Grifinória x Sonserina




Capítulo 9
Grifinória x Sonserina


O dia em que o Campeonato de Quadribol começaria estava cada vez mais próximo, e os alunos cada vez mais preocupados. O primeiro jogo era justamente entre as casas mais rivais de Hogwarts, Grifinória e Sonserina. O que deixava Tracy ainda mais angustiada, pois além de saber que logo jogaria ela ainda tinha o problema Draco, que parecia ainda mais estranho do que o normal.

Os treinos também ficavam cada vez mais puxados e Ron exigia cada vez mais dos jogadores, fazendo-os voar horas a fio até chegarem ao ponto de caírem da vassoura e estatelarem-se no chão por causa do sono, como aconteceu com Browkling numa Quarta-feira.

O restante das coisas continuava na mais perfeita ordem, como sempre fora. A quantidade de trabalhos e redações estava aumentando cada vez mais e os professores ficando mais severos e cobrando mais os alunos das suas responsabilidades. Hermione e Tracy não se atrasaram mais nenhum dia para a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas e Severo continuava nervoso, reclamando até dos alunos que respiravam alto ou tossiam dentro das masmorras.

No último treino que a Grifinória fez, dois dias antes do jogo, tudo ocorreu perfeitamente bem e os jogadores pareciam espetaculares, cada um na sua posição. Depois de tantas horas treinando, todos finalmente conseguiram decorar todo o complicado esquema tático feito por Ron, nas férias. Os jogadores pareciam estar tranqüilos às vésperas do jogo, e muito confiantes.

O tão esperado dia chegou. No sábado Tracy sentia-se extremamente mal ao café da manhã, como se todas as horas que ela havia passado treinando nos últimos dias tivessem sido inúteis, uma perda de tempo que resultaria apenas em uma perda desastrosa para a Grifinória.

- Eu estou avisando: é melhor comer alguma coisa, Tracy – repetia Harry toda hora, como se quisesse alertá-la de alguma coisa muito séria. – Vai, pega essa faca e come ao menos uma fatia de pão.

Ela fitou a faca que Harry segurava e depois, lentamente, pegou-a não deixando de encarar o garoto calorosamente durante alguns instantes.

- Que foi? – perguntou ele, notando aquele olhar estranho.

- Nada – disse Tracy, segurando firmemente a faca. – Eu... eu acho que preciso ir ao banheiro.

Ela levantou-se rapidamente, escondendo cuidadosamente a faca dentro de um dos bolsos do uniforme de quadribol.

- Vai – advertiu-a Ron – Mas volta depressa, o jogo começa daqui a meia hora.

O jogo. Será que não bastava tanta ansiedade, mas ainda tinha que haver um jogo? Jogo pelo qual ela era uma das responsáveis por marcar os gols que levariam sua equipe a vitória? Se bem que não queria ver a Grifinória ganhando... mas era tão importante!

Ela assentiu com a cabeça para Ron e começou a caminhar decidida para fora do Salão Principal. Seu destino não era exatamente o banheiro, mas sim a sala de aula mais próxima e vazia que pudesse encontrar naquele momento. O sentimento, a força e o desejo que ela sentiu ao ver aquela faca na sua frente, tão afiada e refletindo tudo ao seu redor, era muito mais forte do que ela.

Tracy procurou a faca com as mãos por entre a capa, como se sentisse um medo imenso de perdê-la. Apalpou-a e a agarrou fortemente, como se estivesse no meio de um campo de batalha e ela lhe pudesse ser útil a qualquer instante.

Ela ofegava muito quando girou a maçaneta de uma sala de aula vazia e adentrou nela. Caminhou vagarosamente até uma cadeira, como se examinasse o local. Depois, sentou-se na cadeira e puxou a manga da veste que cobria seu braço direito mas parou instintivamente. Dali mesmo trancou a porta com um feitiço e tirou a faca do bolso.

Esticou o braço novamente sobre a carteira e notou o brilho da faca e como ela reluzia belamente. Raspou a faca no pulso e sentiu-se extremamente bem. Havia doído, é lógico, mas nada insuportável. Raspou-a novamente, mais forte desta vez. Respirou fundo e sorriu. Como poderia sentir-se tão bem? Pegou a faca e empunhou-a firmemente, apertando-a bem forte no braço. Quase gritou ao sentir a dor de seu pulso sendo cortado, mas resistiu, apenas gemendo. Não conseguiu segurar um sorriso e um sentimento de alívio ao ver que escorria um filete de sangue muito vermelho pelo seu braço.

Vários alunos já estavam sentados confortavelmente nas arquibancadas, quando Tracy reuniu-se ao restante do time. Todos se encararam e formaram uma fila. As portas do vestiário se abriram e os integrantes da equipe Grifinória entraram no campo, com suas vassouras. Um mar de verde e prata vaiou o time, enquanto a torcida vestida de vermelho e ouro aplaudiu e gritou.

Tracy observou Ron apertar e soltar rapidamente a mão do capitão da Sonserina e então o apito de Madame Hooch soou e todos levantaram vôo. A garota postou-se ao lado de Cátia, esperando a goles ser lançada para o alto. Quando isso aconteceu, Gina pegou-a muito agilmente e repassou-a a Cátia.

Naquele momento o locutor começou a narrar o que seria o primeiro jogo bem sucedido da Grifinória na temporada.

“É com Gina Weasley que Grifinória dá início a partida! Ela toca para Bell, que agora desvia de Ader, um dos novos artilheiros da Sonserina, e toca novamente para Weasley, que avança com a goles para os aros e mar... oh, não!”, Tracy não deixou de notar que nesse momento a torcida de verde e prata gritava loucamente nas arquibancadas.

“O goleiro da Sonserina evita o gol e passa a goles para Ingham. Ele a repassa velozmente para Ader antes de ser atingido na barriga por um balaço potencialmente perigoso lançado por Andrews, da Grifinória. Ader avança, toca para Jaffe que...”

O rosto de Ron se contorcia numa expressão estranha, quando deixou a goles escapar das suas mãos e entrar no aro à sua direita.

“...marca.” A torcida Sonserina explodiu em gritos muito mais fortes que os anteriores e balançavam o símbolo da Casa em enormes bandeiras.

- Tracy! Se liga, vem ajudar a gente no ataque! – gritou Gina do outro lado do campo.

A garota saiu de seus devaneios e tomou a posição correta, esperando ser útil. Jogar era muito mais difícil e preocupante que treinar...

“Bell toca para Weasley, que repassa a goles para ela novamente, que avança que...” Era agora. Tracy tinha que voar bem para frente e esperar alguém tocar a goles para ela. “Ai, foi sorte ela desviar desse balaço! Ah, mas a distração a fez perder a goles para Ingham que avança para o aros, toca para Jaffe que é... aê ... impedida por um balaço. Weasley recupera imediatamente a goles e toca para Mignonette, a aluna nova, que já conseguiu uma vaga na equipe...”

Com a goles nas mãos Tracy sentia-se insegura e não conseguia escutar absolutamente nada do que o locutor falava, tampouco estava se importando. Quando a goles tocou a sua mão ela se atrapalhou, mas ao levantar a cabeça e ver que Jaffe vinha veloz na sua direção jogou-se para baixo, agarrando a goles debaixo de um dos braços e voando para os aros. Repentinamente sua vassoura deu uma guinada e ela escorregou para a frente, desequilibrou-se e quase caiu, mas ficou feliz ao perceber que o balaço que batera na parte traseira da sua vassoura não a havia partido ao meio. Com isso a goles escorregou de suas mãos e numa tentativa desajeitada de pegá-la novamente, Tracy acabou a chutando e a acertando no nariz de um dos batedores Sonserinos. Não deixou de ficar feliz ao ver ele escorregando da vassoura e caindo levemente no chão.

O apito de Madame Hooch soou novamente e logo Madame Pomfrey entrou no gramado, com a varinha preparada em uma das mãos. Ron fez um gesto para todos descerem, exatamente com o capitão da Sonserina.

Quando Tracy aproximou-se mais do corpo do garoto estirado no chão, Madame Pomfrey já havia feito o sangramento em seu nariz parar e tentava consertá-lo inutilmente com alguns feitiços. O feitio do nariz do batedor estava totalmente estranho, virado para a esquerda. Cátia virou o rosto ao ver aquilo, principalmente por escutar o garoto gemendo.

- Oh, não... – Madame Pomfrey disse para ele, com uma expressão de pena e descontentamento no rosto. – Vou ter de levar você até a Ala Hospitalar... consertar esse nariz não vai ser fácil.

- Quê? – esganiçou-se o capitão da Sonserina. – Ele não vai mais poder jogar?

- Não nessa partida – disse Madame Pomfrey que já conjurara uma maca e a mantinha ao seu lado, levitando , com a varinha.

Harry, que estava ao lado de Tracy, sorriu para ela e esta lhe retribuiu o sorriso, disfarçadamente.

- Obrigada Tracy – disse ele baixinho.

- Não foi intencional, eu juro – respondeu ela séria.

- Não importa – falou Harry, rindo.
Nesse momento o capitão da Sonserina estava aos berros com Madame Hooch tentando fazê-la “sacar” que tudo estava tramado.

- Como não?! Você não vai dizer que é coincidência a goles acertar justamente o meu batedor, o que quase havia desmontado a Mignonette da vassoura dela segundos antes! – berrava ele, alucinado.

- Eu não vou dar falta e ponto. Já substituiu o jogador? Ótimo. Todos voando! – ordenou Madame Hooch.

O jogo recomeçou e seguiram-se mais dez minutos atribulados de Quadribol. Nesse momento o placar indicava cinqüenta pontos a quarenta, para a Sonserina. Dois gols de Cátia e dois de Gina, para a Grifinória, dois de Jaffe e três de Ader para o adversário.

“E agora, a goles está em posse de Weasley. Ela toca para Bell e...Olhem...!”, gritou o locutor de repente, apontando para um borrão verde e prata que ia em direção ao gramado. “Parece que Malfoy avistou o pomo!”

Todos os jogadores olharam para Draco, que estava sendo seguido de muito perto por Harry. Enquanto isso, Cátia empatou o placar.

“Oh, vocês viram? É o pomo! Eu vi! Malfoy está a milímetros da nossa disputadíssima bolinha dourada, está quase a agarrando... ou será Potter? Os dois estão tão perto...”

Dava-se para notar que a expressão de Draco não era das melhores, enquanto Harry parecia estar extremamente concentrado em fazer seu braço crescer cinco centímetros em milésimos de segundo.

“É agora ou nunca, ou Potter ou Malfoy, ou Grifinória ou Sonserina!” Tracy, e todos os outros também, já estavam cheios de escutar os comentários fúteis do novo locutor dos jogos. Ele sequer havia notado que o placar já não era mais o mesmo. De repente, toda a torcida de ambos os times soltou um “Oh, não.” muito desapontado. Harry e Draco estavam tão perto que acabaram se chocando, caindo das vassouras e rolando no chão, enquanto o pomo escapava da vista de todos.

Era uma pena, mas Tracy tinha que voltar a se concentrar no jogo. Precisava marcar pelo menos dez pontos para a Grifinória, temia que a torcida se revoltasse contra ela se isso não acontecesse.

“Sabia que não ia dar certo”, falou o locutor. Tracy postou-se novamente no lugar que Ron estipulara para ela, esperando o jogo recomeçar. Como a Grifinória havia marcado, um artilheiro da Sonserina teria que jogar primeiro, e Ader tomou a posição.

“Ader toca para Ingham que deixa cair para Jaffe, que repassa imediatamente para Ader. Este avança, desvia de um balaço lançado por Browkling, da Grifinória, e ataca. Arremessa a goles e...ai... Ron pega! Caham...quer dizer, Weasley pega! Ele passa para Mignonette, que toca para Gina, ela avança e, oh não, deixa cair a goles para Ingham pois é atingida por um balaço. Ingham ataca novamente e passa para Jaffe, que já o esperava perto das balizas e marca...”

Sessenta a cinqüenta para a Sonserina e uma torcida verde e prata extremamente zombeteira entoando “Weasley é nosso rei – versão original” nas arquibancadas.

- Mas que letra ridícula – falou Tracy baixinho, para si mesma. – Pela qualidade da música só pode ter sido criada por Draco.

- E foi, Mignonette – respondeu uma voz às costas da garota.

Ela virou-se imediatamente para ver quem falara, apesar do tom nojento na voz já indicar que era o apanhador da Sonserina.

- Mas que falta de criatividade, Malfoy – falou ela, sorrindo e piscando para o garoto. Depois, passando voando por ele e sussurrando sarcasticamente: - Eu estou falando sério, está bem?

Nos minutos que se seguiram, a Sonserina marcou mais cinco vezes, enquanto a Grifinória tentava se virar com apenas setenta pontos a cento e dez. A vontade de todos no time era que Harry capturasse o pomo logo, por que se demorasse um pouco mais ganhariam a partida mas com pouca vantagem de pontos ou, talvez, até a perdessem.

Tracy estava cada vez mais nervosa. Conseguira, até então, fazer algumas boas jogadas quando estava em poder da goles mas nada que resultasse em pontos para a Grifinória. Isso a deixava preocupada, se sua equipe perdesse, iria se sentir muito culpada.

Nada de muito extraordinário aconteceu em mais quinze minutos de partida. Já fazia uma hora que estavam jogando, e o placar encontrava-se em cento e oitenta para a Sonserina, contra noventa para a Grifinória. A equipe dos leões estava apenas com a metade do placar adversário, isso era muito preocupante.

“Ingham passa para Jaffe, este avança pelo campo, desvia de um balaço... mas resolve voltar atrás com a goles, tocando-a novamente para Ingham. As artilheiras da Grifinória estão marcando os artilheiros da Sonserina, algo parecido com um jogo trouxa, o tal Fotibal. Ou seria Fuotibal? Bom, não interessa. Mas parece que está funcionando, os artilheiros sonserinos estão recuando e quase não conseguem tocar a bola entre si.”

Tracy sorriu levemente ao lembrar que fora Harry quem indicou essa saída para um possível placar ruim. Ela definitivamente não gostava dele, mas tinha que admitir que o talento do garoto em Quadribol era excepcional. Ele só precisava pegar o pomo logo...

Enquanto devaneava sobre isso, recebeu a goles de Cátia e sentiu-se novamente com uma responsabilidade muito grande. Era a sua chance de mostrar que poderia ser uma boa artilheira, de deixar a sua marca na equipe Grifinória de Hogwarts. Era a sua chance de deixar o time feliz, e especialmente Harry... precisava daquilo mais do que nunca.

A garota colocou a goles debaixo do braço, e saiu desviando de Ader que já vinha em sua direção, tentando inutilmente imitar as artilheiras e marcar os jogadores adversários.

“Mignonette tem a posse da goles, desvia de Ader e avança velozmente para o campo da Sonserina. O batedor reserva sonserino joga um balaço contra ela, que desvia por milímetros... o que uma Firebolt não faz, hein?”

Tracy sentiu-se indignada por os outros pensarem que não tinha talento nenhum e só havia desviado de um balaço por causa da potência da sua vassoura. Isso a estimulou a voar ainda mais rápido e mostrar muito mais talento do que antes.

“Ela se vê encurralada por Ingham e então solta a goles para Cátia, que sobe no ar enquanto avança para as balizas... mas é impedida por um balaço e a goles cai. Mignonette e Jaffe descem a uma velocidade incrível para pegar a goles, estão um ao lado do outro...”

Tracy fechou a cara e encarou Jaffe enquanto eles tentavam se aproximar da goles que já estava bem perto do chão. O garoto passou a ficar para trás lentamente... ou será que era ela que estava mais rápida? Pegou a goles quando esta estava a centímetros de bater no gramado e voltou com em direção as balizas.

“É agora! Mignonette vai marcar! Ela desvia de mais um balaço e...”

- Eu posso – murmurou ela baixinho. – É a minha hora. Eu posso. Eu sei que posso.

“...marca!”

A torcida Grifinória explodiu em vivas nesse momento. Tracy sentiu-se tão motivada que marcou mais dois gols seguidos. Em compensação, a Sonserina marcou mais cinco. O Placar estava em duzentos e trinta para a Sonserina, contra cento e vinte para a Grifinória...mas não por muito tempo.

“Olha, parece que é o pomo novamente!”, mais uma vez todos os olhares se voltaram para os apanhadores. “E dessa vez, Potter está com uma enorme vantagem em relação a Malfoy!”

- Maldito locutor – resmungou Gina, que estava perto de Tracy. – Malfoy não havia percebido que Harry tinha avistado o pomo... se ele conseguir esses cento e cinqüenta pontos para a Sonserina, eu mato esse cara.

Tracy respirou fundo, fingindo que não tinha escutado o que Gina disse. Ela se desequilibrou da vassoura e quando já estava novamente ajeitada sobre ela viu Harry vindo em sua direção e segurando o pomo na mão, radiante.

“E termina a partida! Grifinória ganha por duzentos e setenta pontos a duzentos e trinta! Um jogo apertado, obviamente, mas já é uma vitória!”

Todos os jogadores desceram até o campo, que já estava apinhado de alunos da Grifinória, da Lufa-Lufa e da Corvinal esperando para dar um abraço apertado em Harry ou parabenizá-lo com um aperto de mão.

Tracy viu uma garota levemente morena, de cabelos lisos e olhos estremamente negros se aproximar do garoto.

- Parabéns, Harry – disse ela.

Harry piscou algumas vezes, encabulado, e respondeu.

- Obrigado, Cho. Muito obrigado.

A garota deu um meio sorriso e eles ficaram em silêncio por alguns segundos. O clima era de festa por todo o campo, então Tracy resolveu se fazer de desentendida. Cho e Harry estavam meio próximos, então a garota se jogou sobre os dois, obrigando-os a se abraçarem.

- Uma captura incrivelmente espetacular, Harry. Você foi fantástico! – disse a garota se soltando deles lentamente, deixando-os abraçados.

Logo eles se soltaram também, e Cho estava radiante.

- Não vai nos apresentar, Harry? – perguntou Tracy sorrindo.

Eles se entreolharam e então a garota disse.

- Eu sou Cho Chang, estou no sétimo ano, na Corvinal – ela esticou uma das mãos para Tracy e esta apertou-a.

- Tracy Mignonette. Quer dizer que vamos jogar juntas logo, então? Fiquei sabendo que também é apanhadora na sua equipe.

- É, vamos – respondeu ela, sorrindo. – Mas eu vou indo, então... tchau Mignonette, tchau Harry.

- Tchau – Harry acenou abobalhado e Tracy sorriu, apenas.

- Harry, Harry, Harry... se controle. Você está deixando muito na cara que adora vê-la – falou Tracy, tentando manter uma expressão séria.

O garoto pareceu sair do transe em que havia entrado.

- Eu... o quê?

- Nada, Harry, nada – falou Tracy, tirando o caso da cabeça. Desde quando ela se importava com o que Harry gostava ou não?

Ela caminhou um pouco entre as várias pessoas que apinhavam o campo de Quadribol e quando já estava perto do vestiário uma voz chamou-a.

- Tracy! Parabéns, você marcou pontos espetaculares!

- Oh, Leo. Menos. Foram só alguns simples pontos – respondeu ela constrangida.

- Você marcou quatro gols. Se não os tivesse marcado, a partida ficaria empatada, sabia? – perguntou ele se aproximando da garota.

- Ah... – começou ela a responder. – Está bem, mas... não foi tão importante nem tão espetacular como você está dizendo.

- Não importa o que você pensa. Importa o que eu penso – falou ele, rindo.

- Ah, se é assim... – respondeu ela, recebendo um grande abraço do ruivo.

Depois de mais alguns parabéns e agradecimentos, Tracy conseguiu entrar no vestiário, tomar um banho bem gelado e colocar uma roupa trouxa comum. Finalmente estava se sentindo bem. Depois de ter ganhado a partida, aquilo não parecia mais tão importante. Por que será?

- Tracy! Festa na Sala Comunal, a noite! Vai ser fantástica, sempre é! Vamos!– disse Gina logo que a garota saiu do banheiro. – Ah, estão todos muito contentes com a sua performance.

- Oh, Gina. Eu não fui tão bem assim, porque todos estão dizendo isso? – perguntou Tracy.

Quem respondeu foi Draco, que provavelmente ficara ali no campo por mais tempo, tentando atrapalhar a vida dos jogadores da Grifinória.

- Deve ser porque tem pena de você, Mignonette. Quem é que vai dar verdadeiro valor a uma traidora do próprio sangue? Só o que uma pessoa como você transmite é pena.

Tracy encarou-o. Gina e Cátia se entreolharam, preocupadas.

- Vá cuidar da sua vida, Malfoy. E da sua equipe de Quadribol, que pelo que deu para ver não está com nada. Não vá dizer que você espera realmente ganhar a Taça desse jeito? – debochou ela.

- Ora, ora, ora... está me enfrentando de novo? Se continuar assim não vai saber dizer o que é fazer dezessete anos, Mignonette.

- Se você continuar assim – respondeu ela -, não vai saber sequer o tempo que fará amanhã, seu idiota.

Draco abriu a boca para revidar, mas nesse momento Madame Hooch chegou para trancar novamente o vestiário.

- O que é que vocês estão fazendo aqui ainda? Vão já para o castelo, logo, logo o almoço será servido.

Tracy e Draco se encararam novamente, e se dispersaram ao voltar para o Salão Principal.

O almoço foi tão fantástico quanto poderia ser. A felicidade que a Grifinória sentia era tão grande, que contagiava a todos ao seu redor. Dava para ver até a Professora McGonagall dar um ou outro sorriso exagerado de vez em quando, sem motivo aparente.

A noite chegou rapidamente, com toda bagunça e balbúrdia que uma festa oferecia. Apesar dos ânimos já terem se acalmado um pouco, todos continuavam extremamente felizes e dispostos.

- Ouvi falar que os alunos do sétimo ano conseguiram Uísque de Fogo, será que é verdade? – sussurrou Ron para Harry, quando, depois do jantar, eles entraram na barulhenta Sala Comunal da Grifinória.

- Não faço nem idéia – respondeu ele, observando uma enorme quantidade de alunos que formavam um agrupamento fechado.

Eles sentaram-se nas poltronas que estavam perto de uma grande janela, pois era o único local que ainda estava desocupado. Os alunos apinhavam a mesa de aperitivos que ficava perto da lareira, no momento apagada, e deixavam todo o restante do salão livre.

- Hermione – falou Ron de repente, sem olhar para a garota.

- Que foi? – indagou ela, olhando também para outra direção.

- Eu estava pensando... sabe, naquilo que você disse para mim e para o Harry no quarto ano - agora o garoto encarava Hermione, na esperança de que ela entendesse tudo em apenas uma troca de olhar.

Hermione bufou.

- Eu lhes disse tanta coisa no quarto ano, como é que vou adivinhar do que, especificadamente, você está falando?

- Bem... aquilo de “Da próxima vez me convide antes que outra pessoa o faça” – respondeu ele baixinho.

O rosto de Hermione pareceu iluminar-se e um brilho anormal perpassou pelos seus olhos naquele segundo, mas ela conteve-se e respondeu, séria:

- Ah, sim. E o que tem aquilo?

Ron pareceu constranger-se com a pouca importância que ela dera ao caso e voltou a observar a mesa de aperitivos, como estava fazendo anteriormente.

- Eu estava pensando em seguir o seu conselho e... – ele hesitou. – convidar uma garota para o baile logo.

Hermione também virou o rosto.

- Ah... – fez ela, não conseguindo esconder o desapontamento.

Harry cochichou algo no ouvido do amigo, que o fez encará-lo com uma expressão de ódio no rosto.

- Não é nada disso – disse Ron, em voz alta.

Hermione e Tracy se entreolharam.

- O que é que não é? – perguntou Tracy. – Agora vocês vão ter que falar.

- Harry disse que se eu queria convidar Hermione era para deixar isso bem claro – respondeu ele, emburrado. – Vê se pode!

Tracy encarou-o com uma expressão “É verdade.” claramente estampada no rosto. Depois, remexeu-se na sua poltrona, respirando fundo. O silêncio permaneceu entre eles durante os segundos seguintes e depois Ron encarou Hermione.

- Então. Você aceitaria?

Hermione olhou para ele, incrédula.

- É só para saber. Não que eu vá te convidar – adiantou-se ele a falar.

- Bem, eu... não sei se iria não – falou ela, visivelmente ofendida.

- Ah.

Harry e Tracy se entreolharam, com raiva da atitude dos dois.

- Você não tem par ainda, não é? – perguntou ele.

- Ainda não. Mas, não demora muito e já terei.

- Quem iria com você? O Krum não está aqui, caso tenha esquecido – respondeu Ron, rápido e nervoso.

Hermione ficou encalacrada.

- Bem, eu... eu poderia ir com o Harry, ou...

Antes que qualquer um pudesse ter absorvido aquelas palavras, Tracy adiantou-se firme, sem pensar:

- Não, não poderia. Por que Harry vai comigo, Hermione.

Todos, inclusive Harry, arregalaram os olhos para a garota e Potter abriu a boca para respondê-la, mas antes disso Tracy falou, percebendo o erro que havia cometido:

- E agora nós dois vamos ali pegar uns aperitivos. – ela levantou-se rapidamente e pegou na mão de Harry, praticamente o arrastando para a mesa no centro do salão.

Quando já estavam a uma certa distância de Ron e Hermione, uma distância segura, Tracy tomou posição.

- Desculpa, Harry. Desculpa mesmo – disse ela, pegando uma tortilha de abóbora. – É que eu gosto tanto deles dois e eles se gostam tanto que... eu não consegui achar outra solução, desculpe.

Desde o primeiro segundo Harry pensou em reclamar com ela, em xingá-la e esculhambá-la por aquele ato impensado, mas no momento de agir as palavras embaralharam-se na sua boca e ele respondeu:

- Tudo certo. Eu não me importo, realmente não me importo – falou ele, servindo-se de suco de abóbora e sem olhar para Tracy.

- Ah, sério? – ela pareceu aliviada. – Que bom. Fiquei preocupada, por causa da expressão que você tinha no rosto. Mas, desculpe-me, mesmo assim.

- Não, está tudo certo. Pode ficar tranqüila. – mas na cabeça dele só havia um “espero que isso resulte em alguma coisa” bem emburrado.

Ela percebeu que havia algo errado naquele comentário.

- Mas se você quiser nós podemos simular alguma coisa, daqui a um tempo e desfazer tudo isso.

- Não precisa, Tracy. Já disse que está tudo bem e ponto final – respondeu ele. – Vou levar essas tortilhas para Ron e Mione.

Tracy ficou insegura de segui-lo e então deu uma volta ao redor da Sala Comunal, observando as pessoas e dando uma ou outra mordida em uma tortilha. Sem perceber, é lógico, pois ela não gostava de tortilhas de abóbora.

Depois de alguns minutos sentou-se novamente na sua poltrona, mirando o céu escuro pontilhado de estrelas, pois percebera que os garotos pararam de falar quando ela se aproximou.

O silêncio prevaleceu e trinta minutos depois Tracy subiu para o dormitório, sem despedir-se de ninguém. Sentou-se na cama e pegou em mãos o seu Espelho de Duas Faces, pensando se deveria ou não tentar contato com seu pai naquela hora. Estava cansada, e decidindo pelo não guardou-o novamente no bidê dirigindo-se ao banheiro e tomando um banho quente e reconfortante. Colocou seu pijama e deitou-se na cama, programando seus pensamentos para que eles voassem e a distraíssem para o sono vir mais rápido.

Naquele momento, Hermione entrou no quarto, sorrindo. Sem conter-se novamente, Tracy indagou:

- Qual o motivo para tanta felicidade?

_ Ron me convidou para o baile – respondeu ela com os olhos brilhando. – Mas não é exatamente por isso que eu estou feliz, é lógico...

Tracy resolveu não perguntar qual era o outro motivo, pois sabia que ele não existia e não queria constranger Hermione.

- E como foi? – perguntou ela, sentando-se na cama.

- Harry foi se deitar logo depois de você. Aí nós conversamos e o assunto foi desviado para o baile, novamente. Ele me convidou para subir e – um sorriso abriu-se no rosto dela – quando estávamos na escada ele me encurralou e pediu se eu queria ir ao baile com ele.

- E você? Disse que sim, não é? – Tracy também estava animada.

- É, disse. E, não sei como fiz isso!, dei um beijo nele de boa noite. – ela riu. – E parece que ele ficou feliz.

- Que ótima notícia, Hermione! E esse beijo, como foi?

- Ah, normal. Um beijo normal no rosto – respondeu ela pegando a escova de dentes e se dirigindo ao banheiro. – Foi legal.

Hermione encostou a porta e Tracy deitou-se de novo. Não sabia nem o porque do que havia feito, mas sentia-se extremamente feliz ao promover a felicidade de Hermione, que era uma pessoa muito amiga, gentil e amável.

N/A: Oiê, tudo bem com vocês? Comigo está tudo ótimo. Como eu disse no último capítulo, eu estava tendo dificuldade em descrever o jogo de Quadribol. Vocês viram que não ficou lá aquelas coisas, mas dá para ler sem vomitar não é? Fazem duas semanas que o capítulo está pronto, mas eu resolvi postar no primeiro dia possível de cada mês, a partir de agora. Deixa a coisa mais organizada, e além disso, não estou recebendo tantos comentários como antes e isso me deixa um tanto desanimada o que me faz atrasar ainda mais a data de postagem do próximo capítulo. Então, agradeceria se vocês comentassem e votassem mais na fic. Bem, espero que tenham gostado desse capítulo e que continuem a ler a fic, pois é a partir do próximo capítulo que ela começa a ficar mais emocionante. Obrigada.

Resposta dos Comentários


Maluada Black
Ai, essa história de “Manuzinha, linda” me deixa tão feliz. É bem assim que a minha priminha (de vinte anos) me chama... Manuzinha fofa, Manuzinha linda, Manuzinha querida, etc. Sabe... a última vez que ela me viu eu tinha uns oito anos. No tempo que eu ainda era Manuzinha. Aí nessas férias quando eu fui na casa dela, ela ficou o tempo inteiro me chamando assim... ai, ai. A Ná é a Ná mesmo (o nome dela é Natasha). Enfim... Obrigadíssima pelos elogios (eu sei que não sou tudo isso, mas mesmo assim) e quem se sente orgulhosa de ter uma Beta assim sou eu, hein! Te adoro, Malu! Tchauzinho fofa!

Renata Lovegood
Nossa, obrigada pelos elogios, hein! Dessa vez você não os poupou. Bem, que ótimo que você gostou do capítulo oito e espero que tenha gostado muito desse também. Ah, a capa está linda mesmo. Foi a Lady Smid, lá do nosso Giga que fez... fez não, mas modificou a imagem que eu achei. Ficou a cara da Riddle que eu imagino =D Bjoks fofa!

Liz Lupin
Ah, eu sou seu orgulho? Que bom, estou deixando o Alan para trás. Que bom que você adorou o capítulo e principalmente a parte que falava sobre a Lia e o Lupin serem como pai e filha, fiz pensando justamente em você. Sabia que ia gostar bastante e ainda precisava fazer algo legal para reparar o assuntinho da Riddle ter queimado o bilhete que era para a Lia. Você já percebeu que é tudo L&L. Por exemplo... Liz e Lupin, Lownd e Lupin, Lia e Lupin. Pensando bem, você deve ter feito isso de propósito =/ Como eu sou lenta. Enfim, obrigada pelos elogios e espero mesmo que tenha gostado desse capítulo, apesar da Lia não ter aparecido. Tchauzinho!

Mima E. Halliwell
Ei, como você acha que eu vou te matar Mima? Assim eu não vou saber o final da sua maravilhosa fic! Não te mato não, hein... Mas, obrigada pelo comentário, espero que tenha gostado desse capítulo também. Ah, e você sempre terá um lugarzinho aqui, pode deixar! =D

Lady Gray
Ei, sério mesmo que você gosta tanto de bailes assim? Vou caprichar nesse então, para te deixar mais feliz ainda! Bem, você me perguntou com quem a Tracy ia ir... então, está aí. E, por incrível que pareça (porque você sempre acerta tudo?), ela vai com o Harry sim. E Ron com Hermione e blá blá blá... espero que tenha gostado desse capítulo também, seus comentários me deixam suuuuper feliz! =DDD

Phelipe Potter
Que bom que você achou o capítulo oito ótimo... Eu não achei lá aquelas coisas, mas a minha opinião não importa, certo? Parece que todos os autores tentam menosprezar as suas fics... por isso eu botei na minha cabeça que o que importa é a opinião dos leitores e não do autor. E, no meu caso, isso muda muuita coisa.

Jessica Gibb
Já disse milhões de vezes (ok, três) para você não se importar se demora para comentar aqui. Você sabe que eu sou uma das pessoas mais calmas e pacientes desse mundo então...eu espero. E, nesse mês a Manuzinha aqui vai saber o que é que vai ser ter um tempo apertado na Internet. Vou ficar só com Sábado, Domingo e Segunda-feira livres. E na Segunda só pela tarde, já que vou ter que dormir cedo para acordar cedo e blá blá blá. Ei, tirei essa história de “matar o próprio irmão” daquela conversa que a gente teve quando fomos comprar o presente do Silvio, lembra? Mas aí era com o Alan... uma coisa mais divertida, é claro. xD Ah, que comentário lindo! Adorei mesmo, muuuuito show! Adoro seus comentários. Tchau, beijos, Je!!

Pazinha. ♥
Minha fic não é tão boa quanto a sua, mas se quiser ler fica a vontade hein... eu adoraria ter comentários de uma autora tão ilustre quando você. =D


Manu Riddle

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