Verde-esmeralda



Eram oito horas da manhã quando Tonks chegou para uma visita à sede. Sirius foi recebê-la à porta e os dois seguiram para a cozinha, onde Molly estava esperando para servir o café da manhã. Ela pediu à garota que fosse verificar se todos já estavam descendo.

Tonks começou a subir as escadas quando cruzou com Rony e Harry, que pareciam estar ainda com muito sono e desciam vagarosamente. Logo em seguida, vieram Hermione e Gina, que conversavam alegremente e tinham os cabelos bem presos em rabos-de-cavalo. Os gêmeos aparataram na cozinha, evidentemente quebrando alguma coisa.

- Será possível? Vocês não precisam ficar mostrando que já podem aparatar! Usem as escadas! - ouviu-se a voz de Molly, bastante rude.

Tonks e as meninas riram e se dirigiram para a cozinha.

- Precisamos terminar a limpeza da sala, meninos. - avisou Molly. - Tonks, poderia nos ajudar?

- Mas é claro! - respondeu ela com um sorriso antes de ver a expressão desanimada de Harry, Rony, Fred e Jorge. Apenas as meninas pareciam dispostas àquela hora.

Todos foram diretamente trabalhar após o café. A sala já estava adquirindo um aspecto aceitável. Sirius dizia que quase lembrava o modo com a conhecera na infância, e não soube explicar se isso era um elogio ou uma dura lembrança. Tonks demorou-se um pouco em frente à tapeçaria. A Mui Antiga e Nobre Casa dos Black - "Toujours pur". E ali, seus parentes, desde havia séculos. Deteve seu olhar sobre os nomes de Narcisa e Lúcio e depois observou com desprezo o nome de Draco. Ela não estava lá. Nem sua mãe. Nem Sirius. Tanto melhor, quem é que teria orgulho de descender de bruxos tão cruéis? Prestou atenção ao nome de Belatriz.

- Pobre idiota. - murmurou.

- Ah, você vai ter que dizer especificamente a quem se referia, eu poderia atribuir isso a qualquer um dessa tapeçaria. - Sirius havia se aproximado dela.

- Minha querida tia, Belatriz. Que vida boa ela deve estar levando em Azkaban, não acha? - mas percebeu seu erro ao olhar para Sirius. Não tinha sido nada delicado tocar no assunto Azkaban, ainda mais assim, de forma tão arrogante.

- Não é pior do que ela merece. - ele respondeu. - É uma sorte que ela esteja presa, isso faz dela uma ameaça pouco provável.

Por algum motivo, que não soube explicar, Tonks teve um calafrio ao ouvir aquela afirmação. Um... Pressentimento ruim. Sirius afastou-se da tapeçaria e voltou ao trabalho.

- Aliás, Tonks - ele a chamou, desviando a atenção dela da parede e dos seus pensamentos -, eu joguei fora quase tudo que encontrei nesta sala. Mas não vi nem rastro do objeto que eu imaginava mais bem guardado... O pingente de Afrodite. O seu...

- Monstro deve ter pegado, ele está guardando tudo o que pode salvar da nossa limpeza. - disse Jorge.

- Não, não. Eu já não o vi quando Tonks chegou. Eu fui procurá-lo para entregar a ela.

- O que é um pingente de Afrodite? - perguntou Harry, curioso, e todos pararam para ouvir.

- É uma tradição na família Black. Ele é conjurado com mágica cada vez que nasce uma menina com o sangue dos Black.

- E o que ele faz? - insistiu Hermione.

Tonks deu um suspiro:

- Ele é entregue pela frágil donzela ao príncipe encantado de sua escolha.

- Ora, estamos contando histórias? - Lupin tinha entrado na sala, sem que ninguém percebesse.

- Não. - Sirius deu um sorriso malicioso. - Estamos falando da vida amorosa da minha priminha.

Lupin corou e tentou disfarçar.

- C-como assim? -perguntou.

- Eu estava contando aos garotos sobre o pingente de Afrodite. - respondeu Tonks. - É uma jóia que toda menina da família Black recebe para entregar ao homem de sua escolha. - ela soltou uma risada. - Algo que parece bastante medieval. Não se preocupe, Sirius, eu não fazia questão de encontrá-lo mesmo. Já não quiseram entregar a mim antes.

- Minha mãe manteve o pingente de Tonks escondido aqui em casa porque não achava digno de uma mestiça recebe-lo. Talvez a única coisa que a deixaria mais furiosa do que Andrômeda ter entregado o dela a Ted. Eu tentei algumas vezes roubá-lo para dar a sua dona, mas fui pego em todas elas. - completou Sirius. - Imaginei que havia algum feitiço o mantendo aqui. Mas agora que minha mãe não cuida mais da casa, pensei que poderia finalmente devolve-lo.

- Talvez esse tenha sido o erro. O feitiço que estava nele evitou que você o encontrasse após a morte de sua mãe. - supôs Gina.

- Provavelmente. - concordou Sirius.

Todos voltaram aos seus trabalhos. Lupin entregou a Tonks um relatório da Ordem e, ainda corado, fez um gesto chamando Sirius para fora da sala. Quando chegaram ao quarto de Sirius, Lupin falou.

- Quero que você coloque isso na bolsa de Tonks quando ela estiver indo embora. - e estendeu um lindo vidro que continha um líquido verde-esmeralda. - É... É um perfume. Eu... Achei que ela gostaria. - ele estava um pouco envergonhado.

Sirius abriu um sorriso.

- Não se preocupe.

Despedindo-se, Lupin foi para mais uma das missões da Ordem.

O resto do dia foi bastante produtivo. A sala ficou pronta e, depois do almoço, voltaram todos ao trabalho.



"A Sra. Weasley os fez trabalhar muito pesado (...). Tonks se reuniu aos garotos para uma memorável tarde, em que encontraram um velho vampiro homicida escondido em um banheiro do segundo andar, e Lupin (...) saía por longos períodos para realizar misteriosos mandados para a Ordem."

(trecho do livro Harry Potter e a Ordem da Fênix)




Nem todos haviam se recuperado da luta contra o vampiro quando Tonks anunciou que precisava ir embora. A despedida foi triste, pois eles gostavam muito de tê-la por lá. Sirius aproveitou-se do momento em que ela trocava as últimas palavras com Harry, Rony, Hermione e Gina para colocar o presente de Lupin em sua bolsa. Pouco depois, ela fechava a porta da entrada atrás de si.

Já na rua, ela percebeu a bolsa aberta e foi fechá-la. O vidro lá dentro chamou sua atenção. Puxou e olhou com grande admiração a beleza dele e a cor muito bonita do perfume. Abriu a tampa e cheirou. 'Maravilhoso'. Mas não tinha cartão, não tinha qualquer indício de quem o havia mandado.

Nesse momento, percebeu que, ao puxar o perfume da bolsa, tinha deixado cair o relatório que Lupin havia trazido. Pegou o papel e passou os olhos por ele.

Guardou o relatório e o perfume na bolsa e continuou andando. Quem poderia ter colocado aquele presente lá? Só quem estivesse na sede. Mas eles passaram tanto tempo fechados na sala durante a manhã e foi tamanho o alvoroço na luta contra o vampiro, que ela sabia que muitos membros da Ordem tinha entrado e saído da casa sem que ela os visse.

- Talvez... - ela parou de andar. - Seria bem provável, ele... - tirou novamente o vidro da bolsa.

Era um perfume realmente fora do comum. Não poderia ser encontrado em qualquer lugar. Só alguém que realmente quisesse fazê-la sentir-se especial o compraria. Tornou a guardá-lo e conferiu se não tinha derrubado de novo o relatório de Lupin.

- Mas, ele... Não pode ser! Ele não faria isso. Não, não. Por outro lado, algo tão meigo e gentil... - pensou nos olhos dele, nos seus modos. - Algo meigo e gentil...

Voltou a caminhar, ainda pensando nisso e esbarrando em várias pessoas nas ruas.

- Só pode ter sido ele. Só ele poderia fazer isso. - falava baixinho.

Aquele perfume tão especial, só poderia ter vindo dele.

- É, algo meigo e gentil... Pode ter vindo até mesmo de você, Severo. - falou, um pouco mais alto. - Afinal, só você poderia ter preparado um perfume tão maravilhoso. O grande mestre de poções...

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