A CONSPIRAÇÃO DO TERROR



CAPÍTULO 5



 



A CONSPIRAÇÃO DO TERROR



 



 



 



 



 



O grupo que adentrou a Estação King’s Cross naquela manhã parecia uma turma de mauricinhos e patricinhas, a julgar pelas suas roupas. Nos rapazes e garotas viam-se, sem exageros, grifes tais como Tommy Hilfiger, Hugo Boss, GAP, Donna Karan, Von Dutch, Polo Ralph Lauren e outras, complementadas por óculos Oakley, Arnette, Harley-Davidson e Mormaii. Mas o adulto que os acompanhava era impressionante.



Um homem alto, moreno-claro, de olhos azuis e negros cabelos longos, presos em um rabo-de-cavalo, aparentemente na casa dos quarenta, mas de aparência jovial, todo vestido de preto, com uma camisa Tommy Hilfiger, calças alto-esporte Brooksfield, cinto e sapatênis Hugo Boss e, na mão esquerda, um relógio Breitling Chrono-Colt no pulso e um anel no dedo anular, onde identificava-se um brasão com um leão em destaque. O brasão da Casa Grifinória. Completavam o conjunto os óculos Oakley modelo Zero, levantados para o alto da cabeça. Sirius Black havia caprichado no visual.



Quanto aos outros, tirando o fato de haverem gaiolas com corujas nas bagagens de quase todos e um gato alaranjado no colo de uma das garotas, ninguém os diferenciaria de um grupo de alunos de alguma escola trouxa de elite, retornando para mais um ano letivo.



Em duplas eles recostaram-se, discretamente, na barreira entre as Plataformas 9 e 10, atravessando-a sem chamar a atenção e saindo no lado bruxo da estação, na Plataforma 9 ½. Janine lembrou-se da primeira vez em que atravessara a barreira:



 



_Eu estava encostada na parede e, de repente, ela ficou evanescente e eu quase caí. Se não fosse por Tonks eu levaria um tombo daqueles. Foi realmente um plano muito bem elaborado, Draco. Vocês três estão de parabéns.



 



Sirius, que ainda não conhecia todos os detalhes do resgate de Janine, fez cara de surpreso, até que ela lhe explicou:



 



_Sabendo que os Death Eaters queriam me pegar,o Prof. Dumbledore, Tonks e Draco bolaram um plano para me resgatar e me contrabandear em segurança para Hogwarts. Tonks e Lupin, disfarçados de policiais trouxas, me escoltaram até a Plataforma 9 ½ e, durante a viagem, Tonks me explicou toda a situação. Na época eu ainda não havia manifestado magia, embora pudesse, desde criança, enxergar criaturas mágicas.



_Que interessante. E como foi que você começou a manifestar magia? _ perguntou Sirius.



_O Prof. Dumbledore acredita que entre os fatores que despertaram meus dons latentes de magia estão o fato de eu ser paranormal e eu ter sido aceita como senhora de uma varinha de liga de Mirtheil.



_Liga de Mirtheil? Mas é um metal bastante instável e perigoso!



_O Prof. Mason e o Sr. Olivaras encontraram a liga perfeita para manter o metal inteligente e obediente, com a proporção correta de aço e ouro. Ainda me lembro das caras de todos quando eu, sem perceber, conjurei um chimarrão. Falando nisso, enquanto esperamos a hora do embarque... “Illex! Thermo!” _ os amigos ficaram mateando, enquanto as bagagens eram despachadas. Sirius tomou seu último e agradeceu, indo para o vagão dos professores. Hermione, Rony e Draco também tiveram de sair, para a reunião preliminar dos monitores. Os outros entraram e logo encontraram uma cabine livre, no caminho sendo cumprimentados por Pansy Parkinson, que também ia para a reunião e, também por Vincent Crabbe, Gregory Goyle e Theodore Nott.



_Meio diferente esse clima de harmonia com pessoas que passaram anos a nos hostilizar. _ comentou Gina.



_Mas você há de convir que assim é muito melhor. _ disse Luna, com um sorriso _ Quanto mais jovens sonserinos em harmonia com as outras casas, menos potenciais seguidores de Voldemort.



_Nisso você está totalmente certa, Luna. _ disse Pansy, que havia ouvido o comentário dos Inseparáveis e interrompido seu caminho _ Pelo meu lado, eu pretendo fazer todos os esforços para que isso se concretize. Até mais.



_Até mais, Pansy. _ disseram os outros, ocupando a cabine.



 



Harry e Gina entretinham-se com a leitura do “Profeta Diário” e do London Times.



 



_Notaram que, enquanto as atividades dos bruxos das Trevas parecem ter dado uma parada, os atentados terroristas trouxas aumentaram? Vejam só, mais um maluco detonou quilos de explosivos que estavam à volta do corpo. Desta vez foi em um shopping center de Tel-Aviv. Aqui no Times diz que um grupo ligado ao Hezbollah reivindicou a autoria do atentado, mas tanto o Times quanto o Profeta crêem na ligação com a Al-Qaeda. Inclusive vários bruxos morreram nesse atentado e há Aurores trabalhando em colaboração com o Shin Beth. Aqui no Profeta também diz que, em vários outros atentados, também houveram muitas vítimas bruxas. _ disse Harry.



_Chega até a dar a impressão de que os terroristas trouxas estão selecionando seus alvos de modo a também atingirem a Bruxidade. Mas isso não tem nexo. _ comentou Janine _ A não ser que...



_O que, Jan? _ perguntou Neville.



_Conjecturas, Neville. Lembram-se de que o Sr. Weasley e o Prof. Mason comentaram sobre a impossibilidade de uma aliança entre bruxos das Trevas e terroristas trouxas?



_Sim, lembro. _ disse Luna.



_Pois, pelo que dá para ler nas entrelinhas dos jornais, parece que não está sendo tão impossível assim.



_Chega a soar absurdo. _ comentou Harry.



_Sim, chega. Mas, segundo o próprio Sherlock Holmes, “Elimine o impossível e o que restar, por mais improvável que seja, será a verdade.



_Acha que deveríamos falar com o Prof. Dumbledore ou com o Prof. Mason? _ perguntou Gina.



_Creio que eles não iriam achar tão absurdo assim. _ comentou Luna _ Afinal de contas, em se tratando de Voldemort, não se pode deixar de pensar em qualquer possibilidade.



_Principalmente porque, se isso servir aos seus propósitos, ele poderia usar um terrorista trouxa, fingindo estar aliando-se a ele. _ disse Janine _ Creio que a ânsia de poder de Voldemort deve estar chegando a um nível tal que ele seria capaz de abandonar seu preconceito e seus últimos escrúpulos quanto a juntar-se a trouxas. Sim, acredito que o Prof. Dumbledore deve ser alertado quanto a essa possibilidade.



 



Pouco depois do término da reunião dos monitores, Hermione, Rony e Draco chegaram à cabine. Os outros mostraram a eles as reportagens dos jornais e dividiram suas suspeitas. Hermione então falou, após alguns instantes de reflexão:



 



_É uma possibilidade. Remota, como deram a entender o Sr. Weasley e o Prof. Mason mas, ainda assim, é algo em que não se pode deixar de pensar. Concordo com Gina e Jan, quando elas dizem que o Prof. Dumbledore deve ter ciência disso.



 



Durante a viagem, o tempo virou e o sol se escondeu. A chuva começou a cair em cortinas geladas e, devido à escuridão, as luzes foram acesas.



 



_Barbaridade, tchê! Que pretume! _ comentou Janine.



_Lembra até o nosso terceiro ano. _ disse Rony.



_Nem gosto de me lembrar. _ disse Harry _ Foi o meu primeiro contato com um Dementador. Aquela maldita criatura me fez reviver as cenas do assassinato dos meus pais.



_Esqueça isso, meu amor. _ Gina abraçou o noivo _ Nenhum de nós se sentiu bem naquele dia, inclusive eu mesma. Bem, o carrinho de comida vem vindo. Está na hora de quem ainda não completou a coleção de cards dos sapos de chocolate continuar a tentar.



 



Depois que o carrinho passou e os Inseparáveis fizeram seu lanche, começaram a abrir e trocar os cards:



 



_Completei! _ disse Harry _ Só estava faltando o card da Jan e acabei de tirá-lo.



_E eu acabei de tirar o seu. _ comentou Luna _ Estou chegando lá.



 



Duas silhuetas pararam à frente da porta da cabine e abriram-na, tendo uma recepção apenas educada.



 



_ “Coturno e Sandalhinha”. A que devemos a honra da sua ilustre visita? _ perguntou Rony.



_Calma, Weasley. Viemos em paz, estamos apenas passeando e, quando passávamos por aqui, resolvemos parar para dar um alô ao “Inseparável Esquadrão das Grifes”. _ disse Milly, sorridente, quebrando o gelo.



_Tá bom. Até parece que fomos nós que despachamos um conjunto de malas Louis Vuitton no Expresso de Hogwarts. E essas bolsas Fendi, óculos Von Dutch e jeans Diesel, de onde vieram? _ comentou Neville, com um sorriso irônico nos lábios.



_OK, Longbottom. _ Blaise sorriu, olhando para eles _ um a zero para vocês. E aí, Potter, gostou dos CDs?



_Demais, Zabini. No começo estranhei estar recebendo um presente de vocês, mas o Prof. Dumbledore me garantiu que estavam sendo sinceras. Muito obrigado. E vocês, o que acharam do Brasil?



 



Millicent Bulstrode e Blaise Zabini olharam para Harry, espantadas, até que a primeira disse, baixinho:



 



_Como sabe que estivemos no Brasil, Potter? Viajamos em segredo, para que ninguém na Bruxidade soubesse que íamos para um balneário totalmente trouxa.



_Fui eu, Bulstrode. _ disse Janine _ O bronzeado de vocês tem a assinatura do Nordeste do Brasil. Para onde foram?



_Porto de Galinhas. _ explicou Blaise _ Conhece?



_Já estive lá umas três vezes. É um lugar delicioso, principalmente para mergulhar, embora Fernando de Noronha seja melhor, tanto para mergulho quanto para surf. Lá a visibilidade chega a mais de trinta metros.



_Em Porto de Galinhas estava de uns vinte. _ disse Millicent.



_Fizeram curso de mergulho? _ perguntou Hermione.



_Fizemos, Granger. Também mergulhamos em Fernando de Noronha e temos cada foto que você nem imagina. Precisa ver as de Blaise com o tubarão cabeça-chata.



_Milly, isso pode ficar para outra hora. _ disse Blaise, meio aflita.



_Tem razão, Blaise. Inseparáveis, preparem-se. A trégua de férias está para acabar. _ disse Millicent, fingindo um ar truculento.



 



Blaise acompanhou a amiga na teatralidade:



 



_Pois, neste ano, quem vai dominar a escola...



_... Serão “Coturno e Sandalhinha”! _ disseram as duas em coro, fazendo caras de sérias, mas dando risadas em seguida _ Até mais.



_Estaremos preparados. _ disseram os Inseparáveis, rindo junto com as duas sonserinas _ Até mais, garotas. _ as duas saíram, de braços dados, acenando para eles.



_Estão bem menos fiasquentas do que no ano passado, aquelas duas. _ comentou Janine _ Mas o jeito delas... não sei não.



_O que, amor? _ perguntou Draco.



_Acho que algo de muito especial aconteceu com elas, lá no Brasil.



_Será? _ perguntou Luna.



_Ainda não tenho certeza, gente. Vamos esperar para saber. Mas eu tenho quase certeza de que deve ter havido alguma coisa que as fez pensar bastante.



_Sobre convicções e lealdades? _ perguntou Harry.



_Me arrisco a dizer que sim. Vocês não perceberam a alteração vibracional do Ki das duas?



_Sim, eu percebi. _ disse Gina _ A freqüência vibracional do Ki delas mudou, desde a última vez que sentimos.



_Quer dizer, lá no Ministério da Magia, quando Bulstrode tentou pegar Jan com as “Gotas Pato Donald”? _ perguntou Rony.



_Exatamente. _ respondeu Janine _ Naquela época o Ki das duas vibrava em uma freqüência que causava uma sensação desagradável, quase maligna. Agora essa sensação simplesmente desapareceu. Notem, também, que elas estão mais brincalhonas, apenas fingindo o jeito truculento do passado. E a Reformatação Facial Mágica deixou a Bulstrode bem mais simpática. Acho que a auto-estima dela aumentou bastante depois daquilo.



_Então pode ser que elas tenham passado, lá no Brasil, por algum tipo de experiência que as fez questionarem a validade de serem leais às Trevas? _ foi a vez de Neville perguntar.



_Talvez, Neville. _ disse Janine _ resta-nos, agora, apenas esperar e ver o que acontece. Mas que elas estão bem diferentes, isso estão. Como se diz no Brasil, até parece que “viram passarinho verde”.



_???



_Essa expressão significa que passaram por uma situação que as deixou muito, mas muito contentes, mesmo.



Janine Sandoval acertara quase que no centro do alvo. Haviam sido dois passarinhos verdes. E os dois eram verde-oliva.



 



Certa hora da viagem eles receberam, pela primeira vez, a desagradável visita de dois novos expoentes da gangue do mal da Sonserina, pretendentes ao lugar outrora ocupado por Draco Malfoy. Eram Malcolm Baddock e Gram Pritchard.



 



_Os “Insuportáveis Inseparáveis”. Parece que saíram da vitrine da Daslu, aquela loja trouxa do Brasil. Eles estão de fechar shopping center. _ disse Baddock _ O que você acha, Gram?



_Belo grupo de modelos, Malcolm. Se não se derem bem no mundo bruxo, ao menos terão uma bela carreira alternativa.



_Não acredito no que estou ouvindo. _ disse Draco _ Os pretendentes ao meu antigo posto estão ficando cada vez piores. São tão patéticos que dá até vontade de ensinar a eles como é que se faz a coisa direito não é, Harry?



_É isso aí, Draco. _ disse Harry _ Você, pelo menos, conseguia me infernizar. Já esses dois idiotas, no máximo me rendem algumas risadas (os Inseparáveis começaram a rir). Por que não enfiam um sorvete na testa e param de nos encher o saco, sua dupla de debilóides?



_Falando em testa, olha só o Testa Aberta. Está aprendendo a fazer gozação com alguém. Ao menos para ensiná-lo você serve, Malfoy.



_Sirvo para muito mais, suas duas malas. _ Draco olhou para os dois, com um brilho travesso nos olhos azuis-acinzentados e um sorriso bem moleque no rosto _ Acho bom sumirem daqui, enquanto estou de bom humor. Se bem que estou com uma vontade louca de ver se aprendi direito o aperfeiçoamento que Jan fez no meu feitiço “Colon Exonera”. E aí, querem experimentar?



Nenhum dos dois estava a fim de passar o resto da viagem no banheiro, mas não queriam dar o braço a torcer. Porém a situação resolveu-se de uma maneira bastante inesperada.



Enquanto decidiam-se pelo que fariam, Gram Pritchard e Malcolm Baddock sentiram-se sendo levantados pelas golas das roupas, ficando com os pés fora do chão. Quando deram-se por conta da situação, viram que estavam suspensos no ar, pelos fortes braços de Crabbe e Goyle.



_Qual é, Goyle! _ exclamou Baddock _ Não fizemos nada!



_E nem vão fazer, enquanto eu e Vince estivermos por aqui.



_É isso aí, Greg. _ disse Crabbe _ Escutem aqui, seus dois montes de estrume de dragão, vocês podem escolher entre terminar a viagem dentro do Expresso de Hogwarts ou correndo atrás dele pela ferrovia. A escolha é de vocês. Eu, pessoalmente, não gostaria de levar no lombo essa chuvarada que está caindo lá fora. Desinfetem daqui os dois, agora!



Os dois se mandaram, debaixo das risadas e vaias dos ocupantes das cabines mais próximas, que saíram para ver o motivo da confusão.



_Crabbe, Goyle, valeu. _ disse Harry _ Esses caras estavam começando a incomodar.



_Não foi nada, Potter. _ disse Goyle _ Eles são uma dupla de panacas que não têm a nossa classe e estilo dos velhos tempos. Além de que eu devia essa ao Malcolm, desde o ano passado.



_???



_Perdi uma aposta para ele, mas tenho certeza de que ele trapaceou. Infelizmente nunca consegui provar.



_E o que foi que você teve de fazer para pagar a tal aposta que fizeram? _ perguntou Draco, curioso.



_Você acha, Draco, que foi por minha vontade que passei um mês inteiro usando aquelas cuecas abichalhadas? _ Goyle riu e todos os outros o acompanharam.



_Inclusive, mesmo não sendo mais os guarda-costas de Draco, não poderíamos deixar de fazer valer nossa amizade, que vem desde a infância. _ disse Crabbe _ Além de que sacanear aqueles dois idiotas tem um sabor todo especial.



_Guarda-costas? _ perguntou Draco _ Me explique direito essa história, Vince.



_OK, Draco. É uma história já bem antiga, da qual nem você tem conhecimento. Bem, todos sabem que o Lorde das Trevas, V-Voldemort, não possui descendentes naturais. Pelo menos nenhum de que se tenha conhecimento. Mesmo se ele conseguisse alcançar a imortalidade, como pretendia, iria chegar uma hora na qual ele iria querer preparar um sucessor. E ele queria que esse sucessor fosse o filho do seu mais fiel assecla, seu braço direito. No caso, você, Draco. O filho do seu segundo em comando, Lucius Malfoy.



Goyle continuou a explicação.



_Quando Voldemort confiou a Lucius essa informação, ele julgou que você precisaria de alguém para proteger sua integridade física pois, como você deve se lembrar, era bem magrinho quando criança.



_Sem-graça. _ disse Draco, corando de leve. E aí ele falou com os seus pais?



_Isso mesmo, Draco. Como sempre fomos, eu e Vince, bem grandes e fortes desde a infância e sempre fomos bastante próximos, ninguém desconfiaria. Mesmo depois que crescemos e você mostrou saber se defender sem ajuda, mantivemos nossos postos, tanto pelas ordens que recebemos de nossos pais quanto pela amizade que sempre tivemos. Agora, que todos nós rompemos com as trevas e você não precisa mais de quem lhe garanta a integridade física, saiba que, sempre que precisar, estaremos à disposição, cara. Nosso elo de amizade provou ser bem maior do que as ordens daquele maluco ou qualquer outro louco das Trevas. Vocês também, Inseparáveis. Contem conosco, nem que seja para varrer para fora esse tipo de lixo, como acabamos de fazer. Até mais. E saíram.



_Até mais, caras. _ os Inseparáveis se despediram dos dois, que seguiram seu caminho.



_Que história é essa de cuecas? _ perguntou Janine. Draco não lhe dissera sobre aquele mico do ano anterior.



_Posso contar, Draco? _ Harry perguntou, olhando para o amigo com um ar bem maroto.



_Tá legal, Harry. _ disse o sonserino, meio sem jeito _ Deixa que eu mesmo conto. Exatamente há um ano atrás, Crabbe, Goyle e eu viemos incomodar a turma e acabamos pagando o maior vale. Harry arriou nossas calças, usando telecinese. Comigo e com Crabbe, tudo bem. Já Goyle, estava vestindo cuecas totalmente “élficas”. Só agora é que soubemos a razão. Pelo menos minhas pernas foram bastante elogiadas pelas garotas... ai, Jan! Não precisa me chutar. Só disse a verdade. _ todos riram.



 



Longe dali, na Tunísia, mais exatamente em um pequeno oásis em um ponto do Foum Tatouine, as suposições e temores dos Inseparáveis começavam a tomar forma.



Um grupo de homens, vestindo roupas cáqui e verde-oliva desbotadas, com as cabeças cobertas por Keffyehs e empunhando fuzis AK-47 adentrou as ruínas no meio do oásis e desceu por uma escadaria, até chegar a uma câmara a dezenas de metros de profundidade, onde a temperatura estava mais agradável do que os quarenta e oito graus centígrados do exterior. Uma mesa estava posta para o jantar. O único do grupo que usava turbante em vez de Keffyeh avançou, enquanto os outros permaneceram mais à retaguarda e sentou-se. Olhou para seu interlocutor, do outro lado da mesa e então falou:



 



_Embora seja bastante contrário aos meus princípios, estou aqui para ouvir o que você tem a me dizer. Espero que esteja dizendo a verdade e que essa nossa possível aliança seja vantajosa para nós dois.



 



O outro homem, oculto pelas sombras, respondeu com uma risada gélida e então falou, com voz sibilante:



 



_Não se preocupe, meu caro. Confesso que me aliar à sua categoria de pessoas também contraria os meus princípios, mas são tempos de guerra, tempos difíceis.



_E tempos difíceis pedem medidas que, em situações normais, nunca tomaríamos.



_Exatamente. Vamos jantar? Fique tranqüilo, pois eu também não sou chegado a carne de porco.



 



Durante o jantar, discutiram os pontos principais de sua aliança:



 



_Cada um de nós tem algo que o outro quer e precisa. _ disse o anfitrião _ Juntando nossas necessidades e o que temos a oferecer um ao outro, nossa vitória é praticamente certa. Seu inimigo é a civilização judaico-cristã ocidental e os meus, coincidentemente, estão incluídos nesse grupo. Eu tenho o conhecimento de segredos que podem abalar os alicerces de tudo o que os seus inimigos construíram ao longo de milênios e você tem proximidade com quem tem acesso ao local onde estão os documentos que comprovam a autenticidade desses segredos, ainda que por enquanto não saiba disso. Você quer desmoralizar os americanos, judeus e britânicos. Eu quero disseminar o caos entre eles e, no final, ter as cabeças de meus inimigos em bandejas ou na ponta de lanças o que, acredito, você também quer. Se nossa aliança frutificar veremos, com certeza, o ocaso da Estrela de Davi e o fim da Union Jack e da Stars and Stripes, além da última vez em que a Fênix renascerá de suas cinzas. Minha parte dos planos já está em andamento, há algum tempo. Um brinde a isso... ah, sim. Me desculpe, esqueci que você não toma bebidas alcoólicas. Não se preocupe. Acho que gostará dessa novidade, suco de abóbora. Eu, pelo meu lado, brindarei com essa dose de uísque de fogo. Temos um acordo? Somos aliados?



_Sim, somos, ainda que bruxos não sejam o meu tipo preferido de aliados. _ disse o homem de sotaque árabe, levantando sua taça de suco de abóbora.



_Normalmente eu também não me aliaria a trouxas, mas as circunstâncias assim o exigem. Se bem que, analisando a fundo, nós dois somos bastante parecidos. _ disse o anfitrião, levantando seu copo de uísque de fogo e tocando a taça do seu convidado em um brinde.



_Sou obrigado a concordar com você, meu caro. _ respondeu o árabe. Ambos tomaram um gole de suas bebidas, apertaram as mãos e riram juntos, selando o seu pacto.



 



Com a realização da macabra aliança entre Lord Voldemort e Osama Bin Laden, a Conspiração do Terror teve início.



 



Ao mesmo tempo, no Ministério da Magia, uma importantíssima reunião do Ministro Cornelius Fudge com os Chefes de Departamento estava sendo realizada.



 



_Senhoras e senhores, convoquei esta reunião para anunciar minha aposentadoria e estabelecer o processo de minha sucessão. Sei que pode parecer inesperado, mas já estou amadurecendo essa decisão há tempos. Nos dois últimos anos tivemos uma série de contratempos e tomei muitas atitudes erradas. Insisti em negar o retorno de V-Voldemort e isso teve conseqüências funestas. O Ministério foi invadido, Sirius Black foi parar no Mundo do Além, tendo retornado há pouco tempo, por razões que escapam à minha compreensão e Harry Potter quase foi morto, junto com seus amigos. No último ano Azkaban foi tomada pelos Death Eaters e, novamente, devemos a Harry Potter e seus amigos, principalmente Draco Malfoy, a retomada da ilha. Ganhamos Draco como aliado mas infelizmente ele perdeu sua mãe que, no final, redimiu-se ao sacrificar sua vida para salvá-lo e à Srta. Sandoval. Reconheço que não há mais clima para que eu permaneça à frente do Ministério. Isto posto, quero estabelecer a chapa de orientação. Gostaria de saber se haverão outros candidatos em uma chapa de oposição. Não? Muito bem. Será um processo de chapa única, portanto. Eu indico para me suceder como novo Ministro da Magia (e vários Chefes de Departamento, principalmente Scrimgeour, demonstraram interesse e mesmo ansiedade)... Arthur Weasley!



 



Foi como se um Feitiço Silenciador tivesse sido lançado na sala de reuniões. O próprio Arthur Weasley arregalou os olhos, surpreso.



 



_M-mas, Cornelius, isso é totalmente inesperado. Acha que tenho condições?



_Tenho plena certeza disso, Arthur. Indique seu Vice.



_Bem, se você está seguro do que disse e me quer como seu sucessor, não posso pensar em ninguém melhor para Vice-Ministro do que... Amélia Bones.



 



Com sua voz marcante, Amélia Bones fez uso da palavra:



 



_Muito obrigada, Arthur, pela confiança depositada em mim. Prometo estar sempre ao seu lado e lutar pelo restabelecimento da antiga harmonia entre bruxos e trouxas.



_Então, está decidido. Os novos Ministro e Vice são Arthur Weasley e Amélia Bones. Percy Weasley queira, por gentileza, registrar na ata e depois, para não criar um clima de nepotismo, você irá assumir o Departamento de Cooperação Internacional em Magia, que está sendo administrado por interinos desde que Crouch morreu. Não ficaria direito ser Subsecretário Júnior do seu próprio pai, não é verdade? _ Fudge disse, sorrindo para Percy.



_Tem toda razão, Ministro. _ respondeu Percy, sorrindo de volta.



_Então, fica estabelecido que a posse oficial será no dia do Equinócio de Primavera. Até lá, será instalado um Gabinete de Transição, a fim de inteirá-lo de toda a situação e preparar o Ministério para o seu estilo de administração que, com certeza, será diferente do meu. Lute pela harmonia, Arthur. Como você adora os trouxas, estou certo de que é isso que fará.



_Conte comigo, Cornelius. _ e Arthur Weasley, Ministro eleito, apertou com firmeza a mão que o atual Ministro da Magia, Cornelius Oswald Fudge, lhe estendia e a reunião foi encerrada.



 



Ao saírem, Scrimgeour foi até Fudge e lhe disse:



 



_Você não cumpriu com sua parte, Cornelius. Eu deveria ser o indicado e, em vez disso, você indicou Arthur Weasley. Sabe que muitos ficarão descontentes com essa sua decisão.



_Escute aqui, de uma vez por todas, Scrimgeour _ disse Fudge, com os olhos faiscantes de raiva e uma nota furiosa na voz _ Pelo menos uma vez na vida tenho a certeza de que estou tomando a decisão certa e agindo por minha própria conta. Fique o senhor sabendo e pode, também, transmitir àqueles que sei serem os seus verdadeiros superiores, que eu não cederei à pressão de ninguém. Arthur Weasley é a melhor pessoa para estar à frente do Ministério da Magia e levá-lo para uma era de modernidade e harmonia. Nas suas mãos e na dos que, sei muito bem, estão por trás de você, toda a Bruxidade retornaria à Idade Média.



 



Pálido de indignação, Scrimgeour ainda conseguiu dizer:



 



_Está bem, Cornelius. Você tomou sua decisão e, de agora em diante, conviverá com as conseqüências dela. _ e, virando as costas para Fudge, Scrimgeour desaparatou para um destino ignorado, o rosto crispado de raiva.



 



De volta ao Expresso de Hogwarts...



 



_Ah, Harry, eu e Jan esquecemos de colocar isto aqui no pacote dos seus presentes. Tome. _ e estendeu um pacote de presente para Harry.



 



Harry abriu o pacote e viu o que havia dentro.



 



_Com certeza foi idéia da Jan.



_Não só minha, Harry. _ disse Janine _ Draco está do lado certo também no Futebol.



 



No pacote aberto, via-se uma camiseta oficial do modelo mais recente do Sport Club Internacional. Harry perguntou:



 



_Foram ao estádio?



_Sim, Harry. Jan me levou a um jogo do Colorado, no Gigante da Beira-Rio. Precisava ver o que era a vibração dos torcedores, ainda mais que o Inter ganhou. Está bem posicionado na tabela. Aí eu perguntei sobre o outro.



_E eu disse a ele que Segunda Divisão não interessava e que não valia a pena irmos ao “Chiqueirão”, que é o apelido do Estádio Olímpico. Mas o Grêmio está bem posicionado e, com certeza, subirá no próximo ano. Ainda bem.



_Por que ainda bem? _ perguntou Harry _ Não são rivais?



_É que assim nós, colorados, teremos com quem fazer gozação no próximo ano. _ disse Draco _ Com o Grêmio na Segundona, não tem graça.



 



Todos riram e o Expresso de Hogwarts continuou sua viagem pela tarde chuvosa até que à noite, depois da chuva ter passado, chegaram à estação ferroviária de Hogsmeade. Hermione, Rony e Draco foram supervisionar o desembarque dos alunos e o despacho das bagagens. Os outros trataram de ocupar os coches, não mais se impressionando com a aparência dos Testrálios, pois já estavam acostumados.



 



_Eles são mesmo rápidos como Hagrid comentou no ano passado, Harry? _ perguntou Janine.



_Você nem imagina o quanto, Jan. Eles são verdadeiros aviões vivos, mais velozes do que vassouras Firebolt. Quando precisamos montá-los, no quinto ano, chegamos a Londres em menos de duas horas. A aparência deles assusta, mas são muito interessantes e fiéis. Naquele ano eu pensei que estivesse ficando louco, pois ninguém mais os via, exceto Luna. Depois que os estudamos, com Hagrid, foi que eu soube que só os que já viram a morte é que podiam vê-los.



_E como Cedric foi morto por Wormtail na sua frente... _ e Janine deixou o resto da frase no ar.



_Sim. É o tipo de capacidade que não agrada nem um pouco.



_Eu que o diga. Não gosto nem de pensar naquele 7 de setembro, quando o pára-quedas do meu pai não abriu. Bem, vamos falar de coisas mais agradáveis. Creio que teremos muitas novidades neste ano.



_Tem razão, Jan. _ disse Hermione. Você ainda não assistiu à Cerimônia de Seleção. É bem interessante e divertida. A gente vai pensando cada coisa, até ver que é só colocar o Chapéu Seletor na cabeça.



_Ainda mais quando se tem dois irmãos para lá de gozadores, como Fred e Jorge. _ disse Rony _ Quando eu estava para ser selecionado eles ficaram me pondo medo, dizendo que deveria lutar contra um trasgo.



_É, Rony, mas bem que tivemos nossas aventuras com trasgos. Lembra-se daquele que Quirrel deixou entrar? _ perguntou Harry.



_Como ia me esquecer? Mione me orientou e fiz a clava dele levitar. Em seguida, ela caiu bem no meio da testa do grandalhão.



_Quirrel aprontou naquele ano. Ele havia sido possuído por Voldemort e ia para a Floresta Proibida à noite, matava unicórnios e Voldemort tomava o sangue deles, para se manter vivo.



_Sangue de unicórnio mantém a pessoa viva, realmente, mas a maldição resultante não vale a pena. _ comentou Janine _ Dumbledore disse, no seu aniversário, que Voldemort queria a Pedra Filosofal, a fim de poder reviver e livrar-se da Maldição da Semivida, não foi, Harry?



_Sim, Jan. No final Quirrel acabou morrendo, se desfez em pó, porque Voldemort o estava possuindo e, naquela época, ele ainda não era imune à proteção do sacrifício de minha mãe. Mas quando estávamos no quarto ano e ele bolou aquele plano que me incluiu no Torneio Tribruxo, ele usou um pouco do meu sangue em um feitiço, agora sendo imune a ela, podendo me tocar sem se ferir.



 



Continuaram conversando, entretidos, até que os coches pararam, à frente dos portões do castelo e os amigos desembarcaram. Uma nova Cerimônia de Seleção e um novo ano letivo iriam começar.


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