O dia mais esperado



 



Como o casal Granger-Weasley e os seus dois filhos se sentem ao acordar naquela manhã? Após 19 anos, Ron e Hermione precisam voltar à Plataforma 9 ¾ . Dessa vez, no entanto, a emoção ainda é maior.



 



 



 



A cama estava quentinha e aconchegante. Gostaria de dormir um pouco mais, envolvida por aquele perfume cítrico do qual tanto gostava. Ao se mexer para olhar o relógio na cabeceira da cama, o marido abraçou-a com ainda mais força. Que pena! Já eram seis horas. Precisava levantar para encarar um grande desafio.



Depois de se desvencilhar dos braços do ruivo que pesavam sobre ela, Hermione sentou na cama, colocou o penhoar e calçou o chinelo. “Onde você vai? Ainda não amanheceu”, ouviu a voz um tanto rouca e sonolenta de Ron. Costumavam acordar por volta das 7 horas, quando a claridade já começava a entrar pelas cortinas do quarto.



— Hoje é 1º de setembro, esqueceu? – Hermione perguntou, mas não obteve resposta, já que o marido havia se virado para o outro lado da cama e voltara a ressonar.



Foi até o quarto da filha e encontrou a cama arrumada. O malão, devidamente fechado, já estava próximo à porta. Devia imaginar que Rose, ansiosa e “certinha” como ela, não aguardaria por alguém para ser despertada.



Encontrou a garota na cozinha, terminando de lavar a própria louça. “Rose, você não me esperou para tomarmos café da manhã juntas?”, Hermione fez a suave queixa.



— Ainda bem que você acordou, mãe. Eu estava pensando em mandar uma coruja para o tio Harry pedindo para ele me buscar aqui. Não quero me atrasar – a menina já levantara da cama acelerada.



— Como assim? Você acha que, por acaso, eu e seu pai abriríamos mão de te levar até a estação? – Hermione colocou as mãos na cintura.



— Mas eu não posso chegar atrasada, mãe. O Expresso de Hogwarts não espera! E garanto que papai ainda não acordou – a garota rebateu.



— O Expresso parte às 11 horas, Rose. Combinamos de acordar mais cedo para tomarmos calmamente o café da manhã e conversarmos um pouco. Temos muito tempo ainda – a mãe falou com o tom de voz suave que sempre acalmava a menina.



Há muito tempo conversavam sobre aquele momento. Quando Rose Granger Weasley recebeu a carta-convite para ingressar em Hogwarts, a troca de confidências entre mãe e filha se intensificou. Inteligente, curiosa e um pouco insegura, a garota queria saber tudo sobre aquela tradicional Escola de Magia e Bruxaria.



— Mãe, como foi mesmo que conheceu papai e tio Harry? – Rose perguntou e ouviu mais uma vez, com grande interesse, a história que já sabia de cor e salteado.



— Filha, você terminou de ler “Hogwarts, uma história”? – a mãe insistia com aquele pedido e não ficou satisfeita quando a filha balançou a cabeça afirmativamente. – Leu tudo? Do começo ao fim?



— Bem, eu cheguei ao fim. Mas pulei umas páginas do livro. Estavam cansativas e papai falou que não eram tão importantes – Rose confessou um tanto receosa.



— Seu pai falou que não eram importantes? Sei. Depois vou ter uma conversa muito séria com o senhor Ronald Billius Weasley – Hermione cruzou os braços e revirou os olhos.



— Não fala nada com papai. Ele viu que eu estava nervosa porque não conseguia terminar o livro e quis me ajudar – ela tentou minimizar.



— Quis te ajudar? Realmente o seu pai dá uma grande ajuda ensinando os filhos a ser preguiçosos – apesar de ter ficado mais maleável e menos rigorosa depois de tantos anos de convivência com Ron, havia coisas que Hermione não aceitava.



— Tenta pegar leve – a menina abriu um sorriso que lembrava muito o do pai quando queria pedir desculpas por algum vacilo. – Pelo menos hoje. Não gosto quando vocês dois discutem.



— Tudo bem. Eu também não quero me desentender com seu pai. Pelo menos hoje – ela repetiu as palavras da filha e respirou fundo, para se acalmar.



— Não consigo entender você e papai. Tio Harry falou que vocês brigavam tanto em Hogwarts que ele achava que podiam acabar se matando. Agora estão casados...



Aquele era um assunto difícil de explicar, principalmente para uma menina de 11 anos. Mas Hermione sabia que a filha era muito inteligente e entenderia, ao menos um pouco, a sua tempestuosa e apaixonante história de amor.



— Rose, quando você crescer um pouco mais, vai compreender melhor. Muitas vezes nos desentendemos com alguém porque experimentamos algo forte por ele, algo que nos desestabiliza, nos tira da zona de conforto, faz com que a gente repense até os nossos valores e escolhas. Foi isso que aconteceu comigo e seu pai. Mas quando tivemos coragem de nos olhar profundamente, descobrimos que todo aquele emaranhado de sentimentos era, na verdade, fruto do mais puro amor – ela sorriu e fez um afago nos cabelos ruivos da filha.



— Você está querendo dizer que você e papai se amam, não é isso? Papai falou que o melhor das brigas é fazer as pazes. Eu não entendi muito bem. Se o melhor é fazer as pazes, por que vocês brigam? – Hermione percebeu que aquele assunto era ainda complexo para a filha.



— Não se preocupe com isso. O mais importante você já entendeu. Eu e seu pai nos amamos. E amamos muito você e Hugo – ela puxou Rose para um abraço.



A conversa na cozinha se estendeu por uma hora. Já passava das sete da manhã quando Hermione decidiu voltar ao quarto para acordar o marido. Não seria uma tarefa fácil, já que ele gostava muito de dormir.



Começou tentando despertá-lo gentilmente. Isso quase nunca dava certo. Mas Hermione sabia que só deveria gritar ou jogar água no rosto de Ron como último recurso, para evitar que ficasse bravo com ela. Dezenove anos depois do início do namoro, os dois brigavam muito menos do que na adolescência, mas ainda tinham pequenos desentendimentos.



No fundo, sentia pena de obrigar o seu ruivo a acordar. Talvez ele ainda sonhasse com os momentos incríveis que haviam vivido na noite anterior. Ela acariciou as faces sardentas de Ron com suavidade e começou a chamá-lo, elevando gradativamente a voz.



— Oi, Amor. Só mais um tempinho. Daqui a pouco eu te dou todo o carinho que você merece - Ron tirou as mãos da esposa do rosto dele e se virou para o outro lado da cama.



Ela segurou Ron pelo ombro, dando uma leve sacudida, e insistiu. “Você precisa acordar. Esqueceu que hoje sua filha está indo para Hogwarts?”. Diante da inércia do marido, que se limitou a dizer “já vou” com um fio de voz e a cobrir o rosto com o lençol, Hermione resolver ser mais enérgica. Começou a bater nele com o próprio travesseiro, cada vez com mais força.



— Eu te amo também, Hermione. Você é tão carinhosa que chega a me comover – ele tirou o rosto debaixo do lençol e arregalou os olhos azuis.



— Você quer que Rose perca o Expresso de Hogwarts? – ela estava com os braços cruzados e olhava muito séria para o marido.



— Humm... É hoje, né? Mas ainda está cedo. Nem são oito horas. Deita aqui do meu lado – Ron a puxou com força e, assim que Hermione caiu na cama, foi logo abraçada pelo marido.



— Ron, por favor, para. Agora não é o momento para isso – ela tratou de dizer, antes que se deixasse levar pelos beijos que recebia do ruivo no pescoço.



— Eu preciso tanto de você. Fica aqui comigo mais um pouquinho – ele convidou começando a beijar a orelha da esposa.



O ruivo tinha aquele poder de envolvê-la completamente. A única vez que se atrasou para o trabalho, em quase 18 anos de atuação no Ministério da Magia, foi por culpa do jeito sedutor do ruivo. Nove meses depois nasceria Hugo.



— Ontem à noite já me teve toda para você, Ron. Agora é Rose que precisa de nós. Você não imagina a ansiedade da nossa filha – ele parou no mesmo instante de fazer carinho nas costas de Hermione, que a essa altura estava com o rosto encostado no peito do marido.



— Rosinha? – Ron levantou abruptamente, jogando a esposa para o lado da cama. – Preciso falar com ela. Ficamos de conversar um pouco mais hoje.



 



 



* * * * * * * * * * *



 



 



O que acharam? Rose tem muito da mãe, não é? Mas logo vão descobrir que, em alguns aspectos, ela é bem parecida com o pai.



Espero por vocês nos reviews e no próximo capítulo, que já estou postando ♥


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