Bilhetes para Potter



Quando Thiago acordou, Remo e Lélio já haviam ido tomar café. "Lélio deve ter ido catar o time para bolar uma nova estratégia para esse ano.", pensou Thiago. Ele olhou para Sirius e Pedro. Sirius estava ferrado no sono, de barriga pra cima. O travesseiro e o lençol estavam jogados no chão. Pedro estava com a boca escancarada e seu travesseiro estava molhado com a baba que saía da boca do garoto. Thiago tomou um susto quando Pedro deu um ronco muito alto e riu. Levantou-se, trocou de roupa e viu um bilhete em cima de sua cômoda.

Thiago,
bom dia. Espero que acorde a tempo de estar as 7 e meia em frente a porta do Salão Principal. Avise se encontrar alguém do time.
Lélio.

Não deu outra, Lélio foi realmente procurar os outros integrantes do time de quadribol. Ele deixou o bilhete na cômoda e saiu. A caminho do Salão Principal avistou Suki que, naturalmente, estava com um livro em mãos. Ele correu em direção a garota.
- Ei, Suki. - chamou Thiago. - Lélio já falou com você, certo ?
- Ah bom dia, Thiago. - cumprimentou a garota, fechando o livro. - Já. Ele disse que queria todo o time reunido aqui. Tentei falar com algum deles, mas não encontrei ninguém.
Nesse momento, dois garotos vinham andando.
- Olá. - cumprimentou o primeiro. Tinha cabelos castanhos e espetados. Era forte, apesar de não muito alto. Se chamava Isaac Blondrick. Era artilheiro e um sextanista.
- Bom dia, vocês dois. - cumprimentou o segundo. Este tinha cabelos negros na altura dos ombros e era um pouco mais alto. Era Yves Scrimgeour, batedor e também sextanista.
- Oi. - responderam Thiago e Suki, em coro.
- Yves, Lélio disse que precisamos de um novo apanhador. - disse Thiago.
- É. Ele me disse ontem no jantar. Eu e ele vamos fazer cartazes para espalhar por aí. - respondeu o garoto, com as mãos nos bolsos.
- Foi uma pena o Tom ter completado o ano. Ele era realmente bom. - lamentou-se Suki, lembrando de um jogo em que Tom Armstrong rebateu um balaço segundos antes deste bater na cabeça da garota.
Mais um jogador chegou até que finalmente, quando todos já estavam famintos, Lélio veio e começou a falar.
- Bom, esse ano nós temos que ganhar a Taça de qualquer jeito. É meu último ano aqui, por favor, deixem-me ganhar a Taça antes de sair - implorou o garoto - Temos de arranjar o novo batedor logo, antes do primeiro jogo. Que será contra a Corvinal - continuou ele, quando metade dos presentes abriram a boca - Yves vai me ajudar. Agora, temos que arranjar uma nova estratégia ou vamos perder da Sonserina e daquele mimadinho do Flint de novo.
- Tá, mas podemos fazer isso um outro dia, Lélio ? Estou faminto. - resmungou o garoto que fora o último a chegar. Ele tinha o cabelo preto e olhos castanhos bastante atentos. Era forte e esguio. Miguel Colle era um dos artilheiros do time e estava no quinto ano.
- Não... temos que nos apre...
- Ah Lélio, tchau. - falou Suki - que era a única menina do time - dando as costas a todos e entrando no Salão.
- Tá bom, tá bom. Eu mando um recado pra cada um depois. - desistiu Lélio. Todos começaram a se dirigir ao Salão. Yves Scrimgeour falou com Thiago.
- Ei, Thiago, você tem alguma idéia para um novo batedor ? - perguntou ele.
- Não. Você tem ? Acho que seria uma boa a gente ajudar também. - respondeu Thiago.
- É, pode ser. - disse o menino, se afastando para se sentar com uma garota de cabelos negros. Thiago sentou-se ao lado de Remo, que estava com mais um livro aberto na mesa, enquanto comia uma torrada com geléia.
- Onde estão Almofadinhas e Rabicho ? - perguntou Thiago, virando a cabeça de um lado pro outro, à procura de algum sinal dos amigos.
- Não sei, mas quero falar com você. - falou Remo, fechando o livro - O que foi aquilo no trem, Thiago ? - ele continuou, olhando muito sério para o amigo. Thiago, que sabia que Remo só o chamava pelo nome quando tratava de assunto sério, tentou disfarçar.
- Aquilo o que ? Eu não fiz nada. Eu deixei a Evans em paz como você me aconselhou.
- Você sabe do que eu falo. - falou Remo, mais sério - Como você sabia que um dementador estava no trem ?
- Eu... olha, Aluado... eu sei que vai parecer meio estranho, mas... sabe... eu realmente não sei como eu sabia do dementador. Quero dizer, eu só sabia. Eu meio que... senti. - respondeu Thiago, muito pausadamente.
- Hm... talvez devesse falar com aquela professora, sabe. A Dawson. - disse Remo, pensativo - Se quiser, eu te acompanho.
- Olha, Aluado, eu realmente não acho...
Mas antes que Thiago pudesse completar a frase, uma coruja marrom entrou pela janela do Salão e pousou com delicadeza na frente de Thiago. Ele pegou o papel que estava preso na coruja e leu, em voz alta para Remo:

Sr. Potter,
gostaria que viesse a minha sala no final de suas aulas. Garanto a você que não demorarei. Só quero tratar de um assunto. Minha sala fica no quinto andar, no terceiro corredor à leste.
Atenciosamente,
Profª Dawson

- Bem, parece que agora você tem motivos para ir falar com ela. - falou Remo.
- Hm... é. - resmungou Thiago, pondo o bilhete de lado. - Ei, já temos o horário das aulas ?
- Já. Está aqui. - e Remo estendeu um papel para Thiago. Ele olhou atentamente o papel e leu.
- Primeira aula é Feitiços, hm, tudo bem. A segunda é História da Magia. - fez uma careta - A terceira é Transfiguração... depois almoço. Depois Transfiguração de novo, ah isso tá ficando chato. Dois tempos de Poções ! Putz ! E, ah bom, um de Adivinhação.
- Bom, você devia estar feliz, depois de Adivinhação eu tenho dois tempos de Runas Antigas. - falou Remo, animado. Sirius e Pedro vinham caminhando a passos largos pelo corredor.
- Porque você quer, seu lunático. - retrucou Thiago, acenando para os dois.
- Que foi ? - perguntou Sirius, sentando-se ao lado de Remo.
- Aluado. Aqui, nosso horário, Almofadinhas. - falou Thiago, estendendo outro papel para Sirius. - E tome, Rabicho. - e estendeu outro papel para Pedro.
- Quê ? História da Magia, Transfiguração e Poções ? Eles querem o que ? Que a gente morra ou que a gente vomite ? - falou Sirius, um pouco alto, chamando atenção de alguns alunos por perto.
- Psiu ! Por que você está reclamando ? É o nosso último ano aqui ! - ralhou Remo. Thiago não ouvira os dois discutindo sobre as aulas, pois Lilian acabara de entrar no salão, acompanhada de Agatha. Thiago se perguntou por que ela havia acordado tão tarde, já que costumava ser uma das primeiras grifinórias a se levantar. Ele viu elas se sentarem com Suki e voltou sua atenção para os amigos.

Mais tarde, Thiago bateu na porta da sala da prof.ª Dawson.
- Entre. - ele ouviu uma voz feminina. Ele abriu devagar a porta e entrou numa sala espaçosa. No lado esquerdo dela, haviam mesinhas circulares com 2 cadeiras em cada, algumas prateleiras carregadas de livros e um armário ao lado da mesa da professora, que estava no final da sala. No lado direito, porém, não havia absolutamente nada.
- Hm, boa tarde, profª. - disse Thiago, educadamente, fechando a porta atrás dele e ainda olhando para o espaço vazio.
- Boa tarde, Potter. Sente-se. - a profª disse, indicando com a mão uma cadeira em frente a ela. Thiago se sentou e percebeu que a mesa dela não era como as mesas dos outros professores. A mesa da profª McGonagall, por exemplo, estava sempre cheia de livros e papéis, coisas muito importantes. Mas na da prof.ª Dawson, havia apenas um único livro e muitas coisas inúteis - pelo menos para um professor de Defesa Contra as Artes das Trevas - como Sapos de Chocolate, um bisbilhoscópio, pergaminhos em branco, uma pena sem pote de tinta, uma jarra de suco de abóbora - que parecia deliciosamente gelada - e, curiosamente, um espelho de mão.
- Suco de abóbora ? - ela ofereceu. Thiago mexeu a cabeça positivamente e Dawson acenou com a varinha. Thiago pegou o copo no ar e deu um grande gole no suco. Estava, de fato, delicioso. - Vou direto ao ponto. Chamei-o aqui para conversarmos sobre o ocorrido no trem ontem. - falou ela, séria.
- Ah... tá. - resmungou Thiago, abaixando o copo. Ele percebeu que atrás da profª, havia uma espécia de bacia. Era rasa e cinzenta, com símbolos muito diferentes gravados nela. Estava ali, também, a coruja que havia levado o bilhete da profª para Thiago.
- Bem, gostaria de saber como você sabia do dementador.
- Ah... bom... sabe, professora, eu realmente não sei como eu sabia daquele dementador. - respondeu Thiago, pensando no que sentira no trem. - Só sei que...
- Que sabia. - completou a profª.
- É. - Thiago falou, curioso.
- Está bem, Potter, é só isso. Termine de beber seu suco e pode ir. Obrigada por vir. - a prof.ª disse, voltando sua atenção para o livro aberto em frente à ela.
- Mas... professora... - começou ele, aproximando-se da mesa. Dawson ergueu a cabeça. - Sabe... eu queria saber... se a senhora pudesse me dizer... como eu sabia do dementador ?
- Isso eu ainda não posso dizer, Potter. Simplesmente porque não sei. - ela respondeu, com sinceridade.
- Ah... certo. - ele terminou o suco depressa, pôs o copo na mesa da profª e se levantou, andando até a porta. Não viu o olhar da profª atrás dele. Um olhar curioso e interessado, mas temeroso ao mesmo tempo. Thiago saiu da sala e foi direto até a sala comunal, onde encontrou seus amigos fazendo os deveres. Ele se sentou ao lado de Sirius e começou a fazer os seus também, silenciosamente, ainda pensando no ocorrido na sala da profª Dawson. Ninguém falou quase nada naquela noite graças a redação de como preparar a poção de inversão de feitiços que o prof. Slughorn havia passado.

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