatamente é... AD?

Harry olhou para ela surpreso.

- Ah, você me ouviu?

- Bem, se vai mesmo ser o meu professor tenho que prestar atenção em tudo o que você fala não é? – disse Loueine se aproximando um pouco mais de Harry que se sentiu desconcertado. Era impressionante como ela conseguia deixa-lo desconcertado nos momentos mais imprevisíveis. Harry recuou um pouco ficando a uma distância que considerou segura para evitar aquele mal estar.

- Bem, a AD era uma... sociedade secreta formada por alguns alunos do quinto ano, que como você, queriam aprender D.C.A.T..

- Então esse era o nome da sociedade que você presidiu?

- Como sabe que...

- Um garoto chamado... Neville me falou. Por isso eu fui te procurar. Mas ele não entrou em detalhes, apenas fez questão de dizer que você era um bom professor.

- Na verdade essa idéia não partiu de mim e sim de uma... amiga minha.

- Hermione Granger?

- É.

- Mas foi você quem executou a idéia não?

- Eu não poderia executar se não tivesse uma equipe realmente dedicada.

- Mas porque uma cosia que me parece tão importante era mantida em segredo?

- Porque não podíamos estar fazendo isso. Na verdade fomos proibidos de estudar D.C.A.T. pela nossa professora daquele ano, Dolores Umbridge.

- A professora de vocês proibiu aulas de D.C.A.T.? Mas como, se ela era a professora responsável por esta disciplina?

- Apesar de eu ter tido o desprazer de conhecê-la, até hoje eu não entendo muito bem o que passava pela cabeça dela.

- Entendo.

Depois de alguns segundos de silêncio Harry abaixou-se e começou a revirar sua mochila. Loueine sentou-se frente a ele atenta à tudo o que ele retirava dela. A maior parte eram livros. Depois de ter em suas mãos apenas o que ele julgava ser útil, Harry começou a falar.

- Bom, eu não sei bem por onde começar, mas já que você estava lendo sobre Patronos, podíamos começar com eles.

- Patronos? Vai me ensinar a conjurar um Patrono? – perguntou a garota empolgada.

- Não hoje. Digamos que é melhor termos aulas...

-Teóricas? - arriscou Loueine.

- É. – Harry sorriu fino. - Primeiro porque ainda é muito cedo para aulas práticas e segundo porque para se conjurar um Patrono precisamos de algo como um bicho papão para praticarmos.

- Você quer dizer algo do qual tenhamos medo?

- Vejo que é amiga dos livros! – comentou Harry impressionado com a dedicação dela. Loueine corou sorrindo. – Bem, conjurar Patronos... – Harry caminhava enquanto falava. - ...exige grande força de vontade, coragem e principalmente paciência. Normalmente não é possível obter um resultado imediato quando tentamos conjurar um e não podemos nos frustrar ou desistir por isso.

- Você levou muito tempo?

- Sim, desmaiei algumas vezes antes de conseguir conjurar um.

- Então eu vou desmaiar?

- Não necessariamente. No meu caso eu tive de conjurar um Patrono contra um monte de Dementadores.– Loueine arregalou os olhos. – Eu estava no terceiro ano e naquela época, os Dementadores eram a coisa que eu mais temia. Eles são criaturas muito fortes e eu não tinha muitas lembranças boas o suficiente para enfraquecê-los. Então era eu quem enfraquecia até desmaiar. – Loueine parecia presa a cada palavra de Harry. - Mas isso não importa agora, o que importa é como você poderá conseguir isso, está bem?

- Cla... claro! – concordou a garota rapidamente.

- Então segure isso. – Harry aproximou-se dela e entregou-lhe um pedaço de madeira muito parecido com uma varinha.

- Su... sua varinha? – os olhos dela brilharam incertos.

- Não. É apenas um pedaço de madeira. É melhor praticarmos com isso do que com as verdadeiras.

- Tá, mas você não disse que teremos apenas aulas teóricas por enquanto?

- Exatamente por isso não usaremos nossas varinhas. - ele deve saber o que faz, pensou Loueine empunhando a falsa varinha. – Vamos apenas treinar os movimentos e o feitiço para conjurar um Patrono.

- Espec... espec... ai, como era mesmo?

Harry sorriu.

- Especto Patronum?

- Isso! Isso! Como pude esquecer? Li esta parte umas cinco vezes, se quer mesmo saber.

- É engraçado o seu interesse por este assunto.

Loueine engoliu em seco como se estivesse surpresa.

- Ora, e... porque é engraçado?

- Porque geralmente as pessoas têm bastante receio.

- Minha curiosidade e vontade de aprender coisas novas são maiores que o meu receio! - a garota a sua frente era a mais decidida que já vira, até mais que Hermione, esta que agora só o deixava confuso. Por alguns segundos ele pensou mais uma vez no porquê de Hermione não se importar com Loueine e ficou absorto em seus pensamentos. – Harry?

Chamou-o Loueine fazendo Harry voltar à tona.

- Sim? – respondeu com naturalidade.

- O que eu faço agora? – perguntou ela ainda com a varinha em punho.

- Bom, acho que é melhor que se levante.

Ela concordou, ficando de pé e estendendo a mão para ajudar Harry. Ele hesitou um pouco, mas não negou a ajuda para levantar-se. Estavam frente a frente agora. Harry podia negar tudo, menos o fato de que ela era realmente linda. Não queria, mas de fato não conseguia tirar os olhos dela.

- Quer... que eu faça o quê agora? – perguntou ela fazendo Harry piscar e desvencilhar o olhar. Ele pigarreou e andou alguns passos.

- O movimento que fará com a varinha deve ser bem ágil quando estiver diante do perigo. Terá que agir antes que ele perceba, está entendendo?

- Acho que sim. E qual o movimento devo fazer?

- Segure forte e depois gire e sacuda. – explicou Harry insinuando o movimento no ar bem devagar. – Tudo bem?

- Girar e sacudir. – repetiu Loueine, porém com a falsa varinha.

- Ótimo! Agora... feche os olhos.

A garota parou um instante espantada.

- Como disse?

- Bem, é que se queremos realmente imaginar uma situação verdadeira, precisa concentrar-se em suas lembranças mais fortes e felizes.

Explicou Harry sério. Loueine fechou os olhos devagar e tentou pensar em algum momento feliz. Quando ameaçou falar alguma coisa Harry alertou-a de que não precisaria contar a ele no que pensara, apenas abrisse os olhos quando estivesse pronta. E foi exatamente o que ela fez.

- Pronta? -ela assentiu com a cabeça.

- Então agora repita devagar: Especto Patronum!

Loueine segurou firme a varinha e fechou os olhos mais uma vez.

- Especto Patronum! – falou singelamente.

- Isso! Agora tente fixar seus olhos naquele castiçal... – Harry apontou o castiçal à direita deles. - ...e imagine que ele seja um Dementador. – Apesar de ser quase impossível comparar aquele belo castiçal iluminado tão belamente pelas velas à um terrível Dementador, Loueine concordou se preparando. - Quando estiver pronta empunhe a varinha e faça o movimento que te expliquei acompanhado do feitiço... em voz alta e forte.

- Está bem!

Loueine fixou seus olhos no ponto onde Harry indicara, respirou fundo e fez exatamente o que ele pedira.

- Especto Patronum!

A voz dela ecoou por toda a Sala, como se fosse um eco acompanhado de um imenso clarão verde e de um estrondo, no que Harry fechou seus próprios olhos e tampou os ouvidos. Depois de alguns segundos Harry mirou o castiçal, ou pelo menos o lugar onde ele devia estar, e não pode compreender o que acabara de presenciar. O castiçal fora completamente destruído e em seu lugar havia chamas. A respiração ofegante, Loueine largou-se no chão assustada.

- O... o que foi isso? – disse Harry virando-se para Loueine encabulado e começando a caminhar até ela. – Eu disse que não devia usar a sua varinha, não disse? – Num impulso ele tomou a varinha da mão da garota que ainda permanecia imóvel. – Mas... mas esta é... a varinha falsa! – Harry não podia crer. Por um momento ele estava certo de que a explicação para tudo aquilo seria dada pelo atrevimento de Loueine que trocara a varinha falsa pela verdadeira, devido a sua ansiedade, mas infelizmente era um engano. A varinha que tinha em suas mãos era com certeza a falsa. Harry franziu a testa a abaixou-se junto a ela. Os olhos azuis da garota estavam vidrados e lacrimejantes. Harry mirou-a bem e colocou suas mãos nos ombros dela. – Loueine? – chamou ele sacudindo-a levemente. – Loueine?

- Hã! – Respondeu ela piscando pela primeira vez depois de tudo e abafando um grito.

- Você... está bem? –perguntou Harry incerto.

- Eu... eu não sei, eu... mas o que foi que aconteceu? – perguntou num tom de voz ainda trêmulo.

- Você não trocou as varinhas não é?

Loueine parecia demorar a assimilar tudo o que Harry estava dizendo.

- O quê?! Não, eu juro que não! Eu nem a trouxe para cá, deixei-a no meu quarto.

Ela parecia meio zonza ainda.

- Tá! Tudo bem! Ehhhh... neste caso, eu acho que você acaba de executar um feitiço verbal.

- Verbal? Quer dizer sem precisar de uma varinha?

- Exatamente! Só que... é estranho.

- Estranho? O que é estranho?

Harry desviou os olhos e espremeu os lábios antes de prosseguir.

- Bom Loueine, somente os bruxos mais experientes conseguem executar um feitiço como este sem o uso de uma varinha.

Loueine engoliu em seco.

- Bruxos experientes?

- Ha-ram. – concordou Harry. – Você não deve ter consciência do quão poderosa é, eu acho.

- Poderosa?

- Eu não tenho outra explicação. Provavelmente você deve ter a mesma idade que eu, dezessete anos, portanto temos o mesmo grau de estudo. E pelo o que me contou você não tem aprendido muito sobre estas coisas em sua escola. Talvez você seja, sei lá, uma bruxa superdotada.

Loueine arregalou os olhos.

- Não Harry! Eu não sei o que foi que eu fiz, mas não sou poderosa e nem superdotada! - ela ficou de pé bastante inquieta. - Eu...eu estou aqui para aprender e.... foi um acidente! - Harry também ficou de pé espantado com a reação dela. Qualquer um tão empenhado como ela, teria ficado orgulhoso por ter uma capacidade avançada com feitiços, mas ao contrário ela parecia aflita. – EU NÃO TIVE CULPA! – bradou ela ofegante.

- Ei! Eu jamais disse que você teve culpa alguma. Só fiquei surpreso com...

- Surpreso? É melhor tentar assustado!

- Calma Loueine, não precisa ficar exaltada assim, eu....

- Eu não tive culpa! Eu não tive culpa!

Ela foi se afastando até a entrada de costas para a mesma.

Olhava por toda a sala como se procurasse mais alguém além de Harry. Até encostar-se na porta procurando a maçaneta e abrindo-a violentamente.

- Espere Loueine, você não... pode ir.

O baque foi forte quando ela saiu. Harry sentou-se no chão pensativo, sentindo-se responsável por tudo. Será que devia ter começado com um assunto daqueles? Provavelmente aquela seria a primeira e única aula que os dois teriam e com certeza a Profª. McGonagall o advertiria seriamente por este episódio. Lembrou-se da carta de Sirius e do conselho que recebera sobre procurar Lupin diante de qualquer dificuldade, principalmente porque o próprio Lupin fora quem o ensinara como conjurar um Patrono. Harry estava certo de que era exatamente o que ia fazer, procura-lo, assim que saísse da Sala Precisa.

BOM PESSOAL, DEPOIS DE MAIS UM CAPÍTULO PRONTO EU QUERIA AGRADECER UMA PESSOA AMIGONA MINHA E QUE CHAMO DE MINHA EDITORA PESSOAL...RSRS. JÁ QUE TENHO TUDO RASCUNHADO, SEMPRE PEÇO A OPINIÃO DELA ANTES DE POSTAR E ELA ME AJUDA MUITO A MELHORAR MINHAS IDÉIAS. ENTÃO, BEIJO MARIANA CECÍLIA E OBRIGADA POR ME ATURAR, VOCÊ É DEMAIS!!!


Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.