Flores de papel



- Chamem Dumbledore, pelo amor de Merlim.

- Estou aqui, Papoula. – disse a voz calma e serena do bruxo, que agora adentrava o local com a cadeira de rodas.

O clima ali pesou intensamente. E Tonks e Minerva não demoraram a perceber o que estava errado. Pomfrey estava certa, aquilo era impossível.

Todos ali estavam surpresos, apenas Dumbledore não. Este mantinha um sorriso enigmático no rosto.


This is my life

Essa é minha vida

It's not what it was before

Não é mais como era antes

All these feelings I've shared

Todos esses sentimentos eu compartilhei

These are my dreams

Esses são meus sonhos

That I'd never lived before

Que eu nunca vivi antes

Somebody shake me ‘cause I

Alguém me balnace porque eu...

I must be sleeping

Eu devo estar sonhando

- Ah, é a isso que você se refere? – perguntou o bruxo, olhando para o corpo de Hermione.

Madame Pomfrey olhou para Dumbledore, indignada. Como poderia estar sendo tão displicente?

- Como assim? Você fala como se não tivesse acontecendo nada aqui. – ela disse.

Tonks adentrou o quarto, seus olhos fixados no corpo de Hermione.

- Bom, definitivamente tem alguma coisa acontecendo aqui? – ela disse, assustada.

Minerva observou por um minuto os olhares dos três a sua frente.

- Vocês não estão querendo dizer que... Que isso tudo é dela, não é mesmo?

Dumbledore sorriu. Seu sorriso era estranhamente confiante.

- Estando ou não querendo dizer alguma dessas coisas, é. – ele confirmou, indo com a cadeira até a cama e tocando a mão de Hermione.

Ainda estava gelada e branca, sem nenhuma pulsação, como a de um corpo sem vida deveria estar, mas havia uma coisa que todos ali sabiam estar diferente de um corpo morto comum.

Memórias vivas voltaram diante dos olhos do velho.

- Gisele não conseguiu descobrir como encerrar a lenda... Faltou apenas uma prova para ela – o diretor lamentou. – Ela não conseguiu despertar o poder de Lílium.

Hermione finalmente tomou coragem para voltar a se pronunciar.

- Como ela soube como mudar o destino da marca sagrada? O que é esse poder de Lílium?

Dumbledore não pode deixar de sorrir diante do nervosismo da garota.

- Em primeiro lugar, se você viu o significado da marca, então sabe o que significa essa tarefa. – Hermione corou e sorriu incerta para o professor. – Quanto ao poder Lílium, trata-se de um poder legendário, muito mais poderoso do que qualquer feitiço comum.

- Lílium significa, em latim, Lírio, não é? – a morena indagou.

- Exato, o lírio que é a flor da pureza, um símbolo de paz e bondade incomparável. Acreditasse que por ser um poder tão puro, ninguém até hoje tenha sido capaz de realizá-lo!

Hermione era, definitivamente, esperta como ninguém. Como não havia pensado naquilo antes? Tudo bem que estar preparado era não temer a pior das hipóteses, mas ele mesmo achava que poderia ter sido mais otimista, afinal, Hermione tinha ao seu lado alguma coisa que Giselle não tivera... Harry Potter.

“O fim esta próximo”, pensou consigo mesmo.

Pela primeira vez Alvo Dumbledore sentiu-se inútil. A única coisa que poderia fazer era ajudar Hermione, porque em seis meses tudo dependeria dela e de Harry.

Voltou o olhar ao livro e leu calmamente a legenda daquela figura, esta dizia o significado da marca que se encontrava desenhada no braço de Hermione.

Era incrível, aquilo significava tão pouco e ao mesmo tempo, muito. Era apenas uma palavra de oito letras, mas tinha um significado enorme, tinha um terço da responsabilidade que dois jovens carregavam de salvar o mundo, afinal, Hermione parecia estar sozinha, mas ela mesma sabia que não estava.

Dumbledore suspirou pesadamente, o único pensamento que pairava em sua cabeça dizia... Oito letras...

Ao se lembrar disso o professor sentiu-se novamente um tolo. Como podia ter sido desatento a ponto de apostar tanto a sua expectativa em Harry Potter e se esquecido que Hermione Granger também carregava um grande fardo?

Felizmente, seu erro parecia não ter posto tudo a perder... E ainda mais felizmente, o mundo parecia ter uma chance. Uma mínima e oculta chance, mas tinha. Harry ainda estava ali e, portanto ele ainda poderia fazer a diferença. Afinal, não havia deixado de ser “o eleito”.

- Dumbledore. – exclamou Madame Pomfrey, irritada. – Se o senhor tem alguma explicação para o que esta acontecendo aqui, por favor, colabore. Caso não tenha notado, estamos diante de algo impossível!

- Se fosse impossível com certeza não estaria acontecendo. – ele sorriu.

- Pelo amor de Mérlin. – interrompeu Minerva. – Alvo, você sabe que bruxos, depois que morrem, perdem completamente sua magia!

- Sim... Perdem...

- Então! O corpo da Srta. Granger esta esbanjando magia.

- Esbanjando? Aqui tem energia pra dividir igualmente entre um exercito inteiro e ainda sobrar! Nem na presença de Voldemort é possível sentir tanto poder! – Tonks concordou.

- Não estamos falando de Voldemort, estamos falando da mãe de Heron!

Minerva sentiu-se trêmula. Ele realmente queria dizer que Hermione tinha tanta importância por ser mãe de Heron? Estaria ele se referindo ao fato do menino ter o nome de herói?

- Grande coisa. – contradisse Madame Pomfrey, irônica. – Era de se deduzir que Voldemort fosse mais forte, não é mesmo?

- Voldemort não tem isso! – disse o bruxo, levantando a manga da camisola de seda que vestia Hermione e, assim, revelando uma grande e estranha marca negra logo abaixo do ombro.

- O que é isso? – perguntou Tonks.

- Uma marca feita a fogo, provavelmente. – ele disse, agora o sorriso morria em seus lábios enquanto ele olhava sério para as três mulheres a sua frente.

- Tem algum significado, não é? – deduziu Minerva.

Dumbledore olhou a marca de perto.

- Significa cicatriz!

Tudo estava interligado! Afinal, a palavra de oito letras era... C-I-C-A-T-R-I-Z... Oito letras, pronto! Cicatriz era a palavra, era simplesmente o que ligava Harry à Hermione.

- Cicatriz?

- Sim, uma cicatriz em Hermione, marcando seu destino com uma outra cicatriz.

- A do Harry! – exclamou Tonks. Dumbledore assentiu.

- Exato. – ele olhou para elas e começou a mover a cadeira de rodas até a saída. – Venham, não adianta ficar aí. Não podemos e nem devemos fazer nada para impedir.

Elas olharam para Hermione na cama, aparentemente mais desfalecida do que nunca, e depois seguiram Dumbledore até a porta.

- O que não podemos impedir? – perguntou Tonks, fechando a porta.

Dumbledore sorriu, sereno.

- O fim...


Now that we're here

Agora que nós estamos aqui

It's so far away

Tão distantes

All the struggle we thought was in vain

Todos os nossos esforços foram em vão

All the mistakes

Todos os erros

One life contained

Uma vida contida

They all finally start to go away

Tudo finalmente começa a desaparecer

Now That we're here

Agora que estamos aqui

It's so far away

Tão distantes

And I feel like I can face the day

E eu sinto como se eu pudesse encarar o dia

I can forgive

Eu posso perdoar

But I'm not ashamed

Mas eu não estou envergonhado

To be the person that I am today

De ser a pessoa que eu sou hoje





Não haviam passado sequer três dias inteiros desde as conclusões de Dumbledore. Lupin estava trabalhando duro para reunir aliados, mas tinha que confessar que não era nada fácil.

Ele havia falado com Lobisomens e Vampiros, que por mais que insistisse, recusaram lutar. Por outro lado, os Duendes haviam concordado em ajudar, contanto é claro, que fossem bem remunerados financeiramente. Os gigantes foram a outra raça que acabara aceitando uma aliança, haviam se convencido que o mundo bruxo estava em perigo e eles não sairiam “felizes” com Voldemort governando.

No final das contas, era tudo um grande jogo político, que abrangia os diversos interesses das raças, das suas vantagens e desvantagens com o possível governo de Voldemort.

Os Vampiros e Lobisomens mostravam isso, como Voldemort não parecia intimidá-los, não temiam uma grande última batalha e nem queriam participar da mesma.

Com os Duendes e Gigantes a coisa era diferente. Primeiro porque os pequenos viciados em dinheiro não queriam que a dominação de Voldemort mexesse com a economia como certamente faria. E quanto aos enormes, sabiam que Voldemort não pensaria duas vezes antes de dizimá-los.

Naquele exato momento, a única coisa que faltava realmente, era reunir bruxos para a grande batalha que com certeza seria a última, mas isso também já estava sendo providenciado.

A ordem estava reunida naquele exato momento, discutindo uma estratégia adequada.

Alguma coisa na casa incomodava a todos, deixando-os desconfortáveis. Era uma sensação estranha e forte que traspassava seus corpos.

- E então? O que iremos fazer? – perguntou um bruxo de vestes longas e azuis escuras.

Lupin se mexeu na cadeira, incomodado. – Não há outra coisa a fazer senão apostar tudo em uma última batalha.

- Iremos desorganizados? Sem uma estratégia? Assim não teremos nenhuma chance, se é que temos alguma agora. – disse um outro bruxo.

- Eu concordo, temos que ter um plano – disse outro ainda.

- Mas isso não fará a menor diferença. – reclamou Lupin.

- Voldemort tem um plano de ataque direto e intenso, a menos que a idéia de você seja invadir o castelo de Hogwarts escondido e ir pegando comensal por comensal, o que eu acho muito difícil, não há uma determinada estratégia de confronto que vá ajudar.

- Concordo com Lupin. – disse Tonks, sendo depois apoiada por Minerva. – Pode ser que precisemos de um plano, mas não de uma estratégia de confronto, afinal, depois que estivermos lutando, nada disso irá importar mais.

- Bom, eu só sei que precisamos chegar em um consenso. – reclamou alguém.

Uma outra bruxa ali, grande e de cabelos loiros lisos e escorridos apoiou o comentário.

- Lutar é algo que teremos que fazer pelo nosso mundo de uma maneira ou de outra, precisamos apenas nos organizar para isso.

Finalmente, naquela noite, a pessoa na ponta da longa e estreita mesa, levantou a mão.

- Eu acho que só há uma pessoa capaz de decidir o que realmente devemos fazer. – disse Dumbledore, muito calmamente.

A opinião dele ninguém ousou contrariar.

O bruxo coçou o queixo escondido pela barba branca e olhou para o lado, onde um rapaz de cabelos negros estava sentado, alheio a tudo aquilo.

Harry não mais se lembrava que aquilo era a mais decisiva reunião da Ordem da Fênix. Ainda estava envolvido demais com a morte de Hermione para prestar atenção em tudo aquilo.

Sentia falta de tocá-la, de abraçá-la, de beijá-la... Por que tinha que doer tanto?

O mais estranho é que quase podia senti-la naquele lugar. Claro que sabia que isso era impossível, um bruxo sempre perdia a presença de magia quando morria, mas ele jurava que sentia a magia de Hermione forte como nunca.

A presença de magia era um tipo de energia que a alma do bruxo emana constantemente. Isso existia desde que o primeiro bruxo de todos os tempos havia se descoberto bruxo. É muito usado por medi-bruxos, para checar os sinais vitais da pessoa.

Contudo, essa energia não costumava ser forte e nem se destacar demais. Andando-se na rua, por exemplo, podia-se facilmente sentir a energia mágica de presença transpassando corpos, mas era simplesmente impossível distinguir de onde vinha e de quem era.

Bom, isso só tornava a confusão do garoto ainda maior, porque dentro daquela casa ele conseguia sentir uma força fortíssima atingi-lo e, se não tivesse visto o corpo inerte de Hermione, acreditaria que ela estava mais viva do que nunca. Aquela energia oscilava por altos e baixos, mas em média aumentava a cada segundo.

- Potter? – chamou Minerva, afastando o rapaz daqueles pensamentos.

- Oi? Desculpe, eu...

- Harry, meu caro, apenas queremos saber a sua opinião sobre a batalha. – interrompeu Dumbledore. – Você acha melhor uma estratégia bem bolada de ataque e confronto ou um ataque rápido e ofensivo?

O silêncio permaneceu intacto por um longo minuto.

Na verdade, Lupin, Tonks e Minerva já sorriam, sabendo o que o temperamento do garoto o levaria a escolher.

Diante daqueles olhos verde-esmeralda, Harry pode ver Malfoy atacando Hermione violentamente.

- Iremos atacar violentamente, de uma vez por todas. – disse firme. Sua voz estava carregada de ódio e determinação. – É a nossa última chance, temos que atacar sem maiores enrolações e destruir tudo ligado a Voldemort.

Alguns ali sorriram, outros fecharam a cara, mas todos acabaram aceitando.

- Ótimo, então quando será o ataque? – tornou a perguntar a grande bruxa loira.

- Depois de amanhã. Nos esconderemos na floresta proibida e depois, ao pôr-do-sol, atacaremos brutalmente, usando apenas uma distração para atrairmos os comensais para fora do lugar.

- Amanhã? Dumbledore, meu caro amigo, creio que o ataque em Hogwarts está mexendo com sua cabeça. – disse o bruxo sentado a ponta oposta da mesa.

- Não. – interrompeu Harry. – Ele está certo. Não podemos esperar Voldemort se reerguer, temos que atacar no mais tardar, depois de amanhã, ao pôr-do-sol.

Eles ficaram cerca de uma hora terminando de discutir aquela reunião, mas as decisões que prevaleceram foram, obviamente, as de Dumbledore.


These are my words

Essas são minhas palavras

That I've never said before

Que eu nunca disse antes

I think I'm doing okay

Eu acho que eu estou bem

And this is the smile

E esse é o sorriso

That I've never shown before

Que eu nunca mostrei antes

Somebody shake me ‘cause I

Alguém me sacuda porque eu...

I must be sleeping

Eu devo estar dormindo



Um par de pés delicados tocou o chão suavemente. Ela não sabia onde estava.

Uma linda morena de cabelos encaracolados olhava o horizonte daquele lindo e estranho lugar.

Lembrava muito um campo florido, mas diferente dos campos floridos que conhecia, como os holandeses, por exemplo, naquele lugar as linda e coloridas flores pareciam ser de papel, como se feitas a partir da dobradura de papel crepom, mas nem assim deixavam de serem lindas flores.

Ela deu alguns passos a frente, tentando não pisar em nenhuma das flores. Sorriu sozinha, sentindo uma paz enorme invadir sua alma.

Ela olhou para o próprio corpo e se viu vestindo uma calça bege e uma camisa de seda branca como a neve. Seus cabelos estavam soltos, caindo em dezenas de cachos até o busto.

Ela olhou para o céu e novamente estranhou.

Lá o céu não era a imensidão de azul que estava acostumava a ver. O céu era em um tom de roxo bem claro, quase branco. Só se notava a diferença, pois as nuvens se destacavam com seu branco impecável, não tão acima da cabeça da garota, como normalmente, elas pareciam grande pedaços de algodão doce flutuantes.

O som no lugar era apenas o cantar dos pássaros, que lembrava muito uma canção de ninar.

Hermione ajoelhou-se e pegou uma das flores de papel. A única que se diferia das outras, sendo um lírio branco.

- Lindo, não? – perguntou uma doce voz.

Mione levantou-se rapidamente, procurando a pessoa que falara com ela.

A sua frente, como que do nada, agora estava uma linda mulher, vestida mais ou menos no mesmo estilo de roupas e, definitivamente, parecida com a menina.

- Quem é você? – a morena perguntou.

- Ora, querida, como você pode não saber quem eu sou? – perguntou a mulher.

Quase que imediatamente uma sensação estranha transpassou seu corpo.

- Gisele? – ela arriscou.

A mulher sorriu em confirmação.

- Mas não é possível, você morreu há muito tempo.

- E continuo assim. – ela disse sem parar de sorrir.

Hermione olhou confusa para as próprias mãos.

- Então eu também estou morta? – perguntou receosa.

- Deveria. – respondeu a mulher vagamente, levantando a mão e fazendo com que uma flor azul voasse até ela.

- Por favor, onde estou? O que está acontecendo? Cadê o Harry? E meu filho?

- Acalme-se menina. – disse a mulher, cheirando demoradamente a flor de papel. – Tente você.

Hermione olhou confusa para a mulher e depois levantou a mão hesitante, bem como a mulher o fizera. Quase que imediatamente uma flor arrancou-se do chão e flutuou até sua mão.

- Por que as minhas são sempre lírios? – Hermione perguntou, vendo que novamente tinha um lírio em suas mãos.

- Pois você conseguiu algo que ninguém mais fez. – respondeu com simplicidade.

- O que?

- Você irá descobrir.

- Vou? E quando?

A mulher sorriu misteriosamente.

- Quando for atrás dos dois homens da sua vida.


Now that we're here

Agora que nós estamos aqui

It's so far away

Tão distantes

All the struggle we thought was in vain

Todos os nossos esforços foram em vão

All the mistakes

Todos os erros

One life contained

Uma vida contida

They all finally start to go away

Tudo finalmente começa a desaparecer

Now That we're here

Agora que estamos aqui

It's so far away

Tão distantes

And I feel like I can face the day

E eu sinto como se eu pudesse encarar o dia

I can forgive

Eu posso perdoar

But I'm not ashamed

Mas eu não estou envergonhado

To be the person that I am today

De ser a pessoa que eu sou hoje



Os olhos da morena começaram a marejar.

- Eu quero ver meu filho, por favor. – ela implorou. – Onde está Heron?

- Está seguro, por enquanto...

Gisele retirou as pétalas da flor em sua mão, uma por uma, e depois se sentou no chão, apreciando a beleza e a paz do lugar.

- Como posso sair daqui?

- Basta querer, querida... Basta você desejar fazer algo fora daqui.

Hermione, novamente, acompanhou os movimentos de Gisele e terminou sentada em frente à mulher.

- Há quanto tempo estou aqui?

- Não posso te dizer. O tempo é algo tão relativo e dependente quanto o seu propósito em sair daqui, mas se te consola saber, no lugar onde você estava dando a luz ao leu filho, passou-se cerca de uma semana, ou quase isso.

- Uma semana? Meu Mérlin, Voldemort deve estar fazendo a festa no mundo bruxo.

- Definitivamente, está, mas não creio que realmente tenha que se preocupar tanto com ele.

- Como não, eu tenho que matá-lo a partir do meu sangue para encerrar a maldição de uma vez por todas! – Hermione exclamou incrédula.

- Quem disse que a pessoa é Voldemort?

- A própria maldição.

- Mas já há uma profecia envolvendo-o. – justificou a mulher.

- Ele é herdeiro de Slitherin.

- E isso não impede ninguém mais no mundo de ser, Salazar viveu a mais de mil anos.

- Então quem seria? - a menina perguntou, desacreditada.

- Uma pessoa mais inteligente, que abordaria por outra forma de terminar com a sua vida. – respondeu Gisele.

- Como, por exemplo, não ficar declaradamente contra mim? – arriscou a morena.

- É um começo, não é?

- Você sabe quem é! – acusou Mione.

- Você também. – disse Gisele.

- Eu não sei, só porque essa pessoa é meio que o oposto de Voldemort não quer dizer que eu saiba. – ela disse revoltada, levantando-se.

- Ora, minha querida neta, em que mais sentido essa pessoa poderia ser contrária a Voldemort?

- Poderia ser amável comigo, poderia conquistar a minha confiança e... Bem, poderia me ouvir sempre que eu precisasse... Isso, eu acho...

- Está tudo certo, mas ainda há uma coisa simples. – Hermione forçou a memória, mas não se lembrou de nada que pudesse parecer importante. – Uma coisa tão básica quanto sua situação com Harry Potter. – disse a mulher, sorrindo novamente e, por mais uma vez, levantando-se inquieta.

- Quem sabe... Espera! Você está querendo dizer que... Que essa pessoa é o contrário do sexo de Voldemort? É uma mulher?

- Eu disse que você sabia. – gabou-se.

- Não, mas espera, é impossível!

- É aí que está, acreditar ou não? – Gisele abriu os braços e estendeu as mãos. – Confiar ou não em uma pessoa que teria que ser um cadáver de cem anos.

Hermione ponderou e hesitou, mas se aquela era a sua ancestral, não estaria mentindo.

- Quem é essa pessoa?

- Eu já lhe disse, você a conhece... E é justamente por isso que seu filho corre perigo.

Os olhos amendoados da morena estupefaram-se da mesma maneira que ela se surpreendeu, sentido o que a mulher poderia estar querendo sugerir.

- N-não... Não pode ser...

- Mas é! – a mulher sorriu. - Venha

Ela foi até a mulher e segurou as mãos da mesma.

- O que eu posso fazer?

- Salve seu filho, minha querida. Salve seu filho e seu grande amor... Eles já fizeram tudo o que podiam, agora que a última guerra está para começar, só você poderá salvá-lo!

- Como posso fazer isso? Eu não sou forte o suficiente. – disse a menina, aparentemente com medo.

- Você é mãe, querida, você saberá salvar seu filho.

- Mas e quanto a Harry? – Gisele sorriu diante da pergunta.

- Está na hora de ir... Você saberá o que fazer.

- Mas...

- Lute – frisou a mulher, segurando carinhosamente a mão de Hermione. A morena podia jurar sentir uma lamina tocar seus dedos no mesmo momento. – Não deixe sua pureza espiritual de lado, não abandone essa sua beleza quase celeste, mas nem por isso deixe de lutar. E vença!

- Eu vou. – ela disse, mudando o tom de voz para determinado. – Eu vou vencer.

Gisele sorriu e se aproximou, tocando os lábios rosados suavemente na testa de Hermione, carinhosamente.

A menina sentiu tudo queimar e rodar, como em um furacão de fogo.

Estou indo, Harry...


I am so afraid of waking

Eu tenho tanto medo de acordar

Please don't shake me

Por favor, não me sacuda

Afraid of waking

Medo de acordar

Please don't shake me

Por favor, não me sacuda




Alyne passou as costas das mãos no rosto, enxugando as lágrimas, e desviou o olhar do corpo inerte de Hermione.

Por mais que parecesse drama demais lamentar-se pela amiga mesmo depois de tantos dias, ela simplesmente não conseguia esquecer o fato de que a amiga não vivera para cuidar e criar a criança que havia trazido ao mundo.

Heron era o bebê mais lindo que Alyne já vira. Tinha um rostinho “fofo” que lembrava muito Harry e, ao mesmo tempo, certas características de Hermione – como os cabelos enroladinhos e tão castanhos quanto os olhos – que o deixavam ainda mais bonito.

Agora, quem passava a maior parte do tempo cuidando do menino era ela mesma, ou talvez Allison, que também ajudava bastante.

Alyne suspirou, sozinha naquele quarto silencioso. Sabia que havia algo muito errado acontecendo.

Ela se levantou demoradamente, sentindo as costas reclamarem pelo tempo que ficara curvada sobre o corpo da amiga. Com as pernas formigando, foi até a janela, encarando então o céu absurdamente escuro de Londres.

Desde o dia que chegara a sede da Ordem da Fênix, não só a cidade em si, mas como todas ao seu redor, estavam sofrendo os efeitos de uma tempestade devastadora que, talvez por sorte, vinha aos poucos, permitindo assim que os moradores se precavessem. Ainda assim, não mudava o fato de que varias regiões de todo o mundo pareciam estar nas mesmas condições que Londres: sob uma noite escura e fria interminável.

Ela desceu o olhar até o quintal da mansão Black. Podia ver Harry, Rony, Lupin e alguns outros aurores se organizando. O grande contra-ataque estava prestes a acontecer.

O mundo bruxo estava há apenas algumas horas – ou talvez nem isso – de presenciar uma guerra que decidiria o destino de todo o planeta, não só para a civilização bruxa, mas também para todos os trouxas.

Ao ver no rosto de Harry um incontrolável desejo de vingança – pela perda de tudo o que tinha de mais importante –, Alyne volto a refletir sobre o que Dumbledore lhe impedira há alguns dias.

Voltou então a seguir a mesma linha de raciocínio de antes, partindo da descoberta da maldição de Elizabeth Rhys.

- Mas professor, se Gisele não conseguiu encerrar a lenda, como ela evitou o fim do mundo?

- Adiando a lenda... Ela deu a vida para que a lenda acabasse e voltasse a se realizar séculos depois, no caso, agora.

Tais palavras, ecoando na sua cabeça pela voz de Dumbledore, fizeram à confusão anterior voltar a assolar a cabeça da menina.

Meu Mérlin, as informações não batem. Ela pensou. Se Gisele morreu justamente no intuito de adiar a lenda, então...

Os olhos da menina voltaram pela milésima vez a interminável nuvem negra do céu.

Ela morreu para adiar as catástrofes... Ela deu a vida pra salvar o mundo...

Os olhos de Alyne ameaçaram saltarem do rosto, enquanto ela se virava para encarar o corpo sem vida da amiga.

Gisele morreu para parar os fenômenos antes que atingissem um nível apocalíptico... E eles realmente pararam...

Claro que aquela conclusão era algo que já havia pensado antes, mas... Mérlin, como pudera ser tão burra? Agora sabia o que a tinha incomodado em toda aquela história de tempestade e devastações naturais.

Hermione está morta. Ela disse a si mesma; dessa vez não sentira vontade de chorar. Os fenômenos deveriam ter acabado no momento em que ela morreu...

Alyne, cansada de repetir tanto aquele gesto, tornou a dar uma olhada pela janela.

Se os fenômenos estavam somente piorando, então... Então Hermione não podia estar morta... Ela podia estar sem respirar a dias e seu coração poderia não estar batendo, mas se tudo aquilo ainda não tinha terminado, então ela ainda não havia ido embora. Não completamente.

Alyne calçou os sapatos e saiu correndo pela casa. Precisava falar com Dumbledore imediatamente.


Now that we're here

Agora que nós estamos aqui

It's so far away

Tão distantes

All the struggle we thought was in vain

Todos os nossos esforços foram em vão

All the mistakes

Todos os erros

One life contained

Uma vida contida

They all finally start to go away

Tudo finalmente começa a desaparecer

Now That we're here

Agora que estamos aqui

It's so far away

Tão distantes

And I feel like I can face the day

E eu sinto como se eu pudesse encarar o dia

I can forgive

Eu posso perdoar

But I'm not ashamed

Mas eu não estou envergonhado

To be the person that I am today

De ser a pessoa que eu sou hoje




N/A-> oi pessoaaas, tudo bom? Olha, eu to aqui, postando alegremente mais um capítulo de Lílium. Queria falar tudo em um NA só por preguiça de escrever mesmo, então aí vai. Obrigado pelos cometários, mas podem continuar, afinal, são eles que inspiram o autor a continuar. Outra coisa, a música aí em cima não tem muito a ver com o capítulo, mas eu gostei dela e quis colocar, chama SO FAR AWAY, do Staind. Desculpe qualquer erro ae, blz? Confesso que fiz com bastante pressa. Esse é o penultimo capítulo, creio eu, esntão aproveitem ae. A fic eu ainda termino nesse ano, sem dúvida, mas agora vai ser complicado pra escrever, sabe como é, fim de ano, provas, notas, trabalhos, tudo ao mesmo tempo. Tudo de bom pra vocês, comentem, votem e see you. ;D

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