Ele não sabe de nada a não ser



Rony correu, correu...Atravessou a rua lotada de trouxas onde ficava o St.Mungos. Olhos curiosos, outros revoltados, fitavam o ruivo como se ele não passasse de um louco desvairado.


Talvez ele não passasse disso mesmo!


Vestido com apenas um camisolão branco do hospital e com enorme calo na testa ele correu! E correu usando todas as forças daquelas longas pernas!


Mal enxergava o que se passava a sua volta. Ele só queria apenas enxergar uma coisa: Hermione Granger.


Quanto tempo perdido! Agora ele não tinha mais tempo. Se ele não corresse seria tarde demais, e ela estaria perdida para sempre! Lembrou-se então de quando acordou na cama do St.Mungos, seu coração disparou e seu estômago revirou.


Ainda estava com uma dor de cabeça de quebrar a testa, mas isso não impedia o curso de seus pensamentos.


Então ele parou. Precisava de um plano.


Como ele ia chegar a Hermione? O que ele conhecia daquela Londres trouxa? E o mais importante: onde Hermione estava?


Ele sabia que ela morava em um apartamento trouxa que seus pais lhe deram, mas não tinha nem idéia de onde isso ficava. Quer dizer ele sabia onde ficava só não sabia como chegar no lugar, já que sempre aparatava para visitar ela.


Que belo começo!


Foi então que ele levou um susto...Quer dizer, levou uma buzinada na orelha.


- Saí da frente, seu palerma!


É...Ele estava no meio da rua. Não na calçada da direita, não na calçada da esquerda. No centro mesmo.


Como se o traseiro estivesse em chamas ele pulou para a calçada mais próxima, chamou mais atenção ao xingar o motorista de “Filho de um Rabo Córneo” e depois continuou andando.


Para onde? Por enquanto ele não sabia. Não seja tão exigente! Ele ia resolver isso, logo, logo...Mas antes...


Deve ter andado dois quarteirões até começar a sentir um friozinho. Quem anda de camisolão durante o outono em Londres com certeza sente frio, não há como negar. Mas esse frio era peculiar.


Continuou andando agora tentando ignorar os olhares dos trouxas que passavam por ele.


Quando uma mulher (que mais parecia um homem, se entendem o que eu digo) de roupas suspeitas e maquilagem horripilante assoviou para ele, finalmente caiu a ficha.


O caso é que todo camisolão de hospital é aberto atrás. Mesmo os de bruxos! E o de Rony não era exceção. Sua bunda branquela (perdoe a vulgaridade!) estava a la vonte.


Exposta, desnuda, completamente a vista.


"Malditos médicos e seus camisolões! Que idiota inventou isso?!"


Agora os olhares assustados de velhinhas, os risos dos moleques punks, o rubro das bochechas das adolescentes, a indignação da família de classe média e por fim os assovios de drag queens, estavam todos explicados.


Rony se concentrou então em só uma coisa: esconder o traseiro e depois pedir Hermione em casamento. Um homem tem que fazer o que um homem tem que fazer, afinal de contas.


Não tinha dinheiro também, estava junto com sua calça que estava, por sua vez, no hospital.


É...Na próxima vez precisava planejar melhor as coisas.


Talvez correr para fora de um hospital bruxo vestido só com um camisolão ridículo, sem dinheiro, sem roupas, sem sequer saber onde a amada estava, não tinha sido uma boa idéia.


Mas era primeira vez dele. E ele tinha uma justificativa muito convincente para a correria de segundos atrás. E para a correria que se seguiria algum tempo mais tarde.


Por sorte, a dama da Sorte lhe sorriu e ele achou uma moeda trouxa no chão. Não tinha idéia de quanto valia. Como gostaria de ter prestado atenção a aqueles discursos chatíssimos que Hermione fazia sobre a importância dele conhecer o mundo trouxa!


No outro lado da rua tinha uma cabine telefônica típica inglesa (nós estamos na Inglaterra, afinal de contas), daquelas vermelhas.


A sorte estava realmente do lado dele ou então aquele era um dia para coincidências convenientes!


"Eu posso usar essa moeda e ligar como teleu-pone e mas ligar para...quem?"


Uma boa pergunta. Não conhecia ninguém que usava comunicação trouxa. Exceto Hermione, mas ele não sabia o número dela. E era justo com quem ele queria falar.


Como qualquer coisa era melhor do que ficar com o traseiro à vista de todos, ele decidiu se abrigar na cabine.


Atravessou a rua (sem antes ser quase atropelado duas vezes e ouvir um grito de “Pervertido!” de uma velhinha dirigindo) e entrou na cabine.


Lá estava o aparelho trouxa. E agora?


Então Rony viu preso ao telefone um livro grosso. Seriam as instruções? Ele abriu.


Era uma lista de pessoas! Que engenhoso! Quem sabe seu pai não estaria certo em se maravilhar com os trouxas?


"Granger...Granger...Vamos lá! Aparece! AH! Granger!"


J.Granger!


Quem sabe ela tinha se cadastrado com o nome do meio Jane?


Agora vinha a parte difícil...O misterioso telefone. Aquela invenção trouxa que ele tentou usar anos atrás. Agora mais uma batalha de inteligência ia começar...Ele contra o telefone.


Primeiro: segurar aquele negócio preto. Depois...Colocar na boca ou na orelha? Ou nos dois?


Tem duas coisas grandes nas pontas. Então dois lugares...É, faz sentido.


Agora...colocar a moeda no buraco...Pronto.


É só esperar agora....


A qualquer minuto Hermione ia atender.


Minutos passam.


Mais alguns minutos passam. E mais alguns...nada.


Uma fila começa a se formar. Uma fila de trouxas que sabem que para o telefone público (e todos os outros) funcionar é preciso digitar o número.


Mais alguns minutos e gritos de revolta são ouvidos pelo ruivo.


O tempo estava passando.


E passando.


E passou mais um pouco.


- Que idiota inventou essa porcaria?! - gritou Rony, batendo o telefone.


Esses trouxas! Só inventam porcarias!


Se ele trabalhasse com o pai ia ter certeza que essas tralhas fossem destruídas antes que qualquer bruxo tentasse usa-las!


"Espera ai...Trabalho!"


Rony se virou buscando algum relógio: eram dez para as onze da manhã! Hermione estava trabalhando agora! Trabalhando no Ministério...


O raciocínio de Rony, como podem perceber, é lento e confuso. Principalmente depois de levar um balaço na cabeça.


Finalmente ele concluiu que devia voltar para o hospital. Que maravilha....Foi-se sua grande corrida heróica atrás da amada.


Pelo menos ele teria sua calça de volta.


Então ele correu! E correu usando todas as forças daquelas mesmas longas pernas que tinham sido usadas no começo daquela aventura bizarra e totalmente inútil.


Chegou novamente na rua do St.Mungos e atravessou a vitrine da loja falsa.


Passou novamente correndo pelas aquelas pessoas que tinha passado anteriormente e voltou para o quarto que estava.


Vocês acreditariam se eu dissesse que Padma ainda estava lá, na mesma posição, com a mesma cara pasmada que ele a tinha deixado?


Bem...Na verdade tinha algo de diferente: Ela estava sendo consolada por quatro bruxos com penas de anotações rápidas.


Rony não quis nem saber, já bastava ter que voltar desde o começo:


- Cadê as minhas roupas e a minha varinha?


Os cinco se viraram para ele, pasmos. Nenhuma palavra foi dita. Rony viu suas roupas em uma cadeira e já foi as pegando. Muito rapidamente ele vestiu tudo e achou sua varinha no bolso da calça:


- Então...tchau para vocês.


Puff! Dizendo isso ele aparatou. Se tivesse esperando alguns segundos ia ver Padma se levantando com a face decidida segurando taco de batedor em uma mão e uma varinha na outra.


Puff! Ela aparatou também. Mas isso fica para depois. Agora Rony estava no prédio do Ministério sendo parado por três bruxos da segurança.


Por sorte os bruxos foram chamados para outro andar onde uma bruxa estava tendo um ataque histérico e assim Rony teve tempo de escapar e procurar o escritório de Hermione.


Entrou no elevador lotado de gente. A cada andar parecia que passavam se horas enquanto as pessoas saiam e entravam. Seu pé batia no chão sem parar. Que gente lerdddaaaa!


As vozes do Hospital voltaram a seus ouvidos e ele ficou com medo...Será que era tarde demais? Ele tinha que pedir ela em casamento agora!


Finalmente o elevador parou no andar certo! E ele saiu, e correu pelo corredor!


Escancarou a porta da sala de Hermione e entrou. Lá estava ela muito bonita como sempre apesar dos olhos bem arregalados.


Rony não perdeu tempo, abriu a boca para falar mas então: PAFT!


Foi tão rápido que é preciso repetir: Rony começou a abrir a boca, Padma com seu bastão de batedor entrou no lugar...A boca de Rony se abriu mais um pouco, Padma se aproximou dele rapidamente. Agora a boca de Rony estava aberta e a palavra "Her" estava saindo...Então: PAFT. Padma bateu com tudo na cabeça dele com o bastão. Portanto Rony não continuou a falar e parecia estar preste a cair de boca no chão.


Porém, uma reviravolta. Ele não caiu. Na verdade falou:


- Hermione Granger, quer casar comigo?


Silêncio total. E então a resposta:


- Não.

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