Conto XIII – A Prova da Inocên



Conto XIII – A Prova da Inocência?

Nota Inicial: O décimo terceiro conto de nossa trajetória escolar será narrado por mim, em terceira pessoa. Serei narrador onipresente e, algumas vezes, onisciente no texto, pois somente desta forma posso listar os fatos ocorridos que levam ao desfecho de mais esse episódio. Começam-se as investigações! Com vestes limpas e cheirosas, nós Marotos tentamos provar que os nossos achares sobre o tal furto eram verdadeiros.

Remo Lupin

Aquilo não parecia fazer sentido algum. Um elfo roubando vestes dos estudantes e escondendo-as em uma sala? Para quê? Por quê?

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Um murmurejar indefinido formou-se no salão comunal da Grifinória após a declaração do monitor-chefe. Era algo inédito na escola e, aparentemente, um episódio singular para qualquer um ali presente: um elfo se rebelara. Por mais que o monitor se esforçasse para manter o silêncio no salão, suas tentativas eram inúteis. Os alunos falavam sem parar, discutiam, indagavam. Havia, porém, uma frase que se repetia inúmeras vezes em meio àquele mar de interjeições e palavras surpresas: E se ele não for o único?

- Calma pessoal – começou o monitor-chefe, à medida que os alunos se calavam e prestavam atenção – Suas malas estão devidamente guardadas e protegidas, seladas magicamente em uma das masmorras. O elfo se recusa a informar o porquê do furto, mas estamos tomando algumas providências para fazê-lo falar – ele falou essa última parte meio que depressa, temendo que algum outro aluno se posicionasse em defesa do elfo doméstico – Além do mais, não há o menor indício de que outros elfos tenham se rebelado ou de que estejam fazendo o que não deviam estar. Continuam limpando os nossos corredores, aquecendo as nossas camas e fazendo a nossa comida – o monitor limpou a garganta e elevou o seu tom de voz – Creio que esteja na hora de irmos dormir. Suas malas estarão aguardando-os ao lado de suas camas amanhã pela manhã – e nisso uma massa compacta de estudantes ruidosos rumou lentamente em direção aos dormitórios.

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- Cara, não há como negar! Foi o Tíber! Ele foi pego com a mão na massa! – Lupin exclamava para um Tiago enraivecido quando chegaram ao dormitório masculino – Ele pode ser um elfo simpático e legal, mas, pelo que parece, gosta de roubar os pertences dos outros! Pelo menos é essa a imagem que ele está passando!

- Vocês não estão entendendo! – Tiago recomeçava a sua defesa – Tíber jamais faria isso! Ele não tem motivo algum para fazê-lo.

- Pode até não ter, mas que ele roubou as nossas malas... – Sirius dizia, enquanto deitava-se em sua cama e cobria-se com o cobertor, quando foi interrompido por Tiago:

- Vocês precisam conhecer o Tíber! Quando tiverem algum contato com ele, verão o quanto ele é ingênuo e bondoso... Ele nunca faria nada errado, nunca! Nunca o fez, por que faria agora, então? – e dizendo isso, encaminhou-se até seu leito, encobriu-se com o quente cobertor e fechou os olhos, esperando dormir o mais imediato possível.

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Horário do almoço. Tiago, Sirius e Pedro estavam sentados à mesa da Grifinória deliciando um maravilhoso banquete preparado por elfos não rebeldes, debaixo de um teto encantado que refletia o céu azul lá de fora, quando Lupin chegou, às pressas, com um pedaço de pergaminho na mão dizendo:

- Talvez isso mude um pouco a sua cabeça – falou a Tiago, entregando-lhe o pergaminho que trazia. Tiago desviou a atenção do seu prato de pudim de carne e leu o que estava escrito na folha que Lupin lhe entregara. Era uma lista de quinze itens, desde livros a jornais antigos, que tratavam do mesmo assunto: elfos comuns, simpáticos e prestativos que se rebelaram da noite para o dia. Além dos títulos, nomes dos autores e manchetes, a lista informava a página exata em que se podiam encontrar informações precisas sobre os elfos rebeldes.

- Tíber não é igual a eles – falou Tiago, dando pouca atenção ao relatório – Ele não é nenhum louco psicopata que envenenou a própria dona.

- Não, mas é um elfo rebelde que roubou as nossas vestes! – Lupin exclamou, sentando-se ao lado de Tiago e servindo-se – Convenhamos, Tiago, você está sendo implicante!

- Não estou não. Só não admito que condenem um amigo meu sem provas, simplesmente por ser um elfo – Tiago respondeu, olhando atentamente para o seu prato.

- Você não está entendendo – quem falou foi Sirius, sentado ao lado de Lupin e já terminando de almoçar – Não é só porque ele é um elfo que está sendo acusado, mas sim porque tudo indica que foi ele! Ele foi pego com as nossas malas, Tiago!

- Bom, é o que dizem – Tiago respondeu com desdém – Minha opinião é a mesma: Tíber não é culpado. Há algo mais nessa história e eu hei de descobrir o que – e com isso levantou-se da mesa, marchando sozinho em direção ao Saguão de Entrada.

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Bastaram alguns passos em direção à escadaria de mármore no Saguão de Entrada para um novo leque de idéias surgir a Tiago. Como não pensara naquilo antes? Mal subira cinco degraus, esperançoso por provar que estava certo quanto à inocência de seu amigo, quando uma voz feminina o chamou:

- Tiago! – ao que ele se virou e surpreendeu-se ao ver Lana Finch correndo em sua direção – Preciso falar algo com você.

O garoto dividiu-se entre a pressa de provar a inocência de Tíber e a vontade de permanecer mais alguns instantes perto de Lana. Parou onde estava e respondeu:

- OK...Podemos ir andando?

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Lupin continuava sentado à mesa da Grifinória no Salão Principal acompanhado de Sirius e Pedro. Estava inconformado com a “persistência cega de Tiago de não acreditar nos fatos”, como ele mesmo dizia.

- É impossível que alguém ainda possa, em sã consciência, afirmar que Tíber é bonzinho! Oras, ele roubou as nossas coisas! – dizia aquilo com tamanha exaltação que alguns alunos da mesa vizinha o olharam de cara feia.

- Calma, Lupin – respondeu Sirius, percebendo que o amigo chamava a atenção – Nossas coisas já foram devolvidas, não se exalte. Agora, concordo com você. Tíber roubou as nossas coisas e Tiago está sendo muito implicante ao dizer que não... Não há outra saída, cara!

- Não, a não ser que alguém tenha roubado e depois forçado o elfo a assumir a culpa – falou Pedro, terminando de almoçar.

- Já havia pensado nessa hipótese, mas ela é totalmente controversa – continuou Lupin, puxando de sua mochila uma pilha de pergaminho – Em uma dessas folhas aqui há uma nota extraída de um livro a biblioteca. Segundo ela, o elfo só poderia assumir a culpa por algo que não fez se o dono o ordenasse. Creio que Dumbledore não enlouqueceu de vez– concluiu Lupin, nervoso.

- Não mesmo. Bom, se não se importam, eu vou indo. A Francy vem aí – e nisso, Sirius levantou-se do seu assento, jogou a mochila sobre as costas e caminhou até Francy, a garota de cabelos negros e olhos azulados da Lufa-Lufa.


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Tiago estava exultante. Além de ter encontrado a forma de inocentar o elfo, as palavras ditas por Lana há alguns instantes o haviam feito sorrir abobalhado. A garota dissera, com todas as letras, que não passara de pensar nele por um só instante durante as férias de verão e, além disso, pedira sinceras desculpas por ter duvidado da fidelidade do garoto. O encontro encerrou-se com um breve beijo e o esclarecimento de Tiago de que devia ir até as masmorras o mais breve possível.

E lá estava ele, correndo por um dos incontáveis corredores das masmorras de Hogwarts, há dezenas de metros abaixo do nível do solo, em uma ala úmida e pouco iluminada. Procurava, incessantemente, a sala de número 15: era lá que Tíber deveria estar; fora lá, pelo menos, em que o elfo tinha sido torturado durante a noite anterior. Depois de percorrer mais dois lances de escada, atravessar quatro outros corredores e passar por um trecho completamente escuro, Tiago avistou uma porta de madeira, mal cuidada e mal cheirosa, com inscrições feitas em carvão na parte superior: Sala 15.

Parou de frente à porta e suspirou, nervoso. Seu coração batia ligeiro, depois de tanta correria, mas suas mãos estavam geladas e sua mente ansiava pelo que veria do outro lado do portal. Ergueu o punho para bater na madeira lascada, porém, magicamente, a esse gesto, a porta se abriu.

Um cômodo completamente mergulhado nas sombras recebeu alguns raios luminosos, provindos das velas e archotes pendurados pelo corredor. Era feito inteiramente de pedra; não possuía mobília e exalava um odor forte e amargo que lembrava, lastimavelmente, sangue.

Tiago passou pelo portal, nervoso, empunhando a varinha e com os sentidos atentos a qualquer sinal de movimento. Foi aí que ele viu, em um dos quatro cantos do aposento, um corpo miúdo e inerte caído no chão. Aproximou-se com destreza e avistou Tíber, os punhos algemados a pesadas peças de ferro.

O elfo estava nu, jogado de qualquer jeito no chão duro e com marcas de chicote por todo o corpo. Um dos seus olhos encontrava-se aberto, olhando torto para o sombrio cômodo. Tiago aproximou-se, temeroso, e sussurrou:

- Tíber? Você pode me ouvir?

Nenhuma resposta.

- Tíber! Por favor, acorde! – Tiago falou, apanhando os ombros do elfo e sacudindo levemente.

Nada aconteceu.

- TÍBER! POR FAVOR! – Tiago sacudia o elfo com força, descontrolado, enquanto chorava com a sólida possibilidade de estar segurando um ser sem vida.

Mas foi aí, em um breve e esperançoso momento, que um balbuciar se fez dos lábios do elfo:

- M-meu... senhor...

- Tíber? Você está bem? Pode me ouvir? Por favor, me diga como tudo aconteceu – Tiago falava um pouco mais calmo, embora em seu peito seu coração batesse descontrolado.

- M-meu... senhor... – repetiu o elfo fracamente.

- Não, não sou seu senhor. Dumbledore não está em Hogwarts – Tiago dizia, nervosamente, enquanto olhava por cima do ombro no temor de chegar algum funcionário da escola.

- Tíber não... Tíber só fez... – e, com essas poucas palavras, o elfo voltou a desmaiar.

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Tiago Potter estava exausto. Havia corrido ininterruptamente das masmorras de Hogwarts até o sétimo andar. Depois do desmaio do pobre Tíber, o garoto tentou reanimá-lo, mas sem nenhum resultado. Vendo que a tortura havia derrotado o pobre elfo naquela tarde, Tiago voltou ao salão comunal.

- Encéfalo de Dríncon – disse ao alcançar o quadro da Mulher Gorda, que girou e abriu passagem para o Salão Comunal da Grifinória.

Ao entrar, Tiago pôs-se a procurar os seus amigos, tinha algo a lhes dizer. Não os encontrando por ali, deduziu que deveriam estar no dormitório, preparando-se para ir para as aulas do período vespertino. Não deu outra; ao subir o trecho de escadas que levava ao quarto do segundo ano, Tiago avistou Lupin, Pedro e Sirius vestindo o uniforme e arrumando as mochilas.

- Cara, onde você estava? Pensamos que tivesse esquecido que temos aulas à tarde – perguntou Sirius assim que Tiago chegou.

- Nas masmorras... Fui ver o Tíber – disse ele, sentando-se em sua cama, cansado. Os três garotos olharam-no, admirados, ao que Tiago completou – Depois conto o que aconteceu lá embaixo, mas agora tenho algo essencial para dizer... Tenho a prova de que Tíber não é nenhum ladrão!

Lupin chiou e deixou cair dos seus braços os livros que colocava na mochila:

- Ah, Tiago, nem vem...

- Não há como vocês dizerem que não há algo errado nisso tudo! Tíber é um elfo doméstico! Elfos se libertam ao contato com roupas alheias... Se ele, de fato, roubou as roupas de todos nós da escola... não estou certo ao dizer que ele está livre? E, mais que isso, que teve tempo o suficiente para fugir e não passar por tortura alguma?

Um silêncio reflexivo se fez no dormitório.

Notas finais: (além de conter notas do autor, há também os pensamentos, detalhes e opiniões pessoais de cada maroto sobre os diversos acontecimentos do conto).

# Dumbledore não está em Hogwarts no momento. Sua ausência se deve à realização do XV Conselho Internacional de Bruxos. Neste, bruxos de todo o mundo discutem formas de manter a paz entre os povos e novas técnicas de esconder dos trouxas a sociedade mágica.

# Francy e Sirius estão namorando! Este dado não foi informado neste conto porque eu desejava manter um clima de investigação e não de humor, já que, certamente, Pedro Pettigrew se indignaria com essa revelação.

# Só agora Lana viera falar com Tiago, mesmo depois de passado um tempo do ano letivo em Hogwarts. Isso se deve ao fato de a garota estar reunindo coragem para dizer tudo o que tinha para dizer. Que bom que deu tudo certo, hehe.

# Tíber! Com certeza essa é a grande incógnita de todo esse segundo ano dos Marotos. Há muito para se revelar sobre o elfo! Dicas já foram soltas pelas muitas linhas dessa segunda etapa de Contos Marotos.

# Quero pedir desculpas a todos pela demora para postar um novo conto. É que no fim do ano passado eu estava atolado em provas da escola... Logo depois tive que viajar... Enfim, sem ter as minhas notas sobre os Contos Marotos, ficou difícil de escrever a história sem deixar gafes ou buracos na trama... Portanto, agora que estou de volta à minha casa, com o meu computador, posso continuar Contos Marotos!

Espero que tenham gostado desse novo episódio... Demorou, mas chegou! Prometo um capítulo menos dramático, o próximo, talvez! Ah, e não se exaltem, há de chegar a vez de Pedro Pettigrew escrever um conto!

Até mais! =D

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