REENCONTRO (QUASE) IMPOSSÍVEL



CAPÍTULO 4



 



REENCONTRO (QUASE) IMPOSSÍVEL



 



 



 



 



 



Aparataram no apartamento de Harry, onde todos admiraram-se da decoração. O Sr. Weasley perguntou:



_E as defesas?



_Eu as desligo, temporariamente, através de um comando mental. Assim podemos aparatar e desaparatar. _ ligou a TV, no canal bruxo, para que assistissem às notícias do Ministério, enquanto guardavam as bagagens.



_Estão havendo sérios questionamentos quanto à liderança do Fudge, é o que os noticiários têm transmitido. _ comentou Harry _ Acredito que ele logo irá anunciar sua aposentadoria, abrindo um processo eleitoral para sua sucessão.



_É a atitude mais honrosa. _ disse o Sr. Weasley _ Há elementos em alguns setores do Ministério que são mais radicais e desejam abrir um processo de Impeachment, a fim de cassá-lo. Scrimgeour é um deles. Se bem que ele esteja fazendo isso por interesse próprio, pois é um postulante ao cargo. Se ele conseguir queimar o Fudge, passará por herói e ganhará pontos em uma disputa.



_Não é para tanto, creio eu. Bem, está certo que ele se queimou feio com a história de negar o retorno de Voldemort, principalmente depois da invasão ao Ministério, quando teve de admitir que estava errado e, também, depois daquela tomada de Azkaban, por parte dos Death Eaters.



_Onde vocês se saíram esplendidamente. Foram além do que Mason esperava. Adquiriram completo domínio e controle do Ki, desenvolveram o Bukujutsu e, segundo ele me disse, estão aptos para iniciarem o aprendizado da Magia Ninja, o Kobudera.



_Sim, Sr. Weasley. _ disse Hermione _ Procuramos dar o melhor de nós nos treinamentos. É fundamental que estejamos no melhor de nossas formas, pois não sabemos quando Voldemort irá nos atacar novamente. Bom, creio que é melhor irmos para o St. Mungus. Acho que estamos todos curiosos para saber o que o Prof. Mason tem a nos contar. _ e desaparataram para o St. Mungus.



 



Lá chegando, encontraram-se com Mason, que já esperava por eles no saguão.



 



 



_Arthur! Meus jovens! Que bom vocês terem atendido ao meu chamado e vindo tão depressa. _ logo atrás de Mason estavam Snape, Draco e Janine _ Eles acabaram de chegar. Também os chamei. Vamos à Ala Dyllis Derwent.



 



Subiram para a Ala Dyllis Derwent e pararam, em frente a um apartamento privativo, em cuja porta postavam-se dois Aurores.



 



_Primeiro é melhor que entrem Harry, Draco e Severo. Não vamos congestionar o apartamento.



_???



_Calma, gente. Quando entrarem entenderão. Eu mesmo fiquei de queixo caído quando vi. Ele acordou há poucas horas, chamando por você, Harry.



_Mas do que o senhor está falando, Prof. Mason? Quem estava chamando por mim?



_Vamos entrar e vocês verão por si mesmos. _ entraram no apartamento e foram até o leito, atrás de uma cortina, no qual, recostado nos travesseiros, encontrava-se, adormecido...



_Não pode ser! _ disse Harry, em voz baixa, segurando o grito que teimava em querer subir pela sua garganta e liberar-se no ar.



 



Ainda magro e debilitado, porém vivo, Sirius Black dormia, profundamente.



 



_Como isso é possível, Derek? _ perguntou Snape _ Como Black pôde ter retornado de sua própria morte?



_Ainda não sei, Severo. Só sei que Fudge, em pessoa, me chamou, avisando que ele havia saído pelo Arco da Passagem.



_O arco do véu, na Câmara da Morte, lá no Departamento de Mistérios? _ perguntou Harry _ Aquele que ele atravessou, quando foi atingido pelo raio de Bellatrix?



_Isso mesmo. Ele atravessou o arco, de volta, há cerca de uns dois meses atrás. Foi trazido, sigilosamente, aqui para o St. Mungus. Desde então permaneceu em uma espécie de coma. Ontem ele acordou e a primeira coisa que fez foi chamar por você. Adormeceu quase que em seguida. Há algumas horas acordou e chamou por você, novamente. Também chamei Draco Malfoy porque além de você, o afilhado, Draco é o parente mais próximo, por ser filho de Narcisa. Severo está aqui por também ter sido contemporâneo dele. Embora não se dessem, será bom ter por aqui mais uma cara conhecida.



 



Um gemido, vindo do leito, fez com que Mason parasse de falar e as atenções de todos se voltassem para o homem que o ocupava. Postaram-se à volta dele que, lentamente, abriu os olhos e olhou para as pessoas que o encaravam. Esperou a visão se focalizar e então, com voz baixa mas suficientemente audível, falou:



 



_Bem, Harry está aqui. Então eu consegui voltar ou então acabei pegando uma curva errada e fui parar no Paraíso... Hmm, não. Não mesmo. Se “Ranhoso” e “Drácula” Malfoy estão aqui, com certeza não é o Paraíso. Por outro lado, Harry não iria para o Inferno. Eu acho que, realmente, devo ter conseguido voltar.



_É, acho que ele deve estar bem, Harry. _ disse Draco, sorrindo.



_Pelo menos o senso de humor dele ainda é o que eu me lembro, dos tempos de estudante. _ disse Snape, também sorrindo levemente.



_ “Ranhoso” sorrindo? Harry e Malfoy amigos? Acho que voltei, mas para um universo paralelo, uma realidade alternativa, tipo aquele seriado trouxa de TV, o “Além da Imaginação”. Derek, já que você está por aqui, que tal me explicar o que está acontecendo, começando por me dizer quanto tempo eu estive fora?



_Tá legal, cachorrão. _ disse Mason _ Vou te explicar mas aos poucos, pois acho que é muita coisa para se dizer de uma só vez. Bem, para começar, você ficou fora por mais ou menos um ano, desde que atravessou o Arco da Passagem.



_Lembro disso. Minha “querida priminha” Bella me estuporou e eu voei por sobre os degraus do anfiteatro. Não consegui evitar de passar pelo arco. Tudo o mais depois disso é bastante indefinido. Parece que não nos é permitido reter lembranças do outro lado. Minha lembrança mais nítida é de ter caído de bruços no estrado e de Fudge e Shacklebolt me amparando. Depois disso, simplesmente apaguei, até agora.



_Você ficou uns dois meses em um tipo de coma, Black. _ disse Snape _ Só acordou ontem, chamando pelo Potter.



_Aconteceu muita coisa nesse ano que passou. _ comentou Draco.



_Com certeza. _ disse Harry _ Draco rompeu com a Ordem das Trevas, está noivo de Janine, uma garota nascida trouxa, que manifestou magia tardiamente. Ela está ali fora. Voldemort queria sacrificá-la, para obter um objeto místico, mas não conseguiu.



_No final acabamos derrotando Voldemort, combatendo-o em Azkaban. _ continuou Draco _ Mas minha mãe acabou morrendo. Empurrou a mim e a Janine para longe do raio de ação de uma “Avada Kedavra” que meu pai lançou, recebendo, diretamente, todo o impacto da maldição.



_Meu Deus, isso aconteceu com Narcisa? Então está explicado.



_O que está explicado, Sirius? _ perguntaram Draco e Harry.



_Como eu lhes disse, não conseguimos reter lembranças do que acontece do outro lado, mas algumas imagens vagas nos vêm à memória. Uma delas é de quando eu estava tentando retornar. Uma brilhante figura loira, meio espectral, passou por mim e disse: “Não desista, Sirius Black. Volte, pois eles precisam de você.” Não identifiquei quem era, mas agora que você está me explicando isso, Draco, acho que foi com Narcisa que eu cruzei. Não posso afirmar com certeza, mas acho que foi o que aconteceu. Pelo menos eu acho que ela prosseguiu. O que mais vocês têm para me contar?



_O Prof. Mason nos instruiu em treinamento Ninja, na AD. _ disse Harry. _ ele agora é nosso professor de Defesa Contra as Artes das Trevas.



_Sabia que ele iria multiplicar seus conhecimentos. _ Sirius disse, sorrindo _ Era o complemento do qual vocês precisavam. Quando estávamos na escola ele também nos ensinou alguma coisa.



_Harry também está noivo. _ disse Draco e Harry o fuzilou com o olhar. Sabia que, por mais debilitado que estivesse, Sirius acharia um jeito de fazer uma gozação com ele.



_A chinesinha chorona, a tal da Chang? _ perguntou Sirius, com um sorriso zombeteiro.



_Não, Sirius. _ disse Harry, vermelho, enquanto Mason, Draco e Snape seguravam o riso _ Eu e Gina Weasley anunciamos nosso noivado, no dia do meu aniversário. _ e, vendo as caras dos outros, não pôde deixar de contra-atacar _ Mas o Prof. Snape também abandonou o grupo dos solitários.



_???



_Ele e Madame Rosmerta estão praticamente casados. _ foi a vez de Severo Snape corar, fato pouco comum.



_Rosmerta McTaggert? Nossa colega de escola, dona do Três Vassouras? Até que enfim, cara. Ela sempre gostou muito de você. Não sei por que, mas ela deve ter visto algo de bom na sua pessoa. Só não consigo imaginar o que foi.



_Engraçadinho. _ disse Snape, sorrindo, meio sem jeito _ O mesmo gozador dos tempos de Hogwarts.



_Meus parabéns, Snape. Estou sendo sincero com você. Ela está lhe fazendo muito bem, pois você está reaprendendo a sorrir. E vejo, também, que você está lavando os cabelos com mais freqüência. _ disse Sirius.



_ Vá à... _ disse Snape, rindo para Sirius, acompanhado por todos os outros.



_O que mais andou rolando? _ Sirius perguntou.



Eles contaram a Sirius tudo o que havia acontecido no ano que passou, sem entrar muito em detalhes. Maiores explicações ficariam para depois da alta. Depois foi autorizada a entrada dos outros. Sirius gostou bastante de Janine e deu-lhe os parabéns por haver trazido Draco para o lado certo. Quanto a Gina...



_Eu sabia que seria preciso uma Weasley para vencer essa timidez do Harry. Não consigo pensar em dois casais melhores e mais ajustados do que vocês dois e mais Hermione e Rony. _ comentou Sirius _ Pelo que você me disse, a tal da Chang não combinava nadinha.



_O mais duro foi conseguir enfiar isso na cabeça dela. _ comentou Draco _ Acredita, Sirius, que ela chegou a se tornar alcoólatra, por desespero e paixão mal resolvida? Aprontou um monte de coisas, várias armações (e contou a história do tombo da árvore, o Shiai-Kumite, que Harry e Gina lhe haviam contado, a investida na sala dos Monitores, onde tomara o partido de Harry e a armação na Torre de Astronomia, sobre a qual ele, anonimamente, havia alertado Harry, deixando Sirius de queixo caído) e ficou tentando dar em cima de Harry, até o Baile de Inverno. Harry e Gina trouxeram-na de volta à razão e o Prof. Snape utilizou uma poção que ele e Madame Pomfrey inventaram, para livrá-la da dependência do álcool. Depois disso ela ficou por um tempo sob o domínio de Sibila Trelawney, que era espiã de Voldemort, inclusive participando do rapto de Janine. Tomou, sem perceber, Extrato de Servidão, adicionado a uma dose de Poção para Curar Bebedeiras. Só conseguiu se livrar depois de tomar o antídoto, com uma gota de sangue de Sibila, que Hermione tirou dela, durante nossa batalha em Azkaban.



_Vejam só, a tonta da Sibila Trelawney uma Death Eater e ainda por cima amante do Wormtail, quem diria! E que poção é essa, Snape? _ perguntou Sirius.



_Poção Abstemius. _ disse Snape. Vamos utilizá-la no St. Mungus, para os dependentes que estão internados.



_Vai ser muito bom. _ disse Sirius, sorrindo _ Então vocês saltaram de pára-quedas em Azkaban? De quem foi a idéia?



_Foi do Draco. _ disse Janine _ No início de nosso namoro ele fez um curso e graduou-se muito bem. Quando a Profª Trelawney e Wormtail me raptaram, ele bolou o plano. Com a ajuda do Prof. Mason, eles estabeleceram uma cabeça-de-ponte em Azkaban, facilitando um assalto frontal de uma esquadrilha de Aurores em vassouras. Tinha de ser um método trouxa, a fim de escapar do Sensor de Atividades Mágicas.



_Quando Draco explodiu o Sensor, os Aurores invadiram. _ disse Hermione _ Mas o principal foi ele e Harry terem trocado de lugar.



_???



_Transfiguramo-nos um no outro e o Prof. Mason utilizou sugestão pós-hipnótica. Assim pensamos um ser o outro. _ disse Harry _ Não haveria outro jeito, pois é certo que Voldemort ou Lucius iria ordenar que ele fizesse algum mal para Janine. Essa ordem seria o gatilho para desfazer a sugestão. Lucius usou a Maldição Imperius e mandou que “Draco” matasse Janine.



_Como Harry resiste completamente à Maldição Imperius, foi o suficiente para que ele chegasse perto de Janine, cortasse as cordas dela e lançasse uma bomba de fumaça. Draco a escondeu debaixo de sua Capa de Invisibilidade e os dois foram cortar nossas cordas. _ explicou Rony.



_Estou imaginando a cena, Voldemort e Lucius confusos, até que Harry se revelou. Aliás, Harry, você e Hermione arruinaram-no bastante, não foi? Dois chutes, no mesmo lugar. Só de falar já arrepia. Acho que ele vai ficar falando fino durante alguns meses.



_Com certeza. _ Hermione comentou, rindo _ Bellatrix é que não deve ter gostado nadinha. Bem, nós vamos indo, Sirius. Acho que você ainda precisa descansar.



_De fato, preciso. Mas ainda preciso dar uma palavrinha com Harry, reservadamente.



_OK. Recupere-se rapidamente. _ disseram os outros, saindo. Harry permaneceu no apartamento.



 



A sós, Harry abraçou o padrinho, as lágrimas rolando dos olhos.



 



_Calma, Harry, não é uma miragem. Sou eu, de volta. Ainda não sei bem como mas sou eu mesmo, Sirius Black, seu padrinho. Vivo e inteiro.



_Eu sei, Sirius, mas é tão inusitado. Passei meses me sentindo culpado por você haver ido ao Ministério e morrido. É tão estranho dizer isso tendo você bem aqui, na minha frente. Tem alguma idéia de por qual razão você voltou?



_Não estou bem certo, Harry. Como eu já disse, não retemos muitas lembranças concretas. Mas alguns trechos vêm à memória. Aquela clássica imagem de túnel escuro, com uma luz no final, imagens e pessoas do meu passado, inclusive...



_Meus pais? _ perguntou Harry.



_Sim. Por algum motivo, algumas recordações ficaram fixas, enquanto que outras vão se desvanecendo. O encontro com Tiago e Lílian permaneceu. Eles me disseram para voltar, pois você iria precisar de mim, como referência.



_Eles tinham razão. Senti sua falta como nunca. Só o que me aliviou a tristeza foi o amor de Gina e o apoio dos amigos,além da dedicação aos exercícios. Eles lhe disseram mais alguma coisa?



_Disseram, Harry. Eles me pediram para transmitir uma mensagem de amor, dizendo que orgulham-se de você, que demoraram para prosseguir porque queriam encontrar um modo de fazer com que você soubesse o quanto eles o amam e que, agora, não têm mais preocupação nenhuma, sabendo que você é capaz de se conduzir e podem prosseguir, reencarnar e evoluir, cumprindo as leis do Universo. Seus espíritos sempre estarão com você e parte da sua essência sempre ficará nos quadros-bruxos. Creio que você mandou pintar um, não foi? Eu imaginava que você o faria.



_Sim, mandei. E quando você tiver alta? Acho que já sabe que foi reabilitado, não sabe?



_Não, ninguém me disse. Como foi?



_Karkaroff entregou-se ao Ministério e contou a verdade. Ele estava presente, quando Wormtail quebrou o Feitiço Fidelius para Voldemort. Infelizmente foi morto, envenenado por um Death Eater que suicidou-se, logo depois. Você vai voltar para o apartamento?



_Não, acho que ele combina mais com você, principalmente agora que já está decorado. Creio que ficarei na Mansão Black, no Largo Grimmauld, N° 12, com Lupin e Tonks. Você disse que eles estão morando juntos, não é?



_Sim, estão. E quanto ao patrimônio da família Black? Você agora voltará a ser o titular dos bens.



_Nunca liguei muito para isso, Harry. Não é agora que vou começar a ligar. Ninguém sabe, mas eu trabalhava no Ministério, como Auror.



_???



_Não um Auror comum, mas uma espécie de Agente Especial, do qual somente os altos escalões conheciam a existência. Minha identidade era desconhecida do próprio Ministro. Nem mesmo Dumbledore sabe disso. Eu sempre trabalhava transfigurado e sob um codinome. Ao mesmo tempo, estava na Ordem da Fênix, combatendo os Death Eaters, já que ambas as atividades se complementavam. Esse status de Agente Especial, por sua periculosidade, me proporcionava uma boa renda, razão pela qual pouco precisei mexer no patrimônio dos Black. Ele é seu, para dispor dele da maneira que melhor lhe aprouver. Inclusive, a moto voadora continua sendo sua. Quanto a mim pretendo, agora já reabilitado, reativar meu status de Auror e voltar à ativa. Soube que você pretende inscrever-se na Academia Européia de Aurores, depois que se formar, não é?



_Pretendo, Sirius. Mas, é lógico que você não vai me dizer qual é o seu codinome, não é verdade?



_Acha que eu sou besta de estragar a diversão? De repente, cara, até trabalharemos juntos, sem que você saiba. Além disso, gostaria que você não abrisse isso para ninguém. O sigilo é fundamental nesse caso.



_Sem problemas. Agora, Sirius, fala sério. O que você imagina que o fez voltar?



_Sinceramente, Harry, não sei ao certo. Ninguém jamais havia atravessado o Arco da Passagem antes. Todos tinham medo de tentar, por não saber o que encontrariam do outro lado. Talvez por força de vontade, talvez porque minha hora não tivesse chegado, talvez porque vocês ainda precisassem de mim, ou por todas essas razões juntas. O certo é que eu me lembro de Tiago e Lílian me dizendo para voltar e ser uma referência para você, meu tio Alphard garantindo que minha missão ainda não tinha terminado e que eu ainda tinha muito o que fazer, eu abandonando aquela área de luz meio a contragosto, pois a sensação de paz e tranqüilidade era enorme e dirigindo-me para uma região de sombras, onde várias figuras cinzentas queriam me agarrar, implorando que eu os trouxesse comigo, até que surgiu a tal figura loira de que lhe falei. Ela brilhava e, com seu brilho, espantou muitos deles e indicou o caminho a outros, então me disse aquelas palavras, para que eu retornasse, pois vocês precisavam de mim. É tudo o que eu me lembro e acho que é toda a memória que eu tive a permissão de reter. Agora me diga, Harry, como foi que ficou a cara daquela lombriga do Lucius Malfoy quando você o chamou de “Darth Vader” e depois de “Loira Fru-Fru”. Eu me lembro que ele odiava esse segundo apelido, nos tempos de Hogwarts.



_Você não tem jeito mesmo, Sirius. _ e os dois caíram na risada.



 



Durante aquela semana, as atividades alternavam-se entre os preparativos para o retorno a Hogwarts, passeios por Londres e as visitas a Sirius, que recuperava-se rapidamente. Logo teria alta e iria para a Mansão Black. Naquela tarde, recebeu a visita de Tonks e Lupin.



 



_Só mesmo você, cachorrão. Apenas Sirius Black seria capaz de ser expulso do Mundo do Além. Nem mesmo lá te quiseram. _ comentou Lupin, divertido, abraçando o amigo.



_Nem vem, lobo bobo. Talvez isso signifique que vou viver para sempre.



_Então a vantagem será toda nossa, dos meros mortais, pois um dia vamos passar desta para a melhor. _ disse Tonks, com um sorriso _ Já pensou, Remus, que porre ter de aturar esse meu primo maluco por toda a eternidade?



_Não digo por toda a eternidade, mas vocês vão ter de me agüentar no Largo Grimmauld. Não se preocupem, a casa é bem grande e não vou invadir a privacidade de ninguém. _ e piscou para os dois, que ficaram como dois tomates _ E quanto ao Monstro?



_Monstro cometeu suicídio, Almofadinhas. _ disse Lupin.



_Como é que é, Aluado?



 



Tonks explicou:



 



_Mesmo não gostando de você, Monstro ainda estava sujeito às leis de servidão dos elfos domésticos e, depois que soube da sua morte, ele entendeu que teria de se punir por tê-la causado, ainda que indiretamente. Nós o encontramos enforcado na cozinha, cerca de umas três semanas depois do seu “desaparecimento”.



_Fico triste pela perda de uma vida, mas vocês todos sabem que eu não morria de amores pelo Monstro. Ele me trazia, juntamente com aquela casa, muitas lembranças desagradáveis. Espero que tenha ido para um lugar melhor. E a casa, como está? Ainda tem aquele jeitão sombrio?



_Não, agora está bem iluminada. Espero que ainda tenha alguma intimidade com eletroeletrônicos, pois enfeitiçamos alguns para que funcionassem em um local com tanta energia mágica concentrada.



_Muitos bruxos estão fazendo isso agora, principalmente depois que foi inaugurado um canal bruxo na TV por assinatura. Aparelhos enfeitiçados podem captar o seu sinal. _ disse Tonks _ Você precisa ver como Harry decorou o seu antigo apartamento.



_É, ele me disse. Está com um verdadeiro cinema em casa. Vocês disseram que a Mansão Black agora está mais iluminada?



_Sim, Sirius. Os bruxos estão perdendo o medo e o preconceito contra a eletricidade. Com uns feiticinhos ela pode ser adaptada perfeitamente para residências bruxas.



_Já vi que vou ter várias surpresas quando voltar. Ora, aí está Harry, chegando. _ Falando em preconceito, Harry, como vão os Dursley?



_Muito bem e cada vez mais integrados ao nosso mundo, Sirius. Duda está namorando Lilá Brown e meus tios não têm mais restrições às coisas bruxas.



_A filha de Raymond e Moira Brown? Mas como é possível? O cara não era obeso?



_Desde o ano passado eu e ele somos parceiros de exercícios, durante as férias escolares. Ele perdeu peso e agora integra a equipe de atletismo da Smeltings. Começamos por iniciativa do Tio Valter e a coisa deu certo. Tonks e Lupin começaram a freqüentar a Rua dos Alfeneiros e pouco a pouco os Dursley foram abandonando o preconceito contra os bruxos.



_Até parece aquele tempo, logo que ele e Petúnia ficaram noivos, que coincidiu com o noivado de Tiago e Lílian. Cheguei a tirar uma foto-bruxa dos quatro.



_Eu sei, aquela foto agora está comigo.



_O mundo deu cada volta, nesse último ano... quem diria, você noivo e amigo de Draco Malfoy, “Ranhoso” sorrindo, quase casado com Rosmerta McTaggert e não querendo me azarar a cada cinco minutos, a pateta da Sibila “Metralhadora Giratória” Trelawney uma Death Eater e amante do sujo do Wormtail, vocês descobrindo um feitiço que bloqueia a Avada Kedavra... só falta agora eu descobrir que Ayesha não está mais casada. _ e os olhos de Sirius assumiram uma expressão sonhadora.



_Ayesha?! _ perguntaram, juntos, Harry e Tonks. Lupin ficou quieto, com um enigmático sorriso nos lábios.



_Coisa minha, gente. _ desconversou Sirius, corando _ Faz parte de algumas coisas que preciso fazer, depois de receber alta. Aliás, alguém sabe quando vou sair daqui?



_Creio que dentro de uns dois dias, cachorrão. Está louco para ver a luz do dia e as ruas de Londres, não é? _ perguntou Lupin, divertido.



_O que é que você acha, lobo bobo? _ todos riram.



_Por que “Metralhadora Giratória”, Sirius? _ perguntou Harry.



_Está na cara, Harry “Hawkeye” Potter. Ela atirava para todos os lados, desde o Pontas até o Lucius “Lombriga” Malfoy. Obviamente, não esquecendo do “Ranhoso” e do Wormtail.



_É, o Prof. Mason nos disse o que foi que o meu pai fez para que o “Varapau Ossudo” largasse do pé dele.



_Quase cheguei a ficar com pena dela. KISS e Sex Pistols de uma tacada só é demais, mesmo para quem aprecia o Rock trouxa. Aliás me disseram que você finalmente aprendeu a dançar bem.



_Lá em casa eu te mostro o vídeo. Eu, Rony, Draco e Neville, com as garotas, em uma coreografia digna de um musical trouxa. Para isso tivemos até aulas com os fantasmas de Fred Astaire e Gene Kelly.



_Vejo que a Sala Precisa teve bastante uso nesse último ano.



_E como! Alguns, com certeza, a acharam bem melhor do que a Torre de Astronomia.



_Xiii, se vai começar o papo de machos, eu vou à cafeteria, tomar um chá. _ disse Tonks _ Com licença.



_Não fique mordida, meu bem. _ disse Lupin _ Você sabe que é só brincadeira.



_Tá, tá. Alguém vai querer alguma coisa de lá? Sabemos que, por enquanto, Sirius não pode deixar o apartamento. Mesmo bruxos iriam achar muito estranho um cara que, supostamente está morto, circulando pelos corredores do St. Mungus. Fudge precisará, primeiro, preparar o espírito da Bruxidade para essa novidade.



_Espresso, bem forte. _ disseram Harry e Sirius.



_Cappuccino, sem Chantilly. _ disse Lupin.



_Nós vamos te acompanhar, Tonks. _ disse Janine, que acabara de chegar com Draco, acompanhados por Gina, Rony e Hermione _ Pues, se o homaredo vai começar com o “Papo Testosterona”, vamos deixá-los um pouco à vontade. Mas não abusem. _ as garotas sopraram beijos para Sirius e seguiram para a cafeteria, atrás de Tonks.



_Queeem, nóóóóóssss? Iiiiimaaaaagiiiinaaa!!! _ disseram os rapazes, em coro, fazendo caras e vozes de inocentes. As garotas caíram na risada, junto com eles, antes de saírem.



 



Dois dias depois, Sirius estava tendo alta do St. Mungus, saindo acompanhado por Harry, Gina, Tonks e Lupin. Antes de ir para casa, porém, teve de passar pelo Ministério da Magia, a fim de ser entrevistado pelo pessoal do Departamento de Mistérios, pois eles estavam curiosos para saber o que Sirius poderia dizer, sobre suas lembranças do Além. Croaker e Podmore ficaram muito contentes em ter de volta seu velho amigo e mostraram-se satisfeitos com o seu relato. Depois disso, foi ao QG dos Aurores, para rever Shacklebolt e, confidencialmente, reativar seu status de Auror Especial. De lá foram para o Largo Grimmauld. Como o dia estivesse bonito, foram caminhando, em vez de aparatarem. Estavam todos vestidos convincentemente como trouxas, portanto não chamariam a atenção. Chegando à Mansão Black, entraram e Sirius ficou admirado de como a casa estava mais clara e alegre, sem aquele aspecto de casa de bruxo das Trevas.



 



_A diferença que faz a eletricidade. _ comentou Sirius.



_Não está notando mais nada de diferente por aqui, no corredor, Sirius? _ perguntou Tonks _ Não reparou que está tudo mais quieto?



_Sim, notei. O que houve... vocês conseguiram retirar o quadro de minha mãe da parede! _ disse ele, vendo o espaço vazio.



_Dumbledore, finalmente, criou um contrafeitiço para anular o Feitiço Adesivo Permanente que ela colocou no quadro. Deu trabalho, mas conseguimos. O retrato agora está enrolado e guardado em um depósito. Vamos para a cozinha.



Desceram as escadas e, ao chegarem à cozinha...



_SURPRESA!!!!



 



A cozinha da Mansão Black estava repleta de pessoas. Quase todos os amigos encontravam-se lá, sob uma faixa com a inscrição “BEM-VINDO DE VOLTA, SIRIUS BLACK”, ladeada por duas grandes silhuetas de cão. Alvo Dumbledore, Minerva McGonnagall, Derek Mason, Severo Snape, Rosmerta McTaggert, todos os Weasley, Hermione Granger, Draco Malfoy, Janine Sandoval, Angelina Johnson, Alicia Spinnet, Kingsley Shacklebolt, Rúbeo Hagrid, Mundungus Fletcher, Arabella Figg, Luna Lovegood e Neville Longbottom, todos eles reunidos à volta da mesa, preparada para uma festa, digna do retorno dele. Seus olhos azuis umedeceram-se, enquanto era abraçado por todos, cada um por sua vez.



 



_Sirius, bem-vindo. Confesso que fiquei pasmo quando soube da notícia. _ disse Hagrid.



_Obrigado, Rúbeo. Até para mim ainda é um espanto. Sirius abraçou Hagrid e ambos juntaram-se aos amigos.



 



Dumbledore aproximou-se e disse:



 



_Sirius, estou admirado e contente em tê-lo de volta. Durante todos esses anos, jamais lhe pedi desculpas por duas coisas. A primeira delas é o fato de ter desconfiado de você sem saber que, secretamente, vocês haviam escolhido Pettigrew como Fiel do Segredo. A outra foi ter deixado você trancado aqui praticamente o ano todo, no ano retrasado.



_Completamente desculpado por ambas, Prof. Dumbledore. Não se preocupe. _ Sirius respondeu.



_Além disso, tenho uma proposta para lhe fazer. Lembro-me que você foi batedor no time de Quadribol, quando estudante.



_Sim, o Pontas me convenceu a entrar para o time e acabei adorando a coisa. Mas, onde quer chegar, professor?



_Madame Hooch me disse que pretende aposentar-se, daqui a uns dois anos. Nesse meio tempo, ela vai precisar de um professor assistente, para fazer a transição. Gostaria que você assumisse essa vaga e, depois da aposentadoria de Madame Hooch, ficasse como professor titular da disciplina de Vôo.



_Pode contar comigo, professor.



_Além disso, tenho certeza de que isso não prejudicará suas “outras atividades”. _ disse Dumbledore, baixinho, piscando para Sirius.



_Como é que o senhor sabe... aah, deixa para lá. O senhor sempre acaba sabendo de tudo. _ disse Sirius, sorrindo _ Acredito que o senhor saiba até o meu codinome.



_Claro que sei, Sirius. Mas vou manter o sigilo. Creio que você e Harry acabarão por cumprir algumas missões juntos. Ele tem tudo para graduar-se, com louvor, na Academia Européia de Aurores.



_É verdade, professor. Mas vamos ver, antes, como é que ele se sairá nos N.I.E.Ms, neste período. Embora eu já tenha uma idéia.



 



Juntaram-se aos outros e apreciaram as delícias preparadas. Certa hora foram trazidas algumas garrafas de champagne, para que todos pudessem fazer um brinde. Sirius fez uso da palavra.



 



_Amigos, é muito bom estar aqui com vocês. Creio que devo ser a primeira pessoa no mundo, bruxo ou trouxa, que teve a oportunidade de retornar de onde eu estive e reconstruir sua vida. Isso sim é uma segunda chance. Algumas coisas não puderam ser ditas, durante os doze anos que passei em Azkaban e nos anos que se seguiram. Primeiro, queria dizer ao Prof. Dumbledore que ele não tem culpa de haver desconfiado de mim e de me deixar em casa durante quase um ano inteiro. Eu blefei, quando convenci Tiago e Lílian a aceitarem um bruxo fraco como Wormtail para Fiel do Segredo, achando que Voldemort jamais desconfiaria e paguei um alto preço, por não ter suspeitado que ele poderia ser o espião de Voldemort. Sei que, se Dumbledore achou melhor que eu não saísse de casa era para a segurança de todos nós. Harry, você não teve a menor responsabilidade pelo que houve no Ministério. Eu tinha de ir, de qualquer maneira. Morrer era uma possibilidade com a qual tínhamos de contar. Severo, me desculpe por tê-lo sacaneado durante todo o curso. Agora compreendo como isso foi vazio e sem sentido. Quero anunciar a todos que o Prof. Dumbledore me convidou para ser professor assistente da disciplina de Vôo, a fim de fazer a transição para a aposentadoria de Madame Hooch. Eu aceitei e isso significa que, a partir deste ano letivo, vocês vão ver minha cara feia em Hogwarts, meus jovens. Preparem-se, pois não darei moleza para ninguém. _ disse, sorrindo _ Por último, quero erguer minha taça em um brinde ao amor e à amizade de todos vocês porque, se eu não tivesse vocês todos como uma das razões para voltar, seria melhor ter permanecido morto. Obrigado.



_AO AMOR! À AMIZADE! VIVA SIRIUS BLACK E VIVA A ORDEM DA FÊNIX! _ bradaram todos os outros, erguendo suas taças de champagne em um entusiasmado brinde.



 



Em seguida, uma coruja chegou e depositou uma carta nas mãos de Sirius que, discretamente, guardou-a no bolso das vestes após ver quem era o remetente. Depois disso a festa seguiu animada, até que os convidados foram desaparatando para suas casas e os que ali permaneceriam foram para seus quartos. Logo a Mansão Black estava escura e silenciosa.



 



Quando todos já estavam dormindo, Sirius leu a carta que recebera. Discretamente foi até a cozinha, tomou um copo de água, acalmando sua ansiedade. Em seguida desaparatou, para um destino que somente a ele interessava.


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