O Baile do Slugue



Capitulo nove



O Baile do Slugue



Hogwarts estava linda naquele domingo, debaixo da bétula dava para ver toda a extensão dos campos da escola, o gramado verde, as folhas cintilantes, as arvores imponentes, o campo de quadribol, o castelo sempre grandioso, o lindo lago que hipnotizava qualquer um, e a floresta proibida, que escondia aquele detestável dragão, tudo em seu devido lugar, a brisa suave balançava os cabelos de Alvo enquanto ele olhava de longe para uma linda ruiva, que se parecia bastante com sua mãe, seus cabelos altos e cor de fogo voavam ao toque do vento, dava para ver seus lindos olhos azuis de longe, e suas sardas davam um charme a mais naquele rosto com uma beleza tão elegante, ele tinha brigado com todos que amava, primeiro seu irmão, depois sua prima e agora, o que não foi bem uma briga, com Isabella, parecia que o universo estava conspirando a favor de todos, menos ao seu favor, ele ainda não tinha entendido muito bem o porquê da reação exagerada dele no dia anterior no campo de quadribol, após refletir por horas com a ajuda de seu amigo ele tirou as besteiras de sua cabeça, entrou na escola e recebeu um aceno de sua amada assim que a encontrou, em resposta ele abriu um grande sorriso, parecia que tudo estava bem, mas ele tinha certeza que não, mergulhado em seus devaneios ele não percebeu que continuava a olhar para sua prima e nem que ela se aproximava, depois de dias aquele era o momento de fazerem as pazes, e Alvo já não aguentava mais de ansiedade.



- Eu vi que você se tornou apanhador da Sonserina. – Ela disse de uma forma fria, se sentando do lado do primo e encostando suas costas no tronco da bétula.



- É... Foi. – Alvo disse sem graça, com um sorriso bobo no rosto, estar com sua prima era gratificante, era a linha tênue da presença de sua família, e isso dava graça a vida.



- Também vi que você foi abraçado no final do jogo. – Alvo corou, ele ficou surpreso com o que tinha acabado de sair da boca da prima, ela tinha falado com descaso e virado o rosto para ele, olhando diretamente em seus olhos, com um sentimento inexplicável que emanava de seu ser. – Como também vi quando você a salvou na aula de voo, vi sua expressão de preocupação quando ela estava na enfermaria, e como você jogou olhares indiscretos para ela na hora do jantar, fora isso, também vi como você aproveitou sua ultima semana cercado de garotas, como seu irmão, algo que você me jurou que nunca seria. – Seus olhos estavam marejados e sua voz embargada, ela olhou para baixo e limpou com as costas da mão uma lagrima que caia pela sua bochecha.



Alvo se lembrava daquela promessa, ele tinha feito ela nas férias de natal do primeiro ano de James em Hogwarts, bem no dia em que seu irmão chegou com Fred.



- Pegamos todas as garotas da escola esse ano. - James disse para quem quisesse ouvir, jogando o malão no sofá, Fred vinha logo atrás, sorrindo descaradamente, Harry balançou a cabeça negativamente e abriu um sorriso maroto pela fala do filho, aquela atitude lhe lembrava uma pessoa que ele conhecia muito bem. – E pegaremos as dos anos seguintes.



- Espero que se case. – Gina falou, olhando feio para o filho, com o olhar que só ela sabia dar, como se o estivesse avaliando, querendo saber algo que ela ainda não sabia, o que era quase impossível.



-Um dia, quem sabe, mamãe? – James respondeu subindo as escada com Fred atrás, Rose e Alvo estavam sentados em um degrau qualquer e ouviram quando James completou a frase sussurrando. –Mas antes vou aproveitar com todas essas iludidas. – Os dois institivamente olharam para si, Alvo riu baixinho e Rose fingiu que estava enjoada, jogando o vomito imaginário no degrau abaixo de onde eles estavam, e olhando com reprovação a Alvo que ainda ria, achando graça do que James falara.



Depois de jantarem com todos da família, os dois foram até o quintal e se deitaram na grama, um do lado do outro, a noite estava linda, a lua cheia refletindo a luz do sol e o céu limpo, cheio de estrelas brilhando e fazendo com que saíssem faíscas dos olhos de Rose, depois de ficarem admirando todo aquele belo cenário abraçados, tentando de alguma forma se abrigarem nos braços um do outro do frio gelado da noite, Rose de repente disse que achava as atitudes de James machistas e ridículas, ela sabia o que seu primo mais velho fazia com todas as garotas, mas não pensava que ele poderia ser tão asqueroso, naquele momento, para alegrar sua querida prima, Alvo disse as seguintes palavras: "Eu juro solenemente, de baixo do luar e das estrelas, que nunca serei como um James Potter, Rose!", ele sorriu e apertou ainda mais sua prima em seus braços, que envolveu sua cintura e descansou sua cabeça em seu peito, Alvo sempre soube que ela via nele um porto seguro, e que ele tinha o dever de dar o exemplo e protege-la, e era isso que ele estava fazendo, protegendo sua prima em seus braços, ele gostava da sensação de estar com ela, sentir seu cheiro e sua pele, gostava do sensação estranha que invadia seu peito quando fazia isso, mas nunca soubera o que aquilo significava, apesar de sempre ter uma pequena suspeita, Rose o abraçou ainda mais forte e ele depositou um beijo delicado em sua testa, ela sorriu e selou rapidamente seus lábios em um selinho, ela sempre fazia aquilo, começou dês de criança, a principio Alvo não gostava, mas com o tempo ele foi se acostumando e aprendendo a não reagir de uma forma violenta, e sim demonstrar o mesmo carinho para com ela, Rose não fazia aquilo com mais ninguém, e seus pais cismavam que ela o fazia pois gostava dele de um jeito diferente, Alvo sempre entendeu que ela gostava mais dele do que de todos, era um jeito de falar que ele era o parente preferido dela, com o passar dos anos ele descobriu o que realmente eles queriam dizer, quando os dois entraram, Rony, o tio de Alvo e pai de Rose, estava sozinho na sala e disse que tinha visto eles se beijando e que algum dia iriam namorar, Alvo ficou possesso de raiva no momento, e gritou, falou sem pensar coisas que magoaram profundamente Rose, toda a família desceu escutando os gritos do garoto e o choro da menina, quando Alvo viu as lagrimas de Rose acariciando delicadamente suas bochechas ele se sentiu a pior pessoa do mundo, ela subiu correndo e passou a noite inteira soluçando no quarto ao lado de Alvo, e ele subiu depois de ouvir um sermão de cada membro da família, e passou a noite em claro pensando em como Rose estava se sentindo e ouvindo os soluços altos da garota, no dia seguinte ele entrou no quarto da prima e suplicou o perdão da mesma, os dois fizeram as pazes assim que ele jurou que nunca abandonaria ela, mas a partir daquele momento ele nunca mais deixou que ela selasse seus lábios.



- Eu ainda não quebrei a jura, Rose. Não quebrei nenhuma das que fiz para você! – Alvo respondeu, ele não sabia que aquilo tinha sido tão importante para Rose, nem porque ela estava daquele jeito, desesperada, era uma atitude estranha vindo dela, Rose chorava, mas nunca chorou na frente dele e nem de ninguém, ela estava expondo seus sentimentos e Alvo não sabia o que fazer.



-Disse bem Alvo, "ainda", mas vai quebrar, eu sei, você esta me abandonando, eu sinto. – Ela disse com a raiva em sua voz, fazendo com que mais algumas lagrimas caíssem.



-Do que você esta falando, Rose? Não estou te entendendo, você que me abandonou, quando ficou com ciúmes de Scorpius, ficou com medo de me perder e usou todas as suas armas, como sempre faz, acabou que me perdeu para as suas atitudes! – Alvo quase gritou, mas se segurou, ele amava a prima, mas ela não podia culpa-lo por algo que ele não fez.



- Eu não fiquei com ciúmes de Scorpius, fiquei com ciúmes de você, Al. – Dessa vez, quem quase gritou foi Rose, desabando em lagrimas, deixando seus lindos olhos azuis ficarem vermelhos. – Você ainda não percebeu?- Ela disse com um olhar cheio de significado, no fundo ela não queria dizer o que sentia. – Eu gosto de você Alvo, mais do que eu deveria, mais do que um primo, pensei que você sentia o mesmo por mim, até que vi como você olha para ela. - Rose disse se referindo a Isabella, ela se levantou e correu, saindo da presença de Alvo, o deixando perplexo, debaixo da bétula.



Tudo fazia sentido agora, eles tiveram vários momentos juntos, de alegria, de brincadeira e de vergonha, Alvo lembrava perfeitamente, como se tivesse acontecido ontem, os dois já eram mais velhos, e estavam sentados na sala com toda a família, não faltava ninguém, e todos disseram que eles seriam mais que primos e amigos, formariam um casal de namorados, quando eles terminaram de falar, as bochechas do garoto ficaram quentes e vermelhas, tinha sido a primeira vez que Alvo corou, Rose em resposta abriu um grande sorriso e o puxou para fora d’ Toca, onde eles passaram o resto do dia brincando, aquilo tinha acontecido uma semana antes dos dois estarem de frente para o expresso, quando James disse que Teddy estava beijando Victorie, e institivamente Rose olhou para Alvo e corou, ficando da cor de seus cabelos, naquele momento o garoto não tinha entendido o ato da prima, e agora tinha começado a entender os sinais que ela deu por toda sua infância, os sentimentos que ela sentia, mas que não podia, já que era sua prima, tinha entendido todos os sentimentos que o cercavam pela vida inteira e que ele nunca conseguiu desvendar, mas que agora já não o cercavam mais, e ele se culpou por não ter deixado isso claro para Rose a muito tempo.



Ele voltou para dentro da escola, sua barriga ainda dava voltas, como se milhares de borboletas fossem sair de seu estomago, andou em direção as masmorras e subiu para o seu dormitório, se jogou na cama e refletiu sobre tudo que tinha acontecido, repassou as mesmas falas dezenas de vezes pela cabeça, para ter certeza que não tinha ouvido outra coisa, depois se beliscou, para saber se estava sonhando, e por fim, piscou varias vezes para perceber que não estava tendo uma grande alucinação, mas nada adiantava, aquela era sua cruel realidade, e nada que ele fizesse mudaria isso, seu pior fardo seria aceita-la, e foi isso que ele tentou fazer, aceitar, até que com o passar dos dias ele se acostumou, ele não podia aceitar, se acostumar era sua única saída.



 



Mais de um mês havia se passado, os alunos corriam de um lado para o outro, se questionando qual seria a surpresa que começaria a partir daquele dia ou se arrumando para o baile do professor Horácio Slughorn, Alvo tinha recebido um convite, mas decidira não ir, já que não deixaria Scorpius passar o dia das bruxas sozinho, mas o fator que realmente pesou em sua decisão, foi que Rose também tinha sido convidada e já havia confirmado sua presença na festa, e ele não estava preparado para encontra-la e ficar no mesmo ambiente que ela, dês do dia da declaração, Alvo mudou todo o seu horário, acordava mais cedo e antes mesmo de tomar café, ia até seu armário pegar seus materiais para não cruzar com ela no corredor, depois ia direto para o salão principal e comia algo rapidamente, antes que o cabelo ruivo de sua prima entrasse pela porta ele já estava de baixo da bétula, e quando tinham alguma aula juntos, ele esperava ela se sentar e depois se encolhia no lado oposto da onde ela estava, por vezes eles trocavam olhares rapidamente, mas Alvo sempre fugia de qualquer coisa que podia ser dela, até mesmo de um olhar.



- Você não pode fugir para sempre, Al. – Scorpius disse depois de correr atrás de um Alvo apressado pelo corredor, os dois estavam no porão, indo para a cozinha, como sempre faziam durantes as semanas que se passaram.



- Não vou fugir para sempre. - Alvo respondeu firmemente, mesmo duvidando de suas palavras.



- Isso é ridículo! – Scorpius falou parando no meio do corredor, olhando perplexo para Alvo enquanto ele se virava para ficar defronte com o amigo. – Ela é sua prima, você tem que resolver esse mal entendido, de uma forma ou outra vocês se amam e não podem continuar desse jeito, isso esta fazendo mal aos dois!



Os dois amigos ficaram se olhando em um silencio perturbador naquele corredor que era mais silencioso ainda, Alvo estava perdido, ele sabia que Scorpius tinha razão, e não sabia o que fazer, e muito menos como fazer, a única certeza que ele tinha, era de que já não aguentava mais ficar longe de sua prima, principalmente depois do que ela tinha lhe falado.



-Eu vou resolver, Scorpius! – Finalmente Alvo respondeu, quebrando o silencio que tanto os incomodavam, dessa vez em um tom decidido. – Eu não sei como, mas de alguma maneira vou resolver!



- Acredito em você! - Scorpius disse, sua aparência estava péssima, nesse ultimo mês ele sempre acordava cedo para acompanhar o amigo, e como tinha mais dificuldade nas matérias acabava estudando até tarde para não reprovar, sua expressão estava triste, já não fazia mais piadas e nem tinha aquela inocência no olhar, estava muito magro, como se não tivesse comido há dias, seu cabelo que antes era platinado agora estava opaco e sua pele estava ainda mais pálida, se é que isso era possível, era difícil reconhecer o antigo Malfoy naquela figura tão estranha e sombria que se apropriara dele naquele momento, e Alvo se sentia culpado por isso, ele resolveria essa situação constrangedora pelo amigo, mesmo não querendo, mesmo não se sentindo pronto, Alvo voltou pelo corredor na direção contraria da onde alguns segundos atrás estavam seguindo. - Você não ia para a cozinha?- Scorpius perguntou seguindo o amigo.



- Porque comer na cozinha se podemos comer no salão? - Alvo respondeu subindo as escadas e sorrindo de um jeito maroto para o amigo que estava entendendo a atitude do parceiro, Alvo não iria mais se esconder.



O salão estava cheio como sempre, e o jantar já tinha sido servido há alguns minutos, Alvo e Scorpius sentaram-se à mesa da Sonserina sendo seguidos pelos olhares curiosos dos alunos, Alvo nem se importou, já estava acostumado com aquilo, e aprendera a se aproveitar de uma certa forma daquilo, mas seu amigo não se sentia tão a vontade assim.



- Estão olhando para a gente, Al. - Scorpius estava corado, pegando compulsivamente algumas guloseimas da mesa.



- Estão Scorpius, não vai me dizer que ainda não se acostumou com isso. - Alvo respondeu pegando uma coxa de frango e rindo da cara estranha que o amigo fazia.



- Claro que não, como você se sentiria se apontassem para você o tempo todo, o julgando e rindo da sua cara, pior ainda com medo de você. - Scorpius olhou para Alvo com a boca entreaberta, como se tivesse se assustado com a resposta do amigo.



- Scorp, você sabe muito bem porque olham para a gente, o fator principal é que conseguimos derrotar um dragão, e o fator secundário é que era para sermos inimigos mortais, mas acabamos virando amigos, isso não explica tudo? Não vão rir e nem vão ficar com medo de nos, só estão nos julgando, todos fazem isso, não sei por que essa sua preocupação. - Alvo respondeu estranhando a atitude do amigo, ele tinha percebido que dês de uns tempos atrás Scorpius não tinha só mudado sua fisionomia, mas também seu jeito de ser, ele tinha ficado de certa forma mais psicótico, principalmente com as pequenas coisas.



- Você tem razão, Al. Eu estou exagerando um pouco, só isso, como eu sempre faço. - Scorpius disse rapido demais, rindo nervoso, como se estivesse escondendo algo, mas aquilo já não era surpresa para ninguém. - Você vai ao baile hoje?



- Que baile? - Alvo perguntou.



- Do Clube do Slugue, ué! - Scorpius respondeu intrigado.



-Ah, é. - Alvo já tinha até se esquecido daquele baile estupido, que só era feito por puro interesse, e não para ajudar os alunos mais promissores da escola como o professor Horácio insistia tanto em dizer. - Claro que não, é um baile estupido.



-Você não quer ir para o Baile por ele ser estupido ou por que você não quer encontrar Rose lá? – Scorpius disse com um sorriso de escarnio no rosto.



- Não é nada disso, só não quero deixar você sozinho. – Alvo disse rápido demais, como se tivesse sido uma desculpa inventada de ultima hora e ele tivesse a necessidade de que alguém acreditasse.



- Porque você me deixaria sozinho? – Scorpius perguntou intrigado. - Cada convidado pode ir acompanhado por alguém, vai me dizer que você não iria me convidar para te acompanhar?



- É serio? Eu não sabia disso, porque você não me disse antes? É tarde demais, não tenho roupa para ir a esse baile. – Alvo disse como se tivesse ganhado uma guerra, já não tinha mais desculpas nem argumentos, aquela era sua ultima cartada, a definitiva, Scorpius nunca conseguiria convencer alguém a ir de traje informal a um baile.



- Não seja por isso! – Scorpius tinha um grande sorriso no rosto. – Meu pai me obrigou a trazer um terno para Hogwarts, por precaução, e por sorte eu trouxe dois! Vai ficar perfeito em você. - Scorpius disse e logo em seguida começou a rir da cara do amigo, uma gargalhada alta e estridente que invadiu o salão inteiro, Alvo já não tinha mais alternativa a não ser ir ao baile com o amigo.



 



N.A.:



Demorei um pouquinho, ta bom, bastante tempo para postar, mas é que eu fiquei muito puta por não conseguir apagar os capitulos, mas agora eu resolvi o pequeno problema e vou continuar escrevendo, espero que vocês tenham gostado do capitulo, comentem por favor, beijos!


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Comentários (1)

  • Lilian Potter 10

    O scorpius resumiu o que eu pensei no final. Adorei a forma como você escreveu esse capítulo. Dá para perceber cada emoção e insegurança dos personagens.

    2016-08-10
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