Why Can't I Forget?





Cartas Para Ninguém



Capitulo 10



Why Can't I Forget?





Estava tudo escuro, assustadoramente escuro. A sua cabeça latejava, podia até sentir o pulsar do sangue nas suas têmporas. Ouvia vozes, bem distantes, que não conseguia distinguir. Tentou abrir os olhos mas as suas pálpebras, pesadas de mais, não obedeciam ao seu comando. Concentrou-se, queria saber a quem pertenciam as vozes e o que diziam.



-Não….algum tempo…… bem – Apanhava palavras soltas que não faziam sentido algum na confusão que estava a sua cabeça.



Tentou concentrar-se outra vez mas só conseguiu que a sua dor de cabeça aumentasse. Desistiu por um momento de tentar ouvir as vozes e concentrou-se em abrir os olhos. Quanto mais esforço fazia mais dores sentia. Abandonou definitivamente essa tarefa e deixou-se afundar ainda mais nas almofadas.



Não sabia o que tinha acontecido, a última coisa que se lembrava era de sentir um frio horrível e uma tristeza profunda, e esse frio começava a senti-lo de novo.

O seu corpo começou a tremer, numa tentativa de compensar a repentina perda de temperatura.

Sentiu algo a pousar sobre a sua testa, uma mão provavelmente, e de seguida ouviu uma voz preocupada.



-Ela está a arder em febre – Conseguiu reconhecer a voz como sendo a de sua mãe.



Tentou novamente abrir os olhos e desta vez foi capaz. As pálpebras pesadas abriram-se vagarosamente, tentando adaptar-se à luminosidade do quarto.



-Ela está a acordar…. – As vozes que ouvia ainda estavam distantes, mas distintas o suficiente para as reconhecer. Era a voz de Hermione.



Continuava a tremer, o frio era cada vez maior, apesar de estar afundada nos cobertores da sua cama.



Tentou erguer-se um pouco mas foi impedida por sua mãe, que estava sentada ao lado da sua cama.



-Descansa Gininha, tu não pareces muito bem.



Ela tentou dizer algo mas a sua garganta estava seca de mais e muito dorida o que a impedia de falar.



-Gininha eu vou lá abaixo preparar-te uma poção, entretanto a Hermione fica aqui contigo. Não te esforces, volto já.



Ela apenas acenou levemente, vendo a mãe sair do quarto e Hermione a aproximar-se.



-O que.….aconteceu? – Conseguiu murmurar depois de muito esforço.

-Não temos a certeza. Pouco depois de eu descer ouviu-se um estrondo lá em baixo. Ficamos preocupados, pensávamos que tivesse acontecido alguma coisa e quando chegamos cá a cima tu estavas estendida no chão, desmaiada. Já te sentes melhor?

-Frio….. – Murmurou com dificuldade ainda tremendo de frio.

-Provavelmente por causa da febre…. Daqui a pouco a Sra. Weasley chega com a poção…. Falando nela.



Molly entrou no quarto carregando uma caneca fumegante. Pousou-a na mesinha de cabeceira e ajudou Ginny a sentar-se, apoiada nas almofadas.



-Agora bebe tudo até ao fim.



Ginevra olhou para a poção fumegante, com um aspecto nada agradável á vista, provavelmente era mais uma daquelas poções que era obrigada a tomar na escola, daquelas que a faziam deitar fumo pelas orelhas, literalmente. Levou a caneca à boca, a poção, apesar de quente tinha um sabor agradável, tipo chá ou algo bem parecido.

Depois de terminar sentiu-se um pouco melhor, com a garganta menos dorida, mas ainda sentia o frio que parecia cada vez maior.



Molly observava a filha, preocupada, era suposto a poção ter efeito imediato, mas Ginny continuava a tremer incontrolavelmente. Levou a mão á testa da filha constatando que ardia em febre.



Ginevra começava a sentir os olhos cada vez mais pesados, como se não dormisse à dias. Aos poucos foi-se entregando à boa sensação de estar aconchegada, acabando por mergulhar num sono sem sonhos.



Acordou, ainda tremendo de frio, na escuridão do seu quarto. Provavelmente era tarde, muito tarde. Verificou que não estava sozinha, pois quando se mexeu ouviu uma voz.



-Gin, estás bem?

-Ron?

-Sim maninha, sou eu….

-Que fazes aqui?

-A Hermione contou-me o que se tinha passado, achei melhor vir cá e ajudar a mãe. Já sei como ela é, se a deixassem ficaria aqui ao teu lado sem se quer pestanejar.

-Que horas são?

-Por volta das 4 da manhã, porquê?

-Nem acredito que estive apagada por tanto tempo….

-Não importa, desde que te sintas melhor…..

-Eu ainda tenho frio, parece que a poção milagrosa da Sra. Weasley não funcionou.



Ron fez o que a sua mãe tinha feito anteriormente, e passou a palma da mão sobre a testa da ruiva, medindo a temperatura.



-Maldita febre que não baixa….. Já devia ter baixado, não sei o que se passa….

-Não deve ser nada Ron….

-Tu tens comido direito? Ok, nem precisas responder, sei que não. E dormido, tens dormido como deve de ser?

-Nem por isso Ron….

-Tu não te cuidas, Gin. Não me queres contar o que se passou para te deixar nesse estado? Tu nunca foste assim, nunca desististe da vida de tal maneira, diz-me o que aconteceu – Pediu.

-Ron, eu não quero falar sobre isso, não agora.

-Tudo bem Gin….



Ela tentou erguer-se mas uma forte tontura fez com que ela desistisse imediatamente.



-O que foi Gin? Estas a sentir-te mal?

-Já passa Ron….



Aconchegou-se nas almofadas, ainda meio zonza. Não sabia o que se passava com ela. Estava doente e isso era notório mas o que a intrigava era a razão da doença. Normalmente ela era uma pessoa saudável, sem qualquer problemas de saúde, é obvio que sempre haviam aquelas constipações vulgares mas que sempre passavam com uma boa poção.



-Queres que te vá buscar alguma coisa?

-Não, obrigado.



Tapou-se o melhor que pode com as cobertas e voltou a adormecer.



Quando acordou novamente uma fraca claridade enchia o quarto. Olhando em volta reparou que não estava ninguém no quarto, o que a fez respirar aliviada, não queria que se preocupassem com ela.



Tentou levantar-se mas logo foi atingida por uma forte dor de cabeça e uma violenta tontura. Era impossível manter-se de pé naquele estado pelo que ela tornou a deitar-se.

Já não tinha tanto frio como a noite anterior, pensou nisso como um indício da baixa de temperatura, mas ainda assim continuava a tremer levemente.



Pouco depois da tentativa frustrada de se levantar Ron entrou no quarto.



-Já acordada? Ainda é cedo.

-Onde está a mãe?

-Ela deve estar a vir aí… Eu tenho de ir para o Ministério… Só vim cá a cima dar-te uma última olhada antes de ir.



Aproximou-se da irmã e beijou-lhe suavemente a testa ainda quente.



-Vê se te alimentas como deve ser – Disse num tom meio autoritário antes de se desaparatar.



Recostou-se nas almofadas e inspirou profundamente, já não bastava toda a depressão por causa dos acontecimentos recentes e ainda tinha de ficar doente.



A sua mãe entrou no quarto e ao vê-la acordada a primeira coisa que fez foi poisar a mão na sua testa, para verificar a temperatura.



-Começo a ficar preocupada Gininha, a febre deveria ter passado ontem, logo depois de teres tomado aquela poção. É muito raro não funcionar, se a tua febre não baixar até logo à tarde temo que será preciso ir até ao St. Mungus.

-Eu não sei mãe, eu já me sinto melhor…. A sério – Acrescentou ao ver a cara de descrença da mãe.



-Ainda assim Gininha, está decidido, se a febre não passar até à tarde vamos ao St. Mungus.



Ginevra tentou protestar mas logo foi cortada pela sua mãe.



-Vou buscar o pequeno-almoço – E saiu do quarto logo em seguida.



Ginny bufou irritada, não queria ir ao hospital, não queria sair de casa, muito menos sair da sua cama. Queria ficar ali e esquecer que o mundo exterior existia.



Logo depois Molly voltou com um tabuleiro carregado de comida, que fez a ruiva ficar enjoada só de olhar. À dias que não comia nada de jeito, e pelo visto não lhe fazia falta. Na realidade nada lhe fazia falta, ela só queria estar na cama, sem fazer nada sem pensar em nada, ignorando tudo a seu redor.



Ginny mal tocou na comida, e o pouco que levou à boca foi para não deixar a sua mãe ainda mais preocupada.



-Vamos Gininha, tenta comer alguma coisa.

-Eu… eu estou cheia….

-Cheia? De quê? De ar? Só pode ser, tu não te tens alimentado estes últimos dias… Gininha sabes muito bem que não se brinca com a saúde…. Agora come…



Mas por mais que a sua mãe insistisse ela simplesmente não conseguia engolir a comida. Acabou por não comer mais nada deixando Molly ainda mais preocupada do que anteriormente.



Passou toda a manhã na cama, tentando afastar quaisquer pensamentos da sua cabeça, mas a sua tarefa estava a ser completamente impossível.



A hora do almoço foi outro suplício para ela. Ginny obrigou-se a comer para não preocupar a mãe, e além do mais ela não queria ir ao hospital, talvez se comesse ficasse melhor.



A meio da tarde Molly subiu até ao quarto da filha para verificar o seu estado. Ginevra tremia mais do que nunca, parecia que a temperatura dentro do quarto atingia valores negativos.



-Estas a sentir-te bem Gininha? – Perguntou chegando perto da rapariga e pousando-lhe a mão na testa – É claro que não, tu estás a arder em febre. Temos de te levar ao hospital o mais depressa possível. Eu vou chamar o teu pai. Não, é melhor chamar já o medi-bruxo…. Não me parece que te faça bem sair da cama com essa febre.



De seguida Molly saiu do quarto meio atarantada deixando a ruiva sozinha novamente.



Sentia mais frio do que nunca, todo o seu corpo tremia incontrolavelmente, sentia a sua garganta seca e os olhos muito pesados.



Estava a entrar numa dormência, num estado de semi-sono, quando alguém entrou no seu quarto. Era a sua mãe, mas não estava sozinha. Vinha acompanhada por um homem alto jovem, provavelmente o medi-bruxo.



Ele analisou-a, com feitiços e técnicas que ela não identificou. Alguns minutos depois afastou-se dela, e chamou Molly para uma conversa que Ginny ouviu claramente.



-O que é que ela tem? – Perguntou Molly preocupada com a saúde da sua filha.

-Absolutamente nada.

-Como assim, absolutamente nada?

-É o que lhe digo, apesar da febre ela não tem nada.

-Mas isso não pode ser… Ela tem estado tão doente….

-Mas não sei o que possamos fazer. Claramente isto não é uma doença física ou algum tipo de maldição…. Só resta uma hipótese plausível.

-Que seria….?

-Foro psicológico.



Molly fez uma cara de espanto e interrogação e logo o jovem apressou-se a completar.



-Ela pode estar assim devido a um trauma ou algo parecido. Os sintomas que ela apresenta podem ser apenas psicológicos. Se ela teve uma grande perda, ou algo parecido, isso reflecte-se, neste caso, na saúde dela.

-Quer dizer que isto tudo é imaginação dela?

-Não é bem isso. Ela está, na realidade, doente. Mas a causa dessa doença parece não ser física.

-E o que é que nós podemos fazer?

-Procurar saber porque é que ela está assim, o que aconteceu para a deixar neste estado. Entretanto aconselho a que ela não saia de casa, a febre está muito alta e temo que não possamos fazer nada para a baixar.



A conversa ficou por ali, ou pelo menos o que ela ouviu, porque depois a sua mãe e o jovem medi-bruxo saíram do quarto deixando-a novamente sozinha.



Estaria ela assim por causa do Malfoy? Não podia ser, podia? Mas ela tinha ouvido o médico, tudo aquilo estava relacionado com uma grande perda, um trauma e a única coisa que ela tinha realmente perdido fora Draco. Mas por essa ordem de ideias, se ela estava doente por tê-lo perdido só melhoraria se o tivesse de volta. Mas isso era impossível, eles nunca mais ficariam juntos. Estaria ela condenada a viver assim, doente?

Ela não queria estar assim, ela queria viver uma vida normal acima de tudo. Queria poder sair de casa, terminar a escola, casar e ter filhos. Ela não podia ficar doente para sempre. Mas ficaria a menos que não superasse toda aquela situação.



Agora tinha uma razão bem forte para pôr tudo aquilo para trás das costas, a sua saúde. Tinha de deixar de pensar nele, deixar de chorar, erguer a cabeça e continuar a sua vida como se nada tivesse acontecido.





Os dias foram passando, Ginevra ia melhorando, mas ainda tinha dificuldade em sair da cama, as tonturas e as dores de cabeça persistiam assim como a febre.



Acordou com alguém a entrar no quarto e a abrir as cortinas que cobriam as janelas. Fazia uma semana que ela estava trancada naquele quarto.



-Bom dia Gininha.

-Bom dia mãe – Disse ainda ensonada.

-Tenho uma surpresa para ti.

-Sério?



A sua mãe sorriu e saiu do quarto. Tudo aconteceu muito depressa depois disso, e quando se deu conta tinha uns braços apertados fortemente em torno do seu pescoço.



-Mara!



Com tantos acontecimentos na sua vida tinha deixado de ir ao hospital e consequentemente deixado de estar com Mara.



-Baixinha, tive tantas saudades tuas…..



Passou toda a tarde a brincar com a loirinha, matando as saudades que se tinham instalado. Pela primeira vez em muitos dias ela tinha esquecido completamente Draco.



Foi um desastre quando Molly tentou levar Mara de volta ao hospital.



-Mas mãe, por favor, pede à Jenny. Aposto que ela não se vai importar de deixar a Mara cá ficar por uns dias.

-Eu não sei Gininha, tu estás doente, pode não te fazer bem.

-Mas mãe…

-Se bem que por outro lado tu pareces muito melhor desde que ela chegou. Pensando bem acho que vou pedir á Jenny que deixe a pequena ficar cá por uns dias.

-Brigada mãe.





Molly deliciou-se ao ver a filha comer com apetite à hora do jantar. Era espantoso o efeito que a loirinha tinha na rapariga, nem parecia que a ruiva estava doente.



Junto de Mara, a ruiva esqueceu tudo o que a preocupava, tudo o que tinha acontecido, tudo o que a deixava doente.

Mas assim que a pequena adormeceu, enroscada nos seus braços, Ginevra voltou a lembrar o que tinha acontecido antes e depois de estar tudo acabado.





“So, why can't I forget

The day I met him?

Why can't I forget him

And every word he said?





We had so much to say

Why can't I forget him?

It's funny in a way



Funny just remembering

The way we laughed at everything

I found the one that I'd been waiting for

I could hardly recognize





Why can't I forget

The way he touched me?

I see his face, desire in his eyes,

The smile he gave to no one else,

His silences and sighs

Why can't I forget

The way he loved me,

The way I loved him,

And the way he said goodbye?



Why Can't I Forget? - Maureen McGovern”







- - - - - Fim do 10º Capitulo - - - - -





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