Brincando na neve



Cartas Para Ninguém



Capitulo 4



Brincando na neve



“Porquê? Porquê eu? Quer dizer se eu era assim tão mau, não devia ser um dos alvos …. Ah! Como eu odeio está falta de memória!”



-Já estás acordada? – Perguntou quando reparou que a ruiva se remexia na cama.



Ela voltou-se para ele e olhou-o.



-Não consegui voltar a dormir.

-Desculpa…. Na realidade eu também não voltei a adormecer….

-Lembraste-te de mais alguma coisa?

-Não…. O que é que vais fazer hoje?

-Não sei, provavelmente vou até ao jardim com as miúdas, por falar nisso, queres vir?

-Eu não sei….

-Ah! Vá lá Draco, vai ser divertido!

-Ok, eu vou então, á falta de melhor para fazer……



-Gi! Gi! – Chamou a loirinha sentando-se sobre a barriga da ruiva.

-Bom dia baixinha!



Mara, com a ajuda da Ginny, desceu da cama e caminhou até perto de Draco, esticando os braços para que ele a pegasse.



-Oi Mara – Pegou nela e sentou-a sobre o seu peito.

-Daky!



Ginny aproveitou que Draco estava com Mara para se aparatar na Toca. Tomou um banho rápido e depois de se vestir aparatou-se de volta no hospital.



-Voltei – Avisou – Ela deu muito trabalho?

-Não nem por isso. A Liza e a Bia ainda dormem.

-Bom saber. Queres que a pegue um pouco? – Perguntou referindo-se á loirinha que ainda continuava sentada no colo do Draco, brincando com os cabelos loiros do rapaz.

-Não, não vale a pena.



Ginny sentou-se á secretária e começou a escrever.



“St. Mungus, 7 de Dezembro.



O dia amanheceu á pouco. Esta foi uma noite agitada. O Draco acordou no meio da noite com um pesadelo horrível... Relacionado com a maldição Cruciatus …. È provável que ele tenha sido torturado …. O que me faz pensar em algo …. Tendo ele sido torturado não podia ser um Devorador da morte, podia? Quer dizer, se fosse um devorador de morte a sério não se deixaria ser torturado …. Talvez a falta de memória dele venha daí … Da tortura que ele sofreu …. Mas não quero pensar nisso, não mais….



Ele revelou ser uma pessoa diferente, tudo bem que ele não lembra no seu passado, mas nunca esperei conviver com um Malfoy assim … Por vezes chego a sentir que ele, de alguma maneira, me compreende …. É talvez ele não seja tão mau assim ….



Gostava de saber o que é que ele fez no espaço de tempo em que não soube nada dele, foram cerda de cinco meses, desde o dia da formatura até ao dia em que ele foi encontrado……”



-Ainda não percebi porque escreves tanto, eu sei que é sobre o teu dia-a-dia, mas mesmo assim, tu não fazes nada de extraordinário que te faça escrever que nem uma louca….

-Não exageres Draco … É só para me manter ocupada…. Mas porque é que te interessa tanto o que eu escrevo?

-Não, por nada …. Só acho estranho, uma pessoa escrever tanto …. Afinal, sempre vamos lá fora?

-Vamos, depois de almoço.



. . . . .



-Gin, Gin, vamos lá fora!

-Tenham calma meninas! Vamos já. Primeiro os feitiços de aquecimento.



Depois de colocar os feitiços nas roupas das três e nas suas próprias voltou-se para Draco.



-Vamos?

-Ginny, um pormenor, eu estou de roupa de hospital. Tudo bem que eu tenho falta de memória, e tal, mas duvido que seja a roupa adequada para ir para a neve.

-Desculpa, tinha-me esquecido disso.



Com um movimento de varinha transfigurou as roupas de Draco em algo mais quente.



-Ficou bem?

-Ficou.



Ele vestia umas calças de ganga e uma camisola grossa, de gola alta, verde escura.



-Vamos então – Pegou em Mara e seguiu para o jardim com as pequenas e com Draco.



O jardim cada vez tinha mais neve, tornando a locomoção um pouco difícil.



-Gin! Gin!

-Sim Bia?



Quando se voltou para a rapariga sentiu algo frio a escorrer pela sua cara, tinha acabado de ser atingida por uma bola de neve. Pousou Mara no chão e encarou Bia com um sorriso divertido.



-Sua pequena traidora! – Pegou num pouco de neve e atirou-o á pequena.



No segundo seguinte o ar era cortado por uma chuva de bolas de neve. Ginny acertou uma bola em Draco, que até ali se mantinha á parte.

Ele olhou-a com um ar ameaçador mas logo depois sorriu, atirando-lhe com neve que a acertou em cheio na cara.



-Essa vai ter volta!



Comportavam-se como duas crianças, atirando neve um ao outro, esquecidos de tudo o resto.



-Chega! Tréguas! Estou cansada! – Disse deitando-se sobre a neve, com a respiração irregular.

-Concordo contigo! Tréguas – Sentou-se ao lado dela, encostando-se a uma árvore.



Ficaram por uns momentos em silêncio vendo as três raparigas a correr na neve.



-Onde vais? – Perguntou o loiro ou ver que ela se levantava.



Ela não respondeu, assim que estava em pé pegou um punhado de neve e atirou-o contra o loiro.



-Ah! Ruiva! – Ela começou a rir e desatou a correr, sabendo o que viria a seguir.



Draco levantou-se no mesmo instante e começou a correr atrás da ruiva, que ria mais do que nunca. Ela corria por entre as árvores, olhando de quando em quando para trás, verificando se o loiro corria atrás dela. Foi numa dessas vezes, enquanto olhava para trás, que tropeçou na raiz saliente de uma árvore e caiu no chão. Draco que corria próximo á ruiva acabou por cair também, em cima dela.

Ficaram assim por alguns segundos, que pareceram a eternidade, ela deitada, com as costas apoiadas no chão frio e ele em cima dela, os corpos totalmente colados e os rostos bastante próximos.



“Próximos de mais…” – Pensou a ruiva.



Ele olhava para ela duma maneira diferente, os olhos cinza brilhavam duma forma que ela nunca tinha visto antes. Os cabelos dele caíam para os olhos e para a face dela, tocando-a levemente.



-Gi! Daky! Gi! – Mara corria na direcção dos dois, de braços abertos.



Draco ergueu-se e estendeu a mão á ruiva, ajudando-a a fazer o mesmo.



-O que foi baixinha?

-Bia! Bia! – Disse apontando para onde estariam as outras duas raparigas.



Aparentemente Bia estava sentada no chão e Liza estava ajoelhada ao seu lado.

Ginny e Draco correram até elas. Bia chorava segurando o pulso. Tinha um corte profundo na palma da mão que sangrava em abundância, tingindo de vermelho a neve macia em redor.



-Deixa-me ver Bia – Pediu Ginny segurando na mão dela delicadamente.



Levou a mão ao bolso á procura da varinha.



-Esqueci-me da varinha. Draco fica aqui com ela enquanto a vou buscar.



Ginny já ia a caminho do quarto quando ouviu Draco a chamar.



-Espera, já não é preciso.

-Não?

-Não. Está tudo bem.



Ginny caminhou até eles e verificou a mão de Bia, que agora continha um leve cicatriz.



-O que é que aconteceu?



Draco apenas levantou a sua varinha.



-Mas tu… Como?

-Não sei…. Apenas me ocorreu.

-Ainda dói? – Perguntou ajoelhando-se ao lado da rapariga.

-Não Gin, está tudo bem.

-Para a próxima tem mais cuidado, ok?

-Está bem Gin – Respondeu levantando-se em conjunto com Liza.



-Obrigado Draco – Disse voltando-se para o loiro.

-Não penses que me esqueci!!!

-Do quê? – Perguntou fazendo-se de inocente.



Draco estava sentado na neve e Ginny estava ajoelhada perto dele. Ele pegou num pouco de neve e atirou á ruiva.



-Agora estamos quites.

-Não não estamos, agora sou eu que quero vingança!



Começaram a atirar neve um ao outro sem sair do sítio.



-Au! – Exclamou de dor.

-O que foi? Draco! Aleijei-te? Deixa ver! – Gatinhou até ele que cobria o olho esquerdo com as mãos – Draco deixa ver – Pediu.



O loiro continuava com as mãos a cobrir o olho.



-Draco, deixa de ser criança, deixa-me ver – Afastou as mãos da cara do loiro e reparou que ele sorria – Estúpido! Assustaste-me! Pensava que estavas magoado.

-E estou, não se vê logo? – Perguntou apontando para o seu olho esquerdo.



Uma marca avermelhada aparecia agora na zona abaixo do olho esquerdo dele.



-Desculpa – Tocou levemente na zona avermelhada – Dói muito?

-Não nem por isso – Draco tinha fechado os olhos para sentir o toque suave da rapariga.



Ela deslizou a mão ao longo da face dele e em seguida ele sentiu os lábios quentes da ruiva sobre a sua pálpebra esquerda e depois por baixo do olho, onde estava a mancha avermelhada. Era um toque quente e suave que logo acalmou a pequena dor que sentia.



-Melhor? – Perguntou assim que os seus olhos se encontraram com os cinza do rapaz.

-Muito melhor….

-Óptimo. Acho melhor irmos embora, está a ficar tarde.



A ruiva levantou-se e caminhou até ás pequenas que ainda corriam no jardim.



-Vamos meninas está na hora de ir embora.

-Mas Gin….

-Sem mas, vamos lá. Voltamos outro dia, prometo.



-Ginny, onde estiveram? – Perguntou Jenny num tom preocupado assim que entraram no quarto.

-Estivemos no jardim Jenny….como de costume…. Fiz mal?

-Não, só fiquei preocupada, tu e as miúdas não estavam e o Sr. Malfoy também tinha desaparecido…

-Sr. Malfoy não, só Draco – Disse o loiro a sorrir.

-Draco – repetiu a jovem enfermeira – Meninas, vamos ter com os vossos pais.



Jenny saiu do quarto com Liza e Bia, deixando para trás Ginny, Draco e Mara.



-E então, gostaste? – Perguntou, sentando-se á secretária.

-Fora o olho roxo está tudo bem…

-Desculpa Draco, não foi minha intenção….

-Tudo bem, não vou morrer por isso.

-Se quiseres posso tirar a marca.

-Não, deixa estar…. È para eu me lembrar o quão violenta tu és….

-Hei! Eu não sou violenta!

-Não és pouco….



Ginny fingiu estar amuada e voltou-se para a secretária dando asas ao seu vício, a escrita.



“Apesar do terrível amanhecer esta tarde foi maravilhosa…. Á muito que não me divertia tanto…. Acho que o Draco me faz esquecer que estamos em guerra…. Passamos grande parte da tarde no jardim ….. A fazer guerras de neve e afins …. Tudo bem que a parte que nós caímos, ele em cima de mim, era dispensável …. OK, não era tão dispensável assim …. Mas a situação foi constrangedora …. Ele totalmente deitado em cima de mim e o rosto dele a centímetros do meu ….. E sinceramente foi uma óptima sensação….. Mas passando á frente … Ele lembrou-se hoje de algo importante, ele efectuou um feitiço de cura sem ao menos pestanejar….”



-Hei Ginny! - Chamou – Não ficaste chateada, ficaste?



Ela olhou para ele seria mas logo de seguida abriu um enorme sorriso.



-Não, não fiquei, mas não te habitues……





-O que é que foi? – Perguntou passado um tempo.

-Nada….

-Então porque é que estás a olhar assim para mim?

-Não posso?

-Não, eu não gosto….

-Porquê?

-Sei lá Draco…. Não gosto e pronto….



“Que mania estranha que ele tem de me fixar …. Odeio quanto as pessoas fazem isso, odeio sentir-me observada …. Parece que ele me está a analisar …. Não sei mete-me confusão….”



-Ginny! Ginny! Houve outro ataque! – Avisou Jenny.

-Onde?

-Aqui no St. Mungus. Não te preocupes, a situação está controlada, não foi nada de muito grave mas peço-te que tenhas cuidado com as pequenas, não quero que nada lhes aconteça. Por enquanto acho melhor suspender os passeios ao jardim.

-Tudo bem Jenny, onde é que elas estão?

-Estão com os pais, trago-as antes da hora de jantar.

-Ok então.



-O que é que se passou? – Perguntou Draco assim que Jenny saiu do quarto.

-Houve um ataque, aqui no hospital, mas está tudo bem agora – Disse aconchegando as cobertas da cama de Mara, que dormia calmamente.

-Devoradores da morte?

-Sim, quem mais poderia ser?



Tornou a sentar-se na poltrona, preparando-se para escrever.



“Houve um novo ataque hoje …. Á muito que não aconteciam, o que causou uma certa ilusão de paz …. Mas agora os ataques recomeçaram e desta vez o alvo foi o hospital …. Começo a ficar preocupada…. Será que o hospital vai resistir…. Afinal Hogwarts não resistiu … Nada garante que o St. Mungus resista….”



A sua escrita foi interrompida por um barulho proveniente da janela.



-O que é isso? – Perguntou Draco ao ver a coruja a entrar pela janela e a pousar na secretária.

-É uma coruja. No mundo mágico as corujas são utilizadas como meio de comunicação, transportam cartas e encomendas.



Retirou o pedaço de pergaminho da pata da coruja, começou a ler o que nele tinha escrito.



“Gininha, filha, está tudo bem?



O teu pai falou-me do ataque ao St. Mungus … Estou extremamente preocupada…. Por favor filha, escreve de volta para saber que está tudo bem contigo.



Com amor



Mãe”



-De quem é? Se é que posso saber….

-Podes, era da minha mãe, estava preocupada comigo… Já soube do ataque… Numa família de sete filhos as preocupações nunca acabam….

-Tu tens seis irmãos? – Perguntou espantado.







-Sim, sou a mais nova e a única mulher … Por isso podes imaginar a protecção que eles insistem em dar-me …. Sou como o bebé da família, frágil demais, desprotegida de mais, pequena demais….

-Isso deve ser bom … ter tantos irmãos …. Sabes se eu tinha irmãos?

-Não, eras filho único…. Mas bem, isso deve ter as suas vantagens….

-Provavelmente … Não vais responder á carta?

-Vou, claro….



“Mãe, está tudo bem por aqui ….. O hospital não sofreu grandes danos e eu só soube do ataque agora … Está tudo bem comigo, estou super protegida … Não vale a pena preocupares-te …. Volto a casa á noite



Beijos



Ginny “



Acabou de escrever no pequeno pedaço de pergaminho e enrolou-o á pata da coruja, que saiu a voar no instante seguinte. Ginny fechou a janela e sentou-se de novo na poltrona.



-Vais continuar a escrever?

-Provavelmente…. Porquê?

-Por nada … - Encostou-se na cabeceira da cama, com os braços atrás da cabeça e fixou o tecto.





“Os tempos de guerra são sempre difíceis … Embora os ataques não sejam muito frequentes estou constantemente preocupada … tenho medo que aconteça algo, á minha família ou amigos …. Tenho medo por eles …. E por mim também ….“





- - - - - Fim do 4º Capitulo - - - - -



N/A: Nhaaaaaaaaa!!! Eu sei … Muita palha mesmo …. Cheguei aos meus limites …. Mas quando escrevi este capitulo estava com a imaginação a 0 ….. Mas e aí? Foi assim muito mau? Comentem …. Digam como é que ficou……

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