O resgate



- Então é isso, Gina. – disse Harry de cabeça baixa. – O que eu temia...

- Eu disse que você poda contar comigo pra tudo, lembra? – disse Gina decididamente. – Pois pretendo arriscar.

- O que?! – disse Harry surpreso. – Olha, de jeito nenhum eu quero você perto daquele covarde.

- Garanto que não estarei tão perto. – disse Gina com um sorriso maroto. – E depois, ele não pode entrar na sala comunal da Grifinória para nos vigiar.

Harry sorriu.

- Você é um gênio.

- Eu sei. – disse Gina feliz após receber um selinho do namorado.

Harry e Gina que se encontravam conversando num corredor deserto perto do salão principal.

Harry havia explicado tudo a garota na hora do almoço, e haviam decido por o plano em ação já.

Andaram até a mesa da Sonserina, Gina com a cabeça baixa, fingindo tristeza.

- Malfoy, posso falar com você um instante? – disse Harry igualmente fingindo tristeza.

Malfoy, que estava conversando e rindo com Crable e Goyle, voltou sua atenção a Harry, e sorriu maliciosamente ao ver Gina.

Vendo do se tratava, levantou-se e seguiu Harry e Gina até um corredor deserto.

- Aqui está ela, Malfoy. A gora diga, onde está minha mãe? – disse Harry.

- Digo, mas não na frente da minha namoradinha linda. – disse Malfoy sublinhando as três ultimas palavras enquanto olhava para Gina.



Gina, sem resistência nenhuma, caminhou até a mesa da Grifinória e se sentou ao lado de Hermione.

- Estou entregando a Gina em suas mãos, como um objeto, e ela aceitou agir assim desde que você fale a verdade. – disse Harry encarando Malfoy. – Por que se você não falar, garanto que você não terá o que espera dela.

- Isso é uma ameaça? – disse Malfoy debochando.

Harry não respondeu, apenas encarou-o.

- Está bem, já tenho tudo o que eu quero mesmo... – suspirou Malfoy. – Sua mãe está em minha casa, em que lugar, você vai ter que descobrir.

E saiu andando pomposamente deixando para trás um Harry incrédulo, e ao mesmo tempo imensamente feliz.

Harry correu até o escritório de Dumbledore no momento em que a sineta tocou.

Parou em frente a gárgula, ignorando a sineta.

“Ele não deve ter mudado a senha” pensou Harry.

- Varinhas de alcaçuz! – disse Harry.

Estava certo. A gárgula girou e ele subiu as escadas.

Para grande surpresa de Harry, Dumbledore se encontrava parado na porta.

- Estava a sua espera. – disse Dumbledore calmamente. – Entre.

- Senhor, eu sei onde ela está! Eu sei! – disse Harry sem conseguir se conter.

- Eu sei que você sabe. – disse Dumbledore no mesmo tom. – Não disse que te esperava? Agora entre.

Harry obedeceu e dentro do escritório já estavam Tonks, Lupin e Moody.

- Nós...nós vamos agora? – gaguejou Harry.

- Por que fazer Lílian esperar mais? – disse Lupin que parecia ansiosa para rever a amiga.

- Onde ela está Harry? – disse Tonks com igual ansiedade.

- Bem, na casa dos Malfoy. – disse Harry sem rodeios.

- Como você sabe? – rosnou Moody.

- O próprio Draco me contou. – disse Harry nervoso.

- Fácil assim? – perguntou Lupin erguendo uma sobrancelha.

- Quem disse que foi fácil? – respondeu Harry. – Primeiro ele me fez perder um jogo de quadribol, depois tomou minha namorada e ainda ameaçou não dizer.

- E você aceitou? – perguntou Lupin.

- Tive, não é? – disse Harry quase que bruscamente. – Aceitei pela minha mãe...

- Uma atitude muito nobre garoto. – disse Moody.

Harry sorriu olhando para o chão.

- Está pronto Harry? – disse Dumbledore.

Harry suspirou fundo e balançou afirmativamente a cabeça.

Sobre a escrivaninha do diretor havia um velho jarro que Harry nunca havia visto, mas sabia que era mais uma chave de portal.

- Vamos lá... um....dois...três...agora! – os cinco pousaram as mãos sobre o jarro e em um milésimo de segundo, estavam dentro da sala luxuosa dos Malfoy.

- Não sei Alvo, estou achando fácil demais... – disse Moody num sussurro.

- Eu também, mas parece tudo bem por aqui. – disse Dumbledore com a varinha em punho e os alhos alerta. – Vamos.

A casa estava muito silenciosa e parecia vazia.
- Em que lugar fica o calabouço, Harry? – sussurrou Tonks.

- Na cozinha... no armário da pia... – disse Harry.

- No armário da pia? – disse Lupin confuso.

- É... – respondeu Harry.

Andaram praticamente “às cegas”, entrando em quartos errados, experimentando portas, até chegar à cozinha, na porta certa.

- É ali! – disse Harry apontando para a pequena porta que ficava sob a pia. – Essa porta é encantada, eu vi o Rabicho entrando nela. – acrescentou Harry aos olhares duvidosos dos outros.

Harry estendeu a mão para a porta, mas Moody o puxou e disse:

- Eu vou primeiro. Pode haver comensais ai dentro.

Moody se aproximou e a portinha se alargou para que entrasse.

Longos minutos cheios de tensão se arrastaram.

- Está tudo bem! – anunciou Moody lá de baixo. – Podem vir!

Ansiando para ver a mãe, Harry percorreu as pressas a pouca distancia que o separa da portinha, que mais uma vez se alargou para que ele, Dumbledore, Lupin e Tonks pudessem passar.

Harry desceu as escadas correndo e quase caiu.

Quando chegou a cela acendeu a ponta da varinha, e lá estava ela.

Lílian levantou o braço com dificuldade e tapou o rosto, os olhos lacrimejando com a luz.

- Quem está ai? – perguntou com um fiapo de voz.

- Sou... sou eu mãe, Harry. – disse Harry com a voz vacilando de emoção.

- Harry?! - disse Lílian pondo mais força na voz do que conseguia.

Tentou se levantar, mas estava fraca demais. Com medo que a mãe se machucasse, Harry, agora com lagrimas nos olhos, alertou:

- Não...não se mexa! Vou te tirar daí num instante!

Ele apontou a varinha para a fechadura, mas a emoção era tanta que mal conseguia pronunciar o feitiço.

Percebendo isso, Lupin foi até a cela e murmurou:

- Alohomora!

A grade se abriu e Harry correu para dentro, ajoelhou-se ao lado da mãe e abraçou, lágrimas emocionadas escorriam pelo rosto de ambos.

- Você veio! – sussurrou Lílian ao ouvido do filho.

- É claro que vim! – disse Harry – você acha que eu ia te deixar aqui?

Harry soltou a mãe e abraçou-a pela cintura, com cuidado a puxou pra cima, estava maior do que ela agora.

Lílian passou o braço pelos ombros do filho e eles saíram da cela.

Remo veio na direção deles.

- Lily, querida!

- Remo... – disse Lílian, mas foi interronpida, Lupin colocou o dedo em seus lábios, em sinal de silencio.

- Não diga nada. Não gaste a pouca energia que tem. – dizendo isso, Lupin passou o outro braço de Lílian pelos próprios ombros, ajudando a ela e a Harry.

Os três subiram as escadas lentamente, até chegar à portinha, que novamente se alargou para eles passassem confortavelmente.

Quando chegaram à imensa cozinha, Lílian tirou o braço dos ombros de Lupin e o levou ao rosto, pois a luz da cozinha era forte de mais pra quem passara quinze anos na penumbra.

Demorou um pouco para que seus olhos se acostumassem com a luz, só então, pôde enxergar o filho.

- Você é tão parecido com o Tiago! – disse Lílian se virando para Harry e encarando dois olhos iguais aos seus. – Deve estar cansado de ouvir isso não é?

Harry sorriu e balançou a cabeça. Notou então que a mãe estava com uma aparência péssima.

Estava magra de mais, vestida com trapos, e seus cabelos ruivo e maltratados, desciam até seus quadris.

Mas o que mais chamou a atenção de Harry foi seu rosto; por mais magro e encovado que estivesse ainda mantinha a beleza radiante das fotos de casamento.

Lílian se virou e viu os outros membros da ordem.

- É muito bom ter você conosco outra vez Lílian. – disse Dumbledore retribuindo o sorriso de Lílian.

Até mesmo Moody não pode se conter e sorriu, deixando as cicatrizes em seu rosto mais vividas.

Mas o olhar de Lílian pousou duvidosamente em Tonks, que disse:

- Não está lembrando de mim, tia Lily?

Lílian sorriu e mais lagrimas escorreram por seu rosto.

- Ninfadora! – Tonks veio abraçá-la – Como você cresceu! Não sei como não te reconheci, afinal, quem mais usaria o cabelo tão rosa?

Tonks estava tão feliz que nem se importou em ser chamada por seu primeiro nome.

- Vamos embora pessoal, estaremos fritos se os comensais chegarem. – disse Moody.

- Ah, mas tão cedo? – perguntou a voz pastosa e arrastada de Lucio Malfoy. – A festinha nem começou.

Todos se viraram e viram que Lucio não estava só, um verdadeiro exercito de comensais mascarados se formava atrás dele.

Harry sentiu um calafrio percorrer-lhe a espinha.

Precisava sair dali, precisava levar a mãe com vida para o castelo.

Ele olhou em volta e todos pareciam igualmente amedrontados.

De repente, uma chuva de feitiços recaiu sobre eles, mas bem a tempo de Harry conjurar um feitiço escudo sobre ele e Lílian.

- HARRY, VOLTE COM LILIAN PARA O CASTELO AGORA! – gritou Dumbledore que acabara de desviar de um feitiço estuporante.

- MAS SENHOR...

- SEM MAS HARRY! VOLTE AGORA!

Harry correu.

Sentindo que a mãe se empenhava para acompanhá-lo, e que logo cairia no chão, Harry parou, e quase sem esforço nenhum, pegou-a no colo correndo em direção a sala.

Muitos comensais os seguiram, Harry mandava feitiços diversos às cegas por cima do ombro.

Quando finalmente chegaram à sala, os comensais param e voltaram pra trás.

Sem entender nada, Harry ouviu um som vindo do quanto direto da sala e se virou imediatamente, e para seu azar, deparou com os olhos frios de Lord Voldemort.

Harry pôs Lílian no chão e se postou a sua frente.

- Que comovente! – disse Voldemort debochando – Isso me lembra muito o que aconteceu a quinze anos atrás...você se lembra Lílian?

Ela não respondeu, apenas fuzilou com o olhar.

Harry percorreu lentamente os olhos pela sala, procurando o jarro pelo qual vieram, e para sua felicidade, estava a pouquíssimos passos dali.

Harry segurou forte a mão de Lílian para que percebesse o que tinha em mente.

- Eu sabia que você viria Potter... – disse Voldemort distraidamente olhando para o teto. – seu instinto de heroizinho não iria agüentar não é mesmo?

- E acertou. – disse Harry agora na frente do jarro.

Deu mais um minúsculo passo a frente, mas para seu desespero, Voldemort virou seu rosto para o jarro.

- Muito esperto Potter. Mas você não vai...

Harry foi mais rápido e se jogou no chão puxando a mãe consigo, e, numa fração de segundo tudo girou e eles caíram no escritório de Dumbledore.

Lílian olhou para o filho, preocupada.

- Será que eles vão demorar pra voltar?

- Gostaria de dizer que não. –respondeu Harry igualmente preocupado.

Harry se levantou e ajudou Lílian a também se levantar, quando a porta se abriu e por ela entrou ninguém mais ninguém menos que Severo Snape.

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