Animais



Talisman – Primeiramente, obrigada pelo comentário! Meu primeiro leitor, e eu não poderia estar mais feliz com ele. 1 – vou trabalhar melhor na relação deles, eu prometo! James ainda vai amadurecer, Lily ainda vai duvidar dele, mas já estou usando suas dicas nos próximos capítulos. 2- Centauros? Excelente pedido, já até sei como vou encaixá-los, mas não prometo que será logo. 3- Obrigado pelo feedback, eu até reviso, mas acabo passando despercebida para os erros, assim que eu tiver tempo, vou revisar os capítulos anteriores para melhorá-los.


Lehleh Potter – Obrigada pelo comentário! Eu não vou parar, escrevê-la me faz bem e eu me divirto muito fazendo, espero que dê para perceber. Fiquei muito, muito feliz pelo seu comentário e espero que goste do próximo capítulo como gostou dos outros!!


Obrigada a todos que estão lendo, mas especialmente aos dois aí de cima!


Boa leitura!


 


Capítulo 4 - Animais


 


Lily acordou no outro dia renovada, havia ficado até tarde observando James, Sirius e Peter. Eles estavam cochichando e a olhando com cara de que iriam aprontar alguma coisa. Mas como, depois de uma observação intensa por parte da ruiva, eles não se moveram um milímetro, ela resolveu ir se deitar os deixando com suas confabulações na sala comunal.


Lily tentou acordar Marlene, mas quase levou um chute da amiga em resposta, Dorcas e Emmeline, suas outras duas colegas de quarto dormiam serenamente e Lily sabia que se as acordasse dez minutos antes do horário habitual, elas ficariam de mal humor o resto do dia. Mary já estava de pé e trancada no banheiro, provavelmente tentando arrumar o cabelo já impecável dela.


Lily suspirou e bateu na porta do banheiro, Mary saiu de lá bufando, com um pote de Sleekeazy‘s Hair Potion nas mãos, deixando que Lily fizesse sua higiene matinal. Em menos de 15 minutos Lily saia do banheiro arrumada, seus compridos cabelos acaju presos em um rabo alto, Mary voltou correndo para o banheiro e se trancou lá, provavelmente até ser expulsa pela próxima garota.


A ruiva desceu as escadas chegando ao, ainda silencioso, salão comunal. A sala aconchegante deu a Lily a sensação de estar verdadeiramente em casa. Ela deu uma olhada e encontrou sobre o sofá e as poltronas próximas a lareira, três rapazes dormindo pesadamente. A primeira coisa que Lily descobriu foram os cabelos espetados de Potter atrás de uma almofada. Com esta pista ela olhou para o chão, onde Sirius dormia de boca aberta, com os cabelos compridos todos na frente do seu rosto e Peter encolhido em uma poltrona.


Lily fez a menção de sair, mas não conseguiu ir sem se incomodar com os óculos tortos de James pendendo do seu rosto, ela foi em direção a ele, afim de ajeitar o acessório, porém ele abriu os olhos castanhos para ela antes que pudesse fazer o seu intento.


- Que horas são? - disse ele com a voz rouca, como se fosse normal acordar ao lado dela todos os dias. Novamente Lily sentiu um arrepio na espinha ao ouvir a voz de James.


- Já é de manhã, mas vocês ainda tem tempo – respondeu ela dando um passo para trás afim de ficar um pouco distante dele e completou embaraçada por perceber que estivera bem perto antes – Eu ia chamar vocês, caso quisessem tomar café, ou algo assim


James assentiu e ajeitou os óculos tortos, ele se levantou espreguiçando e Lily percebeu os cabelos dele amassados de uma lado apenas, segurando a vontade de rir ela resolveu se afastar um pouco mais, e ir em direção ao buraco do retrato.


- Onde você vai? - James a interrompeu antes que ela chegasse a passagem


- Tomar meu café, onde mais seria? - ela lhe devolveu olhando para ele como se fosse algo absurdamente obvio.


- Sozinha?


Lily deu de ombros para mostrar que não se importava. Mas James levantou em um pulo, passou as duas mãos no cabelo, desfazendo a arrumação bizarra que o sofá havia feito e olhou para ela apressado.


- Espere pela gente – disse ele em um tom de quem implora por algo.


- Vocês vão demorar – ela respondeu desviando seus olhos e indicando Sirius e Peter.


- Cinco minutos – ele respondeu e ela bufou, mas concordou sentando-se em uma mesinha perto da saída. A verdade era que Lily Evans não queria tomar café sozinha, não queria começar o seu último ano como os anteriores, sozinha pelas manhãs, pois suas amigas são preguiçosas demais para acordarem cedo, e por cima de tudo, não queria mais odiar James Potter.


James lhe abriu um sorriso cheio de dentes e chutou Sirius delicadamente, o rapaz resmungou e o afastou com as mãos espalmadas.


- Sirius, acorde – disse James o cutucando com o pé - Tem uma dama esperando por nós.


- Diga que eu a vejo depois – disse ele resmungando – Quando o sol estiver em uma posição aceitável no céu.


- Sirius, sem manha - disse James rindo – Temos aulas.


Sirius voltou a ressonar e Lily se segurou para não rir da cara frustrada de James.


- Três minutos, Potter– ela disse olhando no relógio e sorrindo debochada.


James pareceu entrar em pânico, olhou para ela e depois para Sirius, e quando voltou a ela tinha um sorriso travesso nos lábios, um sorriso que fez Lily tremer um pouco de medo. O que ele iria aprontar agora?


James chegou perto do ouvido de Sirius e disse em seu tom normal de voz: "Sirius, Sirius", o amigo nem se mexeu, então James apontou a própria varinha em direção a sua garganta murmurando: "Sonorus".


- PADFOOT! - a voz retumbante de James preencheu toda a sala comunal, Lily tapou os ouvidos se protegendo do grito estridente. Peter pulou da poltrona no susto, caindo espatifado no chão e olhando para todos os lados com a varinha em punho esperando achar um possível atacante. Sirius se sentou em um espasmo procurando com os olhos esbugalhados a fonte do seu susto.


James gargalhava. Ele retirou o feitiço com um floreio.


- Qual o meu tempo, Evans? - disse ele chamando a atenção de seus amigos para si próprio, enquanto gargalhava.


- Ainda tem um minuto, Potter – ela disse  sorrindo sarcástica.


- Ótimo - disse ele – volto em um minuto.


Lily acompanhou James subir as escadas de três em três degraus. Enquanto Sirius esbravejava ainda no chão e Peter tentava se levantar do emaranhado que tinha feito com suas vestes.


- O que deu nele? - perguntou Sirius bravo para ela, depois ele puxou um relógio bonito do bolso de suas vestes - Não são nem sete da manhã.


Lily deu de ombros, se segurando para não rir. Peter finalmente conseguiu se levantar e olhar para ela desconfiado, enquanto Sirius se punha de pé resmungando.


- Acabamos de dormir, será que ele não poderia nos dar mais uns minutos. Aposto que a culpa é sua, Evans – disse Sirius verdadeiramente bravo.


- Não pedi para que ele te acordasse, Black. - disse Lily desfazendo o sorriso pela primeira vez naquela manhã.


- Sem briga, crianças - disse James ao descer as escadas da mesma forma que havia subido, de três em três degraus. Lily, ao se virar para ele, observou que várias cabeças surgiram dos seus dormitórios, provavelmente para entender aquela gritaria logo cedo pela manhã, ela não pode deixar de ficar vermelha. - Pare de olhar deste jeito para Evans, Pad... Sirius.


- De que jeito? - respondeu Sirius, mas Lily achou desnecessária a pergunta, já que ele a encarava de modo completamente ameaçador.


- Como um cão sem dono brigando por um pedaço de carne – James piscou para ele e Sirius mudou sua expressão sisuda para uma risada rouca.


- Vamos tomar café! - disse James alegre passando as mãos no seu próprio cabelo, fazendo Lily revirar os olhos.


- Não podemos ficar aqui hoje? - disse Peter coçando os olhos – Mal dormimos...


Sirius bateu na cabeça de Peter com um tapa e olhou nada discretamente para Lily, se antes ela estava desconfiada de que eles no máximo tinham passado a noite conversando, este ato a fez desconfiar de coisas muito piores.


- Temos que tomar notas para Remus – James falou como se nada estranho tivesse acontecido. Ele parou do lado de onde Lily estava sentada e ela sentiu o já conhecido perfume dele, o cheiro de madeira e grama molhada, que naquele dia estava misturado com um leve toque de hortelã, possivelmente da pasta de dente dele – ele nos fez prometer, caso não conseguisse voltar hoje.


- Ele não ia só fazer um exame? Ele piorou? - Lily perguntou genuinamente preocupada, se Remus era um Lobisomem, como ela desconfiava, como Sirius, Peter e James saberiam que ele não viria hoje?


O sorriso de James sumiu por um momento do rosto dele, enquanto ele a encarava. Para Lily parecia que ele estava tentando ler a sua alma. Seu rosto voltou a ficar rubro com este olhar incisivo.


- A doença de Remus é assim – disse James tranquilamente dando de ombros – Se o St. Mungus não achar que ele está bom o suficiente para vir ao castelo, eles não o liberam. Já aconteceu antes, por isso prometemos que vamos tomar notas.


- Você e suas promessas imbecis, Potter – disse Sirius fazendo cara blasé - Vamos Peter, deixe o casalzinho madrugador esperar mais um pouco. - depois virando-se para Lily, que fez uma nota mental de nunca mais deixar qualquer um acordar Sirius Black àquela hora da manhã, ele disse - Podemos ao menos escovar o dente?


Lily balançou a cabeça positivamente sem olhar nos olhos de Sirius, devido a vergonha que estava sentindo. Ela percebeu que tanto Peter quanto Sirius saíram da sala comunal, a deixando sozinha com James e um silêncio perturbador.


James encostou na parede ao lado dela assoviando uma canção, muito parecida com "Here comes the sun", mas Lily desacreditou que fosse, afinal James Potter era um sangue-puro e dificilmente conheceria Beatles. Antes mesmo que pudesse se impedir ela se viu perguntando:


- Acordou de bom humor, Potter?


James olhou para ela sorrindo.


- Tive um sonho bom. – disse ele


- Então deveria estar brigando comigo, por ter te acordado – disse ela sorrindo em retorno.


James a encarou e fez o que Lily considerava impossível: sorriu ainda mais.


- Tive um despertar melhor que meu sonho – respondeu ele dando uma piscadela – Ou melhor, tive meu sonho realizado.


Ela ficou vermelha, combinando o tom das bochechas com os cabelos, sorte estarem amarrados, pois se não ela se camuflaria a eles.


- Não comece, Potter – disse ela se fazendo de brava, tentando evitar o constrangimento – Eu devia saber que ontem era poção Polissuco. Me diga, quem era: Remus, Peter...


- Ah, Merlim – respondeu ele com os olhos brilhando – Como eu senti falta disso.


- Potter, você está bem? - ela estava sem entender. - Posso pegar um bezoar, caso você ache que foi envenenado.


Ele gargalhou e colocou a mão dele sobre a dela.


- Maravilhosamente bem, Evans. Só estava com saudades de... Hogwarts.


Ela olhou nos olhos deles tentando ver o motivo da hesitação da última frase, mas antes que ela pudesse questionar Sirius apareceu na escada, juntamente com outros alunos de todos os anos de Hogwarts, Peter o seguia logo atrás colocando ainda a capa que compunha seu uniforme. Lily se soltou da mão de James, encabulada em ser pega em um gesto tão... intimo.


- Olha, Pit, eles estão rindo. - disse Sirius irônico, ainda de mal humor.


- Deve ser da nossa desgraça, Sirius – respondeu Peter mais alegre.


- Nunca imaginei que Sirius Black fosse tão dramático – respondeu ela já impaciente com a cara feia dele.


- Olha, Pit, e ela ainda é engraçadinha - disse Sirius, mas desfazendo um pouco a cara amarrada.


James se desencostou da parede ainda com um sorriso gigantesco, esperou Lily se levantar e passou seu braço esquerdo sobre os ombros delas e o direito sobre os ombros de Sirius, enquanto Peter seguia ao lado direito de Sirius. Eles passaram pelo buraco do retrato, mas voltaram a formação, antes que James falasse:


- O que eu disse sobre brigas, crianças?


- Ah, não, ele está fazendo de novo, Sirius – disse Peter falsamente dramático.


Lily olhou para James que não parecia incomodado, apenas sorria como nunca. Sirius também olhou para o amigo e fez uma careta sofrida.


- Patético – disse Sirius – Com certeza isso é culpa sua, Evans.


- É a segunda vez que me acusa hoje, Black – disse ela no mesmo tom – Mas desta vez eu nem ao menos sei do que sou culpada.


- Não? - Sirius olhou para ela sobre os ombros de James – E esse sorriso idiota que está no rosto dele? Não estava assim ontem, quando o deixei, aí foi eu acordar e te ver e lá estava ele.


- E o que eu tenho haver com isso? Eu apenas estava passando quando ele acordou. - disse ela tentando se explicar.


- E eu que vou saber que feitiço você usou nele. Da última vez foi também foi culpa sua – Sirius completou sorrindo da vermelhidão dela – Quanto tempo levamos para sumir com o sorriso do rosto dele, Worm?


- Três dias – respondeu Peter sorrindo.


James continuava andando com um sorriso bobo nos lábios, impassível aos comentários dos amigos, que aliás só parecia fazer aumentar o sorriso dele. Ainda abraçado com Lily e Sirius, um de cada lado. Sirius, observava Lily por cima do ombro do amigo, o fato de ser mais alto ajudava no processo.


- Viu, três dias inteiros – respondeu Sirius para Lily, como se colocasse uma prova irrefutável de um crime – E tivemos que roubar todas as calças dele para que ele parasse.


Lily não conseguiu ficar mais séria e riu, sentiu, com isso, James apertando-a mais no abraço, mostrando o apresso pela risada dela. Mas não teve coragem de olhar para ele, mas imaginou o sorriso dele se alargando devido a um bufo de Sirius e uma risada de Peter.


Chegaram ao salão principal ainda bem vazio, poucos alunos ocupavam as mesas das casas. Eles desfizeram o abraço para que que cada dupla fosse para um lado da mesa. James seguiu com Lily pela direita e Sirius e Peter sentaram de frente para eles.


- Eu nunca tomei café tão cedo na minha vida. Vejam nem Snivelus chegou ainda – disse Sirius apontando para a mesa da Sonserina.


- Não reclame tanto, Pads – disse James – Vai ser bom tomar café uma vez na vida sem um mar de corujas beliscando nossas comidas.


- Fale por você - disse Sirius enchendo o prato dele com comida - Não recebo uma carta desde o quarto ano.


- Mentiroso – disse James olhando para o amigo.


- Babaca – respondeu Sirius.


- Eles são sempre assim? – Lily sussurrou para Peter enquanto ela pegava uma torrada que estava mais perto dele na mesa.


- Sirius só está de mau humor – respondeu Peter entre uma garfada e outra de seus ovos com bacon – Dê quinze minutos a ele. Se Remus estivesse aqui esta discussão teria acabado.


- Ele realmente tem o poder de acalmar vocês assim? - Lily olhou surpresa.


- Ele tem o poder de nos fazer sentirmos culpados, isso sim – Peter a encarou com o olhar sugestivo.


Sirius e James continuaram se xingando enquanto comiam, transformando a discussão em um jogo, tentando cada vez serem mais criativos nos xingamentos.


- Bafo de bomba de bosta.


- Cara de testrálho.


- Sonserino.


- Ei, isso foi baixo – acusou James


- Mas venci – respondeu Sirius sorrindo vitorioso levantando sua taça de suco de abobora como um troféu.


Ao fazer isso Sirius quase esbarrou em alguém derrubando todo o conteúdo da taça. Por sorte o "alguém" teve tempo de retirar a varinha e habilmente, com um floreio ela transformou a bebida em um canário que saiu cantando pelo salão.


- Tomo cuidado, Sr. Black – disse a professora Minerva severa.


Sirius que virou a tempo de ver Minerva McGonnagal transformar seu suco em uma bela espécie de pássaro. Começou a aplaudir e assoviar, chamando a atenção dos alunos que estavam entrando no salão principal. James e Peter se juntaram aos aplausos de Sirius.


- Magnifico, McGonnagal – disse Sirius.


- Estupendo – disse Peter.


- E no momento certo! Ouso dizer que foi o seu melhor até hoje, professora – disse James ainda aplaudindo.


Lily olhou para a professora achanado que ela gritaria com eles, mas se surpreendeu com um leve rubor no rosto dela e os lábios se curvando em um tímido sorriso.


- Concordo – respondeu ela escondendo o sorriso – Agora chega, vocês três. Tomem seus horários. - Ela entregou os horários deles e estendeu o de Lily – O seu também, Srta. Evans.


Lily pegou o horário e viu sua manhã ocupada por Transfiguração, no primeiro horário, e DCAT logo em seguida. Lily olhou para a mesa dos professores. Estava tão distraída na noite de ontem que nem se dignificou a reparar quem seria o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. O Professor do ano passado, Sr. Thilmore, teve que sair após uma emboscada com um grupo de vampiros enquanto fazia um estudo sobre criaturas das trevas, ele nunca se recuperou. Lily, sendo sincera, ficou feliz em trocar mais uma vez de professor, ela acreditava que devido a nenhum deles parar mais de um ano desde que estava no terceiro, havia prejudicado seu aprendizado nas defesas mais profundas.


O ano passado foi todo sobre criaturas das trevas, especialidade do Sr. Thilmore, no ano anterior focaram apenas em teoria, que era como velho Sr. Thompson, aposentado do ministério de execução das leis em magia, enxergava que deveria ser o ensino de DCAT. Ela não sabia até aquele momento como havia conseguido passar na parte pratica daquela matéria em seus NOMs. Ela acreditava que o bom nome do velho magistrado no ministério havia tido influência neste quesito.


Porém não havia nenhum rosto diferente entre os professores, e ela não pode descobrir com quem ela teria aula. Lily foi acordada de seus devaneios com a exclamação de Sirius.


- Caramba, Minnie – disse ele – Eu sei que você nos ama, mas transfiguração logo na segunda de manhã, não é um pouco demais?


- Acredite, sr. Black, também não fiquei feliz com isso.


E com esta nota enigmática ela saiu para entregar o resto dos horários dos outros alunos. James se inclinou sobre o horário dela e disse:


- Temos os mesmos horários - ele olhou para o dela – Exceto que você tem história da magia na sexta e eu estudo dos trouxas.


- Todos temos horários diferentes na sexta. Rabicho tem adivinhação e Remus – disse Sirius consultando o horário do amigo – Trato das Criaturas mágicas. Parece que seremos só eu e você, James.


- Achei que você largaria adivinhação, Peter – disse James apontando o garfo para o amigo.


- Pensei melhor – respondeu ele dando de ombros – Descobri que me divirto na aula, não que eu acredite muito nela. E nem é algo que eu realmente precise estudar para os NIEMs.


- Muito bem pensado, Wormtail – disse Sirius.


Lily sentiu uma movimentação debaixo da mesa e a notar pela expressão de dor de Sirius e a irritada de James, este último deve ter chutado o outro por baixo da mesa.


- Não é como se ela já não tivesse ouvido. Você mesmo gritou o meu pela manhã, para que a torre inteira da Grifinória e possivelmente a da corvinal pudesse ouvir.


James resmungou ranzinza e Lily aproveitou o assunto em pauta para perguntar:


- Warmtail, Padfoot, que tipo de apelido são estes?


- Viu?! – resmungou James


- Não é só porque você não goste de tratá-la mal que eu não possa fazer isso – respondeu Sirius para o amigo e depois com um sorriso amável para Lily continuou - Não é da sua conta, Evans.


- Simples – disse Peter dando palmadinhas de aprovação em Sirius – E nada sutil.


- Sirius! – resmungou James - Não ligue para ele, Lils.


- Não, ele está certo. - ela respondeu calma.


Lily não estava brava com Sirius, ela era de fato uma intrusa naquele grupo. Para bem da verdade eles mal se falavam até três meses atrás, que direito ela tinha de saber o apelido secreto deles, quem era ela se não a monitora chata. Mas não ela não podia deixar de se sentir um pouco desapontada com isso, já estava a quase vinte quatro horas ao lado deles, mas parecia uma eternidade.


- Desculpa, Evans – disse Sirius de má vontade. James olhava feio para ele – Mas mesmo assim não vamos te contar.


- Eu já disse que você está certo, Sirius – disse Lily o assustando por chamá-lo pelo primeiro nome - Não precisa se desculpar. Aliás acho que estou vendo Dorcas e Emme, não falei com elas ainda. Vejo vocês na aula?


- Evans – disse Sirius suspirando - Não precisa ir, não me leve tão a sério. Eu pedi desculpa, vai.


- Lily, por favor – pediu James com a expressão triste segurando de leve na mão dela tentando a impedir de sair.


Ela olhou para ele tentada a permanecer no mesmo lugar, mas a dura realidade de ter voltado a rotina escolar de entes, onde eles eram um grupo de arruaceiros e ela uma metida a defensora dos mais fracos. Eles não faziam parte do mesmo mundo, infelizmente.


- Eu realmente preciso ir – disse ela olhando para James e se soltando dele – Mas nos vemos na aula, eu prometo.


James a deixou escapar com um olhar de frustração.


- Obrigada, Padfoot - disse ele chateado – Muito gentil da sua parte.


- Não tenho culpa de ela ser tão sensível - respondeu ele emburrado – eu pedi desculpas.


- Eu estava tão perto -disse James emburrado – Ela me esperou para tomar café, ela não gritou comigo nenhuma vez desde que chegamos.


- Isso deve ser um novo tipo de recorde – disse Peter – Foram o que? Umas vinte horas seguidas?


- Ah, eu não acredito! - resmungou James puxando os próprios cabelos.


- Esquece a Evans, Prongs – disse Sirius sem expressão olhando para seu prato – Ela não quer nada com você.


- Mas ela está tão mais amigável -respondeu James triste.


- E não vai passar disso – disse Sirius o encarando – Ela vai ser sua amiga e nada mais.


James olhou triste para Lily que conversava com as duas outras colegas de classe, ela parecia distraída brincando com as pontas de seus cabelos vermelhos. James ficou hipnotizado com este gesto, não sendo capaz de desviar os olhos dela. Se Sirius achava que era possível ele esquecer Lily, este último minuto que ele observou o cacho vermelho ser enrolado e desenrolado no dedo dela, provava exatamente o contrário.


Lily percebeu que estava sendo observada e olhou para a sua direita e vu os olhos de James a analisando, ela involuntariamente tirou o as mãos do cabelo e as colocou em seu colo um pouco envergonhada. James pareceu notar que ela estava olhando para ele e sorriu, uns dos sorrisos mais bonitos do grande arsenal que ele possuía. Lily não pode deixar de sorrir, timidamente, mas sorriu para ele. Ela voltou a falar com as meninas agora com o dobro de atenção.


- Pronto, ela voltou a sorrir – disse Sirius observando Lily sob o ombro de James.


- Eu acho que estou perdido, Padfoot – respondeu James.


- Só agora você percebeu, companheiro? - respondeu Sirius com um suspiro - Você está perdido desde o primeiro minuto que pôs os olhos nela.


A primeira aula, conforme os horários prometiam foi a de transfiguração avançada. Sirius sentou na última carteira, forçando-as para trás e se equilibrando em apenas dois pés dela, enquanto dobrava um pedaço de pergaminho em um aviãozinho de papel.


Peter olhou para James, este por sua vez fez sinal para que Peter sentasse no lugar que costuma ser dele, ao lado de Sirius. Padfoot apenas desviou o olhar por um momento do seu trabalho manual, e fez uma careta de negação para James, mas este o ignorou e seguiu em direção a uma carteira onde uma ruiva solitária estava sentada.


- Marlene não faz esta aula? - perguntou James se sentando ao lado dela com seu material.


Ela pareceu assustada com a presença repentina dele, mas não fez nenhum comentário a respeito e nem o expulsou dali.


- Ela não conseguiu NOMs suficientes, mas ela odeia transfiguração, então tudo bem – disse ela dando de ombros.


- Você não se importa que eu fique aqui, certo? Estamos em número ímpar – disse ele como se explicasse um dos maiores mistérios do universo.


- Desde que não me atrapalhe na aula – ela respondeu sem olhar para ele.


James ficou surpreso com a hostilidade e a analisou confuso.


- Sirius não quis ser grosso – disse James depois de um tempo – Ele só não gosta de ter mais gente no grupo, acho que ele não tem o costume de ter muitos amigos.


Ela deu de ombros. Mas pareceu relaxar um pouco mais da postura rígida que aparentava. Ela pós as mãos que estavam no colo em cima da mesa, provavelmente para estar pronta a abrir seu livro ou realizar anotações assim que a professora chegasse. James entendeu isso como um convite e colocou sua mão em cima da dela, a assustando, mas fez com que ela a encarasse.


- Nossos apelidos são um tipo de segredo, fizemos um pacto de não contá-los a ninguém – James disse carinhoso - Não foi porque não confiamos em você. Se eu pudesse eu te contaria, mas prometi aos meninos. Acredita em mim?


Lily olhou para ele encarando os olhos carinhosos e suplicantes. Ela assentiu e sorriu fraquinho. James respondeu com outro sorriso e virou para frente sem tirar a sua mão da dela. Lily podia jurar que ele havia a esquecido ali de propósito.


- Abram seus livros na pagina 10 – disse McGonnagall entrando na sala de aula e forçado James a retirar sua mão da onde estava a fim de deixar Lily abrir seus livros - Transformação de humanos em animais – terminou McGonnagal com um floreio e o assunto apareceu no quadro.


- Um dos maiores desafios da transfiguração básica é a transformação de um humano em um animal, seja através de transfiguração humanimal, que é o que iremos aprender, ou por animagia, que veremos apenas na teoria.


- Mas qual a diferença dos dois, professora? - Perguntou Willian Abbot.


- Transfiguração humanimal é quando um bruxo transfigura uma outra pessoa em um animal, já a animagia o próprio ser humano se transforma em um animal, sem a necessidade de varinha, fazendo as coisas muito mais difíceis – sussurrou James


- Transfiguração humanimal é quando um bruxo transfigura uma outra pessoa em um animal, já a animagia o próprio ser humano se transforma em um animal, sem a necessidade de um colega bruxo. Além disso, quando há uma transfiguração humanimal, pode-se transformar o outro ser humano em qualquer animal, mesmo sendo mais complicado transformar naqueles que temos menos semelhanças, como insetos, por exemplo. Já a animagia, o ser humano se transforma em apenas uma espécie de animal


Lily olhou para o lado surpresa, achando que James estava com o livro texto aberto, mas pelo contrario, o livro dele estava fechado e ele rabiscava preguiçosamente em um pedaço pergaminho.


- Então animagia é muito mais complicado e menos vantajoso – disse uma sonserina – Porque simplesmente não pedir para alguém te transformar quando precisa?


- Ora, quando alguém te transforma em um animal você perde a consciência humana, obedecendo apenas aos instintos do animal em que te transformaram, já quando se é animago você permanece com sua consciência humana. Além de não depender de alguém para te transformar de volta e obviamente não precisar de varinha – sussurrou James de forma arrogante, como se a menina tivesse o ofendido particularmente.


Lily ouviu a professora McGonnagall professar quase exatamente as mesmas palavras de James. Ela não pode deixar de olhar para ele abobalhada:


- Como você pode saber tudo isso? - ela sussurrou curiosa.


- Gosto de transfiguração - disse ele dando de ombros e ainda rabiscando em seu pergaminho, Lily identificou o que deveria ser esquema de alguma jogada de quadribol.


- Senhor Potter – exclamou McGonnagall olhando feio para James.


- Sim, querida professora – respondeu ele sorrindo travesso e piscando para ela.


- Por que os animagos devem ser registrados pelo ministério?


- Além de ser um processo bastante complicado, que pode dar absurdamente errado se não tiver alguma supervisão especializada acompanhando o processo? - James questionou sorrindo e piscando inocentemente.


- Sim, além disso – respondeu a professora levantando a sobrancelha para ele.


- Bem, um animago não registrado incorre que exista um bruxo com habilidades especiais desconhecidas, executadas com magia sem varinha. Caso não haja o registro, podemos ter um animago preso em uma cela comum, que conseguirá fugir por entre as barras, caso ele se transforme em um animal pequeno, como um rato ou um inseto, por exemplo. Ou você pode estar abrigando um animago em sua casa sem realmente saber, caso ele seja um gato ou cachorro. Animagos ilegais podem espreitar os lugares sem que outras pessoas de fato saibam que eles são algo mais do que inocentes bichinhos. - respondeu James tão rapidamente e claramente que Lily duvido que ele havia pensado naquilo somente na hora que a professora questionou.


Lily ouviu uma gargalhada do fundo e jurou que eram Peter e Sirius, mas quando olhou para trás os dois estavam compenetrados em seus pergaminhos, anotando (ou fingindo anotar pelo menos) tudo o que James havia dito.


- Dez pontos para a Grinfinória - disse a professora em resposta a fala dele – Agora todos olhando para o quadro ara anotar os feitiços para a transformação humanimal. Quer que fixem bem o feitiço antes de testar em qualquer um de seus colegas.


Lily correu para escrever as frases que surgiam no quadro, mas seus olhos pareciam não ter a mesma intenção que ela. Eles continuamente fugiam para verificar o que James estava fazendo, mas ele parecia não ter alterado seus afazeres anteriores. Ele traçava linhas pontilhadas sobre pontos que pareciam ser seus artilheiros, mas riscava frustrado depois de um tempo, traçando novas linhas de ação.


Lily já estava na metade do pergaminho quando viu o aviãozinho, que Sirius estava fazendo planar ao seu lado, James o capturou e abriu, Lily viu apenas uma palavra escrita "hipócrita". James riu prazeroso e olhou para trás, Lily acompanhou seu olhar. Sirius e Peter pareciam rir de alguma coisa, mas Sirius parou e olhou para ela com os olhos cinzentos brilhando de satisfação.


- Algum problema, Evans? - ele perguntou e todos da sala olharam para ela que teve que voltar correndo para seu próprio pergaminho antes de continuar.


Lily continuou suas anotações envergonhada, sem se quer conseguir olhara para o lado, quando surgiu na sua frente um pergaminho escrito com uma letra caprichada, porém levemente displicente.


"Ignore Sirius. Merlim, quantas vezes eu já falei isso hoje mesmo?"


Lily sorriu ao ler e escreveu suas próprias palavras em retorno.


"Mais do que eu gostaria. Não o condene, ele geralmente está certo."


James lhe devolveu o papel na mesma hora.


"Não deixe ele ver você dizendo isso. Ele ficaria insuportável"


"Ok, ele as vezes está certo! Agora volte aos seus esquemas de quadribol que preciso voltar  a prestar atenção na aula. Não sou uma sabe-tudo, como certas pessoas. PS: Acho que Steel não é forte o suficiente para proteger a goles, conforme você está desenhando agora. Talvez fosse melhor colocar você para fazer isso"


James pegou o papel e riu ao ler a primeira parte, mas esbugalhou os olhos para o "PS" inserido por ela. Ele olhou para o esquema, e viu que tinha colocado Lizzie realmente para circundar o atacante que estivesse com a Goles, e sendo a mais nova e menor esta função não estaria adequada. Ele logicamente chegaria esta conclusão, mas como Lily poderia saber?


"Eu, sabe tudo? Não sou eu que estou dando sugestões de esquemas de quadribol ao capitão do time da minha casa. Como você sabe tanto sobre isso?"


Lily leu e sorriu para ele misteriosamente, e passou o pergaminho sem responder para ele e voltou a sua atenção para a lousa. James vendo que ela não o responderia mais dobrou delicadamente o pergaminho e colocou dentro do seu livro de transfiguração. Voltando aos seus esquemas e fez mais um esquema que ele intitulou de "Jogada Lily" colocando ele de defensor dos os atacantes. Ele achava que o time perderia alguma vantagem assim, pois ele costumava ser o jogado mais veloz, mas não custava nada testar.


- Muito bem – disse Minerva – Estes encantamentos na lousa, devem ser o suficientes para vocês começarem, sugiro que pensem em mamíferos, para começar, eles são mais parecidos com a estrutura humana do que outras espécies, como aves, insetos, répteis e anfíbios.


Lily deu uma risadinha, lembrando de ameaçar Petúnia em transforma-la em um sapo. Se sua irmã soubesse que ela nunca soubera como fazer isso antes desta aula, ela sofreria graves consequências. James foi o único a ouvir ela rir e virou o rosto para ela em um sorriso confuso.


- Eu sempre quis transformar alguém em sapo – sussurrou ela para James, sorrindo marota.


James lhe devolveu o mesmo sorriso, mas o dele era bem mais assustador, devido ao seu potencial de aprontar com as pessoas ou talvez pelo seu passado, no mínimo criativo, em transfiguração.


- Eu transformei alguém em sapo antes de Hogwarts – ele disse travesso – Magia acidental, é claro.


Lily desconfiou que a magia havia sido tão acidental assim, mas não deixava de ser impressionante. E ela imaginou um jovem James transformando alguém em sapo.


- Muito bem, quero todos de pé agora – Minerva disse e quando todos os alunos se levantaram ela moveu magicamente todas as cadeiras e carteiras para a parede, deixando o centro da sala livre, ondes os alunos ficaram de pé - Escolham um parceiro e tentem o transformar em um animal, eu sinceramente não espero muito progresso nesta aula, mas não há nada impossível nesta transfiguração, portanto se esforcem. Ah, eu quero que vocês façam da forma não verbal, obviamente.


James olhou para Lily e a agarrou pelo pulso, a arrastando para perto de Sirius e Peter que se comunicavam em sussurros antes dele chegar. Sirius olhou para Lily desconfiado, e depois lançou seu melhor olhar arrogante, como se dissesse: "eu não vou pedir desculpa de novo". Lily deve ter entendido o recado.


- Desculpa – disse ela humildemente. Todos os três olharam interrogativos, a mão de James apetou seu pulso um pouco mais forte.


- Pelo o que, especificamente? - perguntou Sirius desconfiado.


- Por tentar me intrometer no assunto de vocês, mais cedo – ela disse humildemente – Amigos? - ela levou a mão que não estava presa a de James para que Sirius pudesse apertar.


James sentiu a velha conhecida sensação de orgulho borbulhar em seu estomago, sua mão que que segurava o pulso dela, onde ele vinha segurando, para a sua mão, onde ele entrelaçou seus dedos aos dela, como os namorados costumam fazer. Ele passou por segundo de apreensão achando que ela o rejeitaria, mas isso não aconteceu, ela continuava firme com a sua outra mão estendida para Sirius.


Sirius por sua vez olhava desconfiado para mão estendida avaliando Lily.


- Aperta logo a mão dela, Padfoot– disse Pedro levando um olhar assustador do amigos – Quer dizer... Sirius.


Lily riu, guardando para si a curiosidade, mas anotou mentalmente. Sirius era Padfoot.


Sirius meio a contragosto apertou a mão de Lily, sentiu um aperto forte e um sorriso em retorno. Ele olhou para James que parecia irradiar alegria, e se congratulou por ter trazido este pouco de felicidade ao amigo, que andava muito preocupado ultimamente.


- Bem, acho que temos que praticar – disse Lily sorrindo e virando para James, soltando, relutantemente, sua mão da dele  – Que animal você quer ser, Potter?


- Você pode me transformar em um sapo, Evans – disse ele sorrindo – Assim você pode realizar seu sonho.


- Acho melhor começar com algum mamífero – ela disse tímida. Não confiava muito em sua habilidade em transfiguração.


- Vamos Lily, não é difícil eu prometo – James lhe sorriu dando coragem - Faça movimentos amplos e mentalize o encanto, e pense em mim como um sapo.


Lily apontou a varinha  para James, podia-se ver que ela tremia um pouco. Deu mais uma olhada na lousa, decorando o encanto e pensou em um sapo, mas antes que pudesse fazer o movimento de pulso ela sentiu uma comoção ao lado dela. Onde se via Peter com a varinha bobamente segura na mão olhando para um enorme cachorro negro. Não havia sinal de Sirius.


- Ei, isso é roubar – sussurrou James ao lado dela com um enorme sorriso.


O cachorro Sirius olhou para o amigo, balançando o rabo e depois circulou pela classe com uma certa elegância. Algumas meninas corvinais exclamaram felizes, enquanto faziam carinho no cachorro. James bufou, mas Lily pode sentir um sorriso se formando no canto do rosto dele.


A professora Minerva olhou para Peter desconfiada, mas teve que admitir que foi uma magia muito bem-feita, o cachorro Sirius, era uma perfeita espécime de sua raça.


- Muito bem, Pettigrew – disse a professora McGonnagall – Dez pontos para a Grinfinoria. Agora use o contrafeitiço e deixe o senhor Black tentar algo em você.


Peter apontou a varinha para o cachorro e fez o movimento descrito na lousa, Lily achou a movimentação um pouco desleixada, mas parece ter funcionado, já que Sirius voltou a ser o Sirius. Fazendo uma reverencia a toda a turma, que assim como Lily, tinha parado para assistir o primeiro colega a ser transformado em animal e retornar.


- Muito bem, Wormtail – Sirius disse e Lily sentiu um olhar provocativo vindo dele a desafiando questionar o que significava o apelido, ela não cometeria o mesmo erro novamente, mas anotou mentalmente, Perter era Wormtail.


- Eu só achei o seu cachorro bastante consciente dos seus próprios atos, Padfoot– James sorriu para o amigo enfatizando o apelido dele, provavelmente provocando.


- Cachorros são inteligentes, P... James – Sirius estava provocando na cara dura, não falando o apelido do amigo, ele havia reparado que Lily estava prestando atenção.


- Muito bem – ele sorriu se voltando para Lily – Onde estávamos?


- Acho melhor você fazer primeiro – disse Lily tímida – Não estou muito segura das minhas habilidades terríveis em transfiguração.


James sorriu e se aproximou dela, falando em seu ouvido antes de empunhar a sua varinha.


- Você sempre pode me dar o troco em Feitiços.


Lily gargalhou gostosamente, acalentando James, para ele aquela risada vinha se tornando um dos sons mais deliciosos do dia.


- Preparada, Evans?


- Sempre, Potter – ela respondeu animada.


James se concentrou na forma que ele queria. E fazendo um floreio bem meticuloso, transformou Lily em um belo rouxinol de caudas vermelhas, como o cabelo que antes ela possuía. Lily, agora um passarinho, vou pela sala cantarolando e arrancando suspiros dos alunos. A Professora Minerva pareceu bem mais orgulhosa do que havia parecido com Peter.


- Vinte pontos, Senhor Potter, por tentar um animal diferente de um mamífero – a professora sorriu.


- Metido – sussurrou Sirius e James lhe sorriu de volta pomposo.


James estendeu a mão com o dedo esticado para que o pássaro Lily pousasse nele. Assim que ela chegou ele passou o indicador sobre as penas da cabeça dela, acariciando. Ela soltou um último pio melodioso e ele a depositou em uma das carteiras antes de pegar a varinha e transformá-la de volta.


 - Isso foi incrível – os olhos dela brilhavam quando estava de volta a forma humana sentada em uma carteira – Eu lembro de voar, mas é como se eu não tivesse...


- Controle do próprio corpo – assentiu James.


Ela sorriu concordando.


- Eu acho que nunca vou me acostumar com a magia – Lily disse alegremente.


James Iria respondê-la, mas a professora Minerva interrompeu a turma, informando o fim da aula.


- Para a próxima aula quero uma redação de 45 centímetros sobre o assunto e não quero ver nenhum aluno praticando pelos corredores. Treinem apenas o movimento das mãos. Agora podem ir.


- Eu fico me perguntando se quarenta centímetros de pergaminho escrito vão facilitar a vida de quem não consegue transfigurar – disse Sirius resmungando – Nunca precisamos de nada disso.


- Vocês simplesmente têm um dom natural – disse Lily – Para mim cada centímetro de pergaminho é importantíssimo. Veja o James me transformando em uma cotovia, sendo que deveríamos só conseguir um mamífero.


- "Não foi a cotovia, mas apenas o rouxinol que o fundo amedrontado do ouvido te feriu." - recitou James.


- Shakespeare? - disse Lily assustada.


James apenas piscou para ela, e seguiu ao lado dos meninos já que Marlene a esperava na porta.


- Como foi a aula? - perguntou Marlene a examinando minuciosamente.


- Surpreendente – respondeu Lily ainda assustada.


- Perguntou sobre a aula, não sobre James Potter – respondeu Marlene com a sobrancelha arqueada.


Lily ruborizou e Marlene riu.


- O que temos agora? - perguntou Marlene fingindo não ter percebido a falta de argumentos da sua amiga ruiva e andando vagarosamente pelo corredor agora vazio.


- DCAT – respondeu Lily retirando o horário da mochila.


- Meninas! - alguém chamou. Lily virou para trás com sua varinha bastante apertada na mão. Mas se deparou com um pálido e ofegante Remus Lupin.


 – Ainda bem que achei vocês - disse ele tentando recuperar o folego, gemendo um pouco de dor – O que eu perdi?


- Remus – exclamou Lily baixando a varinha e avaliando o amigo - Você está bem?


Remus estava abatido e cansado, parecia com dor e tremia um pouco, percebeu Lily agora que ele estava parado ao seu lado. Mas apesar disso ele deu um sorriso genuíno. Eles continuaram andando em um ritmo lento.


- Estou ótimo, só cheguei atrasado. O que perdi?


- Transfiguração - disse Lily olhando desconfiada - Transfiguração animal. Mas somente Peter e James conseguiram transfigurar alguém, acredito que você pegará a matéria fácil.


- Infelizmente não sou meus amigos, Lils – disse Remus rindo – Mas Peter conseguiu uma transfiguração de primeira?


- Sim, na verdade ele foi o primeiro. – disse Lily sorrindo – Transformou Sirius em um grande cachorro negro, foi bem impressionante.


Remus ficou um pouco mais pálido, se é que era possível.


- Você está bem mesmo, Remus? - disse Lily preocupada – Podemos leva-lo a enfermaria se você quiser.


- Estou bem – disse ele nervoso – Que aulas temos agora?


- DCAT – respondeu Lily, desta vez se pondo ao lado de Remus para ampará-lo caso ele caísse - Inclusive estamos atrasados.


Lily quis perguntar sobre os supostos exames no St. Mungus, mas não queria constrange-lo na frente de Marlene então seguiu pelo corredor em silêncio, até chegarem a sala de DCAT onde avistaram os alunos em frente a porta parados, Marlene se adiantou para tentar abrir, mas Peter a interrompeu.


- Está trancada, já testamos – disse ele.


- Remus – James saiu de perto dos amigos para se postar na frente de Lupin – Merlim, o que você está fazendo aqui?


- Assistindo minhas aulas, James – respondeu Remus vacilante - Já perdi um certo exibicionismos de vocês, pelo que me foi dito.


- Ah, você ficou sabendo das proezas de Peter – disse Sirius se aproximando e se pendurando nos ombros de Remus, para isso ele teve que entrar ao lado de Lily a empurrando um pouco para o lado. Lily cruzou os braços indignada, mas viu Remus vacilando sob o peso de Sirius, que por sua vez não fez nada a respeito.


- Fiquei – disse Remus bravo, porém o efeito foi diminuído por uma certo ruído dele, talvez causada pela falta de ar – Por que um cachorro, Peter?


Peter abriu a boca para responder, mas foi interrompido por Sirius.


- Ora, e que outro animal seria? Cachorros são bichos maravilhosos – Sirius sorriu convencido – Melhor do que o exibido do James. Um rouxinol? Sinceramente, tantos animais mais interessantes.


- McGonnagall ficou impressionada – disse James emburrado – E não é como seu eu pudesse transfigurar Lily em um animal grande dentro de uma sala de aula.


Lily percebeu que isso não seria difícil para ele, o que o impediu foi apenas o tamanho da sala de aula. Isso era impressionante.


- E você, Black, não quis se exibir desta vez? - Marlene perguntou – Que eu me lembre você era tão bom quanto Potter em transfiguração.


- Sou melhor, McKinnon – respondeu Sirius piscando o olho para ela – Mas não queria roubar a gloria do Peety. Mas quem sabe não posso praticar agora. O que vai ser Peety? Um coelho, um rato?


Peter fez uma careta ao apelido. Remus resmungou alguma coisa e James riu. Mas antes que Sirius pudesse realizar sua magia, a porta da aula de Defesa contra as artes das trevas se escancarou em um baque, possibilitando a vista para a sala de aula deserta e escura.


- Será que termos um professor bom este ano? - sussurrou Marlene enquanto os seis entravam na sala.


Mas Lily não estava mais prestando atenção devida na amiga, no canto mais escuro Severo estava parado olhando com uma falta de emoção, já característica. Lily sustentou o olhar, mas ele o desviou e se sentou o mais longe possível na sala de aula. Este geralmente se tornara o problema depois do quinto ano, eram tão poucos aqueles que conseguiam NOM‘s suficientes e decidiam manter as matérias, que LIly encontrava James e sua patota, além de Severo, em quase todas as aulas, já que não as dividiam com um grande montante da turma de sétimo ano.


Quando Lily percebeu ela estava já sentada ao lado de Marlene, atrás de Dorcas e Emmeline e na frente dos meninos. Marlene engatou uma conversa animada com as meninas a sua frente, já que, ao contrário de Lily, não havia tido a possibilidade de falar com elas antes. Lily se deixou vagarosamente retirar seus livros e pergaminhos da bolsa enquanto escutava a conversa realizada aos sussurros logo atrás dela.


- Você não deveria ter vindo – sussurrou James - Não era melhor esperar passar, faltam poucos dias, Remus.


- Eu não queria perder as primeiras aulas – disse ele fraquinho - Vocês causam confusões demais. O que foi a aula de transfiguração, Padfoot? Precisava daquilo? E se McGonnagall desconfiasse, pior, se ela descobrisse. Vocês são malucos.


- Não aconteceu nada, Moony – sussurrou Sirius – Foi só uma brincadeira engraçada. Ninguém percebeu nada, ninguém se quer desconfiara que somos capazes disso.


- Mas logo com Peter? - disse Remus – ele nunca conseguiu fazer um exercício de primeira em uma aula de transfiguração. Sem ofensas, Wormtail.


- Não estou ofendido – disse Peter alegremente concordando com ele.


- Era para ser James, mas ele estava limpando o chão que a ruiva pisa com a sua própria baba.


- Ei! - resmungou James, mas não fez mas nada para desmentir.


Lily ficou vermelha e se concentrou em não derrubar nenhum dos seus materiais que estavam em cima da mesa. Mas foi inútil, pois uma voz retumbante na frente da sala fez calar todas as conversas da sala além de fazer com que Lily derrubasse seu próprio tinteiro, que ela recolheu com "Accio" quando ele ainda estava no ar.


- Reflexos rápidos. Quer ser minha apanhadora? - sussurrou James em seu ouvido. A deixando ainda mais vermelha.


- Então vocês são os setimanistas que deram para mim – disse um homem perto dos cinquenta anos - Não consigo ver nada excepcional, uma pena e uma vergonha que Hogwarts esteja formando ratinhos ao invés de dragões.


Lily ouviu um muxoxo, onde ela acreditou fortemente ser de Sirius.


- Quantos aqui sabem realizar um feitiço Patrono? - o professor não esperou nem meio segundo, porém nem precisaria, Lily sabia que na sala ninguém deveria saber – Quantos sabem como enfrentar um infere? Identificar a marca negra? Resistir a um Imperius? Reconhecer armadilhas? Identificar objetos das trevas?


Todos estavam calados. O professor esbravejava como se fosse culpa deles a falha na educação.


- Quantos já viram uma marca negra pairando sobre a casa de algum conhecido? Um Comensal da Morte pessoalmente? - A sala estava em completo silencio, Lily não pode deixar de desviar os olhos para o grupo de sonserinos, todos pareciam bastante divertidos com a introdução do professor, exceto Severo, seu rosto era impassível. - Quantos já ouviram um amigo gritar rendido pela maldição Cruciatus? Quantos já encararam um lobisomem frente a frente? Quantos já viram a face da morte?


Ninguém respondeu. Lily se sentia soando frio, ela esfregou as mãos assustada em sua saia. Na tentativa de limpar o suor gelado que ali se instauraram. Ela sentiu um arrepio vindo de Marlene.


- Muito bem, ninguém. Certo, a primeira coisa a fazer então é localizar os Sangues Ruins desta sala – disse o professor de forma abrupta.


Lily se assustou, estava acostumada a ouvir o xingamento pelo colégio, mas nunca vinda de um professor. Antes que ela pudesse se manifestar ela sentiu um bando de alunos ao seu redor se levantando. James colocou sua mão no ombro dela e ela podia senti-lo tremer. Sirius, Remus e Peter também se levantaram. Marlene quase pulou da cadeira e Dorcas e Emmeline a encobriam do professor. Lily se sentiu amada, como há tempos não se sentia.


Do outro lado da sala também houve uma certa comoção com os poucos alunos da Lufa-lufa, afim de proteger dois nascidos trouxas da casa. Mas eles faziam menos volume e barulho que os grinfinórios, que começaram a gritar com o professor. Lily não distinguia os xingamentos, ela podia jurar que ouviu Sirius rosnar, mas não poderia confirmar isso.


- Calma – disse o professor por cima dos insultos – CALMA! Perdão aos nascidos trouxas, foi apenas uma experiência, e eu consegui o que eu queria. Primeiro identifica-los e segundo verificar a posição política de vocês. Agora todos sentados.


Os alunos da Lufa-lufa se sentaram, mas o Grifinórios permaneceram de pé. Na verdade Peter tentou sentar, mas vendo que ninguém ao seu redor se moveu, voltou a posição ereta de antes.


- Eu disse sentados – resmungou o professor para o grupo. Ninguém se moveu – SENTADOS OU SERÃO EXPULSOS DA MINHA AULA.


As meninas na frente de Lily sentaram, mas permaneciam com a varinha em punho, colocada em cima da mesa, como em sinal de protesto. Marlene ainda ficou de pé, Lily teve que puxá-la para baixo, assim como Remus fazia com Sirius e James. Este último permaneceu com uma mão no ombro de Lily e a outra empunhando a varinha.


 O professor pareceu olhar LIly agradecido, mas foi por um breve momento, pois virou-se para o grupo de lufanos.


- Qual o nome de vocês dois?


- Jackson – disse o menino nascido trouxa, com a voz vacilante – Thomas Jackson, Senhor.


- Sally Baker – disse a garota com mais confiança e um pouco de petulância.


- Desculpas, novamente Baker e Jackson. - disse o professor um pouco mais calmo e depois virando abruptamente para LIly – E você?


- Evans – ela respondeu orgulhosamente. Ao dizer isso sentiu um aperto mais forte de James e isso a acalmou um pouco.


O professor apenas assentiu e não se desculpou com ela, Sirius grunhiu e ela viu uma faísca vinda da varinha de James.


- Certo, Evans, Baker e Jackson – disse o professor virando-se para a turma – Espero que saibam que hoje vocês são considerados por boa parte da população bruxa como páreas da sociedade, nada mais do que animais. Vocês serão os primeiros a ser negado empregos, direitos, haverá lugares em que serão mal vistos e negado atendimento, as pessoas irão xingá-los na rua e vocês não poderão fazer nada. As pessoas terão medo de vocês, medo de serem seus amigos. Elas negarão a qualquer um que pergunte qualquer relação com vocês.


Lily tremeu um pouco, mas Marlene segurou sua mão firme e James começou a circular seu polegar no ombro dela, para acalmá-la.


- Nem todos – disse James em voz alta.


- Muito bem – respondeu o professor – Nem todos, senhor...


- Potter – respondeu James orgulhoso.


- Ora – disse o professor avaliando James – Um sangue-puro. Muito bem, Sr. Potter, nem todos irão negar esta proximidade. Alguns, muito poucos de fato, irão se levantar, assim como vocês fizeram. Mas acredite em mim, isso não é a maioria.


- Então é isso, não temos chance? - perguntou Lily – Devemos ficar sentados, escondidos, torcendo para não sermos mortos, ou simplesmente fingir que não somos bruxos e nos misturarmos com a os trouxas? Aceitando subempregos dos dois lados?


- Sim, você pode ir para este lado Evans, e acredite em mim este é o mais fácil a se fazer – respondeu o professor calmamente – Mas pense podia ser pior, você poderia ser um maldito mestiço, um meio gigante, um vampiro, ou um lobisomem, quem sabe. Caso seja isso, sinto informar suas chances são zero.


Lily sentiu uma comoção atrás de si, James batia a varinha na carteira e Sirius xingava o professor. Lily se forçou a não olhar para trás e confirmar o rosto pálido e assustado que Remus deveria ter no momento.


- NÃO - gritou Sirius - Não pode ser isso, deve ter algo que se possa fazer.


Os olhos do professor começaram a brilhar.


- Sim, há, senhor...


- Sirius  - respondeu ele com o nariz empinado.


- Eu perguntei seu sobrenome – disse o professor bravo.


- E o que ele importa? - respondeu Sirius.


- Excelente ponto, senhor... - o professor sorriu e pegou a lista de presença em sua mesa – Black? - o professor leu assustado e encarou Sirius que estava presunçoso - Ora, se não temos uma maçã fora da sexta. Um Black na Grifinória, taí algo que não se vê todo dia. Bem, Senhor Black, ou devo chama-lo de sua alteza?


Sirius grunhiu e ameaçou a se levantar, mas Remus o segurava firmemente.


- Não sou como eles... - disse Sirius entredentes.


- Excelente – disse o professor sério - Não suportaria principezinhos nesta sala de aula. Mas respondendo a sua pergunta, Black, há sempre como resistir, só quero deixar claro que não é fácil. Não é porque é certo ou justo que é fácil. Me diga você: o que garotos de dezoito anos podem fazer? Vocês mesmo admitiram não fazer ideia do que tem lá fora? Nunca enfrentaram se quer nada parecido?


- Nós podemos lutar – respondeu James calmamente.


- Por que, senhor Potter, você lutaria? Você é um sangue puro, pode não ser de uma família prestigiada como seu amigo Black, mas duvidaria que alguém se levantasse contra você. Teria uma vida pacata e tranquila sem se envolver. Então, por que você lutaria?


James levantou sério.


- Por que é certo. Por que é justo. Ninguém deve ser julgado por onde nasceu, isso não faz diferença. Não é porque alguém nasceu em uma família que não possui talento em magia seja pior, aliás, ela tende a ser melhor, pois conhece os dois mundos. Não é porque alguém que foi mordido por um lobisomem ele é inferior, ele é uma pessoa, com méritos e falhas como qualquer outra, exceto por algumas noites no mês, onde age inconscientemente. O que me faz melhor que qualquer um? E antes que o senhor me pergunte o porquê isso me importa, bem, eu não sou nascido trouxa, mas amo pessoas que o são, e eu não suportaria vê-los xingados, jogados e mal tratados. Então sim, eu vou lutar, todos os dias, se precisar, para que sejam tratados como merecem... Como qualquer outro bruxo, independente da sua família ou nascimento.


Lily olhou para James assustada, os olhos arregalados. Ele estava confiante e não desviou os olhos do professor nenhum momento, mas sua mão não saiu do ombro de Lily. Ele a amava? Era dela que ele estava dizendo? Quem mais nascido trouxa eles conheciam tão bem?


- Você se parece muito com o seu avô, senhor Potter. Bem, já que definimos o que é fácil e o que certo, vamos a aula – disse o professor quebrando o silencio formado após o discurso de James -  O que vocês estão fazendo com estes livros abertos? Já não discutimos que vocês não aprenderam nada que preste em seis anos com eles. Todos de pé, vamos começar por um dos feitiços mais complicados. O Patrono.


- Ótimo - disse Sirius ironicamente  – Pensamentos felizes depois de todo este pessimismo.


- Pelo menos será quase um desafio verdadeiro. Sinto como se um dementador estivesse por aqui – disse Peter.


- Você tem razão companheiro – disse Remus sério.


- Espero que todos vocês saibam o segredo de um Patrono – disse o professor arregaçando a as mangas e afastando magicamente a carteiras, deixando um círculo interno para os alunos – Pensamentos Felizes. Não acredito que todos vocês consigam. Se existe uma magia completamente oposta a magia das trevas, esta magia é o feitiço Patrono. Ele é a reunião pura de coisas boas: felicidade, amor, saudade, amizade... Mas como uma magia negra é preciso querer usar, assim é o patrono, é preciso querer conjurá-lo, é preciso querer coisas boas.


- Bem agora que definimos isso, pensem na sua lembrança mais feliz. Cavuquem suas memórias, aquelas que mais te dão prazer, que te fazem sorrir. Muito bem, srta Baker, eu estou vendo um sorriso.  Dementadores são as piores criaturas das trevas. Eles são a síntese do medo, fazendo você esquecer o que já viveu de bom. Por isso se agarrem a estas memorias, elas podem salvar vocês.


Lily tentou pensar em boas lembranças: quando descobriu que era bruxa, mas ela se lembrou de Severus e como a vida o tinha afastado dela. Então pensou em sua carta de Hogwarts, mas Petúnia veio junto, com seu desprezo e xingamentos. Tinha que ser outra memória. Quem sabe uma que adquiriu em Hogwarts, seus amigos, Grifinória campeã das taças das casas, James erguendo a taça de quadribol, James dizendo que a amava. Ela ficou vermelha, não queria usar esta última lembrança recente, mas as outras não pareciam tão fortes...


James tinha lembranças felizes aos montes. Seus inúmeros presentes de natal, sua primeira vassoura, quando foi selecionado pelo time da sua casa, quando ganhou a taça de quadribol pela primeira vez, quando foi selecionado para a Grifinória. Estava indeciso de qual usar, todas pareciam boas.


Remus fechou os olhos sorrindo com a lembrança escolhida, era tão fácil. Esta lembrança era vivaz na sua mente todos os dias, era o que fazia querer levantar.


Peter ficou nervoso, tinha boas lembranças, mas não conseguia se concentrar nelas. A voz de James dizendo que lutaria ficava o torturando.


Sirius não fechou os olhos, um Black não tinha lembranças felizes, tinha? Com certeza não estaria em sua casa. Ele olhou para o sorriso de James, o rosto sério e concentrado de Remus e os olhos apertados de Peter, e sorriu, pode ser que outro Black não tivesse pensamentos felizes, pode ser que outro Black não conseguisse um patrono, mas Sirius não, afinal ele era a maçã fora da sexta. Bastava escolher qual a melhor lembrança, ele já sabia onde ela estaria.


- Certo – disse o professor pela primeira vez em um tom calmo, quase sussurrante – Com esta memória na mente digam com força "Expecto Patronum", mas se concentrem na memória, as palavras não farão efeito nenhum se você não estiver pensando com força na sua memória. Agora digam.


- EXPECTO PATRONUM – ressoou a sala mas nada demais aconteceu somente uma fumaça prateada saída da varinha de Remus. Todos olharam para ele e até o próprio Remus parecia olhar para seu Patrono não corpóreo assustado.


- Muito bem, senhor... - novamente o professor esperou Remus completar.


- Lupin, senhor, Remus Lupin – disse ele ainda encarando seu patrono.


- Lupin, conheço seu pai, grande homem – disse o professor sorrindo – Estaria orgulhoso de você. Mesmo não sendo corpóreo já te ajudaria com um dementador pelo menos. Mas tente outra memoria, talvez um mais forte.


Remus tremeu um pouco, ainda fraco, mas feliz. Se preparou novamente esperando a ordem do professor.


- Todos vocês ou mudem de memória ou pensem na que escolheram com mais força - disse o professor. Mas James não teve tempo de escolher outra, como a maioria dos alunos – Vamos lá, novamente, Expecto Patronum.


- EXPECTO PATRONUM - novamente a sala gritou e novamente somente Remus produziu uma nuvem prateada.


- DE NOVO – gritou o professor.


Na terceira vez ocorreu a mesma coisa, Remus cambaleou e Lily, que estava ao lado dele olhou para James pedindo para parar Remus, mas James nem pode tentar, Remus continuou gritando o feitiço.


Já quase no fim da aula, o professor andava frustrado pelos alunos dando broncas esporádicas, e corrigindo a postura, sussurrando palavras de incentivo. Quando Remus gritou já quase sem força - EXPECTO PATRONUM. Um lobo prateado irrompeu da sua varinha, era um lobo altivo, seus olhos pareciam tristes, Lily percebeu, era como se ela estivesse vendo os olhos de Remus, a mesma tristeza.


O lobo circulou, e Lily sentiu vontade de rir quando ele passou por ela. Peter, James e Sirius fizeram festa com o cansado Remus. Lily via ele quase desmaiando, mas orgulhoso de si mesmo.


- Excelente, sr. Lupin, vinte pontos para a Grifinória. - disse o professor - Não sei que lembrança usou, mas ela é magnifica.


Remus sorriu, Lily foi para mais perto dele e entrelaçou seus braços dando um sustento para Remus permanecer de pé. Remus conseguiu aliviar um pouco.


- Ele é lindo, Remus – disse ela sorrindo.


- Acho que posso suporta-lo – disse ele olhando para o lobo com carinho.


- Isso é tão frustrante – disse James enquanto recolhiam o material para sair – Não consigo escolher uma lembrança, todas parecem boas, mas na hora...


- Isso por que você é mimado – disse Sirius rindo – Aposto que seus pais nunca deixaram você passar por nada ruim.


- Não tenho culpa disso, tenho? - disse James sorrindo – Eu também não vi você fazendo muito progresso, Pads.


Sirius tirou o sorriso do rosto. Lily continuava acompanhando os meninos amparando Remus. James percebeu e se postou do outro lado do amigo, caso o peso fosse demais para Lily. Ela pensou que Remus talvez não gostasse de ser carregado pela escola, com ela pelo menos, parecia que estavam abraçados. Marlene discutia com Peter sobre como sustentar uma memória, mais atrás.


- Qual a memória que você pensou, Remus? - perguntou Sirius sério.


Remus sorriu carinhoso.


- Uma, um pouco antiga, alguns amigos meus fazendo algo extraordinário por mim. Lembro-me de ficar muito bravo e com medo, mas eles me ignoraram e... transformaram minha vida.


Lily olhou para ele e viu um sorriso. James sorria em retorno, parecendo saudoso e Sirius olhou assustado.


- Fico tocado que em ser sua lembrança feliz, Remus – disse Sirius parecendo fazer troça, mas Lily identificou uma emoção escondida.


- Não disse que foi você, Pads – respondeu Remus alegre.


 


 


Notas:


1-      Espero que tenham gostado.


2-      Ando em um momento de muita correria e estou um pouco sem tempo de escrever. Mas já tenho dois capítulos prontos de reserva. Mas devo começar a demorar um pouco mais para postar, não se assustem.


Spoilers: Escrever sobre quadribol é extremamente difícil e o capitulo 6 é gigante.


 


Beijos, até a próxima.

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Comentários (3)

  • Dani Evans Potter

    Sempre fico feliz de achar uma fic meia boca sobre Jily, mas quando encontro uma realmente ótima não consigo parar de ler! E a sua fic.. sem palavras! Escrita perfeita, história tem um ótimo desenvolvimento, consigo sentir cada pensamento dos personagens.. sério amei, encontrei ela hoje, e estou completamente apaixonada! Estou mega ansiosa para o próximo capítulo! Faço um pequeno pedido.. por Merlin não pare de escrever! Sério! Até o próximo! XOXO  

    2016-06-27
  • Talisman José da Silva Moraes

    Mais um capítulo excelente! A forma natural com que James e Lily vão se entendendo... E por essa do Sirius e Peter não esperava! Sempre imaginei que eles poupassem o Remo ao máximo de qualquer pista que viesse a revelar seu segredo. E isso existe mesmo, ou foi algo que inventaste, a transformacão humanimal? Parabéns!

    2016-06-20
  • lehleh potter

    Magnifico, esperando ansiosamente o próximo, e obrigada por não parar, e sim, dá pra perceber que se diverte, é nítido, é bonito, é como ver uma nova escritora nascendo! Até o próximo capitulo...

    2016-06-19
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