Elizabeth Rhys



Naquela sexta-feira, que “comemorava” um mês exato do rompimento entre Harry e Hermione, o sol brilhava forte nos jardins de Hogwarts, como se sorrisse para ela.

As aulas daquele dia já haviam sido encerradas e agora Hermione esperava pela oportunidade de assistir mais um pôr-do-sol nos jardins da escola.

- Ai, até que enfim te achei. – suspirou Alyne, chegando pelas costas de Hermione e sentando-se ao seu lado. – Sabe que eu sempre achei a Minerva legal, nunca tinha imaginado que ela tivesse a capacidade de ser irritante como foi hoje. Aquele negócio que ela faz com os dedos é tique?

Hermione riu.

- A menos que ela tenha adquirido no último mês, não.

Alyne fez menção de colocar o assunto em discussão, mas mudou de idéia ao ver a expressão triste de Hermione, aquela que tinha se tornado comum.

- Mi, eu já disse que você não pode se deixar abater desse jeito, é por isso que você ficou mal daquele jeito a semana passada, você sabe que ainda não deve ter se curado totalmente daquela virose, se ficar desse jeito de novo, ela volta.

- Eu estou bem, não é difícil se acostumar com a idéia de todos me olharem feio achando que sou uma comensal, até porque, eu sempre fui olhada como CDF, a única diferente é que dessa vez os olhares e indiretas são mais acusadores... O que não entra na minha cabeça é o fato do Rony, da Gina e... E do Harry... Não confiarem em mim, eles sempre foram meus melhores amigos.

- Eles estão confusos... É normal depois do que viram...

- Não. – Hermione disse com um riso desgostoso. – O Harry não pareceu nada confuso há um mês atrás.

- De qualquer forma... Você sabe que pode sempre contar comigo. – disse fraternalmente.

- Obrigada Ly, sério... Eu acho que se não fosse você eu já teria enlouquecido.

A amiga sorriu e depois se virou para encarar o sol, que agora adormecia alaranjado atrás das montanhas.

- Uma vez meus pais leram uma historia para mim... – Hermione comentou vagamente. – Na história um menino sempre se perguntava o porquê de tudo, ele vivia confuso pelo fato de ninguém ter as respostas que ele procurava.

Alyne se pos a olhar Hermione com curiosidade.

“O menino andou, andou, andou, e por fim achou um monge. O monge prometeu que tinha resposta para suas duvidas, mas disse que só responderia uma delas. Sabiamente, o menino lhe perguntou onde poderia achar todas as respostas que queria, e o monge respondeu que as respostas que nós procuramos estão sempre ao nosso pôr-do-sol, mas que poderia ser perigoso querer saber o porquê de tudo.”

“O menino então, lhe disse que não queria a resposta de tudo, queria apenas saber por que as pessoas nunca lhe respondiam o que perguntava.”

- O que você quer dizer com isso? – Alyne perguntou confusa.

- Que talvez o monge dessa história esteja certo, as respostas devem estar ao meu pôr-do-sol. – ela apontou para as montanhas. – Foi lá que eu ganhei a marca no braço, talvez seja o lugar onde eu deva procurar as respostas do que esta acontecendo.

- Talvez você não precise ir até lá para descobrir do que se trata toda essa confusão.

Hermione olhou-a desconfiada.

- Você sabe de alguma coisa?

- Não, mas você não disse que viu os feitiços que conjurou na floresta, naquele livro que pegou no cofre? Então, talvez em um daqueles livros você possa achar mais coisas sobre o que anda acontecendo, ou quem sabe lendo-o novamente você recupere mais partes da sua memória.

- Pode ser...

Um momento de silêncio se passou como se fossem horas, mas por fim Alyne chegou à conclusão que alguma coisa estava errada, ou talvez, estranha.

- O que você tem?

Hermione não respondeu, se preservou a encarar o lago mais algum tempo e depois se levantar, convidando Alyne a segui-la.

Ela tinha decidido não contar para ninguém, mas nesse ultimo mês Alyne provara ser uma amiga fiel, como Harry, Rony e Gina não haviam sido, foi pensando nisso que ela aceitou a proposta de sua consciência, iria contar a ela.

Na verdade, não era algo tão grave, pelo menos não enquanto não estivesse confirmado.

- Onde estamos indo? – Alyne finalmente perguntou, enquanto entravam no castelo de Hogwarts.

- Para a sala precisa – disse sem parar de caminhar.

As duas conseguiram subir ate o sétimo andar sem chamar muita atenção, logo estavam adentrando a sala precisa, que desta vez parecia um pequeno porão de paredes de pedra. Lembrava vagamente a sala de aula de Snape, até mesmo por ter, no centro da sala, um grande caldeirão fumegando uma fumaça branca, que tornava impossível identificar o que havia nele.

- O que é isso? – Alyne perguntou.

- Bem, vamos começar do começo... – disse Hermione. – Lembra da semana passada, quando eu passei mal? – Alyne assentiu. – Então, eu não fui pra enfermaria porque achei que era só uma gripe, virose, ou coisa assim... Acontece que, mesmo naquela semana, eu acho que não era nenhuma dessas opções... Tem uma coisa que aconteceu aquela semana, ou melhor, que não aconteceu, e eu não te contei.

- E o que foi?

Hermione suspirou.

- Alem de todos aqueles sintomas, a minha menstruação já estava atrasada, agora então...

- Merlin – exclamou quase em grito. – Você esta... Esta... É possível?

- Sim, eu e o Harry... A gente... – parou por ai e deixou o tom vermelho das suas bochechas terminarem.

- Mi, você ta grávida?

- Não sei – admitiu com certo desespero na voz. – Por isso que estou desde a semana passada preparando essa poção, ela já deve estar pronta, basta eu derramar uma gota do meu sangue, se a fumaça se tornar azul, estou livre, mas se a poção parar de fumegar, bem...

Elas dirigiram o olhar à poção.

- Então o que você esta esperando? Corta o braço, não precisa ser grande coisa, né? Então, daí já tira essa duvida de uma vez por todas.

Indecisa, Hermione tirou do bolso das veste uma pequena adaga branca, com cristais azul-claros no cabo.

- Onde achou isso? – perguntou Alyne.

- Veio dentro de um dos livros... – respondeu vagamente, enquanto passava a lamina da faca na pele fina.

Logo o braço estava cortado, deixando algumas gotas de sangue escorrem ate o punho. A morena estendeu a mão até o caldeirão e permitiu que três fartas gotas de sangue caíssem, para depois voltar a cobrir o machucado com as próprias vestes.

Por um momento nada aconteceu, mas depois, para desespero de Hermione, o volume da fumaça diminui consideravelmente, mostrando uma rasa quantidade de liquido esverdeado.

Hermione arregalou os olhos e empalideceu.

- Meu merlin, eu não posso ser mãe! – exclamou mais para si mesma que para Alyne. – Eu... Eu não posso!

- É, principalmente agora, que esta brigada com o Harry.

- MERLIN, o Harry, ele... Ele é o pai... Eu vou ter um filho do Harry.

Por um momento Alyne supôs que Hermione choraria, gritaria, se condenaria pelas sua “má conduta”, mas não demorou a ver o rosto da amiga se iluminar com um sorriso branco.

- Eu vou ter um filho do Harry. – repetiu sorrindo, enquanto passava a mão no ventre.

- Quando vai contar para ele? – Alyne perguntou.

O sorriso de Hermione diminuiu, mas ela não deixou que ele se apagasse.

A idéia de ter um filho com 17 anos lhe era assustadora, mas esse filho seria, não só filho dela, mas também, de Harry, daquele garoto – ou talvez pudesse dizer homem – que conquistara seu coração de maneira tão... Cativante.

- Eu não sei, acho que preciso pensar melhor, colocar essa nova idéia em ordem, para depois pensar nisso.

- Só precisa se conformar... – disse Alyne sorrindo, de maneira displicente.

- Não é tão fácil, agora sem meus pais, tudo que não podia acontecer era isso... Eu vou, antes de tudo, conversar com o professor Dumbledore.

- Então porque já não vamos agora? Melhor não perder tempo, afinal, você já esta de um mês e duas semanas, não dá pra enrolar muito, não.

Hermione sorriu, concordando.

Alyne tinha que admitir, estava muito feliz pela amiga. A morena não sorria desde a briga com Harry, ou talvez sorrisse apenas forçadamente, mas aqueles eram os primeiros sorrisos sinceros e felizes desde o ocorrido.

- É, vamos... Apenas me espere pegar os livros aqui. – disse apontando para uma pilha de livros.

Ela se ajoelhou e começou a colocá-los em ordem. O ultimo e mais grosso livro, ela abriu e, numa cavidade pequena, porem profunda, da contra capa, guardou a adaga.

- Quer ajuda? – perguntou Alyne.

- Se você pudesse pegar esse aqui. – disse indicando o mais pesado, enquanto pegava o resto. – É pesado demais, meu braço ainda esta doendo.

Alyne assentiu e prontamente pegou o livro do chão.

Hermione já caminhava a entrada da sala, quando ouviu um estrondo. Olhou para trás e viu o livro no chão e Alyne olhando assustada para o mesmo.

- O que foi?

- Como... Como você conseguiu isso?

Hermione colocou os outros livros no chão e foi até a amiga, na capa do livro (que era onde Alyne apontava, tremula) estava escrito em letras redondas.

Lendas e Mitos Sagrados

- Esse livro? Estava no cofre... Eu te falei sobre ele, o que uma bruxa da minha família deixou pra mim... Lembra?

- Mas... Hermione... Esse livro... É quase impossível ter um livro desses.

- Do que você esta falando?

- Você nunca estudou lendas mágicas?

- Bem... Você viu que não tem isso em Hogwarts...

- Hum, claro – disse sacudindo a cabeça, gesto que deixou Hermione ainda mais confusa – Olha, esse livro é um livro de lendas sagradas sobre magia antiga, é tão raro que não se sabe dizer o que há dentro dele... Parece que só há duas edições existentes no mundo inteiro.

Hermione sentou-se no chão e pegou o livro, abrindo-o em seguida.

Por um momento julgou ter visto o lugar se iluminar com uma luz branca, supostamente emanada pelo livro, mas achou que fosse coisa da sua cabeça.

- Me parece um livro normal. – comentou folhando algumas folhas. – Parece um livro de histórias.

- É um livro de histórias... Das histórias mais polêmicas e sombrias do mundo antigo, como diria Profª. Sarina.

- Profª. Sarina?

- É, a que estuda isso com a gente lá em Beauxbatons, ela dizia que obter esse livro era quase como ter um oráculo, segundo ela, ele contém as informações mais desconhecidas do mundo da magia antiga.

Hermione sorriu divertida.

- Isso me lembra a charlatona de Adivinhação.

- Mudando um pouco de assunto. O que essa sua ancestral, ou sei lá o que, era? Deveria ser alguém muito importante para ter sob poder um livro desses.

- Não tenho idéia... Vamos ver o que tem aqui?

Ela começou a folhear algumas folhas, lendo algumas lendas de bruxos e bruxas que usavam poderes considerados apenas mito, mas o que realmente chamou sua atenção foi a segunda metade do livro, que era composta de somente uma história intitulada de: “ Elizabeth Rhys: Sob o fogo de Avernus Resurgo

Uma corrente elétrica passou rapidamente pelo seu corpo ao passar os olhos pela primeira pagina.

- Essa parece interessante. – murmurou, começando a ler o primeiro trecho. – “É raro se ouvir falar em Elizabeth Rhys, mesmo tendo sido ela, a criadora da mais duradoura maldição conhecida no mundo bruxo”.

As duas se entreolharam, como se tivessem duvida entre prosseguir ou não, mas Hermione acabou por voltar o olhar ao livro.

“Helen Elizabeth Rhys foi a bruxa mais poderosa que a história da Magia Antiga conheceu, a cativante de magia negra conseguiu usar em seu favor o famoso e mítico feitiço de Reencarnação”.

“Sua história foi marcada pela sua mortal rivalidade contra Salazar Slitherin, um dos quatro fundadores da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts”.

“Elizabeth passou toda a sua vida cultuando as artes negras, segundo os boatos, ela queria dominar o mundo e torna-lo melhor, embora alguns acreditassem que isso não passasse de mentiras infames”.

- Era verdade... – Hermione disse em um sussurro ao lembrar-se do sonho que tivera. – Agora tudo começar a fazer sentido.

Alyne achou melhor não questionar, tirou o livro das mãos da amiga e continuou sua leitura.

“O ponto alto da vida dessa bruxa negra foi a sua morte, onde conseguiu invocar o poder de Avernus Resurgo, condenando assim, um dos herdeiros de Slitherin a nascer com uma inimiga, sendo esta herdeira da própria Elizabeth”.

“A lenda consistia na realização de três fenômenos mágicos para que começasse e mais três para que fosse encerrada.”

“Os três fenômenos iniciais eram: abolição ao sangue novo; iniciação corpo-alma; e criação da marca lendária.”

- Eu sou a herdeira! – Hermione sussurrou assustada.

- O que disse?

- Eu disse que... Claro, assim tudo faz sentido... – ela virou-se para Alyne. – Eu sou a tal herdeira, tenho que ser.

- Ficou louca? Isso é só uma lenda.

- É, a lenda esta se tornando real... – ela tomou o livro das mãos de Alyne e releu o trecho que dizia sobre os três fenômenos mágicos – Você não vê? Abolição ao sangue novo... Isso se resume no assassinato dos meus pais, eles eram “o sangue” novo!

- Você realmente acredita nisso?

- Claro... Alyne, preta atenção, a segunda tarefa... Iniciação corpo-alma... Isso deve se referir ao dia seguinte ao seqüestro, foi assim que eu fugi de Voldemort, ela estava no meu corpo, ela estava lutando. E também se pode dizer da terceira, criação da marca lendária, significa a marca que esta no meu braço, ela apareceu quando eu adentrei aquelas ruínas.

- Faz sentido e... Bem, seria loucura dizer que isso é só coincidência, mas também é loucura acreditar nisso!

- Olha só...

“Os três fenômenos necessários para o final da maldição, são: a eliminação do herdeiro de Slitherin pelo sangue herdeiro de Elizabeth; a mudança do destino da marca sagrada; e a execução de Lílium”.

Hermione leu para si algumas coisas que julgou sem importância e depois passou para a próxima pagina.

“A herdeira teria algumas habilidades que Elizabeth teve. Como o domínio sobre a Legilimência, a capacidade animaga e a aparatação, mas em troca dividiria seu corpo com o espírito vivo de Elizabeth até que as três tarefas finais se concretizassem.”

Hermione sorriu, feliz por poder considerar aquele mistério resolvido, não inteiramente, mas boa parte.

- Viu isso? – perguntou a Alyne. – Explica o porquê dela não ter conseguido entrar no meu corpo depois da noite com Harry.

- Não entendi.

- Alyne, naquela noite eu desfiz a primeira tarefa dela. Ela precisava que eu não tivesse parentes do “sangue novo”, ou seja, o sangue mais trouxa, para se infiltrar no meu corpo, mas agora eu tenho um parente de sangue novo e bruxo. – disse emocionada, alisando o ventre com carinho – Por isso que ela não conseguiu mais o acesso ao meu corpo.

Alyne sorriu radiante, finalmente entendendo a linha de raciocínio de Hermione. Ela encarou a barriga da amiga, sussurrando com animação: “seu heróizinho”.

Hermione se levantou empolgada.

- Isso também deve explicar os ataques... Afinal... Eu tenho capacidade de animagia, talvez eu tenha atacado a Padma sob o efeito da transformação.

- Por partes... Afinal, nós duas sabemos que os dois primeiros ataques pode realmente ter sido você, mas no terceiro você estava no seu quarto, não perdeu a memória...

- O que você sugere?

- Acho que se alguém viu você atacando as outras duas pessoas e descobriu sua animagia, essa pessoa poderia muito bem armar tudo pra te acusar.

- É... Mas eu quero deixar isso pra depois... Esse livro deve explicar o porquê de tudo o que vem acontecendo.

Alyne sorriu e se levantou.

- O que pretende fazer agora?

- Recorrer a única pessoa que ainda acredita em mim... Além de você – completou ao ver a expressão de Alyne.

- Vai contar do bebê também?

- Não, isso eu prefiro manter em segredo por enquanto!

- E como você pretende fazer isso? A sua barriga vai ficar enorme!

Hermione sorriu, tirando a varinha do bolso das vestes e apontando-a para o próprio corpo.

- Effacir!

Uma luz rosada saiu da ponta de sua varinha e envolveu seu corpo. Por um momento ela reagiu, brilhando intensamente, mas logo se dissipou no ar.

- O que aconteceu? – indagou Alyne, que podia jurar ter visto um emagrecimento quase imperceptível na barriga da amiga.

- Feitiços para esconder a gravidez... A função dele não é exatamente essa, serve mais para esconder marcas e deformações corporais, mas ele quebra o galho.

- Hum... – Alyne suspirou. – Então, seria a próxima parada, Alvo Dumbledore?

Hermione sorriu, recolhendo tudo no chão. Ela abriu o livro nas ultimas paginas e foi lendo-o até a porta...

- É, a próxima parada é sim, Alvo Dumbledore.



*****



- Sinto muito, professor, mas não estou entendendo aonde o senhor quer chegar com isso. – admitiu Harry, olhando curiosamente para Dumbledore.

O diretor se ajeitou, assumindo uma posição mais confortável, e inclinou-se para frente, olhado Harry de uma maneira apreensiva.

- Harry, estou querendo, apenas, saber se você refletiu sobre as acusações que fez contra a Srta. Granger.

- Eu não tenho que refletir sobre isso! – exclamou, parecendo irritado. – Eu vi bem que era ela...

- Acha que a Srta. Granger seria capaz daquilo?

- Eu achava que não, mas ela me provou o contrário. Aposto que esta mancomunada com o... – o moreno parou de súbito. – Espera... O senhor sabe que foi ela, eu vi... Ainda esta do lado dela?

Dumbledore suspirou pesadamente e balançou a cabeça em sinal de negação, como se dissesse que Harry não havia entendido o que queria dizer.

- Só se fica ao lado de alguém em guerras, em caso de inimizades... Não é esse o nosso caso atual, portanto afirmo que não estou do lado de ninguém.

- Às vezes parece que você quer defende-la – Harry disse de maneira analítica. – O senhor esta tentando me contar alguma coisa sobre Hermione?

- Não, apenas acho que não deveria esquecer sua existência, e sim lembrar-se dela de longe... Ela esta muito sozinha.

- A Alyne fica atrás dela o dia inteiro. – justificou como se em sua defesa. – Até porque, as pessoas estão com medo dela e isso é culpa dela mesma... Ela acabou criando uma espécie de barreira ao redor de si, não deixa ninguém se aproximar, é como se fosse um feitiço protetor.

Dumbledore sorriu. Podia-se jurar haver um quê de malicia naquele sorriso.

- Então você ainda não a abandonou por completo, vejo que continua prestando muita atenção nela.

Harry corou bruscamente, enquanto se remexia desconfortável na cadeira a procura de uma boa mentira.

A verdade era que não era suficiente mentir somente para Dumbledore, queria mentir também para si mesmo.

- Isso não é verdade... A questão é que esta claro que ela se mantém segura como que por magia.

O sorriso de Dumbledore se apagou levemente de seu rosto, o que levou Harry a supor que o professor ainda tinha o que dizer.

- É importante se revelar que existem muitos feitiços para modificar as coisas, muitos feitiços para esconder dos olhos que não querem ver, mas não há magia suficientemente poderosa para esconder algo dos olhos que procuram...

Aquelas palavras soaram estranhamente importantes a Harry, mas não sabia justificar porque as mesmas lhe causavam tanto incomodo.

- Porque o senh...

- Professor Dumbledore, desculpe entrar desse je... Harry? O que faz aqui?

Hermione dizia confusa, ao adentrar a sala de Dumbledore apressada, com Alyne.

- Não é do seu interesse! – o garoto respondeu secamente.

- Nossa, quanta gentileza da sua parte me tratar tão bem! – exclamou Hermione, sarcástica.

Era quase possível ver grandes faíscas saírem da guerra de olhares maldosos que os dois travavam. Alyne chegara a pensar em tirar Hermione dali, mas Dumbledore interveio.

- Bem Srta. Granger, o assunto que Harry tratava comigo já esta mais que resolvido. – Dumbledore disse, lançando a Harry um olhar significativo.

O moreno se levantou reclamando alguma coisa inaudível.

- Tchau professor, Tchau Alyne... – ele disse provocativo, saindo do escritório de Dumbledore.

Hermione andou calada até uma das duas cadeiras a frente da escrivaninha de Dumbledore.

- E então? O que a senhorita deseja? – perguntou o professor, chamando-a de volta a realidade.

- Hum, lhe mostrar isso. – disse depositando o livro sobre a escrivaninha.

Dumbledore olhou confuso para o livro e passou cerca de cinco minutos fazendo uma leitura superficial do mesmo.

- Acha que se trata de você? – disse depois de muito folhear o livro.

- O senhor não?

- É possível.

- E quase certo! – Hermione disse urgente. – Professor, isso explica tudo o que vem acontecendo... O impedimenta super poderoso do começo do ano, os meus pais já haviam morrido, eu estava começando a adquirir essa magia da tal bruxa...

- Elizabeth Rhys. – completou.

- Exato... Os sonhos que eu tive, são sempre do dia em que ela executou o feitiço. – ela hesitou e por fim prosseguiu. – O que diz nas ultimas paginas... Explica o dia que eu “perdi” no Largo Grimmaud, não explica?

Dumbledore apenas assentiu.

- Espera ai... Do que vocês estão falando?

- Das ultimas paginas que eu li enquanto vinha para cá... Uma delas fornece o significado da cicatriz no meu braço...

- E qual é?

Hermione olhou Alyne seriamente, com um meio sorriso.

- Depois de conto... O importante agora é saber se tudo o que diz no final da lenda é verdade.

Hermione voltou a encarar Dumbledore, como se esperasse por uma resposta. Esse apenas levantou as sobrancelhas.

- Receio que sim... Porque você acha que a ultima vez que grandes desastres naturais aconteceram, Gisele Dagwood estava viva?

- Ela era uma herdeira ativa. – concluiu Hermione.

Alyne se levantou, sentindo-se confusa em meio aquele mar de informações.

- Espera ai, do que vocês estão falando? Mi, como você sabe tanto da lenda se leu pouco sobre ela?

Hermione balançou os ombros displicentemente e Dumbledore tratou de explicar isso.

- É normal que ela já saiba de tudo... Imagino que varias informações estejam fluindo sem parar pela sua mente, não?

A morena confirmou. – Estou com medo, professor.

- Srta. Granger... Você sabe detalhes sobre esse suposto fim do mundo, que imagino estar latejando na sua cabeça?

Hermione balançou a cabeça, de maneira nervosa e negativa.

- Segundo o que conheço dessa lenda, e posso acrescentar não ser pouco, Elizabeth profetizou que se sua herdeira ativa, isto é, aquela que vivesse a lenda, não a encerrasse, o mundo viria a baixo em desastres naturais de proporções apocalípticas.

Alyne levou as mãos à boca, horrorizada, enquanto Hermione permaneceu muda, pálida em medo, porem muda.

- Gisele não conseguiu descobrir como encerrar a lenda... Faltou apenas uma prova para ela – o diretor lamentou. – Ela não conseguiu despertar o poder de Lílium.

Hermione finalmente tomou coragem para voltar a se pronunciar.

- Como ela soube como mudar o destino da marca sagrada? O que é esse poder de Lílium?

Dumbledore não pode deixar de sorrir diante do nervosismo da garota.

- Em primeiro lugar, se você viu o significado da marca, então sabe o que significa essa tarefa. – Hermione corou e sorriu incerta para o professor. – Quanto ao poder Lílium, trata-se de um poder legendário, muito mais poderoso do que qualquer feitiço comum.

- Lílium significa, em latim, Lírio, não é? – a morena indagou.

- Exato, o lírio que é a flor da pureza, um símbolo de paz e bondade incomparável. Acreditasse que por ser um poder tão puro, ninguém até hoje tenha sido capaz de realizá-lo!

- Ninguém? – perguntou Alyne.

- Ninguém na história da humanidade... Hoje em dia Lílium não passa de um mito absurdo, o qual a sociedade bruxa desconhece.

- E então Gisele não foi capaz de conjurá-lo. – Hermione deduziu.

- Certo novamente. – Dumbledore disse antes de sorrir mais uma vez. – Acredita-se que só alguém extremamente puro de coração possa conjurá-lo, alguém capaz de tudo pelo bem do próximo.

Hermione segurou o queixo, se pondo a pensar.

- Mas professor, se Gisele não conseguiu encerrar a lenda, como ela evitou o fim do mundo?

- Adiando a lenda... – disse, agora voltando ao tom sério. – Ela deu a vida para que a lenda acabasse e voltasse a se realizar séculos depois, no caso, agora.

- Então, se a Hermione não conseguir terminar a lenda, o mundo acaba?

- Receio que esses desastres naturais já começaram, por enquanto estão sendo contidos, mas quando mais durar a lenda, mais intensos ficarão.

- O que eu devo fazer? – Hermione indagou confusa.

- Por enquanto nada... Antes do fim do mundo por catástrofes naturais e sobrenaturais, devemos nos preocupar com Voldemort, ele é um problema ainda maior.

- Mas isso não vai piorar?

O professor pareceu refletir por um longo instante. Olhou e revirou o livro.

- Posso ficar com seu livro? – Hermione assentiu sem pestanejar. – Bem, peço para que não se preocupe com isso nos próximos seis meses.

- “O pior virá quando o fruto vingar através do numero da besta” – Hermione disse maquinalmente.

- Vejo que ainda há muita coisa surgindo na sua cabeça. – disse Dumbledore sorrindo.

- É estranho, são como conclusões que surgem subitamente!

- É normal... Para sua situação, obviamente.

Hermione se calou.

Claro, aquela frase era obvia. “O pior virá quando o fruto vingar através do numero da besta”.

“O pior” seria os incidentes apocalípticos, “através do numero da besta”, essa é quase que uma frase bíblica, o numero da besta era o numero seis. Por fim, ao se referir a “o fruto vingar”, isso queria dizer sobre o desenvolvimento do filho que carregava no ventre.

A frase dizia claramente que, o fim só começaria, depois de um desenvolvimento de seis meses do seu filho.

Mas como Dumbledore havia compreendido tão bem a frase, se não sabia sobre sua gravidez?

Outra coisa que a preocupou foi quanto à contagem de tempo. Seu filho já tinha um mês e meio de vida, esperar seis meses passaria do prazo.

- Tem certeza quanto a esse período de seis meses? – perguntou com certa ênfase.

Dumbledore sorriu misteriosamente.

- É aproximadamente isso, suponho.

Precisava fugir. Tinha medo daquele olhar inquisidor de Dumbledore, se continuasse ali o professor poderia “ler” em sua mente a gravidez que escondia.

- Er... Eu não sei... Eu, eu já vou... – disse se levantando e puxando Alyne para junto de si.

- Tchau Prof. Dumbledore! – disseram as duas, andando apressadas para fora dali.

Dumbledore sorriu sozinho ao vê-las partir.

Sabia que a partir daquele momento, cada sorriso seria valioso. Bem como cada abraço entre amigos, cada beijo entre namorados e cada olhar entre os que se amavam (o caso de Harry e Hermione, ele pensou).

O diretor de Hogwarts aproximou o livro de si e o folheou rapidamente, a procura de um pagina em especial.

Achou-a.

Passou um tempo encarando a figura desenhada na pagina, figura esta, idêntica à marca no braço de Hermione.

Agora a lenda estava ativa mais uma vez e isso significava que o mundo, não somente bruxo, mas também o trouxa, só conheceria mais seis meses de paz.

“O fim esta próximo”, pensou consigo mesmo.

Pela primeira vez Alvo Dumbledore sentiu-se inútil. A única coisa que poderia fazer era ajudar Hermione, porque em seis meses tudo dependeria dela e de Harry.

Voltou o olhar ao livro e leu calmamente a legenda daquela figura, esta dizia o significado da marca que se encontrava desenhada no braço de Hermione.

Era incrível, aquilo significava tão pouco e ao mesmo tempo, muito. Era apenas uma palavra de oito letras, mas tinha um significado enorme, tinha um terço da responsabilidade que dois jovens carregavam de salvar o mundo, afinal, Hermione parecia estar sozinha, mas ela mesma sabia que não estava.

Dumbledore suspirou pesadamente, o único pensamento que pairava em sua cabeça dizia... Oito letras...





N/A¹ -> Pessoas, dessa vez os comentário serão muito importantes... Eu quero saber TU-DO o que vcs acharam desse cap. Ok?


N/A² -> Como de costume, THANKS pra minha super beta. Sem ela eu não seria NA-DA


N/A³ -> Também como de costume, quero ver muuuuuuitos comentários e quero ver vcs votando tb, ok? Bjs, :*

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