Lembranças e Poções



Capitulo cinco - Lembranças e Poções.


----Flashback----


A praia já estava praticamente deserta, o sol ia se pôr em algumas horas, pintando o céu de um vermelho-aroxeado.

Uma garotinha loira de 5 ou 6 anos brincava na areia próxima ao mar, contruindo um muro que pudesse proteger seu castelinho das ondas.

- Naty! Naty, olha só, encontrei uma cor-de-rosa! - disse outra garotinha, que andava na beira da água, se abaixando de vez em quando para recolher conchas.

- Trás pra cá, Sarah, para a gente enfeitar o castelo...

- Não...Essa eu quero guardar para minha mamãe, vou dar de presente para ela...É tão bonita...

- Ah, então eu também vou dar alguma coisa de presente pra minha mãe pra ela não ficar triste... - disse a garotinha loira, se levantando e deixando de lado o castelo que passara a tarde fazendo. - Me dá uma dessas que você pegou?

- Claro...

- Obrigada, Sarinha...Vamos nadar agora? A água está quente...

- Não, não Naty! Já é tarde, mamãe disse para voltarmos para casa quando começasse a anoitecer...

- O céu ainda não escureceu...e eu quero mergulhar Sarah! Depois eu vou para casa, é rapidinho, eu prometo...

A menina se dirigiu, então, para o mar que agora refletia o sol no horizonte.

Mas Nathalie não mergulhou.

Ficou apensar ali parada, a água chegando-lhe um pouco acima da coxa, sentindo a brisa morna que ricocheteava seus cabelos curtos e lisos. Como se esperasse alguma coisa...

E de repente aconteceu.

A brisa cessou, o mar se acalmou estranhamente e nuvens negras cobriram o céu em questão de segundos.

Tudo ficou tão escuro, o pânico tomou conta do corpo da menina, porém ela não se moveu.

Um vento de congelar as entranhas passou rugindo e ela sentiu que não ficaria consciente por muito tempo agora...

Algo estava acontecendo com ela, sim, mas ela sentia que tinha a ver com mais alguém...

Alguém estava fazendo isso acontecer...

Sentiu alguma coisa quente escorrer por seus olhos...E em seguida não havia mais forças para ficar de pé...

----

- Nathalie? NATHALIE??

- Ãh? Quê?! - respondeu ela, de um pulo.

Estava de volta ao grande salão, onde os alunos conversavam em alto tom enquanto almoçavam.

Ela olhou em volta, ainda assustada por ter sido trazida de volta de seus pensamentos tão de repente.

"Foi apenas uma lembrança..."

- Naty, você ouviu uma palavra sequer do que eu disse? - disse a garota que 10 anos antes pegava conchas à beira do mar.

- Ah...Desculpa, Sarah...Eu...Eu estava distraída.

- É, isso eu percebi! Estou falando com você faz um século...

- Hum... - Nathalie corou - Desculpe...Sobre o que você estava falando?

- Ah, deixa pra lá...Vem cá, você ta legal?

- Ótima...Por que?

- Sinceramente, você me assusta quando "voa" desse jeito. Parece que ta em transe, sonhando acordada, sei lá! Em que estava pensando?

- Ah, nada não...Bobagem... - respondeu ela, pouco convincente.

- Hum...Era sobre aquilo de novo, não? - disse Sarah, um pouco receosa.

Nathalie não respondeu, apenas baixou os olhos para suas panquecas vegetarianas.

- Naty, pare com isso, já estou ficando preocupada...Isso foi a tanto tempo...

- Eu sei, mas... - suspirou Nathalie.

- Não, nada de mas...Você não pode ficar presa só ao que aconteceu no passado e se esquecer do que acontece no presente...Certo?

- Ta bem...

- Olha, você vai comer isso? - disse Sarah, apontando o prato da garota - Porque se for acho melhor se apressar, o almoço já vai acabar e a próxima aula é de Poções, me disseram que o professor Snape é muito pouco tolerante quanto a atrasos e...

- Poções! - disse Naty, parecendo se animar - É mesmo, tinha esquecido que é quinta-feira! Vamos indo então Sarah, não quero me atrasar...

- Beleza, vamos sim...




Snape encontrava-se parado à frente de sua mesa, observando calado os alunos entrando em sua sala e ajeitando-se nas carteiras.

Harry, Ron e Hermione, sentaram-se nas ultimas mesas, para variar...

Após o sinal tocar e todos já estarem dentro da sala, Snape fez um aceno de varinha e instruções apareceram no quadro-negro, enquanto ele começava a explicar.

- Muito bem, a poção que faremos hoje é de um nível maior do que os senhores estão acostumados, claro, não são mais crianças já que se encontram no 6º ano...Precisará muita atenção e muito cuidado, não só os ingredientes mas a própria poção em si pode ser perigosa, chama-se "Poção da Memória". Creio eu que com este nome os senhores não sejam tão ignorantes a ponto de não saber para quê é usada, essa poção deixa a pessoa que a bebe desacordada por algumas horas, e quando ela finalmente acorda não se lembra de nada que lhe aconteceu nesse meio tempo.

- Essa poção é e foi muito utilizada pelos aurores, porém hoje em dia há o risco que corremos, pois se esta poção cair em mãos erradas pode ser usada para o mal. Não muito tempo atrás essa foi uma arma muito poderosa para a Arte das Trevas, e o conhecimento dela por vocês é imprescindível. Claro que os senhores devem ter a responsabilidade de saber que não devem usa-la dentro desta escola nem para outros fins. Apenas uma gota em contato com sua boca e ela já fará efeito, se tiver sido feita corretamente, claro, por isso eu recomendo cuidado mais uma vez.

- Bom, vamos começar então...Um dos ingredientes mais importantes dessa poção é o Ditamno, alguém pode me dizer qual a utilidade e no que consiste este ingrediente?

A mão de Hermione ergueu-se no ar, mas para a surpresa de todos, a de Neville Longbottom também, e a da garota nova.

Snape encarou Neville e o garoto pareceu intimidar-se mas mesmo assim continuou com a mão levantada. Ignorando Hermione, ele olhou direto para a aluna nova e por um instante um brilho estranho passou por seus olhos.

A garota parecia decidida e não deixou-se levar pelo olhar desprezível do professor.

- Certo.Senhorita...Delany - disse ele, olhando na lista de chamada.

- Ditamno, também conhecida como arbusto do fogo - começou a menina, e todos a olharam surpresos. Era a primeira vez que alguém interrompia Snape. Talvez por ser nova a garota não tivesse noção do perigo... - Essa erva pode liberar vapores inflamáveis, por isso deve ser manuseada com cuidado. É um ingrediente muito forte e base para a maioria das poções que mechem com a mente das pessoas.

Apesar da audácia da garota, que pareceu engolir o livro-texto identicamente a Hermione, Snape não poderia puni-la por dar uma resposta tão perfeita.

- Muito bem, senhorita...Uma boa resposta, acrescentarei um ponto à sua casa... - disse ele, os olhos ainda brilhando ameaçadoramente - Mas se a senhorita julga saber tanto...Diga-me, qual a utilidade do pó de polvo nesta poção, e como ele é feito?

- Ora professor - respondeu ela, como se fosse óbvio o que ela iria dizer - Essa qualquer um sabe. O pó-de-polvo é feito da carne seca de um polvo, e comprovadamente aumenta a força das poções. Por ser uma poção complexa, este ingrediente é adicionado para tornar maior o efeito em quem a beber.

Ela sorriu e olhou para a sala, corando um pouco ao perceber que todos a olhavam. Olhou para o chão em seguida, timidamente. Snape ficou um pouco sem palavras, virou-se para os alunos que o olhavam espantados e resmungou:

- Vamos, o que estão esperando! Deviam estar anotando tudo o que foi pronunciado aqui! E comecem logo estas poções, os senhores têm até o final da aula para prepara-las. Depois deixem-nas comigo, teremos de coloca-las no fogo por mais ou menos uma semana até sabermos se foram feitas corretamente ou não. ANDEM LOGO!



Não querendo desafiar o professor, todos começaram a trabalhar em suas poções nada fáceis, quando Harry se virou para Rony e Hermione. Os dois automaticamente se curvaram para escutar.

- Vejam - disse ele, puxando um pergaminho da mochila.

- Sobre o que é? - disse Hermione, apanhando-o e começando a ler.

- Quadribol! Os testes para os novos participantes do time começam semana que vem!

- OPA! - disse Rony um pouco alto demais - Isso me interessa , deixa eu ver - disse ele, tirando o pergaminho da mão de Mione e começando a ler.

- Rony! - reclamou a garota - Que falta de educação é essa?

- Uau Harry, você agora é o capitão! - disse ele, arregalando os olhos para o amigo.


Harry sorriu e corou ao mesmo tempo. Não cabia em si de tanta alegria.

- Eu queria contar a vocês hoje cedo, mas não os encontrei em lugar algum antes até a hora do café...Onde estavam?

Ron e Mione se entreolharam corados, Mione baixou a cabeça e Rony começou a balbuciar desculpas.

Por azar (ou sorte), Snape passava por ali naquele instante, Harry guardou apressadamente o pergaminho embaixo da mesa, porém o professor já havia percebido a falta de atenção deles.

- Posso saber por que não estão trabalhando? - disse ele, as sobrancelhas erguidas.

- Ah...É que eu já terminei a poção, professor! E estava ajudando Harry e Rony a terminarem a deles também...

- Hum, vejo que a senhorita continua a mesma sabe-tudo de sempre, Srta Granger, mas quando forem prestar os exames receio que a senhorita não estará lá para fazer tudo por Potter e Weasley, portanto, deixe-os fazerem suas próprias poções, e se algo ocorrer errado o problema será entre mim e eles, certo senhorita?

Hermione calou-se, momentaneamente envergonhada, enquanto Harry lançava um olhar odioso a Snape enquanto ele passava para a outra fileira de alunos indo observar como andavam seus caldeirões.

Os alunos da Sonserina davam risadinhas irritantes e apontavam para eles do começo da sala.

O único da Sonserina que não estava nas primeiras carteiras era, por incrível que pareça, Draco Malfoy. Ele e um de seus capengas, Vicente Crabbe, estavam apenas uma mesa à frente de Harry, porém na fileira à esquerda deles.

Assim que Snape ficou longe o bastante, Harry arriscou virar-se para trás novamente e entregar o aviso do time de quadribol para Rony terminar de ler...E neste meio tempo, muita coisa aconteceu.

Snape gritou com Neville pois sua poção, que deveria estar de cor arroxeada, ficou verde-limão; Simas, que estava ao lado dele, assustou-se com o berro do professor e derrubou um vidro de amônia no chão; e Draco Malfoy virou-se para o lado e atirou algo que fulminava.

Este "algo" foi cair bem dentro do caldeirão de Harry, e em menos de um segundo aquilo explodiu.

A sala toda entrou em pânico e saiu correndo para os cantos da sala onde não havia poção espalhada. Encharcaram-se livros, penas, pergaminhos, e aquilo caiu em quase todos os caldeirões da sala, estragando a poção de todos.

Harry ficou paralisado, com a boca aberta, não acreditara no que acabara de acontecer. Não sabia se voava pra cima de Malfoy ou se explicava tudo para Snape.

Antes que ele pensasse, Snape (que já estava vermelho de fúria) começou a berrar.

- POTTER!!!!! - disse ele, cuspindo - O QUE SIGNIFICA ISSO? VOCÊ SABE A GRAVIDADE DA SUA BRINCADEIRA??? VOCÊ PODERIA TER DEIXADO EM COMA A CLASSE INTEIRA! EXPLIQUE-SE IMEDIATAMENTE!!!

- Professor, não fui eu! Eu não fiz... - começou Harry, desesperado.

- ALÉM DE DESTRUIR A SUA POÇÃO, VOCÊ ACABOU COM O TRABALHO DE UMA CLASSE INTEIRA! - continuou Snape - VOCÊ VAI FICAR DEPOIS DA AULA PARA LIMPAR ESSA SUJEIRA E VAI PEGAR DETENÇÃO A SEMANA TODA! 50 PONTOS A MENOS PARA A GRIFINÓRIA!

- MAS SNAPE, EU NÃO FIZ...- Harry estava começando a perder a paciência.

- PROFESSOR SNAPE, POTTER! E MAIS 50 PONTOS A MENOS POR SUA IMPERTINÊNCIA!

- AAHHHHHHH PODE PARAR! - gritou uma voz lá do fundo da sala.


Todos olharam, e uma garota de cabelos loiro-escuros levantara-se, as sobrancelhas franzidas e com uma expressão séria no rosto.

- Qual é professor, você nem deu uma chance pro garoto se explicar! Você não pode ir acusando-o assim se nem ao menos sabe o que aconteceu!

A expressão furiosa de Snape enquanto falava com Harry transformou-se no rosto pálido do professor novamente, porém não dava para não notar a raiva contida em sua voz quando ele disse:

- Senhorita Delany! Eu não acho que dei permissão a ninguém aqui nesta sala para se interferir na história!

- Pois eu não preciso de permissão de ninguém para dizer o que eu acho! - disse a garota, atrevidamente. - Harry Potter não foi o culpado deste acidente! E se o senhor fosse um pouco mais imparcial, saberia disso também...

Um brilho perigoso perpassou os olhos de Snape novamente.

- Escute aqui menininha, estou perdendo a paciência com você! Quem decide o que será feito e o que não será aqui sou EU, você não tem autoridade suficiente para opinar em nada aqui, fui claro? E agora não se meta mais, a não ser que queira se juntar ao Potter e...

- VOCÊ ESTA SENDO TOTALMENTE RIDÍCULO- gritou a menina, e a sala inteira soltou exclamações de espanto - POTTER NÃO FEZ NADA, QUEM JOGOU OS FOGOS NO CALDEIRÃO DELE FOI O MALFOY! Eu estou de prova!! Mas acho que você não tiraria pontos de um aluno da Sonserina, tiraria?? Draco Malfoy não tem um pingo de caráter! E você o incentiva pondo a culpa no Potter sem mesmo saber de que lado está a verdade!

- AGORA CHEGA GAROTA! QUEM VOCÊ PENSA QUE É para me dizer o que eu devo ou não fazer??? Você comparecerá às detenções junto com o Potter, E MAIS 50 PONTOS A MENOS PARA A GRIFINÓRIA!! AGORA SUMA DA MINHA FRENTE, VOCÊ E POTTER VÃO VER O DIRETOR! SAIAM IMEDIATAMENTE!

- COM PRAZER!!!!!!!!


A sala estava chocada demais para dizer alguma coisa, ambas Sonserina e Grifinoria tinham os queixos caídos e os olhos arregalados. Não acreditavam no que estavam escutando. Alguém, depois de anos, finalmente se atrevera a jogar na cara de Snape toda a sujeira que o professor aprontava??? E quem era essa garota misteriosa, e ao mesmo tempo corajosa, que interviu na história?

Ela jogou os livros na mochila com violência e saiu pisando duro da sala.

- ANDA POTTER! SAIA!

Por um instante Harry pensou que só podia estar tendo um pesadelo. Mas voltou a realidade com o grito de Snape, colocou os livros na mochila e saiu da sala também, batendo a porta ao passar.

Seus neurônios pareciam que iam explodir de tanta raiva que estava sentindo...Mas ao mesmo tempo sentia-se grato pela garota tentar defende-lo. E achou que a Grifinoria inteira também, pois todos sempre quiseram dar uma resposta daquelas a Snape.

Ele viu a garota virando o corredor para sair das masmorras e achou melhor ir atrás dela para agradecer.

Ela continuava andando a passos duros, os punhos fechados.

- Ei! - disse Harry, tentando lembrar de como Snape a havia chamado - Delany!

A menina virou-se, ainda com aquela expressão séria no rosto.

- Oi! - disse Harry, alcançando-a.

- Hum...Oi. - disse ela, pondo o cabelo para trás da orelha. - Olha Potter, eu...

- Obrigado! - disse ele, antes de mais nada.

A garota pareceu surpresa.

- Obrigado?

- É! Obrigado por...Hum...Tentar me defender.

Ela sorriu.

- Bem, eu...Não estava te defendendo...Huahuahuaha sem ofensas...Só estava dizendo a verdade, foi Malfoy quem jogou aquilo no seu caldeirão, você não viu?

- Ah...Na verdade não, eu...- ele corou - Bem naquela hora eu me virei para...perguntar uma coisa para um amigo. Mas...ahm...Desculpa ter te metido nessa.

- Ah, não se preocupe,você não fez nada, eu falei tudo aquilo porque eu quis, eu poderia ter ficado quieta de qualquer jeito...

Harry não respondeu, mesmo sabendo que aquilo tinha um fundo de verdade.

- Além disso, estou acostumada a levar detenções por causa dessa minha mania de falar o que penso...Não vai ser a primeira nem a ultima...

Harry sorriu, ainda sem saber o que responder.

- Se você quiser eu te levo à sala de Dumbledore... - disse ele.

- Eu sei onde fica, obrigada. - disse ela.

- Ta legal...


Os dois permaneceram em silêncio por todo o caminho, e logo chegaram à gárgula que guardava a entrada para o escritório do diretor.

- Hum...E agora, não sabemos a senha...- começou Harry.

- Bom, fale por você - disse ela, sorrindo levemente - Eu passei as férias todas neste castelo, sei mais do que você imagina.

Harry estava começando a ficar sem graça com as cortadas da garota. Qual era a dela afinal? Ele só estava tentando ser gentil.

- Pastel de queijo - disse ela, e a gárgula se moveu para o lado, permitindo que eles entrassem.


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