Capítulo IX



Capítulo IX




- Hermione... você quer sair daí, por favor? - Draco deu duas batidas de leve na porta do banheiro, apreensivo e carinhoso.

Sentiu duas cutucadas do ombro e se virou para encarar a namorada, que tinha os olhos vermelhos e inchados. Ele pareceu perder as palavras ao vê-la. Abriu a boca uma vez para falar, mas foi calado pelo abraço que Hermione lhe deu fortemente. Fechou os olhos e abraçou-a também.

- Hoje é véspera de Natal. - ele informou, num murmúrio abafado, sem soltá-la - vamos à uma festa que terá?

Ela pensou... festa. Seria um possível remédio de tentar diminuir a sede de vingança que tinha naquele momento. Não que a vingança fosse tão forte assim: eles pretendiam levá-la em cativeiro! E se não fosse por aquele garoto, a quem ela encheu de beijos e agradecimentos quando levaram o ladrão, ela estaria neste momento em qualquer canto do mundo! E se fossem bruxos? Eles poderiam voltar para pegá-la, o que era bem provável. Mas... pra que diabos a procuravam?

- Ok. - se afastou dele, passando a mão no rosto para limpar as lágrimas.

Malfoy segurou as mãos dela entre as suas e olhou-a:

- Esqueça disso e deixe sua mente livre para mim, ok? - pediu.

- Ok. - repetiu, sorrindo.





Do lado de fora da janela se podia ver a cidade vivendo em paz e animação. As pessoas andavam em grupos animados, as luzes dos vários restaurantes e boates já estavam acesos e uma música sem fonte tocava, enquanto o céu era ainda apenas um azul escuro, querendo virar noite.

Ao seu lado, Draco recebia ligações de toda parte do mundo, sem se importar que o carro andava lenta ou rapidamente, ou se importar que ela estivesse ao seu lado, esperando alguma palavra de conforto e carinho.

Ele lhe informara horas antes que iriam para um coquetel que teria, de gente importante. Ela já estava com os limites passados de gente importante! Um lugar que ela não podia rir que todos a encaravam - e ela não sabia se queriam saber o motivo do riso ou se estavam repreendendo-a. E ela que nunca fora fã de quebrar regras! Mas eram limitados a fazer coisas do tipo que fariam sem preocupações em qualquer outro lugar.

Bufou, sua respiração embaçando o vidro do carro lentamente. Se desviou na tentativa de tentar ler o letreiro grande e colorido que brilhava em cima de uma espaçosa porta em um prédio onde parecia ter uma festa, com todas as luzes e agitação que tinha lá dentro: "Fandango Bahia". Para o seu desapontamento, passaram reto.

Ele era tão cruel! E como ela pudera, pelo menos, passar pela sua cabeça, que amava alguém que só se declarara no momento mais importúnio e preciso, sem sequer ter os devidos sentimentos? Era outra cruel. Fora cruel com si mesma, com muita gente, com Harry... agora não tinha mais ele. E era tarde demais para voltar atrás.

Andaram mais algumas quadras com o carro deslizando lentamente pela rua, como se quisesse amaciá-la, o que fez Hermione sentir mais nojo e mal-estar por estar ao lado de alguém que fingia que a via.

Será que ele sequer pensava nela em alguma hora do dia? Parecia tão distraído e perplexo com cada palavra que alguém do outro lado da linha do telefone proferia o dia todo que parecia que nunca a notara. Uma angustiante sensação de que algo ruim aconteceria com si tomou conta; e pelo jeito seria algo que ela certamente não gostaria, pois da última vez que tivera uma sensação daquelas fora dias antes de Harry ter a batalha final com Voldemort.

Encostou as costas no banco macio do carro tentando procurar conforto, falhando miseravelmente.

- Algum problema, Mione? - ele quis saber distraidamente, fechando o celular.

Apesar de ter negócios bruxos, ele tinha que andar com aquele celular. Era terrível! Gente ligando o tempo todo...

- Não... - passou a mão carinhosamente no seu rosto e se aproximou para beijá-lo, quando o celular tocou novamente.

- Desculpe. Realmente. - ele pediu, abrindo o celular novamente e colocando-o no ouvido.

Hermione sentiu um arrepio pela nuca e fez um gesto de impaciência, se afastando e encostando-se no banco novamente. Ele pareceu notar seu mal-humor e, mais que imediatamente, se despediu dando uma desculpa e fechou o celular, jogando-o no banco. Se torceu até conseguir ficar de frente para ela, seus narizes quase se tocando com a proximidade; ele fitava diretamente seus olhos, e ela seus lábios. Suas respirações automaticamente se aceleraram com rapidez, fazendo um sentir o hálito quente do outro.

Os olhos verdes acinzentados de Draco eram tão profundos que chegavam a lhe amedrontar, mesmo sem ter precisão para fazer tal. Amava mesmo aqueles olhos horripilantes? Céus... ela não sabia! Seus sentimentos firmes e definidos em sua cabeça pareciam tão embaralhados e bagunçados que não teve certeza!

Seus lábios se roçaram rapidamente e ele lhe perguntou, parecendo fingidamente inocente e manhoso:

- Eu te magoei, foi? - fez um bico de manha.

Ele estava sendo infantil e lhe dando nojo. Um horrível e profundo nojo. Malfoy lhe forçou um beijo de língua e ela o jogou longe, para o outro lado do carro. Ele a olhou, desolado e parecendo ter feito a maior besteira do mundo, enquanto ela, incrédula, fitava-o com nojo e pavor.

Quando ele fez menção de se aproximar, ela recuou, os braços na defensiva:

- Não se aproxime! - avisou.

O que... ele pensava dela? Estava com ela só por prazer e direitos? Então... era isso que ela significava pra ele. Afinal, ele só a levava a lugares chiques e festas importantes porque um monte de gente da mesma espécie que a dele estaria. Isso era praticamente uma imagem. Uma imagem de que ele tem apoio o bastante se se declinar nos negócios. E ela era o alicerce.

Levou as mãos ao rosto, apavorada. Tinha que sair do mesmo lugar que aquele traste; e ele a olhava com arrependimento e ansioso pelas suas palavras.

- Fique longe de mim. - ela murmurou quase num sussurro, querendo estar em qualquer lugar que não fosse ali.

- Hermione... - começou carinhosamente.

Seus olhos se encontraram e se fixaram. Aqueles olhos que um dia ela achara que amara brilhava um arrependimento mesclado com dor. Extrema dor. Ele não aparentava nem apresentava indícios de cometer qualquer insanidade brusca e violenta como cometera anteriormente.

- Não. - falou friamente, como se conversasse com o Malfoy de anos atrás - por favor, me tira daqui. Eu tenho que ficar longe de você. - informou, seus olhos formando pérolas castanhas e brilhantes envolta às lágrimas que insistiam em escorrer pelo seu rosto frio e triste - abra a porta, por favor.

Ele a olhou desolado, e, sabendo que não teria mais escolhas, fez um sinal pelo retrovisor para que o motorista parasse o carro ali. Este encostou lentamente na calçada, os olhos dos dois não se desgrudaram. Ela abriu a porta e se inclinou para fitá-lo pela última vez:

- A gente se vê qualquer dia desses, Malfoy. Eu espero que não. - informou friamente.

Não se importou em empurrar a porta com força quando ele fez menção de responder alguma desinteligência e sair andando decidida para um pub que havia ali perto. Apesar de a noite só estar começando, o lugar já estava cheio e a música alta animava o lugar barulhento e um pouco escuro.

As pessoas andavam e dançavam animadas, conversavam alto, e riam... felizes. Era uma coisa que Hermione realmente não quis pensar em ser, e nem se preocupou em tentar. Era difícil o bastante perder os dois amores, pegando-os em flagrante, descobrindo realmente quem são por dentro.

E Harry... ele significava tanto para ela. Fora seu amigo tanto tempo e agora a traía assim, de forma tão cruel. O amor que ela sentia por ele, ela tinha certeza de que ainda permanecia intacto, pois de alguma maneira, aquele beijo não lhe transmitiu confiança e firmeza por inteiro.

Secando os olhos com a ponta dos dedos, se desvencilhou das pessoas, sentando-se no bar. O banco era alto e ela teve que se esgueirar na ponta dos pés para conseguir sentar-se completamente no banco. Um homem estava ao seu lado, soncentrado em sua bebida, os cotovelos escorados no balcão de carvalho polido meramente e os cabelos rebeldes e negros, lembrando-lhe Harry... porém, ele não emanava aquela confiança e odor de liberdade que Harry emanava, e nem tinha o mesmo charme que Harry Potter.

Ele virou a cabeça para olhá-la, triste e os olhos inchados e sem animação, deu uma fungada significativa e levou o copo aos lábios rapidamente.

- Problemas? - ela perguntou, fazendo um sinal para o garçom vir atendê-la.

- S-sim. - falou, sua voz estava embriagada, porém ela tinha certeza de que não estava bêbado.

- Beber não é a melhor maneira de resolver. - informou, pousando a bolsa em cima do balcão e amarrando os cabelos.

O garçom veio atendê-la em poucos minutos, quando notou sua impaciência. Trocaram algumas palavras e ela optou por pedir o mesmo que o homem ao seu lado. Preferiu o silêncio enquanto a bebida não vinha e, quando esta veio, deu um gole rápido e virou-se, a voz um pouco rouca e amiga:

- Mas se não tem outro meio, o melhor a fazer é ela.

O homem deu um riso abafado e virou-se.

- Robert Parkinson, prazer. - ele estendeu a mão.

Estremeceu ao reconhecer o sobrenome, mas ele não apresentava indícios de ter qualquer personalidade forte como Pansy Parkinson teria tido, ou tinha. Apertou sua mão seguramente.

- Hermione Granger.

Ele sorriu e pareceu extremamente aliviado, chegando a suspirar com a informação.

- Oh... bruxa. - sussurrou para que ninguém escutasse.

- Sim. - ela sorriu, dando novamente uma tragada.

- Que problemas teve? - quis saber, imitando-a no ato com a bebida.

Ela suspirou. Precisava desabafar, não era? E o que era melhor do que encontrar alguém aparentemente ótimo caráter, com problemas, e que também desabafaria com você em poucos minutos? Ótimo. Não precisava de mais nada para sentir um alivio extasiante e remediador para seus problemas incontáveis e casos mal resolvidos.

- É uma longa história...

Em alguns minutos longos e desagradáveis ela contou sua história para ele. Era realmente estranho ter um estranho tão interessado e amigo como ele para escutá-la - ainda mais com aquele sobrenome. Mas, enfim, quando terminou, deu um longo suspiro e uma tragada na bebida, fazendo sinal para o garçom trazer-lhe outra.

- Vai querer saber a minha, não é mesmo? - ele perguntou, a voz divertida e triste.

Ela sorriu, afirmando.

- Ok. Também é uma longa história... - ele deu uma tragada, fez um sinal para o garçom e começou, virando-se completamente para ela, a fim de ficar em melor posição e encará-la nos olhos - bom, Kaminsky era minha namorada. Melanie Kaminsky. Eu a namorava desde a época do colégio, quando fomos parar na mesma casa. Quando eu a conheci, disse que eu tinha o gênio totalmente diferente do que ela esperava que eu tivesse, e que eu, sendo um Parkinson, tinha que ser do mal. Falei que isso não significava nada, era só meu sobrenome com uma história também longa no Mundo Bruxo. Foi aí que eu descobri: eu estava apaixonado pela Mel. Eu queria viver os restos de meus dias ao lado dela, eu queria ter filhos com os cabelos castanhos e olhos verdes igual aos dela.

"Mas não foi exatamente o que aconteceu. Quando terminamos a escola, eu a noivei e alugamos uma casa, rapidamente eu consegui emprego em uma agência de viagem via pó-de-flu. Às vezes eu voltava para casa muito tarde, e às vezes muito cedo. Mas nunca no horário certo, e isso deixava Melanie agoniada e temerosa com o que poderia acontecer comigo no Beco Diagonal, mas eu sempre voltava e éramos felizes."

"Ontem, o que aconteceu, foi diferente. Completamente diferente do que esperávamos - ele deu uma fungada triste e as lágrimas voltaram a aparecer nos olhos -, quando cheguei em casa, mais cedo e mais feliz, lá estava ela, deitada na cama, os olhos fechados, e os pulsos cortados. Sangue para toda parte. Eu não aguentei vê-la daquele modo, eu estava vendo a minha Melanie morta ensangüentada!"

Hermione segurou sua mão, para lhe dar apoio e confiança. Ele sorriu, olhando-a com tristeza.

- Você a deixou lá? - ela perguntou, percebendo que ele ainda não tinha terminado toda a história.

- Não. - ele coçou o nariz rapidamente, voltando a dar outra tragada na bebida - depois de tentar procurar um fio de vida, sem sucesso, eu chamei curandeiros do St. Mungus e liguei para a mãe dela. Infelizmente, eles não conseguiram curá-la, ela já havia morrido havia muito tempo. De acordo com as autópsias, ela estava sobre efeito do Imperius, e se descontrolou quando a mandaram fazer algo terrivelmente horrível. É claro que queriam me matar, agora mais do que nunca.

Ele riu, triste, comos e debochasse do próprio azar e infortúnio. Hermione, de cara, adquiriu uma simpatia de amigos especial por ele. Este queria muito desabafar também, e ela podia notar em sua voz rápida e hábil.

- Por que querem te matar? - ela perguntou, tentando fugir do assunto "infeliz no amor" que havia predominado insensivelmente na conversa.

A música alta podia ter aumentado e o volume de pessoas também. Ele virou-se para encarar a multidão que dançava animada, se certificando de que nenhum curioso estaria escutando a conversa íntima e infeliz que os dois estavam tendo.

- Porque eu não quis vender o estoque de flu para os comensais de você-sabe-quem. - explicou em voz baixa, se inclinando para confiá-la um segredo íntimo e intimidador - sabe, eles ainda estão por aí. Um deles, o mais forte, eu presumo, continua dando ordens, mesmo que V-Vold... você-sabe-quem... tenha morrido há cinco anos. Eles ameaçaram me torturar, sabe, não foram muitos sigilosos... e invéz de entrarem na loja com outro nome... entraram fazendo um escândalo e dizendo que era um assalto. Burros! - deu um soco de leve na mesa, expressando sua raiva e vontade terrível de sair do mundo o mais rápido o possível.

Ela mordeu o lábio inferior, preocupada. Desceu da cadeira e esticou a mão para ele:

- Vem, vamos dançar. Você precisa relaxar um pouco.



N/A: Oii.. Thanks Rhii e Carol por estarem lendo..
Esse cap. naum foi mto revelador nem legal.. ¬¬'
Mas tem mtos pela frente ainda ^^'
Bjuuuuxxxx,
Nah~

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