No rastro de Smith



Harry Potter e o Olho do Dragão
Capítulo Onze – No rastro de Smith


Quando ele abriu os olhos pela primeira vez, enxergou, ou pelo menos achou que tinha enxergado, uma luzinha tremilicante bem longe. Em torno dessa luzinha engraçada somente a completa escuridão. Mas Harry não se importou, os olhos estavam pesados e logo ele os fechou.

Na segunda vez a tentativa de averiguar onde estava se tornou mais profunda. Percebeu que estava deitado em uma cama macia e branca, e nada dela se parecia com a cama da Toca ou da casa de seus tios. A escuridão ainda era grande, mas notou alguns contornos próximos, como uma mesinha de cabeceira e uma cadeira.

O corpo doía bastante, assim como a cabeça, que parecia dar giros e mais giros em torno de si mesmo. Foi então que se recordou que alguém havia o atacado, um alguém que se escondia covardemente atrás das árvores. Tentou ao máximo desenhar o rosto do agressor em sua mente, porém não conseguiu identifica-lo.

- Não se esforce, Harry!

Uma voz vinda da escuridão sobressaltou Harry e uma vontade imensa de sacar a varinha apoderou-se sobre ele. No entanto ele não a encontrou em seu bolso. Tentou se levantar a fim de se colocar numa melhor posição de defesa, mas a dor o impediu de completar o movimento. E a voz novamente se ergueu entre a escuridão:

- Acalme-se, não vou feri-lo – E então uma figura se aproximou, a silhueta gorda e desajeitada foi logo se tornando visível.

A velha se postou ao lado da cama do jovem com um sorriso, os cabelos brancos e sedosos escorrendo entre os ombros. Harry imediatamente reconheceu o sorriso da velha senhora que conhecera ainda na casa dos Dursley. Reconheceu o olhar pacífico da mulher que aconselhara à beira de um rio quando estava hospedado na Toca... Não sabia o seu nome, mas era conhecida por ele como somente a velha.

- A senhora... – murmurou Harry.

- Sim, agora vê que não sou um bicho-papão – A velha deu uma risada soturna ao notar o rosto um tanto surpreso do garoto. – A velha misteriosa.

- Realmente, muito misteriosa.

Outro sorriso se estampou no rosto da mulher, mas dessa vez ela nada disse. Ajudou Harry se sentar cuidadosamente na cama e esperou que as perguntas que afloravam na cabeça do jovem jorrassem por sua boca.

- Onde eu estou? Onde estão Rony e Mione? E...

- Espere, vai com calma – disse ela fazendo uma expressão engraçada na face. – Eu poderei responder, mas só se o rapazinho ficar tranqüilo e não se exaltar muito.

Harry maneou a cabeça em acordo e suas bochechas ficaram inexplicavelmente vermelhas. Era estranho ser repreendido por aquela mulher. Era semelhante ao jeito que ele ficava quando Dumbledore o repreendia.

- Bem, agora sim – recomeçou ela juntando as mãos. – Você está na Ala Hospitalar de Hogwarts. Julgo que conhece isso aqui muito bem, sim?

- Hogwarts? Mas... Como fui parar aqui? Quero dizer, pensei que estivesse em St. Mungos.

Outra risada e depois a resposta:

- Seus amigos Rony Weasley e Hermione Granger viram você caído desmaiado em Godric’s Hollow. Os dois contataram Remus Lupin e se escolheu então que você fosse internado aqui em Hogwarts – Ela pausou – Você está aqui há uma semana.

- Uma semana? – exclamou Harry quase de imediato.

- Julgo que o feitiço estuporante foi muito forte e causou um dano considerável em seu corpo. As dores continuam, não é mesmo?

Com um balançar de cabeça perplexo, Harry confirmou a pergunta. Havia perdido uma semana em sua missão, era muito tempo. Quem poderia ter sido aquela pessoa que desferiu tão potente feitiço estuporante? Um nome cortou sua mente no momento, mas sua atenção foi voltada para a velha, que falava:

-... estão bem. Rony e Hermione passaram alguns dias na Toca e retornaram a Hogwarts ontem para o inicio das aulas.

- As aulas já começaram? – questionou Harry.

- Com números bem reduzidos de alunos, o ano letivo em Hogwarts começou mais uma vez.

- Quem é você, afinal? – perguntou Harry de supetão, a voz um pouco alterada, os olhos espreitando a figura da velha senhora.

A velha, por sua vez, não respondeu de pronto. Os olhos azuis ficaram estáticos por alguns segundos, a pergunta não foi a que ela esperava no momento. Surpreendida era o seu semblante, e Harry observou que por de trás daquele sereno rosto uma luta hercúlea se desenvolvia. Seria o momento da revelação?

- Eu...

Uma porta se abriu e a figura da Madame Pomfrey pode ser vista entrando, interrompendo a velha de se revelar finalmente. Com um sorriso, a velha se afastou e sumiu nas profundezas sombrias da Enfermaria. Harry ficou sem fala, sem movimento... Novamente a velha misteriosa escapara de suas mãos.

- Que cara é essa, Potter? – Madame Pomfrey defrontava-se com Harry, o candeeiro aceso posto bem perto do rosto do rapaz.

Sem dizer palavra, os olhos de Harry fitaram a porta ser aberta, mas nenhum vulto atravessou por ela, ou pelo menos, ninguém visível.

- Harry Potter?

Então ele voltou os olhos para a enfermeira e para ofuscante luz do candeeiro.

- Sim?

- Pensei que tinha entrado mais uma vez num estupor – disse ela mordendo os lábios. Tirou o candeeiro da cara de Harry, colocando-o sobre a mesa de cabeceira, e voltou a encarar Harry para uma rotineira avaliação.

Após o exame a enfermeira deixou Harry descansar mais um pouco e este aproveitou para dormir, porque já não mais suportava manter os olhos abertos. Dormiu, mas os seus pensamentos demoraram em deixá-lo em paz.


XXX XXX



Novamente a dor percorria seu corpo. Era a segunda vez que recebia a Cruciatus de seu milorde. A cena foi idêntica a da anterior, ocorrida minutos antes.

A varinha de Lord Voldemort era apontada para Severo Snape, que se contorcia no chão aos seus pés. Voldemort não se angustiava ao ver o servo se virar em dor, aquilo, ele pensava, era o necessário para pagar parte do erro que o outro cometera. Severo errara, agora ele pagava.

Finalmente a onda maléfica cessara, deixando tempo para Snape respirar. Enquanto ele se levantava, Voldemort se virou caminhando em direção a janela do quarto mal iluminado.

- Espero que sinta as dores, Severo.

- Sim, milorde – murmurou o outro.

- Espero que estas dores façam de você um servo mais dedicado...

- Sim, eu...

- CALE-SE! – berrou o bruxo das trevas, virando-se com toda a fúria ao bruxo embolado mais adiante. – SEU ERRO FOI INESTIMÁVEL, SEVERO! E VOCÊ SABE QUE NÃO TOLERO ERROS!

Dessa vez Snape balançou apenas a cabeça, ainda de cócoras e encarando Voldemort nos frios olhos vermelhos.

- Se não fosse o meu informante precioso eu não saberia de sua suposta traição que, ainda, me ouça bem Severo, ainda não foi provada. Mas é claro que você está por trás da fuga do menino Malfoy...

- Era necessário, milor...

- CRUCIO!


XXX XXX



- Puxa Harry, eu pensei que nunca mais você ia acordar!

- Ficamos preocupados.

Rony e Hermione se debruçavam na cama onde Harry jazia deitado, um pouco tonto porque havia acabado de acordar.

Diferentemente da última vez que acordara, a enfermaria era transbordada pela mais brilhante claridade advinda das grandes janelas. Fazia um sol bonito naquele dia, e quase ou nenhuma nuvem era vista pelas janelas.

- Fiquei muito tempo fora do ar – comentou Harry com um sorriso, tentando se levantar um pouco. As dores tinham diminuído bastante, mas de vez em quando ainda sentia algumas fisgadas nas costas.

- Quase duas semanas preso nessa cama – disse Rony ajudando o amigo com o travesseiro nas costas. – E o pior que em todas as ocasiões que viemos para visitá-lo você estava dormindo.

- Gina pensou que você não ia mais acordar – informou Hermione olhando vagamente os lençóis sobre a cama.

- Gina esteve aqui? – indagou Harry, o coração pulsando forte no coração. Era sempre assim, quando uma pessoa mencionava o nome de Gina o coração disparava. Àquele momento não foi diferente.

Hermione abafou o riso, afinal de contas soltara o comentário de propósito para ver a reação de Harry. Ela deu um sorriso discreto, confirmando que o amor de Harry pela ruiva ainda era firme no coração do amigo.

- Ela esteve, aliás, está aqui já que as aulas em Hogwarts começaram.

- Como não a vimos no salão comunal, descemos eu e Mione loucos para ver se você tinha acordado.

- Loucos para conversamos sobre as coisas que aconteceram ultimamente – frisou Mione olhando para Rony.

Sem dúvida, o que Harry mais queria no momento era conversar sobre tudo. Depois do ataque à igreja onde Gui e Fluer se casaram nunca mais Harry tocou sobre coisas relacionadas a sua missão. E novamente sua mente captou a figura sombria escondida atrás das árvores...

- E então? – fez Hermione se aproximando do amigo com uma certa interrogação no rosto. - Comece a contar o que aconteceu minutos depois que nós chegamos à Godric’s Hollow.

- Ah, claro! Eu esqueci que vocês não sabem o que de fato aconteceu para me encontrarem desmaiado - Ele parou, uma fisgadinha o fez se interromper. – Bem, depois que vocês me deixaram sozinho senti a presença de alguém atrás de mim e logo me virei.

- Era Snape? – Rony perguntou.

- Não, era Draco Malfoy – respondeu com um suspiro forçado.

- Draco Malfoy!? – exclamou Hermione afobadamente.

- Em pessoa e com um papo mais estranho desse planeta – continuou Harry sem dar tempo para Rony dizer alguma coisa. – Ele começou dizendo que queria minha ajuda! Notei no momento que estava mesmo desesperado, mas não dei importância e o chamei de assassino. – Hermione levou as mãos à boca, enquanto Rony ouvia atentamente a narrativa de Harry. – Começamos a discutir e não demorou muito para que eu o ferisse com o feitiço do Príncipe Mestiço.

- Oh, Harry, você disse que não ia usar o feitiço de Snape – disse Hermione exibindo um semblante tenso.

- Ele é um Comensal da Morte, Mione – rugiu Rony em apoio a Harry.

Hermione se controlou e não retrucou algo que desencadeasse mais uma das famosas brigas entre os dois. Ela respirou fundo e voltou a prestar atenção em Harry.

- Bem, depois disso eu fui estuporado pelas costas por alguém atrás das árvores, tenho certeza que foi. E agora cá estou eu, vivo, com algumas dores aqui e acolá, ansioso por saber o que aconteceu enquanto “dormia”. – Concluiu Harry fazendo sinal que havia terminado, por enquanto, sua história até ali.

Os dois amigos se entreolharam primeiramente, e depois, com a decisão de olhares, Hermione disse:

- Enquanto você “dormia” eu e Rony trabalhamos.

“Será que além de trabalharem, namoraram?” perguntava-se Harry mentalmente, sorrindo estranhamente para os dois. Rony não entendeu aquele sorriso, mas não disse nada.

- Na verdade pesquisamos sobre certos mistérios – explicou Hermione. Ela se sentou na cama, a história era um pouco longa, e Rony a seguiu.

- Descobriram quem é R.A.B., por exemplo?

- Essa parte já havia sido pesquisada antes, Harry. Devido às circunstâncias, não tive tempo para expor minhas teorias completamente.

- Você começou dizendo que duas pessoas estavam em sua lista: um homem e uma mulher – recordou-se Harry, puxando pela memória. – A mulher é Rosamund A. Blackwood, o homem...

- O homem deixamos para depois – cortou a garota de forma brusca. – Primeiro vou contar o porquê de Rosamund Blackwood estar na minha mira como suspeita.

Com um olhar perplexo para Rony, Harry viu um aceno discreto do amigo como se fosse um aviso para continuar ouvindo, caso contrário choveria resmungos para cima dele. Foi o que Harry fez, ao novamente encarar a amiga.

- Rosamund Alix Blackwood foi uma das primeiras Comensais da Morte, porém não foi com esse que ela ingressou no tenebroso círculo de Lord Voldemort. Rosamund passou-se a chamar Roderick Austen Bridges.

- Por que o nome de um homem?

- Não somente o nome; ela se transfigurou em homem para poder entrar no seleto grupo, já que mulheres, naquele tempo, não eram aceitas.

- Eu não sei de onde ela tirou isso! – disse Rony ao receber o olhar interrogativo de Harry.

- VOCÊS ESTÃO DUVIDANDO DE MIM? – berrou ela cruzando os braços.

Nesse instante a cabeça da enfermeira Pomfrey apareceu pela porta de sua salinha e um estridente sibilo se fez ouvir por toda a enfermaria. Os três amigos fizeram sinais que tudo corria bem e a cabeça voltou para dentro da salinha.

- A questão não é duvidar, Mione, mas você não acha isso em livros! – murmurou Rony baixinho, retomando a conversa.

- Não só de livros que se fazem as pesquisas, Rony! – Hermione exclamou irritadamente. – Ou você acha que vivo metida em livros para fazer minhas lições? Presto atenção às aulas e procuro extrair o máximo de coisas de uma fonte viva.

- Você tá querendo dizer o quê com isso?

- Estou querendo dizer que conversei com um bruxo muito sabido que encontrei no trem quando eu vinha passar as férias na Toca.

- Você não nos falou isso – resmungou Harry apressadamente.

- MAS AGORA... – ela parou, pois havia notado a tempo que mais uma vez gritava. – Mas agora estou contando para vocês!

- Quem é esse bruxo sabido? – Harry perguntou.

- Ele é um funcionário do Ministério da Magia, trabalha num departamento ligado a Azkaban – explicou a garota, um pouco mais calma, mas os braços ainda estavam cruzados em sinal de protesto. – Ele me viu tentando achar nomes para R.A.B.; tive que lhe explicar que era uma brincadeira de uns amigos e por isso estava tentando decifrar o nome escondido por trás daquelas letras. Então ele se prontificou a me ajudar, dizendo que conhecia a história de uma pessoa que possuía tais siglas. Foi aí que conheci a história de Rosamund Blackwood, a Comensal da Morte.

As sobrancelhas de Harry arquearam, não porque havia ficado surpreso, mas sim porque foi um ato involuntário, mecânico.

- Bem, e daí?

- E daí que ela desapareceu, nunca mais foi vista. Ninguém sabe o porquê de seu sumiço, mas alguns acham que Voldemort a matou após descobrir toda a farsa.

- Como é que se sabe que ela era uma mulher? – indagou Rony.

Hermione respondeu de pronto:

- Ela teve uma pequena passagem por Azkaban, e foi aí que se descobriu a sua verdadeira identidade. Por isso que esse meu informante acha que Voldemort a matou. Ficou furioso com a descoberta, já que não havia mais jeito de esconder, e a matou.

- Mas o que ele não sabe é que talvez ela tenha sumido com o horcrux de Voldemort e morrido ao beber a poção da bacia – supôs Harry completando a linha lógica que somente os três sabiam agora. – Explica-se então o fato do bilhete ser escrito supostamente por um homem, Roderick, pois era esse nome que Voldemort conhecia, já que o bilhete foi deixado pessoalmente para ele. – Ele coçou o queixo, deixou a mente processar mais um pouco e depois retornou a falar: - É provável, mas há um período muito longo de tempo que não sabemos exatamente nada. Como ela/ele descobriu o segredo de Voldemort?; por que destruiu a horcrux, se é que a destruiu? Vingança? Voldemort soube mesmo que ela era uma mulher? Se ele realmente descobrira e se realmente foi Rosamund quem roubou o medalhão, por que escreveu o bilhete como se fosse um homem?

As perguntas foram soltas praticamente ao vento; ninguém se atreveu a respondê-las. Nem mesmo Harry. Especulavam sobre um terreno movediço, onde mais perguntas brotavam do que as respostas. E estas eram as essenciais para desvendar o mistério que envolvia Rosamund Blackwood.

- Caso R.A.B. seja Rosamund – recomeçou Hermione metodicamente – e supondo que ela não terminara o serviço, onde ela poderia ter escondido o medalhão?

- O tal homem sabido não sabe onde ela morava, ou onde nasceu ou se têm parentes vivos? – questionou Rony um tanto quanto amargo ao dizer ironicamente “o tal homem sabido”.

Hermione captou aquela ironia no mesmo instante e o respondeu friamente:

- Não, Ronald Weasley, pois misteriosamente todas as fichas de Rosamund sumiram dos arquivos do Minsitério. Mas o tal homem sabido se lembrava bem da história, porque ele viu de perto o caso.

- Hum, é um pouco estranho não? – Harry sugeriu para quebrar o gelo entre Rony e Mione.

- O que é estranho? – perguntou Rony mecanicamente, sem desgrudar os olhos em Hermione. Ela, por sua vez, também não desgrudou os olhos no ruivo.

Harry se manteve calmo ante a cena entre os dois amigos, mas sua vontade era balançá-los até eles pararem de trocar ofensas um com o outro. No entanto seu ato foi a de continuar com a conversa:

- É estranho esse ocultamento... – Finalmente a atenção dos dois se voltou para Harry e assim ele pode prosseguir: - Mesmo ela não sendo R.A.B., a história é encoberta por uma névoa muito difícil de se penetrar. Ninguém sabe se verdadeiramente morreu, se Voldemort soube que ela era uma mulher, se ela tem parentes... Me parece que alguém ou ela própria encobriu o seu passado, presente e futuro.

- Realmente é bastante sombrio – julgou Mione pensativamente. – Mas passamos para o outro suspeito...

- Este é o meu escolhido para R.A.B.– comentou Rony.

- Isso não é um jogo, Rony!

- E nossa próxima figura é... – cortou Harry precisamente angustiado.

Rapidamente Mione completou:

- Régulo A. Black.

- O irmão de Sirius? – indagou Harry surpreso.

- O próprio – sentenciou Rony. – Eu fiquei surpreso também quando Mione disse. Nós fomos ter certeza somente quando fomos ao Largo Grimmauld pesquisar a suspeita de Mione na árvore genealógica da família Black.

Harry sacudiu a cabeça pensativamente, rememorando o nome que Mione havia acabado de dizer. Sirius havia falado sobre ele, sobre o irmão meio problemático que se juntou às forças de Voldemort. Régulo cabia perfeitamente como o autor do bilhete, mesmo que fosse menosprezado pelo próprio irmão e pelos outros Comensais.

- Régulo Alphard Black – disse Hermione puxando Harry mais uma vez ao mundo real – pode ter destruído a horcrux e escrito o bilhete. Talvez seja por isso que ele tenha escrito que sabe que estará morto quando Voldemort receber o seu bilhete. Não porque Voldemort ou outra pessoa iria matá-lo por pegar a horcrux; no lugar disso, eu acho que Régulo sabia que a poção da caverna iria matá-lo quando ele roubou o medalhão de Slytherin, o que muda a nossa concepção de sua morte. Régulo não era, como disse Sirius, um idiota que se juntou a Voldemort e foi morto quando desertou covardemente; ao invés disso, ele descobriu um dos mais preciosos planos do Voldemort para se tornar imortal e tentou impedi-lo. Se foi mesmo ele quem fez isso tudo, temos que agradecê-lo por sua conduta brilhante – terminou a jovem seriamente.

- Você disse tudo Mione, descobriu enfim o mistério de R.A.B. – congratulou Harry com um sorriso sincero.

- Não, Harry! – retrucou Mione, um pouco ruborizada pelo elogio, mas ao mesmo tempo firme com sua negação. - Tudo o que eu falei trata-se de suposições! E acima de tudo possuímos Rosamund Blackwood em nossa lista.

- Sim, mas quando você disse o nome de Régulo algo me atiçou – disse Harry quase que encantado. Talvez ele dissesse aquilo por não ter acreditado piamente em Sirius quando ele falara sobre o irmão. Sempre acreditou, meio que secretamente, que o padrinho tinha dito aquilo porque era o que todos deviam dizer sobre Régulo. Talvez Régulo agisse encoberto sob uma carapaça.

- Ou seja, Rosamund e sua história fascinante foram deixadas de lado – Hermione disse fazendo carranca. – Acho que é machismo de vocês dois acatarem Régulo como autor. Não duvido muito que a justificativa de vocês é por causa dele ser homem! Que o ato foi tão somente feito por um homem!

Rony entrou antes que Harry:

- Não é machismo. A história dele é mais convincente, já que não sabemos nadica de nada sobre Rosamund. – E ele fez um rosto ainda mais contrariado. – Veja que até mesmo nossa cara Rosamund, se de fato foi ela, se transvestiu de homem para roubar o medalhão! Bem, vocês me entenderam...

- Tudo bem, tudo bem – cedeu Hermione antes que Harry fizesse sua defesa. – Seja lá quem for R.A.B. depois voltamos a discutir e pesquisar. Vamos a coisas mais concretas, como Smith...

- Smith?

Ela suspirou e explicou a um Harry de expressão confusa:

- Zacarias Smith.

- E o que tem Zacarias Smith?

- Eu conversei com ele ontem à noite e qual foi minha surpresa quando me falou que Hepzibá Smith era sua avó!

- AVÓ? – exclamaram Harry e Rony ao mesmo tempo.

- Sim, a bruxa que Tom Riddle roubou a taça de Hufflepuff e o medalhão de Slytherin após assassiná-la! A avó do lufa-lufano Zacarias Smith, antigo integrante da Armada Dumbledore! – Ela concluiu com um sorriso.

- Como você descobriu isso do Zacarias? – perguntou Rony visivelmente com ciúmes.

- Tenho os meus próprios recursos, Rony!

A orelha de Rony se tingiu igualmente à cor de seus cabelos. Ele desviou o olhar incisivo de Hermione, envergonhado por ter dito algo que não era, definitivamente, para sair de sua boca.

- Mas como ele poderá nos ajudar, Mione? – Harry perguntou quase desesperadamente.

- Ainda não sei Harry, mas talvez ele possa nos dar uma dica de sua avó e consequentemente o
endereço de Hepzibá. Podemos encontrar uma pista por lá

- Eu creio que não, Dumbledore investigou tudo e todos.. – Harry balançou a cabeça veementemente. – Não há mais nada lá que possa nos ajudar – completou.

- Mas é a melhor pista que nós temos no momento, Harry – ponderou Hermione dando de ombros.

- Régulo é a melhor pista até agora...

- Não sabemos se ele é realmente R.A.B.

- Podemos fazer uma busca no Largo Grimmauld! – retrucou o jovem concertando os óculos que havia escorrido pelo nariz. – Talvez ele não tenha conseguido destruir a horcrux e então a escondeu na casa.

Com um pesado gesto de negação Mione destruiu a proposta de Harry:

- Não encontramos nada lá quando eu e o Rony fomos checar a árvore genealógica. Eu já tinha pensado nisso antes, mas simplesmente não achamos...

Harry deixou os ombros caírem desanimadamente. Se Hermione dissera que não encontrara o medalhão de Slytherin, nada poderia ser feito então. Por onde começar? Sua busca em Godric’s Hollow se mostrou infrutífera. Algo em seu interior dizia que acharia alguma coisa, alguma pista para a luz dos problemas... Entretanto o que se verificou foram apenas recordações de um passado esquecido dentro de inconsciente...

- Bem cara, acho que seria uma boa visitar mais uma vez os passos de Tom Riddle – opinou Rony rasgando o silêncio.

Harry suspirou longamente, como se tivesse perdido as forças para lutar, e se rendeu ao caminho que Mione propusera. Talvez pudessem encontrar mesmo alguma pista, alguma coisa que passou despercebido aos olhos de Dumbledore. Como Rony havia falado, poderia afinal resultar “numa boa” visitar os lugares onde Tom Riddle passara em direção as trevas. A casa de Hepzibá, o orfanato, a casa dos Riddle e até mesmo Hogwarts!

- Está bem, Mione, vamos até Zacarias para ver se ele poderá nos ajudar...

- Epa, você não vai a lugar algum – proibiu a amiga parando o movimento de Harry. – Você vai ficar aqui se recuperando. Eu irei entrevista-lo!

- Eu posso ajudar você – sugeriu Rony um bocado vermelho.

- Não, eu irei sozinha – retrucou resoluta.

Ela se ergueu da cama, mas a mão de Rony a puxou de volta à cama:

- O que deu em você?

- Você não vai falar para Harry?

- Falar o quê? – quis saber Harry no mesmo momento.

Os dois amigos trocaram vários malabarismos com as sobrancelhas e só depois de um suposto entendimento, Hermione disse:

- Bem, temos mais uma novidade!

- Acho que você não vai gostar muito – observou Rony com um sorriso amarelo.

- E o que é? – Harry já estava impaciente.

- Draco Malfoy está em Hogwarts!


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Preview: A entrevista com Zacarias, o novo ocupante do cargo de DCAT, a ordem de McGonagall e o encontro com Draco Malfoy... Ingredientes que você lerá no próximo capítulo, A incrível surpresa.
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Hey, como estão? Mais um capítulo novo (atrasado de novo) para vocês, bem confuuuso e misterioso. O próximo será um pouco menor, então não se assustem. Logo, logo a ação novamente terá força, aguardem!
Bem, o negócio de Godric’s Hollow. Eu pensei que Hogsmeade fosse apenas a maior vila bruxa e não a única totalmente bruxa. Então me desculpem o errinho no capitulo anterior. Obrigada pela dica Bruna! Depois irei consertar lá corretamente. Bem, é isso! To indo e deixo aqui um beijo e um obrigado para quem leu, votou e principalmente comentou! Eu adoro receber os coments de vocês, muito obrigada.

Malfeito feito
Madame Selina

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