Quadribol



Londres
(1961-1963)



Voldemort acordou no dia seguinte sentindo como se um caminhão tivesse passado por cima de seu corpo, e embora ainda fosse tão cedo que a luz do sol não passava de uns rasgos cor-de-rosa colorindo o céu, Ann já não estava ao seu lado. Então levantou-se silenciosamente, mesmo que soubesse que não havia mais ninguém além deles dois e de Hunter na casa, e caminhou por toda a casa, chamando seu nome, mas não parecia haver viv´alma por ali.

And I’d give up forever to touch you
E eu desistiria da eternidade para toca-lo
´cause I know that you feel me somehow
Porque eu sei que você me sente de alguma maneira


Foi somente uns bons vinte minutos depois que ouviu a fina e melodiosa voz da garota, envolvente como o lamento de uma fênix, entoado tristemente. Ele seguiu o som até acha-la debruçada sobre o parapeito da varanda, enquanto o vento sacudia os longos cabelos brancos, ornados pela grinalda de noiva que ela por algum motivo obscuro tornara a vestir.

You´re the closest to heaven that i´ll ever be
Você é o mais próximo do paraíso que eu estarei
and i don´t want to go home right now
E eu não quero ir para casa agora


Voldemort não foi capaz de reconhecer aquela música que corria suave, e vinda da voz dela era um som triste e alegre, ainda mais doce no tom de lamento em que ela entoava a canção, e ele sentiu que de alguma forma, aquela voz não era humana, embora pudesse reconhecer as palavras...

And all I can taste is this moment
E tudo que eu posso provar é esse momento
And all I can breath is you life
E tudo que eu posso respirar é a sua vida


Mas agora a letra assumia um novo significado, e ele percebeu que aquelas eram suas derradeiras palavras. Sabia que isso ia acontecer, mais cedo ou mais tarde, no entanto, não pôde reprimir uma pequena sensação de angústia... Ou talvez esse fosse mesmo o efeito do canto da fênix.

Cause sooner or later it´s over
Porque cedo ou tarde isso acaba
I just don´t want to miss you tonight
Eu só não quero te perder esta noite


Não percebeu como isso acontecera, mas quando deu por si, já havia enlaçado sua cintura e a aproximara de si, e assim ficou, sentindo o singular cheiro de jasmim que sua pele emitia.
Ann nada disse, mas aconchegou-se em seus braços, como se apesar de tudo eles lhe trouxessem segurança.

And I don’t want the world to see me
E eu não quero que o mundo me veja
Cause I don’t think that they’d understand
Porque eu não acho que eles entenderiam


E assim ficaram, assistindo ao belo nascer do sol, com seus raios dourados que faziam as telhas refulgirem, revelando insuspeitos reflexos avermelhados na cabeleira platinada dela.
Ele, por sua vez, amaldiçoava-se por ser incapaz de afastar-se dela, de repeli-la quando Ann se virou e afundou o rosto em seu peito e começou a chorar baixinho. Ao invés de repudia-la, apenas afagou levemente o rosto marcado pelas lágrimas...

When everything is made to be broken
Quando tudo é feito para ser quebrado
I just want you to know who I am
Eu só quero que você saiba quem eu sou


Mas enfim chegou o momento em que Voldemort retornou a si, e Ann pareceu sentir essa mudança antes mesmo que ele soltasse o abraço, e foi quando ela disse:
“Se eu não me matar, você me matará.”
“Matarei.”
Ela tornou a se aconchegar nos braços protetores, mas não chorava mais.

And you can’t fight the tears that ain´t coming
E você não pode lutar contra as lágrimas que não vêm
Or the moment of truth in your lies
Ou o momento de verdade em suas mentiras


“Adeus, Ann” – Disse, por fim, e soltou-a.
“Adeus, Tom” – E havia uma fria determinação em sua voz.

When everything feels like the movies
Quando tudo parece como nos filmes
And you bleed just to know you’re alive
E você sangra só de saber que está viva


Seus lábios se uniram num beijo singelo, e ele enxugou uma última lágrima que escorria do canto dos olhos dela antes de sair.

[...]

Ele só foi encontrar o corpo de Ann algumas horas depois, com o pescoço pendendo fantasmagoricamente sob o peso de seu próprio corpo, protegido pela sombra da bétula em flor na qual ela havia se enforcado. Retirou-a de lá, e resolveu que não havia um local mais apropriado para enterra-la do que na caverna onde a encontrara, onde tudo aquilo tivera início...
E assim fez, não sem antes retirar o colar que ela ainda mantinha no pescoço, o colar com que sua tia a havia presenteado, repassado por gerações e gerações de mulheres Ravenclaw e guarda-lo, resolvido a transforma-lo, futuramente, em mais uma Horcrux.
Não lamentou a morte de Ann; seu momento de fraqueza havia passado. Supunha que aquele ridículo arroubo de romantismo na sacada da varanda não passara do efeito do lamento da fênix que ela entoara, e talvez um pouco de pena. Oh, sim, sentira muita pena de Ann, de um jeito ou de outro. Não do que lhe fizera, afinal, fora ela quem caíra em seus braços para início de conversa e ele não poderia ter feito nada sem seu legítimo consentimento. Mas a pobre Ann tivera, sim, uma vida muito sofrida, e afinal, a idéia de mantê-la para si como amante não era de toda ruim.

O final do ano chegou rapidamente, e junto com ele um monte de neve gélida, e ainda mais planejamento a respeito de seus próximos passos no que dizia respeito ao que a hipócrita sociedade bruxa (que se dizia escandalizada, mas no fundo aprovava) chamava de “Eugenia mágica”. Não ousaram tornar a atacar os trouxas, não diretamente pelo menos, mais às sombras seu exército de admiradores e apoiadores crescia. Os Crouch, os Black, os Bulstrode, os Malfoy e outros membros do alto escalão puro-sangue eram os que mandavam cartas (anônimas) em apoio às polêmicas colunas que Voldemort e alguns de seus comensais escreviam e publicavam no profeta Diário apoiando a “purificação da raça”, e a limitação das vagas em Hogwarts aos puro-sangue.

Alguns meses depois, já perto das férias de verão, Abraxas Malfoy chegou ao covil dos Comensais da Morte trazendo uma espetacular notícia: a Copa Mundial de Quadribol seria sediada em Londres naquele ano, e ele e a família haviam ganhado camarotes de honra, e conseguido um para Voldemort também.
De fato, ele nunca fora um grande apreciador de quadribol, nunca superara seu trauma de vassouras e de qualquer maneira, considerava aquele tipo de coisa uma perda de tempo inútil. Mas bem sabia que toda a alta sociedade estaria lá, e seria uma oportunidade imperdível de conquistar novos aliados.

Então, num ensolarado final de julho, Voldemort e alguns comensais mais bem-nascidos aparataram em frente aos portões mágicos desabando de feitiços anti-trouxas (se algum passasse por lá veria uma velha casa em ruínas com um terrível aspecto mal-assombrado) do grande estádio de quadribol montado no alto de uma colina em meio a uma floresta pela qual eles tiveram de passar – não era possível aparatar diretamente dentro do estádio por questões de segurança.
Uma multidão acampara ao redor do estádio; as barracas magicamente ampliadas tingiam o cenário de azul, vermelho e branco (as cores da finalista França) e uma outra metade dos torcedores colorira suas barracas de vermelho, amarelo e negro, as cores da Alemanha.
Malfoy havia trazido a família também – a mulher Harriet e seu pequeno filho Lúcio (que apesar da idade, ficou muito excitado de conhecer o “Mestre” de quem seu pai tanto falava), insuportavelmente idêntico ao pai.

Malfoy não mentira ao alegar ter conseguido o melhor camarote – flutuava magicamente bem acima das arquibancadas abarrotadas de gente, proporcionando uma visão privilegiada do campo. Foram os primeiros a chegarem, e assim que o fizeram, Lúcio correu pelo corredor até chegar à vidraça onde se encostou, e muito animado, pôs-se a comentar sozinho a escalação da seleção francesa, por quem torceria.

“Ele não é uma gracinha?” – Comentou afetadamente a mulher, cheia de orgulho do filho.
“Espero que um dia ele possa me ser tão útil quanto o pai”
“Ele será, meu senhor, será, prometo-lhe!” – Exclamou Abraxas, meio emocionado.
Mas outros convidados estavam chegando, e ambos os homens se levantaram, dando início ao entediante processo de apertar mãos e mais mãos.
“... Walburga Black, senhor, e meu filho Sirius; estou absolutamente encantada...” – Cumprimentou-lhe uma mulher, e um menininho moreno e franzino às suas costas, que devia ter uns dois ou três anos de idade, insistia em se esconder atrás da mãe – “Ora, Sirius, não seja mal-educado, cumprimente Milorde Voldemort...”
O menininho hesitou alguns instantes antes de estender a mãozinha e cumprimentá-lo de volta.
Voldemort sorriu-lhe o mais educadamente possível, mas assim que a mãe deu as costas para cumprimentar o novo Ministro da Magia, Sirius mostrou-lhe a língua desobedientemente. Antes que pudesse ensaiar uma resposta à altura do atrevimento do garoto, porém, uma outra pessoa já começava a apertar sua mão.
“...Druella Black, e minhas filhas Bellatriz e Narcisa, muito prazer, senhor...” – E duas garotas, uma de uns oito ou nove anos, e outra um pouco mais nova, da idade de Sirius mais ou menos, deram um passo à frente e inclinaram educadamente a cabeça em sinal de respeito. Mas enquanto Narcisa manteve se a uma distância segura, Bellatrix se aproximou ainda mais e como a criança precoce que era, fez questão de apertar-lhe a mão e fazer um breve comentário que a mãe não ouviu:
“Acho o senhor brilhante... Sangues-ruins merecem morrer!”

Mas novamente, antes de sequer ter tempo de se perguntar o que diabos tinha acontecido com essas crianças (no seu tempo não era assim!), sua atenção foi desviada para uma figura alta e magra, de barbas prateadas e cumpridas, trajando chamativas vestes amarelas – Dumbledore!
Se algo podia estragar seus planos para aquela noite, era Dumbledore!


Voldemort se afastou, pretendendo se esconder do Diretor atrás da pequena multidão no camarote, mas antes que o fizesse, Dumbledore o viu, e largou a mão de Walter Karkaroff, Ministro da Magia alemão, e caminhou decididamente em sua direção, exibindo no rosto aquele sorriso odiosamente tranqüilo que sempre ostentava.
“Tom! Meu caro Tom! Estava mesmo precisando falar com você!”
“Agora não posso, Dumbledore, estou ocupado” – Rosnou baixinho, mas Dumbledore nem ligou.
“Não tem importância; o que tenho para falar será rápido...”

Mas Voldemort foi salvo pelo gongo, porque naquele exato momento os refletores do campo abaixo deles se acenderam, e o jogo teve início.

Bem vindos, senhoras e senhores, à quadricentésima décima quarta Copa Mundial de Quadribol! E agora, sem mais demoras, vamos apresentar... Os mascotes do time da Alemanha!

Voldemort observou interessado os pequenos seres que lembravam gnomos, que surgiram do nada em meio à uma explosão de fumaça vermelha, amarela e negra, os Erklings, que começaram a ensaiar uma bizarra coreografia que lembrava demais líderes de torcida americanas (haviam até mesmo pompons), e então, quando todos já gargalhavam ante à bizarra dança das criaturinhas, os gnomos Erklings largaram seus pompons e começaram a dar terríveis gargalhadas agudas, e logo muitas crianças tinham se desvencilhado de seus pais e eram magicamente atraídas na direção dos seres, quando o locutor foi obrigado a descer do camarote e azara-los para impedi-los de devorar alguma criança. A narração recomeçou.

E agora, por favor, dêem as boas vindas para os mascotes do time francês!

Mas quais eram os mascotes franceses, Voldemort não chegou a ver, porque a noite havia finalmente chegado, e apenas as fortes luzes do estádio estavam acesas; o camarote imerso na penumbra, e pôde escapar para fora sem que ninguém o visse.

Malfoy, Rookwood, Lestrange, Nott, Rosier, Dolohov; alguns novatos: Mulciber, Macnair, Amico e Aleto Bulstrode, todos o esperavam do lado de fora do estádio, escondidos pelas sombras da densa vegetação que rodeava o estádio.

Meus amigos” – Sussurrou Voldemort meio emocionado, ao ver tantos Comensais reunidos ali àquela noite. – “Fico satisfeito que tenham atendido ao chamado da Marca Negra, mesmo rodeados de aurores e bruxos do Ministério como estamos hoje.”
“Nós nos sentimos honrados de servirmos ao senhor, Milorde...” – ofegou Aleto, prostrando-se a seus pés e beijando a barra de suas vestes humildemente.
“Hoje à noite” – Prosseguiu, ignorando a Comensal a seus pés – “Vamos nos divertir, meus caros. Lancei uma maldição poderosa nas pessoas que estão lá dentro do estádio, e durante algumas horas, todos aqueles de sangue impuro terão a Marca Negra pairando sobre o corpo.”

Cochichos excitados correram entre os Comensais, todos estavam surpresos com a dimensão dos poderes de seu Mestre!
Lá dentro do estádio, a partida se desenrolava rapidamente...

Herberman passa a goles para Muller, que é interceptado por Marat – oh, não, que lugar horrível para se levar um balaço! A goles agora de posse de Potsdam, interceptado novamente por Marat, já recuperado, que corre até o aro, faz tabela com Gironde... Ponto para a França!

Voldemort e os comensais se esgueiraram como sombras de volta ao estádio, e conforme previra, haviam muitas marcas negras verdes e fantasmagóricas flutuando sobre diversas cabeças...

...mais uma espetacular defesa do goleiro francês, mas ele arremessa a goles para o lado errado, que cai direto nas mãos Kohl, o time alemão avança novamente... Mais uma defesa de Chenier; que goleiro esses franceses foram arrumar! Mas... espere... Brandt parece que viu alguma coisa... Sim, senhores, o apanhador alemão decididamente avistou o pomo! Corday corre atrás também, mas Brandt está muito na frente... Ele vai apanhar o pomo, só mais alguns metros...

Mas no momento que o apanhador alemão estendeu a mão para agarrar o pomo, algo aconteceu... Algo que Voldemort havia planejado... As luzes do estádio se apagaram repentinamente, e o urro da torcida ecoou, todos muito frustrados. Milhares de varinhas foram acesas, e era possível ver a confusão estampada nas faces de cada espectador, e também dos jogadores que flutuavam parados no ar em cima de suas vassouras, sem entender nada daquilo.

Rodolfo Lestrange foi o primeiro a apanhar um adolescente franzino nascido-trouxa, e o arrastou silenciosamente para longe da multidão, levando-o até a clareira na floresta perto da saída onde estivera há pouco.
“Qual o seu nome?” – Evan rugiu, e Voldemort pôde ouvir seu Comensal abafando um riso cruel.
“Granger... Lion Granger...”
“Você é um sangue-ruim e merece sofrer, você sabe disso, não sabe, Granger?”
“N-não, senhor, por favor, não...!”
Crucio!”
Os gritos do garoto foram abafados por um outro feitiço, e Lestrange o abandonou à própria sorte para sofrer calado, e foi se juntar a Voldemort. Não seria reconhecido, ninguém seria, estava mascarado...

Só depois dos Comensais terem rendido pelo menos uma dezena de outros bruxos, e os torturado em silêncio, ou até mesmo matado alguns mais valentes, é que o restante do público tomou consciência do que estava acontecendo, e o pânico instaurou-se na multidão, que saiu correndo desabalada – os gritos misturando-se aos choros de crianças desgarradas; logo um pequeno incêndio havia começado no camarote do locutor e aurores do ministério caçavam sem sucesso os encapuzados que se misturaram na multidão, e continuavam abatendo bruxos desavisados em cujas cabeças pairava a Marca Negra visível apenas para os Comensais e para Voldemort, que por sua vez estava adorando aquele espetáculo. Tinha subido novamente no camarote de honra agora totalmente solitário e assistia tudo de cima; achava aquilo tão mais divertido do que quadribol...

“Sabe, sangue-ruim...” – Disse para um de seus prisioneiros – “Eu adquiri uns poderes realmente legais recentemente, e gostaria de testar alguns, o que você acha?”
O homem não respondeu, sacou uma varinha de dentro das vestes, mas antes que a tivesse apontado, Voldemort apenas sacudiu a cabeça ligeiramente, como quem espanta uma mosquinha irritante, e a varinha voou metros longe do outro bruxo.
“Será que eu consigo lançar uma Imperdoável sem varinha?”
Mentalizou o feitiço, e apenas apontou um dedo para o outro bruxo.
“Veja só que interessante, parece que eu consigo mesmo...” – E riu uma risada aguda e maligna ao ouvir os urros de dor do homem.
Tornou a apontar o dedo para o homem, que foi lançado contra a vidraça, e se rompeu em estilhaços cortantes, mas ele não caiu, ficou pendurado como que por um fio, e o nascido-trouxa se sacudiu desesperadamente, solto no ar, a centenas de metros do chão...

Voldemort quebrou o encantamento por alguns segundos, fazendo o outro bruxo cair alguns metros no abismo abaixo de si, e então o alçou de volta ao chão do camarote.
“Você não é tão inútil, é uma cobaia bastante versátil, na verdade...” – Riu novamente, e sacou a varinha do bolso das vestes, apontou-a para o outro bruxo, e algo como um fluxo de força maligna irrompeu da ponta da varinha, atingindo-o e fazendo o homem gritar desesperadamene, loucamente, mais ainda do que havia gritado ao receber a Cruciatus... Voldemort estava envenenando sua alma...
Antes que o processo estivesse completo, porém, uma voz fina e infantil soou às suas costas, fazendo-o se assustar.
Virou-se, rompendo o fluxo maligno que atuava sobre o pobre homem e encarou uma menininha morena que apesar de tudo, sorria encantada ante à cena.
“Você!” – Rugiu – “Que está fazendo aqui, menina, volte para seus pais!”
“Não!” – A menina gritou, e apontou uma varinha para o torturado que havia se arrastado até a própria varinha quando Voldemort desviara sua atenção. A varinha do outro homem tornou a voar para longe de seu alcance.
“Onde arrumou essa varinha, menina?” – Perguntou, impressionado.
“Roubei de algum sangue-ruim desacordado” – Ela falou, e deu de ombros.
Voldemort riu; não podia deixar de notar que a garotinha era muito sabida para a idade...
Crucio!” – ela gritou, apontando a varinha para o outro bruxo, mas obviamente nada aconteceu.
Voldemort tornou a rir, e tomou a varinha das mãos da menina.
“Vou lhe mostrar como se faz, tudo bem? Quando você crescer, pode botar em prática o que eu vou te ensinar. Crucio!” – e o homem tornou a gritar e se contorcer de dor.
“Vê? Bellatrix, é o seu nome, não é?” – Ela assentiu – “Tome, segure, tente manter o feitiço. Não se esqueça, é necessário querer causar a dor, ter prazer nisso... Você não sente prazer vendo esse sangue-ruim nojento sofrer?”
Bellatrix deu uma risadinha infantil, mas que soou estranhamente fria e cruel, e tomou a varinha do bruxo, e a segurou, e manteve o feitiço por alguns minutos, surpreendentemente.

Mas no momento em que Bellatrix largou a varinha, já não podendo sustentar a maldição, que exigia poder demais de uma criança daquele tamanho, alguém entrou no camarote, e foi muita sorte Voldemort ter acabado de cobrir o rosto com o capuz.
Era Dumbledore, e estava lívido de raiva. Trazia em seu encalço dois aurores.
Voldemort teve tempo apenas de agarrar Bellatrix e desaparatar diretamente no gramado deserto e fumegante, antes que Dumbledore os visse.

“Escute, Bella” – Disse Voldemort à menina assim que chegaram à saída – “Você será muito bem-vinda, se no futuro, resolver ingressar os Comensais da Morte. Eu poderia lhe ensinar mais, muito mais, do que você viu esta noite... Agora , antes que nos achem!”
Bellatrix concordou assustada e correu para a saída, onde sua mãe lhe esperava aflita.

[...]

TERROR NA FINAL DA COPA MUNDIAL DE QUADRIBOL – ESTRANHOS MASCARADOS CAUSAM DEVASTAÇÃO E DESMORALIZAM A SESSÃO DE AURORES


Ontem à noite, durante a realização da 414a final da Copa mundial de Quadribol, entre França e Alemanha, o terror e o pânico grassaram entre o público espectador.
Não se sabe ao certo o que motivou os ataques que resultaram na morte de quatro bruxos, a tortura de pelo menos doze e o dano permanente à mente de duas pessoas, mas estipula-se que tenha sido um ataque a mestiços e nascidos-trouxas, pois de alguma forma, somente estes foram atacados.
O Ministério certamente irá mandar instalar um inquérito à respeito desses eventos misteriosos, que por acaso possuem todos uma marca em comum; a apavorante caveira que pairou sobre o estádio durante a final ontem, já tendo aparecido há alguns anos durante o episódio que ficou conhecido como Massacre dos Onze Trouxas, e cuja autoria supostamente seria do bruxo que se auto-intitula Lord Voldemort.
Há ainda um boato correndo entre a população de que os seguidores desse mesmo homem, os Comensais da Morte, teriam sido os responsáveis pelos atentados. Embora fontes seguras afirmem conhecer a identidade e o rosto de Lord Voldemort, nada foi provado ainda, novamente deixando bastante claro a incompetência do serviço de segurança ministerial. Procurado pelos repórteres do Profeta Diário, o chefe da sessão de aurores, Herberto Nolan, sucessor da aparentemente mais competente Ernestina Tatler, assassinada brutalmente sem motivo aparente, e cujo corpo foi deixado também sob a assim chamada Marca Negra, não quis dar entrevista.
Para o Profeta Diário,
Rita Skeeter.


Ao abrir o jornal no dia seguinte e dar de cara com esta matéria, Voldemort não pôde deixar de rir alto, e imaginar a cara de Herberto Nolan se soubesse que o responsável por todos esses ataques estivera no camarote de honra, e foi cumprimentado por todos os membros do alto escalão da sociedade bruxa. Mas não devia tornar a fazer essas extravagâncias, poderia acabar sendo descoberto, e não pretendia se deixar descobrir tão cedo. Pelo menos não ainda, enquanto a guerra não havia começado... O que não tardaria a acontecer...

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Capítulo curtinho, para compensar o tamanho absurdo dos últimos dois; no próximo eu farei maior...
Foi legal escrever esse capítulo, vimos o Sirius Black de dois anos e a Bellatrix! Oh, a Bellatrix! Que criança mais malvada! Vimos que ela já se mostra bastante cruel, e o porquê dela admirar tanto o Voldemort, e ele prometendo a ela que lhe ensinaria mais coisas além do Cruciatus – que também vira seu feitiço preferido por ter sido Voldemort quem o ensinou.
E sim, eu sei que está meio cedo ainda (estamos em meados de 62) para a guerra começar, mas a coisa será mais na “surdina” no começo, depois é que estoura...
Ahh, gostaram da cena da final da Copa de Quadribol? Bem, eu calculei direitinho, acho, se a última copa foi em 1994, trinta e dois anos depois dessa daí, o que dão oito copas, e considerando que o Harry assistiu à 422a Copa, então esta era a 414a ...
Foi legal escreve-la também, eu abri minha enciclopédia no verbete “Revolução Francesa” e “Alemanha” e saí catando nomes hehe...
A música no começo é “Goo Goo Dolls - Iris”, eu adoro ela, estava ouvindo e resolvi coloca-la aqui, então espero que vocês não sejam diabéticos, porque essa cena foi bastante açucarada :P
E, aahhhh! Adivinhem só? GANHEI! Uhuu!! Ganhei o Oscar fanfic de Melhor Narrativa e Dramatização, estou tão feliz, tão feliz :D
Obrigada mais uma vez, galera...
Beijos,

Lillith

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