Uma visita a Godric's Hollow



Capitulo nove


Uma vista a Godric’s Hollow


 


 


 


-Parabéns, Harry! Que de hoje em diante, seu caminho seja iluminado e sua vida cheia de alegria. E que Merlim te acompanhe!


Harry ouviu muitas e muitas vezes essa frase na sua festa de aniversário, e recebeu muitos abraços (principalmente da Sra. Weasley). Ele e Rony se viram envoltos de abraços e congratulações por terem passado em aparatação. E, sempre que tinham chance, Fred e Jorge infernizavam Rony por ter feito um segundo teste. Resultado disso tudo: era impossível achar uma brecha naquela confusão para poderem falar com Hermione.


Mais cedo, Harry contara aos amigos sobre a escapulida de Melissa no meio da noite. E, como Harry, ficaram com uma pulga atrás da orelha.


-Ela saiu no meio da noite para visitar uma tia, é isso que elas disseram? – perguntara Hermione. – Que desculpa mais
esfarrapada! Tá na cara que estão mentindo.


-Mas, para onde Melissa pode ter ido? – comentara Rony.


-Não faço idéia. – dissera Harry.


-Para aquelas meninas a encobrirem daquele jeito, deve ser algo ou ilegal, ou que não querem que saibamos. – dissera Hermione.


-É, isso tá na cara...


Quando Harry e Rony finamente se juntaram a Hermione é que se deram conta de que Melissa não estava na cozinha com eles. O que, naquela altura, não passou despercebido por todos. E isso deixavam Marie, Ann e Lewise muito nervosas (que, por um acaso, estavam próximas aos três).


-Logo, logo, alguém vai chegar nelas e perguntar onde ela está. – disse Hermione – Aí estarão numa saia justíssima.


Nem bem ela dissera isso, Tonks, com cabelos negros com mechas azuis naquela noite, chegou nelas e perguntou:


-Ei, e aí, cadê a segunda aniversariante? 
- as três se entreolharam, meio assustadas, meio preocupadas.


-Bom...


-Ela tá lá em cima. – disse Marie, cortando Ann, pelo visto, pensando numa desculpa mais rápido. – Ela tava meio enjoada... Mas disse que, assim que melhorar, desce.


-Ah... Coitada – disse Tonks, acreditando nelas. Logo em seguida, ela saiu de perto. Elas suspiraram aliviadas.


Em cinco minutos, mais gente veio perguntar sobre a loira. Mas, nem todos aceitaram aquela desculpa. Lupin saiu de perto delas, olhando desconfiado; Sra Weasley disse, varias vezes, que iria subir e ver como ela estava, mas era sempre, por sorte, chamada por alguém no exato momento; até que Sra Wyndi foi ela mesma escada a cima, para o quarto em que, supostamente, a filha deveria estar. Quando ela sumiu, as meninas trocaram olhares apreensivos.


-Ai, caramba, e agora? – deixou escarpar Ann.


-Preparem-se para o fumão. – disse Lewise.


-Não quero nem ver a cara da tia Sarah quando ela descer – disse Marie.


-Elas vão se meter em uma grande encrenca quando Sra Wyndi descobrir – disse Harry.


-Chega a dar pena... – disse Hermione.


-Foi bom conhecer vocês, meninas – disse Ann, quando ela (sabe-se lá como) ouviu alguém descendo as escadas. Aparentemente esperando um berro, as três fecharam os olhos bem apertados. Mas ele nunca veio; elas abriram os olhos, olhando diretamente para as escadas e seus queixos caíram. Harry, Rony e Hermione voltaram-se também para as escadas.


Sra Wyndi vinha descendo, olhando para cima, com um olhar um tanto preocupado. Logo atrás dela, vinha Melissa. De fato, ela parecia um tanto enjoada. Estava com orelhas fundas, seu rosto não era mais rosadinho, mas assumira um tom esverdeado. Seus olhos azul céu não brilhavam; estavam um tanto avermelhados e expressavam cansaço. Mas, mesmo com uma aparência terrível, estava (por incrível que pareça) bonita, e seus olhos ainda continham um estranho mistério.


Assim que adentrou a cozinha, foi cumprimentada e abraçada por todos, passando pelo mesmo aperto que antes Harry passara.


Ela deixou para abraçar Harry, Rony e Hermione por ultimo, talvez por escolha, ou porque, simplesmente, os outros a puxaram
primeiro.


-Feliz aniversário Melissa. – disse Harry, assim que ela largou Hermione.


-Feliz aniversário Harry – disse ela, com uma voz
rouca e um tanto fraca, abraçando-o. Um cheiro adocicado de morango chegou as suas narinas. – Tá certo que o meu aniversário é só amanhã, mas comemorar essas coisas um dia antes nunca matou ninguém, não é mesmo? – disse, quando o soltou, com um sorriso.


-É um pena que você não esteja se sentindo bem, os salgadinhos tão uma delicia – disse Rony.


-Tenho certeza de que estão – disse ela, olhando, com uma ligeira careta, para a mão do garoto, que estava lotado deles. Harry notou, naquele momento, que ela usava um medalhão. Ele lhe parecia familiar... – Mas o importante é o que estamos comemorando, não a comida.


No segundo seguinte, a loira se viu puxada pelas amigas para um canto. Marie falava algo em voz baixa com a loira, e as outras duas olhavam pra a amiga um tanto esperançosas. Logo em seguida, Melissa ergueu algo que parecia um pedaço de pergaminho quadrado para as outras três, que pareciam um tanto desapontadas. Logo em seguida, mostrou a elas o medalhão em seu pescoço, dizendo alguma coisa que ele não pode ouvir, muito menos, mas as três francesas abriram sorrisos, um maior que o outro.


-Eu fui a única, ou vocês também viram o medalhão que ela tá usando? – disse Hermione, que também olhava para as garotas no canto.


-Não tinha como não ver... – disse Rony – Dá pra
ver aquele troço de longe.


-Eu tenho a impressão de que já vi aquele medalhão. – disse Harry.


-Onde? – perguntou Hermione, interessada.


-Não me lembro...


Naquele momento, Sra Weasley apareceu com um bolo enorme de chocolate e nozes. A camada de cima do bolo continha duas fotos: uma de Harry e a outra de Melissa. E, em cima do rosto dos dois tinha dois pares de velinhas, ambas de dezessete anos.


-Hora do mico – disse uma voz no ouvido de Harry. Nem precisou se virar, pois a dona da voz, Melissa, se adiantou para o bolo. Ela aguardou segundos para Harry ficar ao seu lado, de frente a sua metade do bolo.


-No três? – sugeriu Harry.


-Tá... – disse ela, enrolando os cabelos e jogando-os para trás.


-Um... Dois...


-TRÊS! – disseram ambos juntos e sopraram as velinhas. Seguiram-se palmas para eles.


O resto da festa foi boa. O bolo estava uma delicia. Harry, Rony e Hermione conversaram e riram muito. Harry queria se divertir bastante, antes de começar a procurar as Horcruxes...


-EI, HARRY! MELISSA! – gritou Fred, mais pro fim da festa. Os dois se aproximaram dos gêmeos cautelosamente, seguidos pelo olhar de quase todos ali presentes. – A festa tem que terminar com estilo.


-É! – disse o irmão – E já que não queríamos
estragar o bolo oficial... Pensamos em algo melhor – eles pegaram pratinhos de isopor cheios de um creme amarelo e atiraram em Harry e Melissa. No segundo seguinte, Harry e Melissa explodiram em penas. Cremes Canário pensou Harry. Aquele creme sujou os óculos de Harry, impedindo-o de enxergar o que acontecera a seguir, mas, ao que lhe pareceu, Melissa saiu correndo atrás dos gêmeos, gritando com eles. Todos na cozinha riram muito. De longe, foi o melhor aniversario de Harry.


 


¨¨¨¨


 


Estava tudo tão quieto. O vento que entrava pela janela era quente, típico de verão. Lá fora, corujas aqui e ali piavam para a noite. Um ou dois cachorros chatos latiam ao longe. Bem longe. Gatos passeavam no telhado do vizinho.


Estivera tendo um sonho tão bom, por que tinha que acordar? Era a primeira vez em muito tempo que não tinha sonhos temerosos e sombrios, com pessoas sendo atacadas do nada. Aquele rosto cheio de dor... Incredibilidade... Lavado por lágrimas...


Virou de bruços na cama, enfiando a cara no travesseiro, pensando... Pensando em tudo que lhe acontecera naqueles últimos meses. A morte do professor Dumbledore, que sempre a deixara a parte de tudo o que acontecia em Hogwarts... À volta para a Grã-Bretanha... A descoberta de que era um dos alvos de Voldemort...  A vinda a Londres, onde conhecera pessoalmente Harry Potter...


Ela se virou na cama, de modo a poder encarar o teto. Harry Potter. O Menino que Sobreviveu. O Eleito. A quem todos veneravam. A quem era famoso por ser o único a ter sobrevivido à Maldição da Morte. O responsável por ela não dormir a noite. Era cruel ela pensar que, talvez, os sonhos que tinha poderiam se tornar realidade. O rosto cheio de dor era dele. Nunca tivera coragem de ver o sonho até o fim; quando o via sentado em um lugar escuro, numa noite chuvosa, chorando, parecia que sua consciência a acordava. Ela tinha medo de descobrir por quem ele chorava. Talvez...


Talvez você devesse parar de pensar nisso pensou, um tanto furiosa consigo mesma. Se você vai ficar aí, rolando na cama, pensando em tragédia, você tá pirando. Nunca foi disso! Vai, levanta essa bunda daí. Um tanto tonta, ela se sentou na cama, calçou os chinelos e ficou ensaiando para se levantar. Criou coragem (N\a: num sei pra quê), suspirou e se levantou. Pisou em uma tabua meio solta, que rangeu. Ela se encolheu ligeiramente e olhou para as outras camas que havia ali. Ann, Lewise e Marie pareceram nem ouvir. Dormiam tranqüilamente. Soltou um suspiro de alivio e saiu do quarto.


Foi andando pelo corredor, até que viu uma outra porta que havia ali. Encarou-a por uns segundos. Pelo que dissera Harry, no dia em que chegara, aquele era o quarto de Sirius Black.


Tomada por uma inexplicável curiosidade, ela levou a mão à maçaneta e girou-a. Estava trancada. Que tipo de idiota tranca o quarto de um defunto, afinal? Os que querem esconder algo, talvez... Mas, o que seria? Colocou a mão onde, supostamente, deveria ser o bolso se seu robe, mas quem disse que se lembrara de coloca-lo? Ai, tu és uma loira burra (N\a: sem ofensa às loiras que lêem essa fic) Animal, você esqueceu o robe! E com ele a varinha... Ai, eu me mereço pensou ela, agora realmente brava consigo mesma.


Ai esquece, outro dia, amanha, quem sabe, quando ninguém estiver por perto, eu volto pensou, fazendo um gesto com as mãos, e totalmente esquecida de que queria ir a cozinha fazer nada, volto ao quarto, deitou-se na cama e ficou encarando o teto até quase três da manha, segundo o relógio de Lewise, quando o sono chegou de novo, de teimoso, e adormeceu.


 


¨¨¨¨


 


Harry acordou lentamente aquela manha. Eram seis e pouco e não se sentia nem um pouco cansado. Pelo contrario, sentia-se um tanto irritado. Juro que eu pensava que não iria ter mais sonhos com ela, ou melhor, dela pensou ele, enquanto se levantava e se trocava o mais silenciosamente que podia, tentando não acordar Rony. Uma coisa veio a sua cabeça enquanto ele amarrava os sapatos: ela realmente tentou entrar no quarto de Sirius, ou ela sonhou com isso? Pensou em perguntar, mas aí teria que admitir que estava sonhando com o que ela via e sonhava outra vez, e não estava muito afim disso.


Saiu do quarto e foi para a cozinha, onde se encontravam Sra Weasley, Melissa, Marie, Ann, Lewise e Hermione.


Harry entrou, tentando se fazer por espercebido, mas foi descoberto pela Sra Weasley, que já foi lhe oferecendo mil e uma coisas pra comer. Ele aceitou torradas e um copo de suco, enquanto se sentava de frente as meninas.


-Bom dia, Harry – disseram as cinco, em uníssono. (N\A: Se fosse combinado, não daria certo).


-Bom dia – respondeu ele.


-Continua falando de Beauxbatons, Annie – disse Mione, se virando para a ruiva. (Sra Weasley saiu da cozinha e foi arrumar alguma coisa, para variar).


-Bom, os jardins são enormes, tem todo o tipo de flor que você imaginar. São muito lindos! Fizeram um encantamento, quando fundaram a escola, para que a neve nunca sequer ameaçasse aparecer por lá, para não danificar as flores, e...


Harry ficou pensando que, dentro de um tempo, estaria a caminho de Godric’s Hollow. Ficou ali, olhando pro copo de suco e mexendo as torradas por um bom tempo, até perceber que não era o único com falta de apetite. Melissa mexia o mingau com a colher, olhando tristemente para o prato. A cabeça apoiada na mão esquerda, que estava em cima da mesa. Não estava esverdeada como na noite passada, mas estava um tanto pálida e ainda com aquele ar doentio. Poderia jurar que ela fosse desmaiar a qualquer momento.


Ela parecia pensar. Vez ou outra, ela murmurava coisas como tô me sentindo uma prisioneira ou fazia caretas.


-...Não é, Lissa? – disse Ann, fazendo a loira ter um leve sobressalto.


-É... É verdade... – disse ela, distraidamente,
olhando para a ruiva. – Não sei do que se trata, mas é verdade.


-Você tá legal? – perguntou Marie.


-Você tá pálida... – disse Lewise – Num tá,
Harry?


Harry se assustou, ao ouvir que pediam sua opinião.


-Tá – disse ele, olhando a loira mais uma vez – Tá bem pálida.


-Ah, é normal... – disse Melissa, fazendo um gesto com as mãos, dispensando comentários. – Dias pós-festa é assim mesmo.


-E olha que ela nem bebeu muito – sussurrou Ann, arrancando uma careta da loira.


-Eu não sou de beber...


-...Pouco – completou Lewise. Melissa soltou um olhar assassino em direção à morena.


-Eu não sou você.


-Não... É pior.


-Ai, num vou discutir. – disse a loira, escondendo o rosto entre as mãos, dando o assunto por encerrado.


-Harry cadê o Rony? – perguntou Hermione.


-Tá dormindo...


-A que horas você pretende ir?


-Ahh... não sei... quanto mais cedo, melhor.


-Vão sair? – perguntou Lewise.


-Pra onde vão? – disse Ann.


-Godric’s Hollow – disse Melissa, baixinho.


-Melissa Wyndi, você prometeu! – apreendeu Marie.


-Não posso evitar, faz parte de mim – disse a loira, encolhendo os ombros. Vendo que Marie ainda a olhava severamente, acrescentou. – Olha, eu prometi não ver as memórias mais antigas, mas as recentes são impossíveis! O que você pensa nesse minuto, eu ouço, não tenho culpa! Se quiser que eu não saiba seus pensamentos, não pense! – ela parecia um tanto alterada.


-Tá, num precisa gritar.


-Num tô gritando... Ainda não.


-Ai, esquece!


-Você que começou...


-Dá par parar! – disse Ann.


-Mamãe disse que nos amássemos, não que nos amassemos. – disse Lewise, numa vozinha esganiçada, no que Melissa e Marie reviraram os olhos.


-Não precisa pedir desculpas – disse Lissa, quando a outra apenas abrira a boca. – Já foram aceitas.


Aquele momento, a porta da cozinha se abriu e por ela entrou um Rony com uma cara muito amassada.


-Até que enfim! – disse Hermione.


-Bom dia pra você também, Hermione – disse ele, emburrado.


-Dormiu no varal, Rony? – perguntou Ann.


-Quase isso...


-Anime-se! O dia está lindo! Os pássaros cantam para o sol, que brilha...


-Por de trás das nuvens de chuva? – disse Melissa, cortando a ruiva. A loira apontava para a janela, que mostrava uma manhã nublada.


-Você tinha que cortar meu barato, né?


-Eu não resisto – disse Lissa, com um sorrisinho no
rosto.


Hermione ficou apressando Rony a terminar logo o café, para que fossem logo. Vinte minutos de reclamações e muxoxos depois, e eles subiram as escadas para busca suas capas de viagem. Quando voltaram, encontraram Gina, com capa nos ombros, e varinha na mão, esperando por eles.


-Onde você pensa que vai? – perguntou Rony, daquele seu jeito meigo.


-Vou com vocês, claro!


-Não vai não! – disseram os tres, juntos.


-Por que? – perguntou ela, com cara de cachorrinho abandonado.


-É perigoso. – disse Hermione.


-E você ainda é menor de idade. Não pode ir com a gente! – disse Rony.


-Não é justo! Eu quero ir!


-Da próxima vez você vai, Gina – disse Harry. –
Prometo.


-Que seja – disse ela, nervosa. Ela esbarrou neles, de propósito, a caminho de seu quarto. Esbarrou, também, em Melissa, que descia as escadas com as amigas.


-Credo – disse Lewise, olhando para as costas de Gina – o que deu nela?


-Ela queria ir com a gente – disse Rony.


-E não deixamos, pois ela é menor de idade – disse Hermione.


-Se dissessem isso pra mim, eu seguiria você escondida – disse Ann.


-Ela não faria isso. – disse Harry. – Ela sabe que
é perigoso e que fizemos isso para o bem dela.


-E você sabe que ela não liga a mínima pra isso? – disse Melissa, olhando para o teto, com o cenho franzido.


-Tem esse detalhe – disse Hermione. – Meninas, dá pra vocês ficarem de olho nela, enquanto a gente tá fora? Pra ela não seguir a gente.


-Claro – disseram as quatro, em uníssono.


Um pouco mais aliviados, já que tinham certeza de que Gina não os seguiriam, eles saíram porta a fora. Harry, Rony e Hermione se concentraram num nome, Godric’s Hollow, e giraram. Sentiram aquela horrível sensação de que um gancho os puxavam pelo umbigo, fazendo-os passar por um cano apertado, provocando falta de ar. Mas logo, essa sensação se foi, e eles puderam respirar novamente.


Era uma estrada cimentada, com uma placa próxima de onde estavam, que dizia: Godric’s Hollow - Três milhas. Olhando em direção onde a placa apontava, eles viram uma cidade não muito grande, mas de aparência tranqüila, quase monótona. Sem mais enrolação, eles foram andando em direção a cidade.


Vez ou outra Hermione e Rony olhavam para Harry, simplesmente para verificar se ele estava O.K. Ele suspeitava que deveria estar pálido, pois Hermione carregava uma cara preocupada, e Rony perguntou:


-Tá tudo bem, Harry?


-Tá – respondeu simplesmente, com uma voz que não era a dele.


-Harry, ainda dá tempo de desistir...


-Mione, eu estou bem. Sério – disse ele, vendo que a amiga não se convencera.


-Tá bem...


Em menos de cinco minutos depois, eles chegaram a entrada da cidade. Aqui e ali, casas simples e fazendas apareciam. Logo, as casas foram se agrupando e as fazendas ficando para trás.


Harry parou de repente. Numa das muitas ruas que havia ali, ele viu uma casa que parecia abandonada, a única que viram desde que chegaram. Ela era grande e com cara de que, outrora, fora senhorial e muito bonito.


-Harry, o que foi? – perguntou Mione.


-Harry?


Ele não conseguia responder. Sentiu um nó na garganta. Ele sentiu que se movia; seus pés agiam por conta própria. Foi se aproximando da casa, lentamente.


Não demorou a chegar na soleira da porta, com Rony e Mione a sua cola. O nó em sua garganta aumentara. Lagrimas brotavam de seus olhos. Ele estendeu a mão para a maçaneta e girou. A porta se abriu com um rangido.


Não havia muito a ver ali. Os moveis estavam todos esgarçados e carcomidos por traças. As estantes e prateleiras estavam cheias de cupins. Porta-retratos quebrados lotavam o que restava da única prateira que estava inteira.


Harry tomou fôlego, engoliu em seco e adentrou a casa. Rony e Mione apenas o fitaram, parados a porta. Queriam que o amigo visse tudo aquilo sozinho, já que era parte de um passado só dele. O moreno, notando que estava sozinho, olhou para trás, significantemente. Queria repartir aquilo com alguém; não agüentaria ver aquela casa toda destruída e cheia de memórias sozinho. E eles entraram, ainda um tanto relutantes, mas em silencio, como se temendo acordar um mal irreal.


A primeira coisa que ele foi ver ali dentro foi os
porta-retratos. As fotos estavam envelhecidas, mas seus donos ainda acenavam alegremente para ele. Havia uma com seu pai e sua mãe, muito felizes, numa espécie de jardim. Outra continha os Marotos com Lily no meio. Numa outra, viram Lily com um barrigão enorme. Em outra, Lily e Tiago estavam outra vez no jardim, agora acompanhados de um Lupin de cara amassada, um Sirius sorridente, um cara que nunca viram na vida, uma Sarah Wyndi radiante e, no meio da foto, em cima de um pano, estavam um Harry miniatura e uma garotinha loira, de ar travesso. Ainda havia muitas outras com Lily e Tiago com Harry nos braços, vez e outra acompanhados de Sirius, ou Lupin.


Harry deu as costas às fotos, olhando para o resto do cômodo. Ele viu uma escada no final da sala e foi até ela. Parecia segura. Lentamente, ele subiu as escadas, a cada passo desejando que ela não desabasse. Lá em cima, havia somente um cômodo ainda inteiro; nos outros o chão parecia ter cedido ao tempo e caído no andar de baixo.


O cômodo inteiro era um quarto, com os moveis totalmente destruídos. O vidro da janela estava quebrado, não havia um caco sequer para contar história. Por todo o quarto, restos de madeira jaziam apodrecidos. O papel de parede estava rasgado, deixando os tijolos à mostra.


Harry fechou os olhos e se sentiu em casa novamente, como só se sentia quando via Hogwarts. Com um sorriso esboçado em seu rosto, voltou ao térreo, onde encontrou Rony e Mione vendo as fotos. Pareciam não ter notado que Harry voltara.


-É tão cruel... – dizia Hermione, com um
porta-retrato na mão. – Só uma pessoa sem coração destruiria uma família
tão feliz.


-Estamos falando de Você-Sabe-Quem, Mione, ele não tem coração. – disse Rony, olhando para uma outra foto. Ele soltou um risinho abafado.


-Ta rindo do que?


-O Harry tá com uma cara tão engraçada nessa aqui... – disse ele, apontando. Mione revirou os olhos.


-E você tem uma cara muito linda – disse Harry,
sobressaltando os outros.


-Foi mal...


-O que tem lá em cima? – perguntou Mione.


-Nada de mais.


-Você está bem?


-Estou... É bom saber que as memórias deles ainda estão de pé. – disse Harry, olhando para a casa. – É bom saber que eles foram felizes. – ele soltou um longo suspiro, e passou a mão pelos cabelos. Sorrindo por dentro, ele se lembrou que seu pai adorava fazer isso, e que sua mãe odiava esse gesto. – Vamos. Vamos embora.


Eles saíram de lá, respiraram o cheiro de terra molhada que empreguinava o ar aquela manhã. Harry sentiu uma pontada na nuca, como se alguém o estivesse espionando. Olhou para trás, mas não havia ninguém na rua.


-Que foi, Harry?


-Nada... Nada não.


Eles andaram pela cidade por um longo tempo, e a sensação de que estavam sendo seguidos não abandonou Harry nem por um segundo. A coisa é que não havia ninguém atrás deles.


Como era uma manhã de quarta-feira, não havia ninguém nas ruas. Os adultos deviam estar trabalhando e as crianças deviam estar hipnotizadas pela TV, ou dormindo.


Logo, praticamente no fim da cidade, eles avistaram um cemitério. Como todo cemitério, não tinha uma cara muito convidativa. Mas estava longe de ser sombrio, como naqueles filmes de terror. Eles entraram e rodaram por uns dois minutos. Até que, perto de uma arvore que crescia ali, encontraram o tumulo dos Potter.


Os tres ficaram parados ali por um minuto de silencio, no qual Harry mantivera os olhos fechados, como se quisesse que não fosse real aquilo tudo. Depois, Rony colocou sua mão no ombro de Harry e Hermione olhou com um olhar triste. Não precisavam dizer nada; queriam deixa-lo sozinho com seus pais. Ele ouviu os passos dos dois se distanciarem, até não ouvir mais nada. Foi somente aí que abriu os olhos.


Do lado direito da lapide fora escrito o nome de Lílian, e do esquerdo, o de Tiago. Abaixo dos nomes, a data de nascimento e de morte. No meio dos dois nomes, estava escrito: Nunca esqueceremos vocês. Nos veremos em breve.


Harry deixou-se cair na grama. Não tinha forças para continuar de pé.


-Só quero que saibam – disse ele, baixinho, como se tivesse mais alguém ali que ele não quisesse que o ouvisse – que, mesmo
fingindo não faze-lo, eu senti muita falta de vocês. – ele passou a mão
pelos cabelos novamente (não sabia exatamente o porque fazia isso, mas o fazia, e isso o deixava menos frustrado). Havia tanto a dizer... Queria colocar em palavras que, depois de tanto sofrimento, ele achara felicidade nos amigos. Queria dizer que a morte deles não seria em vão... Que Voldemort iria pagar pelo que fizera... Que queria tê-los ao seu lado naquele momento... Que daria tudo para não ser quem era... Mas sua voz parecia ter sumido novamente. Não sabia por onde começar... – Queria que nada disso tivesse acontecido... Que tudo isso fosse um sonho – disse ele. Uma lagrima teimou em cair, mas ele nem se deu ao trabalho de enxuga-la. – Espero que estejam felizes, onde quer que estejam.  - Ele se levantou. Enxugou a lagrima que caíra. Respirou fundo. – Eu volto um dia para contar tudo o que houve comigo... Nesse momento, não vai sair nada...


Ele pegou a varinha e conjurou um buquê de rosas brancas. Colocou-o no local de suporte, dizendo: -Prometo que volto.


Sentiu uma brisa passar-lhe pelo rosto, como se fosse uma caricia. Ele fechou os olhos até a brisa cessar. Pousou a mão por uns instantes na lapide e depois se virou para ir embora.


-Eles vão ficar esperando você voltar – disse uma voz suave. Assustado, Harry se virou, com a varinha em punho; esperava por qualquer coisa.


Atrás da lapide de seus pais havia uma garota de perfil, se é que podemos chamá-la de garota. Tinha a cabeça baixa, com os cabelos loiros tampando seu rosto. Usava um vestido branco de tecido leve. Tinha os braços cruzados e meio encostada na parte de trás da lapide. E de suas costas saiam asas.


Harry fitou-a por um instante e se lembrou que, um dia, ele sonhara com ela. No sonho, ela o salvara.


-O que é você? – Harry se viu perguntando. Ele apenas ouviu uma risadinha em resposta.


Harry ouviu passos lentos ao longe que deveria pertencer a Rony e Mione. Mas ele continuou olhando para ela, aguardando.


-Seu anjo da guarda – disse ela, meio risonha, e
desapareceu do nada. No segundo seguinte, alguém colocou a mão em seu ombro. Ele olhou para trás e viu Rony, que se afastou.


-Tá querendo me azarar? – foi só quando ele viu que sua varinha ainda estava em punho.


-Desculpe – disse ele, guardando sua varinha.


-Por que essa varinha em punho, Harry? –perguntou Hermione – Havia mais alguém aqui? – ela olhou em volta.


-Acho que ele tava pensando que ia ser pego por zumbis ou coisa assim – sussurrou Rony. Harry fitou-o com um olhar assassino.


-Ô, anta, pensa antes de falar... – disse ele, andando em direção aos portões. Andando por um tempo, sem rumo pela cidade, Harry contou a eles o que vira.


-Um anjo da guarda? – disse Rony, levantando uma das sobrancelhas. – Tá dispensando Aurores?


-Tô dispensando comentários estúpidos. – disse
Harry.


-Harry – disse Hermione – anjos não existem.
Fantasmas, vampiros, bichos-papões e outras coisas que fazem parte da fantasia dos trouxas são reais no nosso mundo. Mas anjos?


-Tô te falando, Mione. Se era um anjo, eu não sei, mas parecia um. Todo vestido de branco, com asas, num cemitério. – disse Harry, parando de andar, pois tinham entrado num beco, de propósito. De lá, iriam aparatar em Londres.


-Só se alguém tava te pregando uma peça – disse
Rony.


-Que seria muito sem graça... Quem se vestiria de anjo para assustar o Harry?


-Bom... Sei lá...


Harry sentiu novamente aquela sensação de que estavam sendo seguidos. Só que dessa vez, ao invés de olhar para trás, olhou para cima. Em cima de uma parede baixa, ao lado deles, estava uma coruja branquíssima. Ela os encarava.


-Harry...?


-Shhh. Olha – disse ele, apontando discretamente com a cabeça para a coruja. Os três olharam-na por uns instantes, e a coruja pareceu sustentar o olhar deles. Até que ela levantou vôo.


-Vamos embora, antes que ela volte – disse Hermione. Parecia, como ele, suspeitar que poderia ser um animago.


E aparataram de volta ao Largo Grimaldi.


 


N\a: deu pra ver que eu não sirvo pra escrever coisas que fazem chorar...


Pliss, comentem!!! eu vivo do coment de vcs!!


discurrpa quarquel errrinhu, aee... depois eu cuncertu


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