Relembrando



Cartas Para Ninguém



Capitulo 13



Relembrando





-Assim sendo acho que devemos proceder à votação. Por favor, os membros do júri do Wizengamot que forem a favor da condenação de Draco Alexander Malfoy levantem o braço.



Ginny fechou os olhos, não queria saber qual seria a decisão do júri.



-Muito bem – A voz da mulher a seu lado nunca soou não assustadora – Eu declaro Draco Alexander Malfoy culpado. Será condenado a Azkaban por tempo indefinido.



A ruiva sentiu o seu mundo a ruir completamente. Abriu os olhos e sentiu as lágrimas a escorrerem pela sua face. A mão de Hermione estava agora pousada no seu ombro tentando reconforta-la, mas nada, nada naquele momento faria com que ela se sentisse melhor. Encarou o loiro, com as lágrimas a embaciarem a sua visão.



Os Dementors tinham acabado de entrar na masmorra caminhando até ao centro da sala. Ginny fez menção de se levantar mas foi impedida pela morena.



-Gin, não faças isso…. Vai ser pior….



A ruiva fixou os olhos de Draco, tentando compreender o que por eles passava. Continuavam tão cinzentos como sempre mas continham um brilho estranho que a ruiva nunca tinha visto, e se não fosse Draco Malfoy ela teria dito que era o brilho de lágrimas recém-formadas.



Os Dementors postaram-se ao lado de Draco e alguns segundos depois saíram da sala levando-o consigo. Assim que o fizeram Ginevra entregou-se ao choro. Com a face enterrada nas mãos chorava o mais silenciosamente que conseguia, mas a tarefa estava a tornar-se cada vez mais impossível.

Os suspiros eram atropelados pelos soluços, cada vez mais sonoros, e as lágrimas escorriam pela sua face com cada vez mais abundância.



-Gin… Acalma-te – A morena falava-lhe baixo ao ouvido.



Mas não valia a pena, quanto mais ela falava mais o choro da ruiva aumentava.



-O que se passa com a rapariga? – Perguntou a mulher que presidira ao julgamento de Draco.

-Nada ela só está um pouco alterada – Disse em tom baixo voltando-se novamente para a ruiva -Gin… Vamos embora…. Não te faz bem ficar aqui….. Vamos para casa….

-Não Mione, eu não quero ir…. Eu quero ficar….

-Gin tu não devias ter sequer vindo…. Agora vamos…. Vou levar-te de volta à Toca.



Hermione pegou na mão da ruiva e desceu as escadas das bancadas. A ruiva seguiu-a, não era como se tivesse forças para protestar.



-Porquê? – Perguntou chorosa por entre soluços ao entrarem no elevador vazio – Porquê ele Mione?

-Oh Gin…. Foi a decisão do Wizengamot…. Não há nada que possamos fazer contra isso….

-Mas eles estão errados eu sei que eles estão…..

-Gin…. Ele atacou o Neville. O Neville é um auror…..E o Mal… O Draco atacou-o…..

-Mas eu tenho a certeza que ele o fez por um bom motivo….





“Never cared for what they say

never cared for games they play

never cared for what they do

never cared for what they know

and I know”





Hermione olhou a ruiva com um misto de tristeza e pena. Era difícil ver a amiga assim, no meio de tanto sofrimento.



-Tu não acreditas em mim, pois não?

-Oh Gin… Não é isso….

-É obvio que não acreditas em mim…Ninguém acredita!!!

-Não é isso Gin… é que …. Bem ele é o Malfoy….

-E depois? Eu sei que ele não fez nada!

-Gin acalma-te…..

-Acalma-te o tanas! Queria ver se fosse o Ron em vez do Draco! – Os soluços tinham dado lugar aos gritos.

-Gin….. é difícil para ti….. Eu não sei o que faria no teu lugar… Mas tens de ser forte…. Não podes chegar a casa nesse estado…..



A ruiva acalmou-se um pouco, retornando ao estado choroso de antes.



-Tens razão…. – Inspirou fundo umas quanto vezes e limpou as lágrimas com as costas das mãos – Não posso chegar assim a casa….



Depois de passarem pelo controlo de varinhas dirigiram-se a uma das muitas lareiras no átrio de entrada do Ministério.



-Estou mesmo atrás de ti – Disse quando chegou a vez da ruiva.

-Obrigado Mione…. – Pegou um punhado de pó e atirou-o para as chamas – A Toca.



Assim que saiu da lareira da sua casa correu até ao seu quarto trancando a porta.

Sentia-se mil vezes pior do que antes, mil vezes pior que o dia em que se separara de Draco. Era como se o que restava dela tivesse sido tirado de uma vez, todas as esperanças, todos os sentimentos bons. Todas as suas lembranças boas foram substituídas pelas lembranças do julgamento de Draco.



Deitou-se na cama, enrolada sobre si mesma, chorando inconsolavelmente. Era por demais difícil conter as lágrimas numa situação daquelas, depois de ter perdido Draco de uma vez por todas.

Era assim que ela se sentia, como se nunca mais o pudesse ver e tocar, o que de certa forma não estava errado, afinal ele tinha sido levado para Azkaban.

Sentia-se mal, muito mal, porque apesar de tudo ela tinha a certeza que ele não era culpado.

Culpado. Essa palavra ainda ecoava na sua mente, como se estivesse sempre a ser dita.



“Eu declaro Draco Alexander Malfoy culpado.”





Era a única coisa em que conseguia pensar, o mesmo momento que se repetia na sua mente vezes e vezes sem conta, como um disco riscado.

Por momentos, durante o julgamento chegou a pensar que ele poderia ser ilibado. Foram os minutos mais horríveis da sua vida, a espera para saber o veredicto final.



“Eu declaro Draco Alexander Malfoy culpado. Será condenado a Azkaban por tempo indefinido.”



E a voz continuava na sua cabeça, atormentando-a, fazendo com que ela chorasse cada vez mais e mais.



-Gininha, abre a porta! – Pedia Molly do lado de fora do quarto, batendo na porta levemente.



Ginevra não respondeu, não queria ver ninguém, não queria ser vista por ninguém.



-Gininha abre a porta por favor.

-Vai embora! – Gritou em plenos pulmões.



As batidas na porta pararam por um momento mas logo recomeçaram.



-Ginevra Weasley, abre a porta agora! – Era Ron quem falava.

-Vai embora Ron! Eu não quero ver ninguém!

-Ou abres a porta por bem ou abro eu por mal.

-Desaparece Ron!



Os seus gritos não deram muito resultado porque minutos depois Ron entrava no quarto, com um ar super preocupado.



-Gin, olha para mim – Pediu numa voz doce – Diz-me o que se passa….

-Ron, por favor… Deixa-me em paz…. – Ela ainda chorava, as lágrimas molhavam as cobertas da cama.

-Não Gin, desta vez vais contar-me o que se passa… Da outra vez eu respeitei a tua vontade mas desta vez é de mais.

-Ron eu não quero falar sobre isso.

-Mas quero eu Gin. Estamos fartos de te ver sofrer sem saber o porquê.

-Eu só quero ficar sozinha…. Por favor….

-Não Gin…. Estão todos preocupados…E ainda por cima sem saber o que fazer… A mãe mandou cartas a todos…. Não deve tardar muito para que eles cheguem…

-Ron… por favor…. Eu quero ficar sozinha… só mais uns minutos, ok?

-Mas promete-me, promete-me que quando eu voltar ao quarto, daqui a 10 minutos, tu vais estar sorridente como nunca devias ter deixado de estar.

-Eu não te posso prometer isso… sabes que não posso….

-Então pelo menos, devolve a minha irmãzinha, com aquele brilho no olhar e aquele sorriso no canto da boca…. Devolve a maninha com quem eu gostava de embirrar… Devolve a ruivinha que eu queria e quero proteger a todo o custo….

-Eu vou procura-la……



Ron ergueu-se da cama e baixou-se ao lado da irmã beijando-lhe a testa.



-Dez minutos para a encontrares. Dez minutos e não mais…..



“Ao olhar para a mulher que se erguera os olhos de Draco encontraram-se com os de Ginny e brilharam duma forma que ruiva reconheceu.





«“Ficaram assim por alguns segundos, que pareceram a eternidade, ela deitada, com as costas apoiadas no chão frio e ele em cima dela, os corpos totalmente colados e os rostos bastante próximos.



“Próximos de mais…” – Pensou a ruiva.



Ele olhava para ela duma maneira diferente, os olhos cinza brilhavam duma forma que ela nunca tinha visto antes. Os cabelos dele caíam para os olhos e para a face dela, tocando-a levemente.”»





Era dali que ela se lembrava daquele olhar, do dia em que estavam no jardim do hospital. Até agora ela não sabia o que significava aquele brilho mas de certeza que só podia ser coisa boa.”





As lágrimas pararam ao lembrar do brilho no olhar de Draco. Era um brilho tão especial, que lembrava todos os bons momentos que passara com o loiro.

Lembrava se especialmente do primeiro beijo que trocara com o loiro.



“Ficaram a encara-se pelo que pareceu uma eternidade e Ginevra teria continuado assim, se não tivesse fechado os olhos ao sentir os lábios dele nos seus.

Ele beijava-a de uma maneira suave, quase delicada. A língua dele roçava lentamente na sua, provocando uma sensação maravilhosa. Sentia as mãos dele no seu corpo, uma segurava gentilmente a parte de trás do seu pescoço, inclinando-a levemente, e outra estava pousada no fundo das suas costas.”





-Acabou Ginny, acabou – Disse para si mesma levantando-se da cama.



Foi até à casa de banho e lavou a cara. Voltou ao quarto trocando a sua blusa manchada pelas lágrimas por uma limpa.



Olhou-se no espelho uma última vez e desceu as escadas não muito confiante. Assustou-se ao constatar que todos os seus irmãos, sem excepção, estavam na sala.

Falavam em tom baixo e preocupado mas logo um silêncio profundo se instalou com a chegada da ruiva.



-Todos por cá? – Perguntou fazendo-se de desentendida.

-É Gin… Viemos visitar-te…. – Respondeu Bill, o mais velho dos Weasley.

-Todos? De uma vez só? Estranho…. Muito estranho.

-Quer dizer que nãos gostaste de nos ver? – Perguntou George.

-Porque se é isso vamos indo! – Completou Fred.

-Oh não… Nada disso…. Mas é de estranhar não?

-Quer dizer que não podemos ter saudades da nossa maninha favorita? – Perguntou Charlie erguendo-se para abraçar a ruiva.

-Não é como se vocês tivessem escolha…. Eu sou a única irmã… Tinha de ser a favorita….

-Gin, não dramatizes….Então o que tens feito nestes dias?

-Nada de especial Charlie… tenho ficado por aqui…. Na realidade não há muito que possa fazer.



-Boa noite – Disse alguém.



Ginny olhou para trás encarando o recém-chegado, tratava-se de Harry.



-Oi Harry – Disse esboçando o melhor sorriso que conseguiu.

-Oi Gin… Tudo bem contigo?



Ela apenas acenou vagamente voltando-se para os irmãos.



-Eu vou lá acima por um momento…

-Gin, não demores – Disse Ron.



Ela subiu as escadas e caminhou até à casa de banho. Pousou os cotovelos na bancada creme e cobriu os olhos com as mãos.

Estava a ser muito difícil manter o fraco sorriso na cara quando tudo o que mais lhe apetecia era chorar.

Respirou fundo, era só mais um pouco, depois de jantar já não teria de fingir mais.

Desceu as escadas e caminhou até à cozinha. A sua mãe terminava de preparar o jantar.



-Gininha, estão todos lá fora a prepara a mesa de jantar.

-Ok mãe…. Eu vou ter com eles…



Ficou um momento os irmãos a prepararem tudo para o jantar. Eles estavam felizes, conversavam alegremente como ela já não se lembrava à muito.



Sentiu uma mão a pousar-lhe no ombro e saltou com o susto.



-Harry…. Disse voltando-se para ele.

-Gin, o que se passa contigo?

-Nada….

-Pareces tão distante… Tão diferente da Ginny que eu conheci… Tenho saudades da outra Ginny….

-Não és o único Harry…. – Agora estava de frente para ele, encarando os brilhantes olhos verde-esmeralda.



Ele começou a brincar com uma madeixa ruiva e Ginevra não disse nada.



-Gin… eu queria continuar a conversa do outro dia….



Ele inclinou-se, provavelmente para a beijar, mas ela esquivou-se.



-Harry… Não é momento para isso…..

-Tudo bem Gin… Eu entendo….

-Não Harry… Eu não quero que se repita o que aconteceu no outro dia… Eu não me sinto bem com isso….

-Tudo bem… Não precisas de dizer mais nada….. – Ele largou a madeixa ruiva e afastou-se.



A ruiva suspirou e caminhou até aos irmãos tentando esquecer tudo por uns momentos.

O jantar passou-se sem muitos problemas, os seus irmão passaram todo o tempo a mima-la e tentando anima-la e por vezes Ginny acabava por ceder aos irmãos.



- - - - -



Acordou já passava muito do nascer do sol. O dia anterior tinha sido complicado e ela demorara muito a adormecer.

Tomou um banho rápido e desceu as escadas. Não que tivesse vontade de o fazer, nem por sombras, mas sabia que Ron voltaria a insistir e ela não queria ter de falar mais naquele assunto.



Entrou na cozinha dando de caras com Ron.



-Oi Gin… Ia agora mesmo chamar-te….



Ela acenou levemente.



-Tenho boas noticias. Lê isto – Disse passando-lhe o jornal enquanto ela se sentava à mesa.



Ginevra desdobrou o jornal e apanhou um choque quando leu a manchete principal.



“Julgamento de Devoradores de Morte um sucesso”



Ela respirou fundo começando a ler a noticia. Falava do julgamento do dia anterior, dos acusados e do resultado do julgamento. Algumas fotos ocupavam a folha do jornal, uma delas que fez o seu coração bater mais rápido.

Era uma foto de Draco, tirada antes da guerra. Ela soube isso pelo comprimento do cabelo dele, estava muito mais curto. Na foto ele estava parado, podia até confundir-se com uma foto muggle se não fosse pelo piscar dos olhos ocasional.



Ela suspirou e leu o que se seguia à foto.



“Draco Malfoy, filho daquele que foi considerado um dos mais fiéis apoiantes de Voldemort, foi ontem condenado a tempo indefinido em Azkaban por ter atacado um dos aurores do Ministério, Neville Longbottom”



Ela parou imediatamente de ler o jornal, era demais para ela. Fixou um ponto para além do jardim da Toca e ficou assim durante bastante tempo.



-Gin, o que foi? Estás a sentir-te bem?



Mas ela não respondeu, ela nem sequer ouviu a voz do ruivo. O seu pensamento estava longe, muito longe, mais precisamente numa grande ilha, num lugar bem frio, o seu pensamento estava em Draco.



-Gin, estás a ouvir-me? – Perguntou passando a mão energicamente à frente da face da rapariga.



Ela voltou-se para o irmão e acenou levemente, voltando depois a fixar o ponto muito além do jardim da sua casa.



- - - - -



Os dias foram passando, dando lugar às semanas e às semanas dando lugar aos meses. O tempo passava com dificuldade para Ginevra. Os seus dias eram tristes apesar dos esforços da sua família para a fazerem feliz. Muitas vezes Mara passava os dias na Toca o que deixava Ginny minimamente feliz. Mas ela nunca mais seria a mesma, não depois do que tinha acontecido.



“So close, no matter how far

Couldn't be much more from the heart

Forever trusting who we are

and nothing else matters



Nothing else matters - Metallica”



As notícias sobre Draco eram escassas, praticamente já não saía nada nos jornais sobre os prisioneiros.



Era dia 1 de Setembro e supostamente ela deveria estar na estação para embarcar no Expresso de Hogwarts mas não nesse ano.

Hogwarts tinha sido danificado durante a guerra e algo tão antigo com tanta magia demorava a ser reconstruído, por isso ela teria de esperar até aos primeiros meses do novo ano.





Desceu as escadas tentando manter um sorriso no rosto, iria despedir-se do seu irmão.



-Gin, não quero que fiques triste….Sabes que eu não gosto de te ver assim…. Enquanto eu estiver fora vais manter esse sorriso na cara…. Caso contrario a mãe sabe o que fazer….

-E isso seria?

-Tu sabes! …. Tenho de ir…

-Dá um beijo por mim ao Harry e à Mione….

-Tudo bem….

-E não te esqueças de escrever!

-Sempre que puder…. – Beijou a testa da irmã – Fica bem….. Vemo-nos no Natal….

-Até ao Natal….



Beijou a face do irmão e de seguida ele desaparatou, deixando-a sozinha na sala.



- - - - -



Fazia quase dois meses que Ron tinha viajado, deixando a ruiva sem companhia.



-Mãe, vou buscar a Mara ao hospital.

-Tudo bem, mas não te demores, quero-vos aqui a horas para o almoço.



Ginny aparatou-se no hospital à porta do quarto de Mara. Abriu a porta e jurou ter visto uma mancha loira-platinada dentro do quarto. Abanou a cabeça, ele simplesmente não poderia estar ali.



Andou até à cama observando a loirinha dormir. Ela não ficou por muito tempo assim, logo se agitou abrindo os brilhantes olhos azuis.



-Olá linda…. Pronta para um passeio?

-Vamos à Toca? – Perguntou animada.

-Vamos baixinha, vou só falar com a Jenny.



Ginevra saiu do quarto por uns minutos voltando logo em seguida.



-Podemos ir baixinha.



- - - - -



Era tarde, tinha passado um dia bem animado com Mara. Estava cansada, sentia o corpo dorido mas ainda assim não tinha sono.



Caminhou até à secretária e duma gaveta tirou uma caixa de madeira. De lá tirou um monte de pergaminhos escritos com a própria letra. Eram as cartas que ela tinha escrito durante a guerra. Voltou as cartas com o verso para cima e começou a lê-las por ordem cronológica.



« “ St. Mungus, 1 de Novembro



Ainda não acredito que estou aqui. Não que seja uma coisa má, muito pelo contrário, ajudar as pessoas em tempo de guerra faz-me sentir útil. Mas fico triste ao saber que estou aqui contra a minha família. Todos participam, duma maneira ou de outra, na guerra e eu não queria ficar de fora, embora todos eles ainda achem que eu sou uma criança...[…]»





«“St. Mungus, 4 de Novembro



Faz hoje três dias que não vou á Toca ….. Sinto saudades da minha família, dos meus pais e irmãos e das discussões que sempre tínhamos …. Em tempos de guerra tudo é mais difícil….. Sei que devia aproveitar para estar com eles …. Mas a minha presença é precisa aqui, no hospital, com estas crianças….” […]»





«“St Mungus, 8 de Novembro



[…]…. O Malfoy ainda não acordou.... na realidade se não fosse o movimento do peito dele enquanto respira diria que estava morto …. Faz hoje uma semana que ele foi encontrado e contrariamente ao que seria de esperar ele continua desacordado …. As vezes fico preocupada com o estado dele … Será que ele voltará a acordar? …. As enfermeiras e os médicos que passam por aqui para o observar nada dizem … acho que nem eles, os especialistas sabem o que ele tem …. “»





«“St. Mungus, 16 de Novembro



[…] “….Estou preocupada com ele, mesmo sabendo que ele não merece nada vindo de mim … Provavelmente ele está assim por sua culpa … mas depois penso, ninguém merece uma coisa destas …. Parece que levou um beijo de um Dementor … está ali, naquela cama, sem qualquer reacção….”»





«“Toca, 20 de Novembro



[…] Tenho imensa vontade de voltar ao hospital para estar com elas. Nestes últimos dias também tenho pensado no Malfoy, será que ele deu mais algum sinal de recuperação?”…»





«“St. Mungus, 22 de Novembro



“…Finalmente estou de volta ao hospital. As três pestinhas ainda dormem por isso aproveito para escrever. Segundo pude reparar o Malfoy continua na mesma, imóvel naquela cama. Pergunto-me várias vezes, será que ele algum dia vai acordar?” […]»





«“St. Mungus, 23 de Novembro



Apesar da febre que ele teve esta noite acho que está a melhorar…. Pelo menos serviu para mostrar que ele já não se encontra num estado tão profundo de coma, se é que assim lhe podemos chamar … Enquanto se debatia parecia que estava apenas a ter um pesadelo …. Pode ser que ele acorde em breve …. […]»





«“St. Mungus, 1 de Dezembro



[…] “Finalmente o Malfoy acordou… Já me sentia estranha de o ver assim …. Mas estranha mesmo foi o que se revelou ser esta situação … Depois de estar um mês completamente “desligado” ele acordou sem qualquer memória do passado … Ele nem se lembra do próprio nome…. Se calhar esta situação é mais complicada do que imaginava …. Quer dizer, será que ele vai ficar assim por muito tempo? Sem memória, sem se lembrar de nada?..” […]»





«“St. Mungus, 6 de Dezembro



[…] O Malfoy, ou melhor, o Draco (como ele insiste que o trate) está totalmente restabelecido, tirando a parte da memória. De vez em quando ele lembra-se de coisas soltas, normalmente nomes de pessoas de Hogwarts.[…]



É estranho conviver com o Draco … Primeiro porque estava habituada a tê-lo como inimigo, a ouvi-lo dizer mal da minha família e agora somos como amigos …. Em segundo porque ele não se lembra de nada ….. É estranho falar com ele e a cada momento ter de parar a conversa para lhe explicar as coisas….[…] »





«“St. Mungus, 7 de Dezembro.



[…] “ Apesar do terrível amanhecer esta tarde foi maravilhosa…. À muito que não me divertia tanto…. Acho que o Draco me faz esquecer que estamos em guerra…. Passamos grande parte da tarde no jardim ….. A fazer guerras de neve e afins …. Tudo bem que a parte que nós caímos, ele em cima de mim, era dispensável …. OK, não era tão dispensável assim …. Mas a situação foi constrangedora …. Ele totalmente deitado em cima de mim e o rosto dele a centímetros do meu ….. E sinceramente foi uma óptima sensação…..” […]»





«“St Mungus, 15 de Dezembro



Faz hoje duas semanas que Draco acordou…. Embora ele continue na mesma, sem se lembrar de nada. […]…. O Draco recebeu alta ….. hoje saiu do hospital …. Agora está hospedado no Caldeirão Furado …. O que vou dizer a seguir pode parecer estranho mas sinto saudades dele …. Quer dizer ele era uma companhia para mim aqui no hospital …. Para mim e para as meninas….”»





«“St. Mungus, 19 de Dezembro



O Draco não voltou, não deu quaisquer sinais de vida… Será que ele está bem?

Estou preocupada…. Tudo bem que foram só três dias, mas será que lhe aconteceu alguma coisa?

Será que ele recuperou a memória e agora não quer voltar?

Será?



[…] Nestes três últimos dias tudo o que consigo pensar é nele…. Não é normal, definitivamente, não é normal …. Mas não consigo evitar….. Tudo me lembra ele e as pequenas não param de falar nele, de perguntar se vai voltar, quando vai voltar….”»





«“Toca, 22 de Dezembro



Voltei a casa para passar esta época com a família …. Faltam dois dias para a véspera de Natal e eu não podia estar mais ansiosa …. É a única altura do ano em que todos estão em casa, prontos a celebrar …. Este ano vamos ter connosco o Harry e a Hermione, vai ser bom estarmos todos juntos….[…]»





«“Toca, 24 de Dezembro



Faltam vinte minutos para a meia-noite…. Sei que deveria estar lá em baixo com os meus pais, irmãos, Harry e Hermione ….. Mas o que eu queria mesmo era estar com a Mara …. E por mais que não queira admitir, com Draco…. […]»





«“Toca, 25 de Dezembro



Devo dizer que este foi sem duvida um Natal diferente …. Principalmente a tarde que passei com Draco…. […] Foi sem duvida o melhor beijo da minha vida …. Nunca tinha sido beijada de uma forma tão apaixonada, tão fervorosa … apesar de todos os namorados que tive….Draco é sem duvida diferente de qualquer rapaz com que alguma vez estive…. E é apesar de tudo, muito imprevisível ….



«Podia ficar toda a noite a dar-te flores e nunca seriam suficientes» …. Foi a coisa mais romântica que me foi dirigida até hoje …. E tenho de admitir que em qualquer outro poderia ter sido até lamechas mas no Draco foi simplesmente maravilhoso …. E não posso negar, ele ficou lindo ao dize-lo…..”»





“Toca, 29 de Dezembro



Á três dias que estou presa nesta maldita casa…. Impedida de sair pelos meus próprios pais …. Malditos ataques, malditos devoradores da morte, maldito Voldemort, maldita guerra!!” […] »





«“Toca, 1 de Março



[…] “Não faço a mínima ideia de quanto tempo estivemos assim, só abraçados, sem dizer nada, no silêncio completo. A verdade é que eu me sinto nos braços como em nenhum outro lugar…. É como se tivesse sido feito só para mim, é tudo tão perfeito, o calor dele, o perfume dele, a simples presença dele faz com que eu me sinta bem….protegida…. resumindo, ele faz-me feliz…. […] … É raro o dia em que não nos encontramos e também é raro o dia em que ele não aparece com um presente, mesmo contra a minha vontade. Eu já lhe disse que não são os presentes deles que me fazem feliz e sim os beijos e os carinhos. Mas ele sempre responde que eu tenho direito por ser a namorada dele…..”»





«"Toca, 29 de Março



[…] Queria voltar a ver o Draco .... Talvez consiga convencer a minha mãe de que é seguro sair de casa.... Afinal o ultimo ataque foi á 3 dias ......"»





«"Toca, 3 de Abril



[…].... Foi uma discussão que começou por nada, e assim terminou, sem motivo nenhum .... Não sei o que se passa com ele.... Cada dia age de uma forma diferente, cada vez mais esquisita e eu ao menos sei motivo.... Talvez tenha a ver com o facto de a memória dele estar a voltar, cada vez mais depressa.... Não sei, sinceramente não sei...."»





«“Toca, 7 de Abril



Não é como se não tivesse tentado, desistido de pensar nele e em tudo o que aconteceu, mas é simplesmente impossível. A cada momento, a cada a vez que fecho os olhos eu lembro dele, do cheiro dele, da voz dele, do simples toque, como se ele estivesse aqui, a meu lado. Então a cena do outro dia vem à minha mente, as palavras amargas e o olhar de raiva, vêm até mim constantemente.



É arrepiante saber que apesar de tudo, apesar de tudo o que se passou, eu só consigo pensar nele, nos momentos que estivemos juntos e na sensação estranha que sentia enquanto não estávamos próximos… […]



Não seria melhor para mim ultrapassar isto como ultrapassei outras coisas?

Não seria melhor não me deixar influenciar por estes acontecimentos?

Não seria melhor tentar retomar tudo aquilo que tinha conseguido antes de ele ter entrado na minha vida?



E para todas estas perguntas eu tenho uma simples resposta, sim. Mas a dúvida reside num tão simples facto, o facto de eu ser ou não capaz de o fazer”»





«“Grimmauld Place, 17 de Abril



Estou muito preocupada. È o segundo dia sem noticias deles. Desde que partiram que o meu coração está apertado, como à muito tempo não estava. Trata-se de toda a minha família. Eu não sei o que faria se acontecesse algo com algum deles. São demasiado importantes para mim para eu poder sequer pensar nessa hipótese.”»





«“Toca, 20 de Abril



A guerra acabou e os ânimos estão mais exaltados do que nunca. As pessoas não se cansam de festejar e a situação não é para menos. Voltamos para a Toca naquele mesmo dia, e foi um alívio sair daquela casa. […]»





Relembrar todos aqueles acontecimentos tinha-a cansado mais do que esperava. Voltou a guardar as cartas na caixa e deitou-se na cama, abraçando a loirinha e adormecendo logo em seguida.





- - - - - Fim do 13º Capitulo - - - - -







N/A: Então…. Que tal o capitulo? …. Se tiverem lido com atenção vão ver que não fui tão má assim……

Esta parte final do capitulo com excertos das cartas foi para relembrar a história até aqui….. Agora a fic voltou ao principio …

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