De volta á realidade



Cartas Para Ninguém



Capitulo 7



De volta á realidade





Ginevra estava sentada á secretária do seu quarto. Tinha acordado á pouco, com os fracos raios de sol que entravam pela sua janela. Olhou para os jardins que circundavam a sua casa observando a neve a derreter lentamente sob os raios de sol fracos do mês de Março.



“Toca, 1 de Março



Vejo a neve derreter lá fora …. Tudo está calmo como já não estava á tempos….. A guerra tem abrandado, isso é verdade, as pessoas já não têm tanto medo de sair ás ruas, mas ainda assim se sente a insegurança em que vivemos.



Hoje é um dia especial, diferente dos outros …. Faz hoje dois meses que eu e o Draco namoramos. O pedido dele não foi dos mais românticos, se é que aquilo foi um pedido, mas ainda assim foi maravilhoso”



Era dia de ano novo, mas Ginevra, em vez de estar em casa a festejar com a família, foi para o hospital, para encontrar Draco. Do hospital eles seguiram para o Caldeirão Furado. Ficaram no quarto de Draco, só abraçados, sentados no chão em frente da lareira.



“Não faço a mínima ideia de quanto tempo estivemos assim, só abraçados, sem dizer nada, no silêncio completo. A verdade é que eu me sinto nos braços como em nenhum outro lugar…. É como se tivesse sido feito só para mim, é tudo tão perfeito, o calor dele, o perfume dele, a simples presença dele faz com que eu me sinta bem….protegida…. resumindo, ele faz-me feliz….”



Ginevra estava sentada de costas para o loiro, entre as pernas dele e encostada ao seu peito. Os braços de Draco que antes abraçavam a cintura da ruiva soltaram-se e ele inclinou-se um pouco para trás, apoiando o seu corpo nas palmas das mãos. Ela ainda estava encostada ao peito dele e estranhou ao sentir as mãos frias do rapaz a afastarem as madeixas ruivas que caiam sobre o seu pescoço. Sentiu algo a roçar levemente no seu pescoço. Ergueu a mão para sentir um delicado fio a envolver o seu pescoço.



-Draco, o que é isto?

-Um presente.

-Sim eu sei, mas já disse que não é preciso. Não tens nada que gastar o teu dinheiro comigo.

-Eu gasto o meu dinheiro com a minha namorada e ninguém tem nada a ver com isso.

-Tua namorada? - Perguntou voltando-se para ele e encarando-o.

-É, namorada - Respondeu simplesmente.

-Desde quando?

-Desde agora.

-É de mim ou não ouvi nenhum pedido? - Perguntou divertida.

-Bem, não seja por isso. Ginevra, namora comigo.



Ela torceu levemente o nariz ao ouvi-lo dizer o seu nome mas logo depois inclinou-se para um beijo.



“A girlfriend (Woo), girlfriend (Someone to call my own)

I need a girlfriend (Spend some money on), girlfriend (And I’m gonna take her out)

A girlfriend (To show her what I’m all about), girlfriend (Ey, hey, oh, ho...)

Would you be my girlfriend, girlfriend (No, no, no, no)



B2K - Girlfriend “



Passou novamente a mão sobre o fio delicado que ele tinha colocado no seu pescoço. Era um fio bastante fino, de ouro branco, com uma pequena medalha em forma de G no centro.



-Gostaste?

-Claro, mas já disse que não era preciso.

-E que tal deixarmo-nos de conversas e passarmos à acção?

-É….. porque não…..?



“… É raro o dia em que não nos encontramos e também é raro o dia em que ele não aparece com um presente, mesmo contra a minha vontade. Eu já lhe disse que não são os presentes deles que me fazem feliz e sim os beijos e os carinhos. Mas ele sempre responde que eu tenho direito por ser a namorada dele…..”



Arrumou a pena, o tinteiro e o pergaminho na gaveta da secretária e preparou-se para descer. Tomou o pequeno almoço e sem dar tempo para a mãe reclamar, aparatou-se no St. Mungus. Apesar de já se encontrar com Draco á mais de dois meses, continuavam a ver-se sempre no hospital e só depois passeavam por outros locais.



-Tenho uma surpresa para ti - Comentou o loiro assim que ela chegou.

-Qual?

-Como disse, é uma surpresa - Beijou-a levemente.



Foram até ao Caldeirão Furado via Flu e daí seguiram para a Londres muggle.



Estava um dia claro, as nuvens no céu não era muitas e a temperatura estava agradável para aquele mês do ano. Caminharam juntos até aquilo que parecia ser um grande parque. Várias pessoas passeavam, aproveitando o raro sol. O jardim era enorme, com grandes relvados e circundado por imensas árvores de todas as espécies.

Caminharam por um longo tempo, abraçados, aproveitando o local e a companhia um do outro.

A certa altura decidiram parar a caminhada. Ginevra deitou-se no chão macio e Draco fez o mesmo, apoiando a cabeça no ventre da ruiva. Ficaram imenso tempo assim, deitados, aproveitando o sol, a ruiva acariciando o cabelo loiro do rapaz fazendo com que ele se arrepiasse de vez em quando.



-Draco?

-Hum....

-Esquece.

-O que foi?

-Nada, esquece.

-Agora quero saber -Disse mudando de posição e ficando por cima dela, apoiado pelos cotovelos.

-Como é que vai ser.... depois que tu te lembrares de tudo?

-Vai ser tudo igual.

-Como é que podes ter tanta certeza?

-Eu sei.... Só sei.... - Respondeu vagamente, beijando-a de seguida.



Sentiu algo frio a escorrer pelo seu pescoço mas nem por isso fez questão de quebrar o beijo.



-Draco... - Disse separando-se dele -É impressão minha ou está a chover?

-Quem se importa? - Perguntou tornando a beija-la.



Mas minutos depois não tinha como não se importar. Grossos pingos de água caiam sobre eles, encharcando-os completamente. Draco pegou na mão da ruiva, ajudando-a a levantar, e no segundo seguinte corriam para uma das muitas árvores que existiam no parque, numa tentativa de se abrigar da chuva. O loiro encostou-se ao tronco da arvore e abraçou Ginny, que tremia de frio.

-Melhor? -Perguntou afastando as madeixas ruivas que estavam coladas á face sardenta da rapariga.

-Só falta uma coisa.

-Que seria....?



Mas em vez de responder, ela simplesmente demonstrou, beijando-o. Draco apertou-a mais contra si, passeando as mãos pelas costas dela. Ginevra, por seu lado, acariciava o cabelo molhado do rapaz e o seu pescoço. Os lábios molhados tocavam-se com uma sensualidade incrível, as línguas movimentavam-se com suavidade e as carícias trocadas eram absolutamente envolventes.

Logo tempo se passou, entre beijos e carícias, sem que se afastassem um do outro.



-Acho que parou de chover?

-É parece que sim.... Acho melhor voltarmos....Estás completamente encharcada, ainda ficas doente - Antes que continuasse a falar a ruiva espirrou -Ok, já estás doente.

-Nada que uma boa poção não cure.



Fez um feitiço de secagem nas suas roupas e nas do loiro e abraçados voltaram ao Caldeirão Escoante.



-Quero que subas, tenho algo para te mostrar.



Subiram até ao quarto de Draco e assim que entraram ele fechou a porta.



-Fecha os olhos - Pediu.

-Mas para quê?

-Fecha os olhos.



Ela suspirou resignada e fechou os olhos. Sentiu Draco a aproximar-se e a beijar-lhe suavemente o pescoço. Ginevra resmungou baixinho quando deixou de sentir os beijos de Draco.



-Podes abrir.



Ela assim o fez, ansiosa por descobrir qual seria a surpresa do loiro. Ele estava parado à sua frente, segurando um simples botão de rosa branco. Ginevra estranhou, ele nunca tinha feito tanta cerimónia para lhe oferecer uma simples flor.

Confusa, mas sem o demonstrar, aceitou a pequena flor, erguendo-a para a cheirar, mas quando o fez, algo que não esperava aconteceu. A pequena flor desabrochou revelando no seu interior uma delicada aliança.



-Draco.... o que é isto? -Perguntou nervosa, encarando o loiro.

-Bem... - Começou avançando até ela e retirando a delicada aliança de dentro da rosa - ...isto é um anel, ou melhor, uma aliança - Colocou-a no dedo anelar da ruiva.

-Sim eu percebi isso....mas, mas o que significa?

-Gosto de pensar nele como um anel de comprometimento - Ele sorria, sorria como ela nunca tinha visto antes, ele parecia feliz, verdadeiramente feliz.

-É, soa bem - Disse olhando para a aliança no seu dedo, era delicada, de um metal que ela desconhecia, e com pequenos brilhantes distribuídos por todo o comprimento - Obrigada, é lindo, tu não devias.....



Draco não a deixou terminar a frase, enlaçou-a pela cintura e beijou-a fervorosamente.



-Eu adoro-te, sabias? - Sussurrou ao ouvido dela.



Ginevra quase congelou, não esperava uma coisa daquelas dele, ele nunca tinha dito que gostava dela ou algo do género, apesar de ser bastante carinhoso. Olhou-o, fixando os indecifráveis olhos cinza. Apesar de toda a dificuldade que tinha em compreende-los não era preciso muito para saber que ele dizia a verdade, os olhos dele não estavam completamente cinza, como era costume, mas sim de um tom azulado.



-Eu também, eu também te adoro - Respondeu.



Draco não esperou mais nada, beijou-a tão intensamente como antes.





Já em casa, Ginevra, sentada na sua cama observava o belo anel que lhe fora oferecido. Não se cansava de olhar para ele, recordando as palavras do loiro naquela tarde.



"Gosto de pensar nele como um anel de comprometimento"



Agora ela estava comprometida, comprometida com um Malfoy.



Foi retirada dos seus pensamentos pelo chamar insistente da sua mãe.



-Gininha, desce, o jantar já está na mesa!



Ela desceu as escadas entrando na cozinha. Os seus pais, Ron e o gémeos já a esperavam para jantar.



-Hei, Gin, que sorriso é esse? - Perguntou Fred.

-Nada....

-Isso não me parece nada, não achas George?

-Realmente, conta lá maninha, o que se passou.

-Não se passou nada, apenas estou feliz, não posso? -Perguntou começando a servir-se do jantar.

-Gin, que anel é esse? - Perguntou Ron desconfiado



"Porra! Porque é que ele tinha de ser tão observador?!?!"



-Hã?

-O anel, na tua mão.

-Sim, Gin, que anel é esse? - Perguntaram os gémeos.

-Um anel de comprometimento.

-Gininha, filha, um anel de comprometimento?

-Sim mãe - Respondeu calmamente.

-Mas, comprometida? Com quem?

-Não importa mãe.

-Claro que importa! Diz-me filha, quem é?

-Tudo a seu tempo mãe.

-Diz-me ao menos, é boa pessoa?



Ginevra hesitou por uns segundos, Draco não era aquilo que se podia chamar de boa pessoa, pelo menos o Draco que eles conheciam, mas por outro lado, ele estava tão mudado.



-É mãe.

-Então é tudo o que importa.

-Mas... - Começou Ron.

-Mas nada Ron, respeita a decisão da tua irmã. Gininha, filha, ele é bem vindo em qualquer altura.

-Obrigada mãe.





. . . . .



"Toca, 29 de Março



Novamente presa em casa ....Sim, novos ataques e nova confusão ....Voltaram a atacar o St. Mungus e desta vez os danos foram imensos .... Desta vez também atacaram o Ministério o que dificultou o trabalho dos aurores.... Não sei quando isto vai terminar .....Não tenho visto a Mara e falar com o Draco só através de carta ..... Já não o vejo à uma semana, por causa desta mania da protecção da minha mãe .... Desde de que o hospital foi atacado que estou trancada nesta casa e sinceramente já me começo a fartar .... Sei que é tudo para minha protecção e bem estar mas estou completamente farta de aqui estar...... Queria voltar a ver o Draco .... Talvez consiga convencer a minha mãe de que é seguro sair de casa.... Afinal o ultimo ataque foi á 3 dias ......"



Levantou-se da secretária, guardando o pergaminho, tinteiro e pena, e desceu as escadas com a intenção de falar com a sua mãe.



-Mãe eu vou sair.

-E pode se saber onde é que a menina tenciona ir.

-Eu vou ao hospital, ver a Mara.

-Só?

-E o meu namorado.

-Tem cuidado, não quero que te aconteça nada de mal.

-Eu tenho.



Beijou a face da mãe e aparatou-se directamente no Caldeirão Furado, iria ao hospital depois. Subiu até ao quarto 15 e bateu à porta.



-Sim? - A voz dele soou ensonada.



Ainda era de manhã cedo e provavelmente ele estava a dormir.



-Limpeza de quartos -Respondeu a ruiva, forçando-se para não rir.

-Volte mais tarde.



Ela esperou uns segundos antes de bater novamente á porta.



-Sim? - Desta vez ele não soava ensonado e sim irritado.

-Limpeza de quartos -repetiu.



Ouviu os passos pesados dele no quarto e no segundo seguinte ele abria a porta completamente irritado.



-Eu não disse para voltar mais.... -Parou a frase no meio ao se aperceber da ruiva.

-Bom dia -Disse ela rindo da figura do loiro.



Só de calças, despenteado e com a cara mais irritada que ela alguma vez vira. Ela ficou por alguns segundos a observar o tronco bem torneado do rapaz.



-Bom dia - Respondeu, não menos irritado do que antes.



Mas logo depois deu um sorriso e erguendo-a no ar levou-a para o quarto.



Ela entrelaçou as pernas em volta da cintura dele e passou os braços para de trás do seu pescoço. Ele beijava-a de uma forma quase desesperada, apertando fortemente o corpo dela contra o seu. Caminhou até à cama ,onde deitou a ruiva suavemente. Ele parou uns segundos, observando a rapariga deitada e ofegante. Deitou-se sobre ela, retomando o beijo, desta feita mais calmo. Draco acariciava as laterais do corpo da ruiva, fazendo-a tremer. Traçava um trilho pelo pescoço dela, com pequenos beijos e leves mordidas.



-Senti saudades tuas - Sussurrou-lhe ao ouvido.

-E eu tuas .... - Respondeu num murmúrio, acariciando os cabelos loiros do rapaz.



Passou as mãos pelo tronco dele, sentindo cada musculo bem definido. Draco, por entre beijos abria vagarosamente os botões da camisa que Ginny vestia. A ruiva tremeu ao sentir as mãos frias do loiro sobre o seu ventre descoberto. Ele passava as mãos no seu ventre e nas laterais do seu corpo fazendo com que ela se arrepiasse. Sentiu os lábios dele a mudarem de rumo, descendo do seu pescoço, passando pelo seu colo e parando no seu ventre. Sentiu arrepios a percorrer todo o seu corpo, desde o pescoço até à ponta dos pés, e estacou ao sentir as mãos dele a encaminharem-se para o fecho das suas calças.



-Draco, não..... -Murmurou a medo - Eu não sei .... Eu não - Balbuciou.



No mesmo momento ele afastou-se dela, não ousando continuar.



-Tudo bem, eu entendo. A culpa foi minha, eu devia ter me controlado.

-Não a culpa foi minha também, por deixar que fosse tão longe.



Depois daquela breve troca de palavras, instalou-se no quarto semi-escuro um silêncio um tanto ou quanto incomodo.



-Eu acho melhor ir - Disse erguendo-se da cama, pronta a apanhar do chão a sua camisa.

-Não vás - Pediu segurando-lhe no pulso.

-Tudo bem então - Começou a apertar os botões da camisa - Espero por ti lá fora.



E sem esperar a resposta do loiro, saiu do quarto fechando a porta atrás de si.



. . . . .



-O que é que se passa?

-Nada.

-Tens a certeza, pareces tão distante?

-Já disse que não foi nada -Respondeu, um pouco mais rude que habitualmente.

-Tudo bem, não precisas de me falar assim Draco.

-É obvio que é preciso falar assim, tu estás cada vez mais chata!

-Não estou a ser chata, apenas estou preocupada.

-Claro, sempre preocupada, a santa padroeira.

-Mas o que é que se passa contigo afinal?

-Absolutamente nada.



E desaparatou-se deixando a ruiva sozinha no quarto do hospital. Nos últimos tempos Draco tinha vindo a lembrar-se de cada vez mais coisas e com mais frequência.



Ela deu ombros e fez o mesmo, aparatando-se no seu quarto na Toca. Sentou-se á secretária e começou a escrever.



"Toca, 3 de Abril



As discussões com o Draco têm vindo a ficar cada vez mais frequentes....É raro o dia em que não discutimos por pequenos pormenores, coisas insignificantes, coisas estúpidas.... Claro que no fim acaba sempre tudo bem, acabamos por nos esquecer minutos depois.... Mas hoje foi totalmente diferente.... Apesar de não termos trocado mais do que 3 ou 4 frases ele deixou-me para trás, coisa que ele nunca tinha feito....Normalmente, eu ou ele, acabamos por assumir a culpa da discussão e revolvemos tudo no momento.... Foi uma discussão que começou por nada, e assim terminou, sem motivo nenhum .... Não sei o que se passa com ele.... Cada dia age de uma forma diferente, cada vez mais esquisita e eu ao menos sei motivo.... Talvez tenha a ver com o facto de a memória dele estar a voltar, cada vez mais depressa.... Não sei, sinceramente não sei...."



. . . . .



Já discutiam à cerca de 5 minutos sobre absolutamente motivo algum. Esse tipo de discussões tinha-se tornado muito frequente entre eles, depois de quatro meses de namoro. Estavam no Caldeirão Furado, no quarto de Draco. Ele sentado á secretária e Ginevra andando de um lado para o outro.



-Explica-me, por favor, o que é que se passa contigo?

-Nada, será que não percebes?

-Será que já não confias em mim o suficiente para mo dizer?

-Não se trata de confiança ou não, vê se me entendes. Eu não quero falar sobre, isso, na realidade eu não quero falar sobre nada.

-Mas porquê? -Perguntou ela num tom quase desesperado.

-Por nada Weasley, por nada.



- - - - - Fim do 7º Capítulo - - - - -

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