A Nova Comensal

Capítulo 7
A Nova Comensal

Sexta-feira finalmente chegara, com um sol morno que ocasionalmente se ocultava sobre as nuvens e um, ou outro pássaro que cantava na Floresta Proibida. As aulas do dia já haviam acabado e Hermione e Tracy se empenhavam em uma redação dificílima sobre poções medicinais que Snape havia passado na última aula. A Sala Comunal estava anormalmente quieta e todos olharam para Harry e Ron quando eles entraram no cômodo.

- Tudo bem? – perguntaram eles.

- Tudo – respondeu Hermione, sem tirar os olhos da sua redação.

Tracy respirou fundo e repousou a pena sobre o pergaminho.

- É – respondeu ela – tudo na medida do possível. Snape é louco de pedir três folhas de pergaminho para essa redação ridícula.

- Três folhas de pergaminho? – esganiçou-se Ron.

- É – afirmou Tracy, deprimida. – Você não prestou atenção na última aula de Poções?

- Não. Nem na última, nem na penúltima, nem na antepenúltima, nem na anterior a essa, enfim, nunca prestei atenção a nenhuma aula de Poções.

- Pois deveria, Ron – falou Hermione, molhando a pena no tinteiro. – Snape fala algo que presta, às vezes.

Ron revirou os olhos e jogou-se numa cadeira próxima a delas. Observou alguns alunos do terceiro ano que cochichavam alegremente e deparou-se com o Mural de Avisos.

- Olha, tem um aviso novo lá!

- É – afirmou Hermione. – Vai ter uma visita a Hogsmeade amanhã.

- E eles só colocaram o aviso no quadro hoje? Que estranho... Geralmente eles avisavam as visitas uma ou duas semanas antes – murmurou Harry.

Tracy estava muito feliz. A cada dia todos ficavam mais simpáticos com ela, exceto Lia e Farway, é claro, que passaram a evitá-la desde o incidente de Draco. Eles já haviam lhe confiado alguns segredos simples e não pareciam mais se incomodar com a constante presença da garota a todo lugar aonde iam.

Harry e Ron pegaram seus materiais e também começaram a fazer seus deveres, um tanto relutantes, é claro, pois segundo eles “tinham todo o Sábado e todo o Domingo para fazê-los”.

- Caso vocês tenham esquecido, sábado passarão o dia inteiro em Hogsmeade e Domingo Ron marcou o primeiro treino de Quadribol – repetia Hermione sempre que eles mencionavam cansaço ou desistência.

Eles se deitaram já passava da meia noite. A semana fora cheia e todos estavam muito felizes por só faltarem dois dias para se iniciar o mês de Outubro. O sexto ano estava se mostrando muito mais difícil do que todos tinham imaginado. Definitivamente era muito mais difícil do que o quinto, mas sem a perspectiva de N.O.M.s pela frente. Bom, as aulas de aparatação estavam quase ali, também.

- Vamos? – indagou Harry ao ver as garotas descendo as escadas do dormitório feminino pela manhã, no dia seguinte.

- Sim. Lia e Farway vão com a gente? – disse Hermione.

- Han... – começou Ron embaraçado, olhando para Harry. – Bom, a Lia nos mandou um bilhete pela coruja dela, logo de manhã. Disse que elas só iriam nos acompanhar se a... – ele respirou fundo – Tracy não for junto.

A garota, que até então mantivera os olhos fora de foco, levantou a cabeça e encarou os amigos, com um “quê” indagador em sua expressão.

- Ela impôs isso? – certificou-se. – Pois bem. Vocês que sabem. Se querem ir com elas eu volto para o dormitório e aproveito meu dia dormindo.

- Não, Tracy! – disse Hermione para ela, já que fazia menção de subir as escadas. – Elas podem ir juntas. Você vem com a gente, sim.

Quinze minutos depois todas já estavam passando pela inspeção de Filch em frente a porta de entrada do castelo. Ele conferia se os alunos tinham permissão para visitar o povoado e ainda fazia uma pequena revista no estudante antes de liberá-lo.

O tempo estava razoavelmente bom como no dia anterior e os alunos pareciam estar extremamente animados com a perspectiva de mais uma divertida visita a Hogsmeade. Tracy, Hermione, Harry e Ron haviam saído antes da maioria dos alunos, mas ao chegarem ao povoado já podiam notar como os jovens enchiam as lojas. A mais apinhada de pessoas era a Dedosdemel, sem dúvida.

A Casa dos Gritos continuava isolada no alto de seu vale e as ruas continuavam claras e iluminadas como da última vez que os três amigos estiveram ali. Mas para Tracy, tudo era novidade. Ela arrastou uma Hermione relutante para dentro da Zonko’s, a loja de logros e brincadeiras do povoado de bruxos; mas a amiga aceitou, completamente simpática, em entrar na livraria local. Neste caso, porém, Ron e Harry teimavam que entrar ali era a maior perda de tempo e seguiram pelas ruas em direção ao correio. Harry ficou encabulado de entrar na casa de chá de Madame Puddifoot e pareceu furioso quando Tracy mencionou que só queria ver de perto as encantadoras fadinhas voadoras que lançavam confetes no ar, lá dentro. Todos ficaram extremamente felizes quando, na hora do almoço, a garota propôs para eles entrarem num bar muito aconchegante, onde vários alunos já haviam ocupado as mesas.

- O que vão querer? – perguntou Madame Rosmerta, simpática aos garotos, quando eles sentaram nas cadeiras de uma mesa bem em frente as portas de vidro do bar.

- Por enquanto quatro cervejas amanteigadas – disse Hermione prontamente, e depois para Tracy: - Está gostando do povoado? É bem divertido aqui...

- Muito! – respondeu a garota, animada. – Da próxima vez que eu vier aqui quero trazer todos os galeões que eu puder carregar. Sinceramente, nunca gostei tanto de gastar na minha vida.

Ron desviou momentaneamente o olhar para fora do Três Vassouras. É claro, Tracy havia esquecido que ele era um traidor do próprio sangue pobre. Bom, já que havia começado...

- Quero carregar a Dedosdemel inteira para Hogwarts! – continuou ela. – Papai me deu uma grande fortuna para gastar aqui, se precisasse. Aqueles doces fantásticos... ai, só de pensar eu já fico com fome. Será que no final do ano letivo dá para a gente vir aqui comprar mais para levar para casa? E aquelas coisas da Zonko’s? Nossa... mais uma loja que eu quero carregar – ela notou que as faces de Harry começavam a ficar quentes de raiva e que Hermione estava tão vermelha quanto os cabelos de Ron, parecendo prestes a explodir com os comentários maldosos da garota que estavam afetando seu amigo. – Han... será que dá para a gente ir ver a Casa dos Gritos?

- Não – murmurou Harry, seco. – A casa não é aberta a visitas.

Tracy engoliu em seco.

- Ah! Ok! – ela observou o chão, como se procurasse assunto. – Mas, é... então beleza.

Eles ficaram em silêncio durante alguns segundos, quando uma cabeça vermelha empurrou a porta e três alunos entraram com ela no bar. Eles observaram o salão e de repente um dos garotos apontou para a mesa em que eles estavam sentados.

- Oi Gina! – disse Hermione abraçando a amiga que se aproximava. – Luna, Dino, Neville... como vão?

- Muito bem – disse Dino sorrindo. – Podemos nos sentar aqui?

Todos consentiram, mas Ron olhava para o garoto como se o cuidasse. Ele pegou uma cadeira e rapidamente sentou-se ao lado de Gina, aproximando-se dela. Luna sentou no outro lado da amiga e Neville ao lado de Harry. A mesa redonda agora estava repleta de gente e mais quatro cervejas amanteigadas foram acrescentadas a conta.

Luna bebeu extremamente rápido, abriu sua bolsa tricotada em lã colorida e tirou de lá um exemplar de “O Pasquim” que parecia ter sido impresso naquele momento mesmo. Ela passou a lê-lo com muito interesse, ocasionalmente fazendo movimentos estranhos com ele e murmurando coisas sem sentido. Eles já haviam pedido o almoço e tudo continuava no mais absoluto silêncio.

- Harry, eu... eu estava pensando na AD – disse Neville de repente.

- Na AD? Neville, sabe que não faz sentido dar prosseguimento a ela... – Harry estava com os olhos fora de foco e recolocou-os nas órbitas novamente quando continuou. – Agora não precisamos mais aprender...

- Aprender defesas, Harry? – completou Luna, deprimida. – Agora precisamos mais ainda aprender a nos defender.

- Eu... eu não quis dizer isso – apressou Harry, a falar. – Só quis dizer que a Kristiany, a nossa professora de Defesa Contra as Artes das Trevas está nos ensinando várias coisas interessantes e úteis agora. Ela não é de forma alguma parecida com a Umbridge, ela jamais irá tentar nos obrigar a não praticar nossos feitiços.

- Mas a AD era... foi o único lugar em que eu aprendi alguma coisa, Harry – falou Neville. Ele e Luna estavam realmente decididos a fazer com que o grupo recomeçasse.

O silêncio de antes foi substituído por conversas barulhentas entre os ocupantes da mesa que não cessou nem quando trouxeram o almoço. Uns defendiam a idéia de que o mundo não seria o mesmo sem a AD, outros diziam que aquilo não era mais necessário. Que fora útil, sem dúvida, mas não precisavam mais do grupo. Harry, contudo ficou quieto durante todo o tempo e manteve os olhos em um só ponto, em direção a ela, que estava muito perto da lareira apagada.

- Harry... o que era a AD? – perguntou Tracy para ele.

O garoto continuou olhando para frente, como se não tivesse ouvido seu nome ser pronunciado ou como se aquilo fosse tão comum que não faria diferença.

- Harry... o que era a AD? – perguntou Tracy novamente, optando por achar que ele não ouvira o primeiro chamado.

Nada, ainda. Ela virou a cabeça lentamente e observou a pessoa para que, sem sombra de dúvidas, Harry estava olhando. Uma garota alta, de pele morena clara e cabelos pretos brilhantes e lisos conversava animada com duas colegas. Era muito bonita, Tracy a via todo dia fazer as refeições na mesa da Corvinal cercada de colegas alegres. Era muito risonha, a Cho Chang.

- Olhando para a Cho, Harry? – a menção do nome da garota fez ele sair do transe que se encontrava e olhar admirado para Tracy.

- Cho? Que tem ela? – perguntou.

- Nada, só perguntei se você estava olhando para ela – disse ela rindo. – Hermione me falou alguma coisa sobre vocês se gostarem. Ano passado – apressou ela a complementar.

- A Cho está aqui? – Harry definitivamente não era um bom ator. – Não vi...

Tracy riu e achando que não teria como arrancar algo de Harry sobre a tal AD naquele momento, terminou de comer seu bife. Quando ia repousar seus talheres sobre o prato e tomar um pouco do seu suco de abóbora, notou que uma cabeleira loura se esgueirava com uma garota alta para trás de uma das lojas no lado oposto da rua. Ela resolveu de um momento para o outro ver o que é que Draco Malfoy estava aprontando daquela vez.

- Eu vou ao banheiro, já volto – disse para o vento, já que para quem o aviso fora direcionado não estava prestando atenção nela.

Ela entrou rapidamente num dos boxes do banheiro e ficou invisível. Escutou o que se passava lá fora com atenção e quando deduziu que não havia mais ninguém dentro do banheiro saiu dali. Ela apertou muito bem a capa contra o corpo e aproveitou a entrada de mais um grupo de alunos no bar para chegar a rua e ir atrás de Malfoy.

Aproximou-se cautelosamente do lugar onde o vira entrar e então deparou-se com uma cena estranha, Draco estava com uma pessoa que com certeza Pansy odiaria ver. Bom... onde estava ela, agora? E Crabbe e Goyle, que jamais desgrudavam de Draco?

- Pare de enrolar e diga o que quer, Malfoy. Meu tempo é precioso demais para gastá-lo com você – disse severamente Farway, numa imitação quase perfeita de Severo.

- Não se irrite, Farway – falou Draco desdenhoso. – Você irá adorar ter passado tanto tempo comigo depois de saber o que é que eu tenho a lhe dizer.

- Nada que você tenha a me dizer tornará um segundo ao seu lado prazeroso, Malfoy – a garota estava deixando muito claro que ela gostaria de estar em outro lugar, ao invés dali.

- Não fale assim comigo, Farway. Você, como traidora do próprio sangue que é, deveria ao menos me respeitar.

- Respeitar você? Nunca! Pode esperar sentado, senão você vai cansar – falou ela. – Se bem que não seria uma má idéia...

Draco riu pateticamente, como se tivesse ouvido uma piada sem graça e não queria desapontar o amigo que contou-a. Ele encostou-se na parede da loja e colocou as mãos no bolso.

- Deveria ser muito grata a mim, pelo que vou lhe contar. Eu não devia fazer isso, confiar em você, mas...

- Então não faça! Não confie! – disse ela cruzando os braços, entediada. – Me poupe da sua presença.

- Adoro trocar gentilezas com você, Farway – falou Draco, encarando os olhos castanhos da garota. – Mas esta não é a hora certa para isso. Afinal, não deve ter sido fácil despistar sua amiga sangue-ruim para você chegar aqui e me dar flores...

- Cala a boca! E vá direto ao ponto, já disse que não quero ficar aqui. Ah, e outra coisa: - falou ela descruzando os braços e apontando seu dedo indicador para o rosto do rapaz – nunca mais chame a Lia de sangue-ruim, seu comensalzinho de quinta!

- Sangue-ruim – pronunciou ele em alto e bom som, para provocar.

O rosto de Farway se contorceu numa expressão de raiva e Draco deu um tapa na sua mão, a baixando. Estavam relativamente próximos, e ao perceber isso Farway virou-se de costas e deu alguns passos voltando-se novamente para encarar Draco.

- Diga o que você quer – sibilou ela, entre dentes.

- Primeiro você tem que me prometer que não contará isso a ninguém. É um segredo importante. E pode lhe custar a vida...

- Por que você vai me contar isso, Malfoy? O que eu tenho a ver com isso, hein? – gritou ela.

- Em primeiro lugar: não grite. A pessoa de quem irei lhe falar também está por aqui, não seria seguro se ela desconfiasse da nossa conversa – falou Draco, irritando-se.

Tracy deu mais alguns passos para frente, a fim de ficar mais próxima aos dois e escutar qualquer coisa, mesmo se eles sussurrassem. Estava ficando cada vez mais curiosa para saber o que é que Draco iria contar àquela garota, já que estava se precavendo tanto.

- Eu tenho uma bonita e bondosa alma, Farway. Isso só não diz respeito ao resto de mim. Sente ali, se não quer cair de costas... – continuou Malfoy, arrogante.

Farway o encarou e depois olhou para a grande pedra que ele apontava. Aquele lugar era meio apertado, e Tracy não fazia idéia de como eles teriam optado aquele por um lugar seguro. Depois de encarar Draco por alguns segundos, Farway sentiu que ele não estava brincando e sentou-se na pedra, respirando fundo.

- Fale de uma vez. Não tenho tempo a perder...

Draco também respirou fundo e disse:

- Bem, você deve ter escutado o que Dumbledore disse no início do mês – começou ele. – Oh, é claro que sim! Agarra-se a qualquer coisa que aquele velho gagá diz...

- Não chame Dumbledore de velho gagá! – vociferou Farway, levantando-se da pedra e tirando a varinha do bolso. – Pode apostar que ele é muito mais sábio e poderoso do que o seu mestre!

- Que mestre? Do que você está falando? – retrucou Draco, não se preocupando com quantos centímetros havia de distância entre seu nariz e a varinha da garota. - Oras, Farway. De ignorância, Lufa-lufa já basta.

- Eu não pedi para vir aqui, Malfoy! Foi você quem insistiu. Agora, vamos! Fale de uma vez o que quer e me deixe ir embora! O que é que Dumbledore disse?

- “O inimigo pode estar entre nós” – isso foi o suficiente para que Farway abaixasse a varinha e olhasse novamente para o dono daqueles olhos acinzentados.

- E o que você sabe disso? E o que Dumbledore sabe disso?

- Interessou-se agora, não é? Eu deveria deixar meus sentimentos bons de lado e enxotá-la daqui, Farway.

- Há mesmo um inimigo entre nós? – perguntou Farway, assustada.

- Há... e é sobre ela que eu vim falar.

Tracy prendeu a respiração. Se Draco continuasse a falar daquela maneira, como se estivesse falando de Evans Riddle, ela o mataria sem piedade.

- Ela? – indagou Farway, que escutava muito atenciosa e absorvia cada detalhe.

- A Evans Riddle. A Manuela Evans Riddle.

Tracy paralisou. Seus pensamentos difundiam-se em pânico, horror e raiva. Parecia impossível que ela conseguisse respirar ainda mais movimentar-se.

- Evans... Evans Riddle... – repetia Farway, ofegando e pensando. – Manuela Evans Ri... não! Não a... não a Tracy?

- Quantas vezes preciso repetir para não gritar? Se ela ouvisse isso...

- Então é a Tracy mesmo? Quem é ela, afinal? Tracy Mignonette ou Manuela Evans Riddle? – perguntava Farway. – O que ela quer aqui? De onde ela veio? Para quê? O inimigo... mas, o que ela está fazendo? Qual seu objetivo? Qual...

- Isso você jamais vai saber – falou Tracy, com sua voz mais macabra, mas sem aparecer para os dois.

Farway gritou e correu para perto de Draco, sacando a varinha. O garoto fez o mesmo, apesar de já saber de quem se tratava.

- Evans Riddle... aparece! – gritou o garoto.

Tracy apareceu ao mexer a capa.

- Quem semeia burrice colhe Avada Kedavras, Draco... – sibilou ela, avançando para os dois que mantinham suas varinhas apontadas para ela, mas tremiam. – Nunca imaginou que contar quem eu sou para ela poderia ser a última coisa que falaria em vida?

Farway gritou mais alto do que da outra vez, mas agora Draco gritou junto. Seus rostos expressavam o mais profundo horror que alguém poderia sentir.

- Que foi? – perguntou Tracy. – Qual o problema?

- Seus...seus...seus o-o-olhos! – falou Farway.

- Eles ficaram vermelhos de repente. Foi como um flash... agora não está mais – Draco parecia bem mais confiante, mas ainda assustado. – É a raiva da sua alma se expressando no rosto da Tracy...

- Eu sei o que é Draco! – gritou Tracy. Imaginar que seu par de olhos vermelhos poderia causar tanto horror a satisfazia. – Agora... vocês já morreram alguma vez? Não? Ora... vou adorar ser a pessoa que terá a honra de matá-los... você, seu patife, por ter contando quem eu sou a essa aí! A quantas namoradas suas você contou a história, Draco? Certamente todas ficaram encantadas com a sua criatividade... e você, sua... Jessica, por saber quem eu sou... com certeza irá contar ao Dumbledore logo que puder, não é!?

- Não. Eu não...não contarei.

- O que? – debochou ela. – Você ainda acha que sairá viva daqui, deste beco, querida? Oh, sinto desapontá-la, mas... Não, não sairá.

Ela riu maleficamente ao ver a expressão de Draco. Nunca se sentira tão má. A perspectiva de lançar uma Maldição Imperdoável numa garota a confortava... a fazia se sentir tão bem. Queria matar... Precisava matar. Ela avançou lentamente para Farway e Draco e o garoto deixou cair sua varinha.

- Accio varinhas!

A varinha de Draco, que estava no chão, voou até a sua mão, mas a de Farway só soltou-se da mão dela pois a garota estava suando, e o feitiço era muito forte.

- O que será que eu faço com elas? Seria divertido quebrá-las na frente de vocês... – ela riu.

Farway a encarava com os cabelos molhados de suor, parecia querer usar Legilimência contra ela.

- Por que está me olhando assim? Está pensando em penetrar na minha mente, querida? Seria mais fácil Longbottom matar o Lorde das Trevas.

- Não vai chamá-lo carinhosamente de papai, Evans Riddle? – perguntou Draco.

Tracy sorriu cinicamente para ele.

Ela fitou os dois por alguns segundos, parecia estar pensando seriamente em alguma coisa.

- Eu serei piedosa – falou Riddle de um momento para o outro, afastando-se dos dois e se achando a pessoa mais generosa da face da Terra.

- Nós não precisamos da sua pied...! – gritou Farway, mas Draco colocou uma de suas mãos em cima da boca dela, obrigando-a a ficar quieta.

- Draco finalmente aprendeu que não deve debochar de mim ou é impressão minha? – perguntou uma Tracy sorridente. – Vamos. Tenho algo a propor a vocês. Se querem sair vivos, terão de concordar comigo... se não concordarem... oras, terão de enfrentar uma Avada Kedavra.

- Devolve a minha varinha! – disse Farway.

- O que a faz pensar que eu farei o que me pede, Jessica? – indagou Tracy.

- O que a pensar que pode contra mim, Evans Riddle? – retrucou a garota, desdenhosa.

Tracy riu novamente. Um riso muito mais alto e estridente que o anterior. Parou de rir lentamente, como se a piada fosse extremamente engraçada. Depois, fechou a cara novamente e apontou a varinha para o peito de Farway e gritou, sem dó:

- Cruccio!

Depois, observou sorrindo Farway escorregar até o chão e ali se contorcer de dor. Não sentia a menor pena da garota. E ganhou um novo gosto: torturar antes de matar era mais divertido. Enquanto observava a garota, não percebeu que Draco estava tentando realizar um feitiço não verbal para recuperar sua varinha. Quando ele conseguiu resgatá-la, apontou imediatamente para o corpo de Farway e disse:

- Finite Incantatem!

A garota ofegou um pouco e quando se deu conta de sua situação levantou-se novamente.

- Não está mais do meu lado, Draco? – perguntou Tracy. – Foi para o lado errado, foi? Defendendo essa traidora... só pode. Duvido que Lúcio fique feliz ao saber o que é que o filho excepcional dele anda fazendo. Titia Belatriz também não.

- Diga logo o que você quer para libertar a garota! – falou Draco, olhando de Riddle para Farway, que agora se encaravam demonstrando muito ódio em suas expressões.

- Bom... nós não devemos obrigá-la a nada, não é? – falou Tracy, “caridosa”. – Então, Jessiquinha... você pode escolher entre morrer ou... se tornar uma Comensal.

- Eu jamais vou fazer o que você quer! Eu faço parte da Ordem da Fênix, eu luto contra Voldemort! E não a favor dele! – retrucou Farway, furiosa.

- Aqui, querida, manda quem pode e obedece quem deve. E quem pode agora, e sempre, sou eu – falou Tracy desdenhosa.- Então, eu lhe dei a chance de escolher... o que não deveria ter feito, é óbvio. Mas você é corajosa, sim... muito corajosa. Seria bom tê-la como uma aliada.

- Jamais!

- Não grite. Ou eu tiro a pouca liberdade de escolha que ainda lhe resta.

Farway olhou para Draco e depois voltou-se contra Tracy.

- Me mate, então. Eu prefiro morrer a servir a Voldemort!

- Não fale o nome do meu pai com essa sua boca suja! – falou Tracy, alto, mas segura de que ninguém lhes ouviria. – Você não tem o direito...

- Voldemort! Eu repito quantas vezes eu quiser! – gritou ela.

- Eu deveria te silenciar. Mas não acho bom, no momento... Prefere morrer, é? Tem certeza? – ela começou a andar ao redor da garota, sussurrando as seguintes palavras: - Você pode ser grande... Ter tudo o que quiser. É só vir para o nosso lado agora, Farway. Você pode controlar pessoas com a Maldição Imperius, sem que o Ministério a leve... Estando do nosso lado, estará protegida pelo nosso amo. Ele lhe dará a liberdade de sugar quantas almas quiser, de destruir quantas vidas quiser... sem ser levada para Azkaban. Os dementadores, que logo estarão do nosso lado, não irão mais lhe fazer mal... mas serão seus aliados. Você, juntamente conosco, Comensais da Morte, irá destruir todos os trouxas nojentos... e os sangue-ruins. E mais futuramente, dominará o mundo com a gente...

- Eu não quero...eu não quero saber disso, eu não quero ter... ter esse poder eu não... – Farway ofegava e Draco apenas observava Tracy.

- Eu vejo que não... você quer ser grande sim... mas sabe que será difícil se continuar onde e como está. Deveria treinar mais sua Oclumência, Farway. Assim fica fácil de saber que está cedendo...

- Eu não estou cedendo! – interrompeu-a. - Eu... eu prefiro, por que não me mata de uma vez!?

- Porque eu sei que você ficará muito honrada de seguir o Lorde das Trevas. Está no seu sangue, Farway... você sabe muito bem...

- E daí se todos na minha família sempre foram sonserinos? E eu com isso? Poderia muito bem ser uma Grifinória, Corvinal ou Lufa-lufa eu não...

- Farway. Não te indica algo toda a sua família ter sido da Sonserina? – perguntou Tracy, a encarando.

Farway pensou alguns instantes.

- Não... eu não...

- Você está muito mais ligada as Artes das Trevas do que pensa. Você nasceu para isso, está no seu sangue... você não deve renegar seu sangue. – sibilou Tracy, e depois voltando a sua voz normal: - E então? Ainda prefere morrer?

Farway baixou a cabeça.

- Devolve a minha varinha e eu lhe responderei – falou ela.

Tracy jogou a varinha novamente para sua dona, que a empunhou com força. Ela puxou a manga da sua blusa do seu braço esquerdo e esticou-o.

- Suponho que será preciso tatuar a Marca Negra nele, não é?

Tracy sorriu.

- Muito bem, muito bem... Ótima escolha, Farway. Ótima escolha.

Ela encostou a ponta da sua varinha no braço da garota e sibilou:

- Morsmody!

Do braço de Farway começou a jorrar sangue que depois foi se direcionando a ponta da varinha de Tracy. Jessica abafou um grito. Sua expressão era de muita dor, algo muito semelhante a que expressara ao sofrer a Maldição Cruciattus. O sangue foi diminuindo e conforme ia sumindo, no seu lugar começava a tatuar-se a Marca Negra. A primeira coisa que apareceu foi a cobra e em seguida o crânio de onde ela saía. O braço da garota agora borbulhava.

- Aguamenti! – Tracy apontou para o braço dela e lançou o feitiço, que jorrava água. Momentaneamente a única marca capaz de reunir todos os Comensais da Morte estava perfeita no braço de Farway.

Draco havia calado-se num determinado momento e não pronunciara mais nada. Agora observava o braço de Farway com adoração.

- Cadê a sua educação, Draco? Não vai dar boas vindas a mais nova Comensal? – perguntou Tracy, sorrindo.

- Boas vindas, Farway – sussurrou Draco e depois a encarou. – Eu jamais imaginei que iria aceitar...

- Eu... é. Hm... obrigada – Farway respirou fundo.

Tracy sorriu e olhou para Draco.

- E qual será o seu castigo? – perguntou a ele, lentamente e levantando as sobrancelhas.

- Você... você não vai fazer nada, vai?

- Não... não dessa vez. Mas não persista no seu erro, Draco. Se eu ficar sabendo que fez o mesmo para outra pessoa, você deixará de existir num estalar de dedos. Assim... – ela estalou os dedos, sorrindo maldosamente. – Agora, é melhor eu ir... aqueles idiotas devem estar me esperando, extremamente preocupados no Três Vassouras.

Ela acenou e saiu do beco. Antes de sair para a rua, ouviu Draco murmurar um “Ufa!” bastante aliviado.

Ela voltou para o Três Vassouras, e como previra estavam todos a sua espera. Entrou lá invisível e logo após saiu do banheiro.

- Não está passando bem, Tracy? – perguntou Ron. - Faz mais de meia hora que você foi para o banheiro, segundo o Harry.

- Estou ótima! – disse a garota.

Ela entrou no dormitório passavam das seis horas. Resolvera comer bastante em Hogsmeade, para não precisar jantar e ocupar esse tempo conversando com seu pai. Correu para seu bidê e retirou o seu espelho de lá.

- Lord Voldemort.

A habitual fumaça cobriu o espelho e logo após Voldemort apareceu como se refletisse nele.

- O que precisa me contar? – indagou ele.

- Algumas coisas aconteceram hoje. Draco é muito idiota, ele provavelmente vai por tudo a perder logo, logo se não dermos um fim nele – e aí Tracy contou toda a história a Voldemort. – Foi a única solução. Mas se achar que fiz errado, mato aquela traidora do próprio sangue agora mesmo.

- Não...não será necessário. Vamos ver como ela se comporta. Quem sabe, ela realmente sirva para alguma coisa – disse Voldemort.

- Eu adoraria discutir mais sobre isso agora, mas daqui a pouco as garotas que dividem o dormitório comigo vão chegar, devem estar terminando de jantar agora. Se tiver algum recado par me dar, acho que esse seria o momento ideal.

- Vigie essa tal Farway muito de perto a partir de hoje. Ande muito com ela, é só dizer que vocês viraram amigas e todos acreditarão. Outra coisa: agora que você diz já estar muito amiga de Potter, indague-o com muita cautela, sobre a Ordem da Fênix. Seria ótimo para nós sabermos o que é que eles estão pensando. E não dê nenhum furo. Para por nosso plano quase a perder, já temos o Malfoy.

- Pode deixar que eu investigo, Voldemort.

- Outra coisa: controle sua raiva. Não seria bom se Potter notasse a semelhança dos meus olhos vermelhos com os seus.

Tracy assentiu e imediatamente jogou o espelho para dentro da gaveta do bidê, pois Lilá e Parvati entraram saltitando pela porta.

N/A:Esse foi o capítulo que eu escrevi mais rápido, em toda a minha vida. Escrevi em quatro dias. Tudo bem, não é tão rápido assim para pessoas normais como vocês, mas para uma anormal como eu é rápido, e muito. Enfim, o que vocês acharam desse capítulo? Eu até que gostei dele... e olha que eu não simpatizo muito com a minha fic. Bom, primeiramente eu quero desejar um “Feliz Ano Novo” para todo mundo que faz o favor de comentar aqui. Vocês conseguem levantar o meu ânimo deixando tantos comentários, sério! Até agora eu estava muuuito deprimida, faz uma semana que não escrevo, eu não estava mais podendo acessar meu fotolog e tal. Agora, quando eu entrei aqui e vi: “91 comentários” eu quase comecei a subir pelas paredes de tanta felicidade. Sério! Faltam nove comentários para mim chegar a 100! Humpf. Grande coisa, falta 109 para chegar a 200 e eu sei que quando eu chegar a 100 a única coisa que eu vou querer é que chegue a duzentos. Ok, eu vou parar com a ladainha e deixar vocês em paz. Por favor comentem o que acharam (nem que tenham achado péssimo e não mintam) e votem na minha fic. Esta é, por enquanto, a 32ª fic mais votada e se vocês colaborarem talvez suba mais um pouco com esse capítulo... mas é isso.

Resposta dos Comentários

Liz Lupin
Obrigada pelos elogios! E eu já estou trabalhando a idéia para o cap que a Lia mais vai aparecer. Ela vai ter importância no próximo... mas, é melhor eu não contar. E você conseguiu escrever muito bem a parte T/L! Adorei mesmo... e a história da nossa família, então! Tá demais... adoro seus comentários! É sempre a primeira a comentar, né, moça? Valeu.

Phelipe Potter
Obrigada por comentar sempre aqui! Adoro seus comentários, valeu mesmo!

Artur Felipe
Obrigadíssima por comentar! Como eu já disse, sua fic está cada vez melhor... poste mais também!

Maluada Black
Obrigada pelos elogios! E eu JAMAIS vou deixar você bater na Evans Riddle. Eu amo ela. Apesar de ser a única pessoa real que nutre esse sentimento ... será que ninguém consegue ver que... é melhor eu calar a boca. Bom, sobre os shippers... os casais não são exatamente o foco da fic, então não vou me demorar muito neles. Na realidade, ainda estou pensando nas possibilidades.... Adorei seu comentário moça! Te adoro muuuuito!

Marcela Tachibana
Valeu pelo comentário! E pode ficar tranquila, logo logo eu te mando o primeiro cap da nossa fic... mas só vamos postá-la quando terminarmos tudo, ok?

Lady Gray
Você é muito inteligente. Eu não vou falar mais nada, nem responder as suas perguntas se não você acaba descobrindo tudo dessa fic como fez com a da Je. ADOREI o comentário, você é muuuuito querida!

Renata Potter
Obrigada pelos comentários!! Eu estou muito, muito deprimida. Por causa do negócio do Giga, sabe. Eu tenho que dar um geito, tenho mesmo... se não eu vou definhar até morrer. Eu sou trágica mesmo.

Jessica Gibb
Comentário quilométrico. Amei! Eu amo seus comentários! Hoje, como eu já disse, estou extremamente deprimida então não vou responder muito não... então, valeu pelo comentário!! Eu vou comentar na sua fic, agora... xD

Bean Porter
Obrigada pelo comentário, adorei!! E quando terminar a retrô posta ela, por favor! Tô louca para ler...

Manu Riddle

Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.