Viagens do coração



Nossa, já faziam seis meses?
Ela repetia aquela pergunta para si mesma já fazia algum tempo, enquanto puxava algumas peças de roupa do armário, a fim de escolher o que vestir.
Puxou uma saia preta e uma blusa preta, e sentiu-se sem vontade de vestir aquilo; era tão triste e tão sóbrio, que não convalescia mais com o que ela era. Puxou, então, um longo vestido de um tom de azul que parecia o de um céu noturno; passeou com os dedos pelo tecido macio, e achou melhor escolher outra coisa. Buscou com os olhos uma saia branca, mas não encontrou; frustrada, seguiu para a lavanderia, onde provavelmente a saia estaria.
Seis meses. Realmente fazia seis meses que ela reencontrara Harry. E, ela se pegou pensando, aquilo era ótimo; ter aquele Harry - por mais triste que ele fosse - perto de si era bom, muito bom; ela podia ajudá-lo, sabia... E a busca por como ajudá-lo era uma coisa ótima com que preencher o tempo, fora o trabalho na biblioteca municipal.
Pegou a saia nas mãos e correu para o quarto; com um suspiro, tomou em mãos oito blusas de cores diferentes e as encarou com as sobrancelhas ruivas erguidas. Merda, ia ter problemas.
Frustrada, se deixou cair na cama e suspirou.
Droga, por que não conseguia escolher uma roupa para usar? Ela só ia sair com Harry e Trynith!
Fechou os olhos e grunhiu.
Tinha algo de errado.
Seis meses que reencontrara Harry.
Grunhiu novamente.
“MARIEEEE!” em alguns segundos a amiga entrava correndo no quarto.
“Gina? Gina, ta tudo bem? O que houve?” o olhar preocupado se desfez ao ver a cara mal-humorada da amiga “Que houve, ô, pentelha...”
”Eu não consigo escolher algo pra vestir! Me ajuda!” Gina emburrou mais ainda a cara ao ver o olhar que Marie lhe lançava.
“Você ta apaixonada pelo Harry... De novo! Incrível! Como você consegue?”
”Como?”
”A última vez que você me pediu para te ajudar com roupas foi quando você foi sair com o Josh. E antes disso, quando você foi sair com o Ricky. E antes quando você foi sair com o Jeff. E antes quando...”
”QUER FICAR QUIETA?!” Gina deu um berro tão alto que abafou a gargalhada de Marie.
“Gina, você realmente está apaixonada de novo por ele!”
”É impossível não estar, okay? Feliz?” Gina levantou-se e foi até a janela; contemplou o lado de fora durante alguns segundos “Eu realmente não quis. Mas é impossível”
“Por quê? O Sr. Harry James Potter é tão perfeito assim?”
”Não. Ele é absolutamente imperfeito” Gina suspirou “Mas é magnético” sorriu.
“Bem, não considero magnetismo uma arma de sedução tão perfeita quanto você a faz parecer” sorriu.
“Bem... Não é apenas magnetismo... Você já o viu. Você se lembra dos olhos dele?” parou um momento, os olhos fechados, a respiração suspensa, um sorriso bobo nos lábios.
“Sim, eu me lembro. Incrivelmente verdes... E tristes”
“O Harry precisa de alguém... A Trynith pode ser maravilhosa, e ser uma das melhores historiadoras que eu conheço, mas não é dela que o Harry precisa... Ela é séria demais para ele”
”Vamos, Virgínia, diga logo que o Harry precisa de você”
”Não de mim, mas de alguém como eu” abriu um gigantesco sorriso e olhou para a amiga “Mas e agora, você vai me ajudar com a roupa ou não, afinal?”



Estalou os dedos.
“Pronta?” murmurou, e ajeitou mais uma vez o colarinho.
“Mais um minuto” ela estava em frente ao espelho, e puxava os cabelos para cima, para os lados, procurando uma posição favorável ás suas feições.
“Assim está lindo” ele murmurou mais uma vez, quando os cabelos dela caíram sobre os ombros em suaves ondas.
“É bom saber que você tem humor novamente” ela disse sorrindo enquanto puxava parte do cabelo para trás e prendia com uma fivela “Que tal?” virou-se para Harry e abriu um sorriso gigantesco.
“Acho que você está maravilhosa” ele disse enquanto se levantava “Pronta?” ela não respondeu até dar duas borrifadas de perfume no pescoço.
“Pronta”



A música era suave e forte, inebriante; o ar tinha o profundo cheiro de incenso que todos os estabelecimentos orientais tem; a comida aparecia em grandes travessas de barro e madeira, e os pés corriam livremente pelo chão macio; todos sorriam... Menos Harry.
Ele brincava com os dedos de Trynith, ao seu lado e observava os garçons em seus uniformes vermelhos e brancos; observava de esguela o sorriso de Trynith, e falava, de vez em quando, meia dúzia de palavras, para mostrar que estava vivo.
Suspirou, os olhos ardendo; piscou.
“Você ta bem, Harry?” Trynith perguntou em uma voz suave, as sobrancelhas espremidas em uma linha reta.
Murmurou um ‘sim, obrigado’ e voltou ao seu trabalho de observar tudo á sua volta.
Ouviu um rumorejo.
Voltou os olhos rapidamente para a fonte do barulho.
A porta se abriu e revelou uma ruiva que olhava ponderadamente para os lados; ao seu lado, uma jovenzinha loira, de olhos azuis aguados, sorria e segurava sua mão; com um movimento rápido, as duas riram juntas e entraram no salão. Os cabelos da ruiva estavam soltos em cascata sobre os ombros, com pesados e fartos cachos os embelezando; o corpo de curvas suaves era moldado por um vestido branco com estampas coloridas, que ia até os joelhos; o sorriso caia bem nos lábios pintados de vermelho, e os olhos castanhos brilhavam, quando pousaram sobre a mesa dele.
“A Gina chegou” ele murmurou cortando uma frase sobre como ele parecia um retardado vinda de Trynith “Ela e Marie-Louise”
”Oh, amém! Estavam demorando! Aqui, aqui, garotas! Boa noite!” sorria enquanto acenava para as duas, que irremediavelmente a notaram e seguiram para perto da mesa “Ora bolas, pensei que tivéssemos combinado ás sete e meia; já são oito!”
”Estava um trânsito infernal, Trynith, você sequer faz idéia” disse Gina com desenvoltura enquanto sorria e sentava-se á mesa; Marie-Louise sentou-se ao seu lado.
“Boa noite!” Marie disse com um sorriso, os olhos correndo suavemente para a amiga; Gina, de alguma maneira imperceptível, estava diferente.
“Boa noite, Marie” Trynith disse em um sorriso, enquanto inclinava suavemente a cabeça e fazia o vestido preto farfalhar.
"'Noite, Harry, 'noite, Trynith" Gina disse sorrindo para os dois .
Trynith encarou Gina e abriu um sorriso imperceptível, depois correndo os olhos para Harry; o garoto encarava Gina com olhos ternos.
"Boa noite, Gina" ele sorriu para ela.
Por um minuto, Trynith e Marie foram esquecidas, enquanto eles se encaravam e sorriam um para o outro.
Havia algo de diferente nos dois; algo havia acontecido durante os últimos seis meses...
Trynith se perguntava se era o sorriso de Harry, que havia ressurgido com toda a força, que o fazia parecer tão diferente... Mas não, não era isso. Talvez também fosse... Mas não era tudo. Havia algo no brilho dos olhos dele. Um brilho diferente... Mais... Mais humano.
Trynith sorriu.
"Estou morta de fome, vamos pedir alguma coisa?" perguntou, os olhos ainda pousados sobre Harry; Marie, de seu lugar, deu uma risadinha baixa.
"Sim, essa é uma boa idéia" disse sorrindo, enquanto escondia os lábios atrás das mãos; Gina, ao seu lado, fez uma careta.
"Sim, algo para comer soaria ótimo agora; hei, hei!" Gina parou um garçom e, abrindo um sorriso gigantesco, pediu alguma coisa para si.
A música oriental continuou tocando quando os outros pediram o que queriam, e quando o silêncio restou, ela ainda tocava.
"Hum... E então, Trynith, como vão as escavações?" Gina perguntou sorrindo; a garota respirou fundo, engoliu em seco, abriu um sorriso meio fraco e deu de ombros.
"Sabe como é, vão indo..."
"Eu estava pensando em ir te visitar essa semana... Terei folga na sexta-feira... Que tal?" abriu um sorriso para a mulher á sua frente, que arregalou os olhos.
"Ah, Gina, acho que não vai dar... As escavações são proibidas para visitantes, e..."
"Ah, Trynith, qual é, você é a chefe! Não tem como me abrir um espacinho lá? Não vou mexer em nada, prometo!" Gina, sorrindo, se jogou mais para frente da cadeira, e beijou os dedos indicadores em sinal de promessa; Trynith virou os olhos para Harry, em busca de ajuda.
"Hum, Gina, é melhor não... Eu posso ser despedida, e..." Trynith ainda olhava para Harry desesperadamente; ele respirou fundo, tentou abrir um sorriso e se virou para Gina.
"E eu estava programando de viajar para a Inglaterra e te arrastar junto, nesse fim de semana" Harry disse em um tom esquisito, meio improvisado, e Trynith, ao seu lado, arregalou mais ainda os olhos.
"Perdão?" Gina encarou Harry embasbacada; se havia algo que ela aprendera nos últimos seis meses, era que Harry tinha horror a tudo o que vinha da Inglaterra - porque ele dizia que a Inglaterra lhe lembrava tempos ruins - e que ele não deixava Nova Iorque nem pago.
"Er... Eu... Eu achei que você pudesse me ajudar... Eu tenho de cuidar de alguns dos negócios que deixei lá, e..." aquilo não era de todo mentira; ele tinha alguns negócios a tratar na Inglaterra, mas podia o fazer por telefone sem qualquer problema. Merda, agora ferrara tudo... Ou encarava seu passado, ou encarava o fim da amizade com Gina "E não tenho muita certeza de que conseguiria fazer isso sozinho... A Trynith não pode ir comigo porque vai trabalhar nesse fim de semana" tentou sorrir para Gina, mas continuou parecendo desamparado.
"Se você diz... Mas eu não tenho como pagar nada, Harry... Você sabe o quanto eu ganho trabalhando na Biblioteca" não que ela reclamasse, já que amava o emprego que tinha; sorriu para ele.
"É claro que eu te pago..." ele balbuciou ainda tentando sorrir, e Gina então pareceu ser preenchida por uma gigantesca onda de excitamento.
"Puts, que ótimo! Então claro que eu vou com você! Faz tanto tempo que eu não vejo a mamãe, e..."
"Sim, ótimo" ele balbuciou; Gina o encarou.
"E vou adorar te ajudar, Harry... Eu sei o quão difícil isso é para você" abriu um sorriso suave; e foi tudo, porque logo a comida chegou.



"Nossa, já são onze e meia!" Marie arregalou os olhos "Gina, a gente precisa ir para casa! Amanhã eu tenho faculdade de manhã!" encarou a amiga com o olhar alarmado; Gina, que estivera mais suave naquela noite do que em qualquer outra, abriu um sorriso para a amiga e acenou afirmativamente com a cabeça.
"É mesmo... Já está na hora de irmos embora..."
"Mas já?" Trynith perguntou em um tom tristonho, e depois sorriu para o olhar de Gina "Está bem, está bem, pode ir"
"Desculpem, mas realmente temos de acordar cedo, e..."
"Sem problemas" Trynith disse, sorrindo; Harry ainda se mantinha soturno e calado, como estivera à noite inteira.
"Bem, então, hum, boa noite para vocês" Gina abriu um sorriso, e se estendeu para beijar Trynith na bochecha rapidamente; repetiu o gesto com Harry, enquanto ouvia Marie e Trynith se despedirem "Ahn, Harry, eu te ligo quando chegar em casa pra gente programar a viagem, tá?" ela sorriu para ele e o cumprimentou, dando-lhe as costas logo em seguida.
Quando Marie-Louise e Virginia desapareceram dentro de um carro, fora do restaurante, Trynith virou-se para Harry.
"Você percebe que assinou seu tratado de morte há seis meses, né?"
"Percebo sim, Trynith... Talvez eu tenha assinado isso muito antes" ele abriu um pequeno sorriso e puxou algumas notas para pagar a conta.



Ela entrou em casa, tirou o sobretudo, jogou no sofá, junto da bolsa, e sorriu.
Respirando fundo, tentou se controlar; mas realmente não conseguiu.
"AHHH!!" deu um gritinho alegre e se jogou no sofá do lado da bolsa. Riu, riu histericamente durante alguns segundos; Marie-Louise, parada na porta, a encarava com as sobrancelhas erguidas.
"Parece que você conseguiu, huh?"
"Consegui o quê?" perguntou enquanto parava lentamente de rir.
"Ora, conseguiu algum tempo para ficar com o Harry" Marie lhe sorriu, e Gina voltou a rir.
"Ah, é sim, parece que consegui..." rolou os olhos, e, de súbito, o sorriso se perdeu "Ah, Merlim, a Trynith!"
"Que tem ela?"
"Ela é a namorada do Harry"
"Puts, é mesmo!" Marie se jogou no sofá ao lado de Gina "Como foi que eu esqueci disso?" riu.
Mas Gina continuou séria. Perguntava-se a mesma coisa que Marie havia perguntado... Como conseguira esquecer que Harry estava namorando Trynith? Bem, disse á si mesma, eles agiam mais como amigos ou irmãos do que como namorados... E talvez isso a consolasse - afinal, ela gostava, e muito, de Trynith... A tinha no coração como se fosse mais uma Weasley... E aquilo era estranho. Marie demorara dois anos para ser tão querida assim por ela; e Trynith demorara menos de seis meses.
Suspirando, olhou para Marie.
"Eu não sei se consigo ir, Marie"
"Por quê?"
"Eu tenho medo de não conseguir me conter... Quer dizer... Er..."
"Eu entendo. Você tem medo de não conseguir agüentar passar tanto tempo com o Harry sem o agarrar" abriu um sorriso traquinas "E não quer agarrá-lo, porque gosta demais da Trynith para traí-la"
"Você deveria ter virado cigana, quem sabe vidente, não sei..." abriu um sorriso para ela.
"Acredite, eu já tentei... Mas aí apareceu um olheiro e me trouxe para a Broadway" as duas riram.
"Sabe... Marie, eu não sei se viveria sem você"
"Ah, claro que viveria"




"Então a gente vai sexta de manhã?"
"Isso mesmo"
"Para Londres?"
"É"
"E voltamos no Domingo de noite?"
"Isso mesmo"
"Tá certo..."
"Então... Er... Te vejo depois de amanhã no aeroporto; de manhã... Nosso vôo sai às três da manhã"
"Está certo"
"Bem, então, boa noite, Virginia"
"Boa noite, Harry"



"Vamos logo, Gina, já são uma e meia da manhã, cacete!" Marie a encarava agoniada, enquanto a amiga terminava de jogar uma capa grossa dentro da mala, e corria para o banheiro "O táxi vai estar aqui em dez minutos! E você nem se arrumou!"
"Eu estou pronta, Marie!" Gina berrou do banheiro, enquanto voltava com uma nécessaire repleta de parafernálias; começou a ajeitar tudo, sentada na cama.
"Quer ajuda?"
"Pegue a minha carteira, o meu passaporte, o script do livro, o celular, o notebook, e uma escova de cabelos e jogue tudo dentro dessa bolsa aqui!" puxou uma bolsa bege e jogou para a amiga, que começou a colocar tudo ali dentro, conforme o pedido.
Olhou para o relógio, quando terminou de ajeitar as coisas da nécessaire e a jogou dentro da mala.
Uma e trinta e quatro.
Levantando-se de um salto, correu até o armário e puxou um sobretudo e uma sacolinha; a sacolinha ela jogou dentro da mala, mas arrancou, antes, de dentro dela, um cachecol e uma toca negros.
Suspirando apressadamente, foi até a cozinha e pegou remédio para cólica, enjôo, insônia, dor intestinal, antiinflamatório e correu para o quarto, para jogar tudo ali dentro.
Sorriu.
"Pronto. Acabei. Colocou tudo aí dentro?"
"Sim, coloquei, claro" Marie disse enquanto atirava a bolsa contra a barriga de Gina, que pulou na cama.
"Obrigada, Marie... Não sei o que seria de mim sem você"
"Já te disse, tomatinho, não seria nada"
Sorriram.



Segurou no encosto de braço da poltrona com força; que horror que tinha daquelas máquinas trouxas! Fechou os olhos, cheia de horror e suspirou.
Harry, ao seu lado, sorriu, enquanto o avião lentamente decolava.
"Você tem medo de aviões?"
"Eu? Não... É só impressão sua!" ela apertou o encosto de braço com mais força.
"Não precisa ter medo... Essas porcarias são absolutamente seguras" ele sorriu para ela suavemente.
"Você está me deixando mais nervosa ainda, Harry! Fique quieto!" e ele ficou mesmo; apenas apertou um botãozinho ao seu lado, e cobriu os ouvidos com os fones amarelos que a aeromoça havia lhe entregado, momentos antes.
E a mesma aeromoça simpática que lhe dera os fones lhe sorriu e perguntou o que desejava.
Gina se perguntou o que havia acontecido para ela aparecer ali, e então se lembrou de Harry apertando o botão ao lado da poltrona; suspirou.
"A minha amiga está um pouco nervosa... Você tem algum tipo de calmante para cavalos?" ele perguntou, parecendo bastante sério; a aeromoça o encarou com os olhos arregalados.
"Não senhor, mas, se você quiser, temos alguns calmantes mais leves, e..."
"Eu quero, por favor" ele interrompeu a mulher com um olhar grave a palavras agudas; a mulher assentiu com a cabeça e partiu rapidamente dali.
"Você realmente pretendia me dar calmante de cavalo?" Gina perguntou, indignada, para Harry.
"Claro que não... Eu tenho maneiras melhores de te acalmar" ele sorriu para ela, muito mais suave do que ela estava acostumada; os olhos ainda tinham muita dor, mas ela notou, pela primeira vez, que parte daquilo se dissipara com a chegada dos sorrisos dele. Sorrindo para ele, lançou uma pergunta, uma simples e pequena pergunta:
"O quê, por exemplo?"
"Não sei..." ele murmurou; mas ela logo soube que ele sabia o que fazer para acalmá-la, pois, alguns minutos depois, ele segurava a mão dela placidamente na dele... E aquilo lhe acalmaria mais do que qualquer tipo de calmante para cavalos. Ou elefantes... Ou para o que fosse.



"Passageiros, por favor atem seus cintos de segurança e posicionem suas poltronas na posição vertical... Nós estaremos pousando em Londres em dez minutos " a aeromoça disse e uma voz nasalada, e Gina foi acordada com um suave chacoalhão por Harry.
"Gina, a gente vai pousar em dez minutos... Bota o cinto" ele estava com a voz falha e parecia meio pálido; Gina notou que os olhos tristes e verdes dele pareciam ainda mais tristes com a vermelhidão de lágrimas que haviam por ali escorrido há alguns minutos. Suspirando, ela abriu um sorriso para ele e deu de ombros.
"Tá bem" estava mais calma, muito mais calma, e tudo o que ela tinha de fazer para se manter assim era pensar que, ah, meu Deus, iria passar um fim-de-semana com seu passado e com Harry. E que aquilo deveria ser muito bom.
Só precisava parar de pensar na gravidade agindo sobre a maquina voadora em que se encontrava e em Trynith.
Suspirou mais uma vez, prendendo o cinto e colocando a poltrona na posição certa.
Sorriu para Harry.
"Tá tudo bem?" perguntou enquanto a aeromoça passava ao seu lado para verificar se estava tudo certo. Disse que sim.
"Tá, Gina, tá tudo ótimo"
"Não parece... Er..." ela viu seu sorriso sumindo "Harry, encarar Londres mais uma vez vai ser duro não só para você, mas para mim também... Mas essa é uma coisa que a gente tem de fazer, entende?" ela abriu o sorriso novamente, e se estendeu um pouco para o lado dele da poltrona, quando o avião foi se inclinando devagar para pousar "E é melhor assim, sabe, Harry? Eu e você? Assim um apóia o outro"
"Eu sei, Gina. Mas ainda dói" e naquele momento, enquanto Harry pisava novamente em Londres, pela primeira vez em mais de seis anos, ele se pegou desejando não ter encontrado Gina no supermercado, e muito menos ter se apaixonado por ela nos últimos meses.
Ao seu redor, Londres pulsava.

NA: Só gostaria de agradecer a todos que votaram e deixaram comentários, significou MUITO pra mim mesmo! Obrigada!

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.