Os Olhos Verdes de Lily



Os dias que passaram após a partida de Dumbledore, tornaram-se agradáveis e tranqüilos, e o sol brilhava em um céu muito azul. Hermione começara a estagiar meio período no Hospital St. Mungus para Doenças e Acidentes Mágicos, e voltava periodicamente à França, para terminar seu curso de medicina Bruxa. Harry percebeu que os velhos hábitos jamais se perdiam. Hermione se parecia novamente com a Hermione de algum tempo atrás, lendo desesperadamente livros empoeirados da biblioteca.

Rony por sua vez tomou seu posto como assistente do diretor do Departamento de Controle do Flu, algo conquistado pelos muitos contatos de Slughorn, para o qual ele escrevera nos últimos dias.

Harry sentia-se feliz e esperançoso. Encorajado pela volta de Dumbledore, procurava mais afinco pessoas que pudessem dar-lhe dicas de onde Voldemort poderia estar escondido. Ficava mais feliz ainda, porém, quando voltava para casa, e encontrava Gina dormindo em algum sofá aveludado. Sua barriga agora muito saliente apontando para o teto.

-Boa tarde, dorminhoca! –sussurrou Harry no ouvido de Gina, que quase que imediatamente abriu os olhos.

Gina espreguiçou-se e passou as mãos carinhosamente sobre sua barriga.

-Estar grávida não é um trabalho fácil! Preferia voltar ao Ministério e lutar novamente com os Comensais. –respondeu ela emburrada. –Está chutando bastante, ouve!

Com cuidado, Harry encostou a orelha na barriga de Gina, e ouviu pequenos ruídos de seu filho que lá se encontrava. Harry sorriu abertamente; há tempos não se sentia assim.

-Sinto em saber que o pequeno não vai estudar em Hogwarts... –comentou Gina pesarosa, levantando-se do sofá e seguindo em direção aos jardins floridos. Harry a seguiu, e sentiu o vento fresco do final do inverno.

Gina sentou-se confortavelmente em um banco de pedra adornado, tirou a varinha do bolso e conjurou agulhas e algo muito lanzudo de cor amarela.

-Ele irá Gina. Iremos derrotar Voldemort, estamos muito perto agora, e ai a escola vai abrir novamente. –respondeu Harry. –Mas afinal, o que é isso?

-Hermione me ensinou como tricotar gorros de lã, e estou fazendo um para o bebe. –falou Gina.

Harry teve uma súbita visão de seu quinto ano em Hogwarts, quando Hermione tricotava toscamente alguns gorros de lã vermelha.

-Está muito bonito. –mentiu Harry.

-Não minta, está uma porcaria, mas eu estou melhorando consideravelmente!

-Está bem, mas porque você não passa na nossa conta no Gringotes e retira dinheiro e compra algo pronto?

Gina pareceu contrariada, mas logo aceitou.

-Está bem então, vou convidar mamãe e Hermione e a gente pode ir na TrapoBelo, pode ser?

-Tudo o que você quiser... –respondeu Harry, mas logo assustou-se ao perceber que Gina tornara-se muito branca e fazia caretas de dor.

-Gina, você está bem? –perguntou abraçando-a por seus ombros.

-Não é nada... –respondeu, mas logo desmaiou no colo de Harry.

Este, muito apavorado, aparatou quase que imediatamente no hall do hospital St. Mungus, e ainda com Gina no colo, correu para pedir ajuda.

-Me ajudem, minha mulher está grávida, e acabou de desmaiar. Não sei o que houve! –falou ele para ninguém em particular, apenas para o saguão do hospital, lotado de bruxos e bruxas.

-Harry? –perguntou uma voz ansiosa as suas costas. Harry virou-se subitamente e deparou-se com Hermione, vestida nos trajes do Hospital, verde e com o emblema do osso e varinha cruzados no peito.

-Mione! Graças a Merlim! –exclamou Harry. –Você tem que me ajudar! Gina desmaiou e...

-Está bem, Harry... –respondeu Hermione, imediatamente conjurando uma maca, na qual Harry deitou Gina imediatamente.

Sentou-se em uma cadeira na sala de esperas, e avistou Hermione muito pratica, levar Gina até uma sala de exames.



-E então, ela desmaiou. –terminou Harry, sobre os olhares ansiosos por notícias de Fred, Jorge, Rony, Sr. E Sra. Weasley.

O sol já estava se pondo das janelas do hospital, e ainda não haviam recebido notícias de como estava Gina.

-Estranho, não? –comentou Rony, com as mão no bolso.

-Ela está grávida Rony, isto é comum! –repreendeu a Sra. Weasley, que pouco permanecera na sala de espera. Rony, de orelhas muito vermelhas, abaixou a cabeça e sentou-se ao lado de Harry, no mesmo momento que Hermione dirigia-se a todos eles.

-Como ela está? –perguntou Harry ansioso.

-Está bem, está bem... –acalmou Hermione. –Gina contraiu gripe élfica, não sei como, com certeza não foi de Dobby, eu o examinei há dois dias. Nada que um repouso não cure. Mas esgotou suas energias, e infelizmente ela acabou de ter um parto pré-maturo, Harry.

-Que? –perguntou espantado o Sr. Weasley, já que Harry havia perdido a fala.

-Mas ela e o bebe estão bem, e é uma bela menina, Harry. Parabéns! –contou Hermione, estampando no rosto um sorriso muito branco, enquanto o Sr. Weasley abraçava a Sra. Weasley aos prantos. –Gina já a batizou.

-Ah é? –perguntou espantado Harry, após receber vários tapinhas nas costas de Rony, Fred e Jorge.

-Acho que você vai gostar, na verdade. –comentou Hermione. –Lílian Potter, é este o nome!

De boca aberta Harry percebeu uma silenciosa lágrima de felicidade rolar em sua bochecha. Gina havia batizado sua filha com o nome de sua mãe.

-É perfeito! –respondeu ele, ainda abobado com as notícias. –Posso vê-la?

-A Gina já esta dormindo Harry, mas você pode ver a Lílian do vidro da maternidade, vem eu acompanho todos vocês. –respondeu Hermione, conduzindo-os por uma porta lateral, que se abria m um comprido corredor iluminado. Uma parede de vidro mostrava vários berços acolchoados, onde pequenos bruxinhos e bruxinhas dormiam em paz.

Com exceção de Lílian, que fitava serenamente o Harry, como se o reconhecesse, do outro lado do vidro. Bateu sua pequenas e rosadas mãos e num lindo sorriso, mostrou ao pai como se parecia com a avó. Os cabelos acajus, e os olhos verdes muito vivos, completados por um sorriso branco e muito sincero.

-É incrível como as Réias possuem poderes extraordinários, não é Harry? –comentou uma voz as suas costas. –Lílian jurou sempre lhe proteger, e agora eu sei como!

Harry virou-se rapidamente ao reconhecer a voz de Dumbledore. Percebeu que todos ao seu redor permaneciam como estátuas, as mãos levantadas cumprimentando o bebê, sorrisos nos rostos, e somente ele e Dumbledore pareciam capazes de se mover.

-Professor, você não deveria estar aqui! –exclamou atordoado. –Alguém pode lhe ver!

-Tenho certeza de que possuo meus próprios meios para não ser descoberto, Harry. Mas jamais perderia a oportunidade de ser o primeiro a constatar um dos mais poderosos feitiços que somente as Réias podem conjurar. –falou ele com a voz serena e cansada, enquanto abanava para Lílian do outro lado do vidro.

Harry percebeu que ela também ainda podia mover-se.

-Como assim? –perguntou Harry, sorrindo enquanto assistia a filha o observar sorridente.

-Lílian está ai agora, Harry. Eu jamais me esqueceria destes olhos verdes... –e apertando encorajadamente sua mão, desaparatou, mas não sem antes de Harry perceber seu sorriso.

Então Harry finalmente entendeu. Os olhos eram a porta de comunicação entre ele e sua mãe, os olhos verdes que sempre lhe falaram. Sua mãe estava ai. Sua mãe tornara-se sua filha. Lílian jamais o abandonou.

-Oi, Lílian... –sussurrou baixinho para a pequena que fungava no berço acolchoado de púrpura.-Papai está muito orgulhoso de você...

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