De Weasley para Weasley



 



Ron tem alguns bons conselhos para dar a Rose antes do embarque no Expresso de Hogwarts, mas precisa fazer isso distante da esposa. Hermione, por sua vez, vai ter uma surpresa ao ver que Hugo possui pensamentos muito diferentes do dela.



 



 



 



— Bom dia, filha! – Ron deu uma leve batida na porta antes de entrar no quarto de Rose que, sentada na cama, conferia pela décima vez naquela manhã a lista de materiais para o primeiro ano em Hogwarts.



— Oi, pai! – ela abriu um lindo sorriso. – Ainda bem que acordou. Achei que não conseguiria ir comigo até a plataforma.



— Eu não perderia isso por nada desse mundo – o bruxo se aproximou e deu um beijo afetuoso na filha antes de sentar ao lado dela na cama. – Vamos continuar aquela conversa de ontem?



— Ah, sim, a sua lista de coisas que devo e não devo fazer em Hogwarts – a garota e o pai trocaram sorrisos cúmplices.



— Sua mãe não pode saber disso. É o nosso segredo! Do que está rindo? Se ela descobrir vai me lançar um azaração poderosa – ele exagerou na cara de assustado.



— Combinado, pai. Vai ser o nosso segredo – Rose concordou. – Quer que eu anote?



— Claro! Sempre é bom anotar. Assim você não esquece – Ron aproveitou para dar mais um beijo na filha. – O primeiro item da lista é: nunca diga que um colega não é bom na execução de magias e não corrija a pronúncia de alguém ao formular um feitiço.



— Nem quando for para ajudar? – a garota o olhou com curiosidade.



— Em hipótese alguma. Todos nós temos um talento e qualquer forma de censura pode bloquear o desenvolvimento desse dom – Ron, que demorara a entender as próprias capacidades, hoje podia se gabar do seu poder de conquistar certa bruxa muito inteligente.



— Anotado! Quais são os outros itens da lista? – Rose se virou para olhar melhor o pai.



— Não queira ser a melhor aluna da turma. Nem responder a todas as perguntas. Perder um ponto não é o mesmo que perder a vida – Ron dava ênfase a esses itens, por considerá-los o mais difíceis de serem cumpridos pela garota. – Estude apenas o suficiente. Prefira a companhia das pessoas que a dos livros.



— Pai, com esse último item não concordo. Acho que posso gostar de um jeito igual dos livros e das pessoas – ele arqueou as sobrancelhas considerando aquilo um avanço, já que Hermione sempre preferira os primeiros.



— Podemos negociar. Que tal gostar apenas um pouquinho mais das pessoas que dos livros? Até sua mãe, que dispensa minha companhia pela dos livros – Ron ainda tinha ciúmes disso e admitia –, concorda que as amizades são o que realmente importa.



— Mamãe sempre fala que a maior conquista que fez em Hogwarts foram as amizades. Mas... Pai! Como assim ela prefere os livros? Mamãe disse que sempre preferiu você – Rose deu uma gargalhada e Ron riu junto com a filha.



—Bem, isso nos faz chegar ao próximo item. Hogwarts não é um lugar de namorar e sim de se formar como bruxo e ....



— Eu não quero nem me casar! Vou me dedicar às causas bruxas, como o tio Carlinhos – ela interrompeu o pai.



Ron ergueu uma das sobrancelhas. Aos 11 anos, pensava como a filha. Mas foi então que conheceu uma menina mais esperta que ele, com um jeito mandão, e aos poucos foi mudando de idéia.



— Não custa lembrar desse item, que é muito importante. Nada de namoro em Hogwarts. Mas vamos ao próximo – Ron tentou continuar a conversa.



— Que história é essa, pai?! Você namorou em Hogwarts, que eu sei! Mamãe até hoje tem ódio de uma tal de Lilá Brown – a garota fez um gesto típico de Hermione, colocando as mãos na cintura.



— Foi uma grande burrice. Por isso que falo para não namorar em Hogwarts. Mas fui devidamente castigado pelo erro cometido - ele balançou a cabeça enquanto lembrava claramente de Hermione, enfurecida, lançado os pássaros contra ele.



O pai pigarreou antes de continuar, com a devida solenidade. Afinal, falaria do que julgava mais importante. “Então, Rosinha, a sua maior meta na escola deve ser entrar para a equipe de quadribol da Grifinória”.



— E se eu não for selecionada para a Grifinória? – Rose não conseguiu esconder o pavor que aquela hipótese despertava nela.



— Claro que vai. Todos os Weasley, há muitas gerações, são selecionados para a Grifinória. E você é uma Weasley – o pai a tranquilizou.



— Mas mesmo que eu for para Grifinória, posso não entrar no time. Tia Gina disse que a seleção é muito rigorosa – ela arregalou os olhos.



— Não se preocupa com isso. Tenho certeza que não vai quebrar essa tradição dos Weasley. Todos nós jogamos bem, menos seu tio-almofadinha Percy – ele fez uma careta mais por implicância já que, depois da morte de Fred, havia se aproximado do irmão. – E você é uma ótima artilheira, vai seguir os passos do seu tio Carlinhos.



— Mamãe disse que não devo pensar em quadribol. Tenho que me focar no estudo – ela parecia um tanto confusa.



— Não leva muito a sério o que a sua mãe fala. Você consegue estudar e jogar ao mesmo tempo. Só não esqueça que não precisa ser a melhor aluna – Ron deu uma piscadela para a filha.



— Preciso anotar mais algum item? – ela mostrou ao pai a lista escrita no pergaminho com uma letra desenhada.



— Não, está ótimo assim. No caso de alguma dúvida, mas, principalmente, se você sentir-se confusa e tiver medo, pode escrever para mim. Eu sei muito bem o que é isso. Agora me dá um abraço – ele se levantou e puxou a filha para envolvê-la de um jeito carinhoso e protetor.



Enquanto pai e filha conversavam, Hermione lutava para acordar Hugo, que tinha um sono profundo. Depois de tentar tirá-lo da cama com gestos e palavras suaves, precisou sacudir o filho e puxar a coberta dele.



— Eu não quero levantar. Quem vai para a escola é Rose. Não sou eu – o menino respondeu mal-humorado.



— Mas todos nós temos que levá-la até à Plataforma 9 ¾ . Você não pode ficar sozinho – a mãe impacientou-se.



— Me deixa aqui com Bichento. Ele é uma ótima companhia – Hugo argumentou.



Nesse momento, percebendo que o garoto falava dele, o gato laranja que fora causa de tantos desentendimentos entre ela e Ron saiu debaixo da cama e se aninhou junto às cobertas. Bichento já tinha pelo menos 25 anos, uma vida longa para um felino, e tornara-se o grande amigo de Hugo, com quem dividia o quarto.



— Eu concordo com você. Bichento é uma ótima companhia. Mas você não vai ficar em casa. Vamos todos acompanhar a sua irmã embarcar no Expresso de Hogwarts – ao falar aquelas palavras, Hermione sentiu-se tensa, já que não seria fácil ficar longe da filha.



— Já vou logo avisando que eu não vou estudar em Hogwarts. Vou aprender magia em casa – o garoto, já sentado na cama, surpreendeu a mãe com aquela afirmação.



— Como assim não vai estudar em Hogwarts? Claro que vai. Ao menos que não receba a carta-convite, mas acho isso é praticamente impossível para um Wealey – a mãe falou orgulhosa por agora fazer parte daquela família.



— Não sei por que precisamos ir para Hogwarts. Tio Jorge falou que os alunos da escola passam a maior parte do tempo lendo uns livros pesados e empoeirados, quase não praticam magia – o garoto rebateu.



— Hugo, não é bem assim. E qual é o seu problema com livros?  - Hermione ficou séria.



— Mãe, eu não gosto de ler. É muito cansativo. Mas gosto muito quando você conta histórias para mim – ele sorriu.



Hermione afagou os cabelos vermelhos do filho com ternura. Hugo lembrava tanto o pai que não conseguia ficar chateada com ele por muito tempo. Ainda assim, não aceitaria que o garoto tivesse preguiça de ler e estudar.



— Hugo, os livros me ajudaram muito e também ao seu pai e ao seu tio Harry.  Graças aos livros aprendi muitas coisas que foram fundamentais para derrotarmos juntos o Lorde das Trevas – a mãe argumentou.



— Mas eu preciso ir para Hogwarts para ler? Você tem tantos livros aqui... – o menino, que era muito inteligente, fez nova tentativa de driblar a mãe.



— É diferente, Hugo. Lá você também vai aprender muitas magias e adquirir conhecimentos que não estão nos livros. Hogwarts nos prepara para sermos bruxos valorosos, que trabalham para um mundo melhor – ela falava com convicção.



— Tio Jorge não terminou Hogwarts e ganha muito dinheiro com as Gemialidades Weasley. Tio Harry também não e é chefe dos Departamentos dos Aurores. Papai não fez o último ano e conseguiu ser auror, como ele queria. Não preciso ir para lá. Posso aprender magia em casa – o garoto herdara a teimosia do pai e a capacidade de argumentar da mãe.



— Hugo, seu tio Jorge sempre teve outras aptidões, mas ele é uma exceção. Harry e seu pai só não terminaram porque precisaram parar os estudos para empreender a jornada em busca das horcruxes. Aqueles meses valeram por uma escola. Mas você não vai enfrentar algo assim, então tem mesmo é que frequentar Hogwarts – Hermione estava colocando um ponto final nos argumentos do filho.



— Você ainda não me convenceu – respondeu o menino enquanto fazia um carinho em Bichento.



— Ainda tenho dois anos pela frente para te convencer da importância de frequentar Hogwarts. Agora coloca logo a roupa e venha tomar o café da manhã. Não podemos chegar atrasados na plataforma – ela cruzou os braços na tentativa de fazer um ar mais sério, sem muito sucesso.



 



 



* * * * * * * * * *



 



Gostaram dos diálogos de pais e filhos? Não deve ser fácil para Hugo e Rose receberem orientações tão diferentes assim. Mas acho que eles vêm se saindo muito bem e já estão fazendo as próprias escolhas  :-)



 



 


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