Expresso Hogwarts



Capítulo 2


Expresso Hogwarts


 


Lily aparatou em um beco próximo a estação King‘s Cross, pousou o malão ao seu lado, olhou no relógio de pulso que marcava 10:16. Ela sorriu, havia chegado cedo. Puxou sua varinha e ainda a segurando voltou a levantar o malão, quando chegasse à estação pegaria um carrinho, mas até lá não ficaria desprotegida sem uma varinha na mão, não mesmo. 


Ela sentiu uma brisa gelada, apesar de ainda estarem no verão. Ela olhou para o céu, ele andava nebuloso quase por todas as suas férias. Em sua cesta, Mr. Tilney, o gato, miou incomodado. 


- É eu sei – disse ela em voz alta – A culpa é minha, se eu não fosse tão teimosa e deixasse o Potter me acompanhar, não estaria aqui sozinha. Mas, ei, é do Potter que estamos falando. E eu posso me virar. Sou uma bruxa adulta e independente. 


- Ficou maluca, Sangue-ruim? – ela viu três garotos rindo dela, deviam ter seus 14 anos no máximo. Sonserinos, já vestidos com seu uniforme indo em direção à estação na rua principal, da qual o beco de Lily desaguava. 


Ela suspirou e murmurou: 


- Se controla, Lily. É só um bando de idiotas. 


Mas ela apertou a varinha mais firmemente e se xingou mentalmente de ter que carregar um malão tão pesado em uma mão e um gato em outra, e de não ter aceitado companhia para chegar à estação. 


Lily caminhou com passos apressados até King‘s Cross, a estação estava lotada, vários bruxos vestidos como bruxos, Lily nunca tinha visto aquilo. Os trouxas olhavam desconfiados para a quantidade de gente "esquisita" passando por ali. Aonde ia havido parar a descrição. Por que o ministério não intervinha? O estatuto do sigilo estava quase inexistente naquela estação aquele dia. Lily bufou. 


- Por que mandar uma intimação para uma garota de treze anos por transformar xicaras em ratos eles servem, mas para isso – ela resmungou lembrando o tempo em que recebeu uma carta intimando a não praticar magia fora da escola, mas a cara de Petúnia havia sido impagável e compensadora, mesmo após bronca de seus pais.  


Dois trouxas olharam para ela assustado. E ela suspirou, pensando que deveria deixar esta mania de falar sozinha. Se bem que, perto dos demais transeuntes ela estava se considerando bem normal. Mr. Tilney era um gato discreto, diferente das enormes corujas ao redor. Ela estava com roupas trouxas da moda, não vestes bruxas de cores berrantes.   


Lily riu quando viu um menininho perdido com seus pais, provavelmente seu primeiro ano. Sua irmã loira, com certeza mais nova, sorria encantada, quase pendurada em seu carrinho. Os pais do menino se abraçavam temerosos olhando para todos os cantos. Indubitavelmente eram trouxas. 


Lily sorriu, quase se viu naquela cena, exceto que Petúnia não parecia tão animada quanto a menininha. Ao pensar nisso o sorriso da ruiva sumiu, não tinha conseguido ver Petúnia hoje, a irmã se recusava a sair do quarto ou deixar Lily entrar. Mesmo que sua mãe tenha implorado. Tuney iria se casar e ela nem havia se despedido. Ela engoliu o choro, não iria sofrer por Petúnia.  


Ela parou para observar a família trouxa, parecendo bastante confusos, em frente às plataformas 9 e 10. Lily abriu o seu melhor sorriso e abordou os pais. 


- Precisam de ajuda? 


Ela percebeu os pais a encararem ela com um olhar assustado. O menino a mediu da cabeça aos pés, Lily percebeu quando os olhinhos pararam na varinha a sua mão.  


- Você é uma bruxa? - perguntou o menino com os olhos brilhando. A irmãzinha olhou para ela admirada. 


- Não pode ser – disse a menininha – Ela não tem uma verruga no nariz. 


- Ellie! - disse a mãe exasperada. 


- Seu irmão também não tem uma verruga e é um bruxo – Lily sorriu delicada. 


- Então você é mesmo uma bruxa? - disse o menino e Lily assentiu séria. E ele olhou para ela muito sério - Então não é mentira? 


Lily não pode gargalhar. Ela também achava que tudo era uma grande brincadeira antes de embarcar. 


- É tudo verdade – disse Lily sorrindo - Você vai estudar magia em um castelo, assim que chegarmos à plataforma e pegarmos o trem. 


- Mas não tem uma plataforma – disse a mãe apontando o bilhete de trem. 


Lily não poderia sorrir mais.  


- Ah, ela esta aqui. Entre a plataforma 9 e 10. Bem ali – ela apontou para o coletor de bilhetes que dividia as plataformas e depois virando para o garotinho - Você pode correr se quiser. 


Ele olhou assustado para ela. 


- É só ir em frente, não há de fato uma barreira ali – ela sorriu – Quer que eu vá primeiro?  


O menino balançou a cabeça assustado. 


- Quer ir comigo, Ellie? – disse Lily sorrindo para a menininha. 


A garota quase gritou de alegria. Lily entregou seu gato a ela o segurou em suas mãos gordinhas. Enquanto Lily a segurava. 


- Quando eu contar três vamos correr, ok? - a menina assentiu – 1... 2... 3  


As duas saíram correndo a gargalhadas e foram direto para o coletor, porém não viram o impacto, pois surgiram na frente de uma grande locomotiva vermelha. Ellie parou deslumbrada olhando para todos os lados. Vários alunos carregavam seus malões, corujas, sapos, gatos, já vestidos em seus uniformes. Alguém havia soltado fogos de artificio em um canto longínquo, onde pareciam estrelas cadentes. Lily corou feliz e se virou a ver o irmão de Ellie seguido de seus pais entrando na plataforma. Ela entregou Ellie para eles. 


- Qual seu nome? - perguntou Lily sorrindo para o menino. 


- Greg – disse ele encantado – Gregory McCoy.  


- Muito bem, Greg – ela sorriu e estendeu a mão - Sou Lily Evans, vou ser monitora chefe este ano, então se precisar de algo me procure. 


Greg apertou a mão dela solene e sorriu. Lily se despediu dos pais do menino e enquadrou a locomotiva a frente. Ela inalou profundamente o vapor que inundava a estação e sorriu nostálgica, seria a ultima vez que iria para Hogwarts. Continuou andando a procura de algum rosto amigo. Passou por vários colegas, mas com nenhum tinha vontade de parar, as pessoas já estavam em seus grupinhos ou ainda com seus pais. Todos lhe acenavam ou questionavam como havia sido as férias, mas nenhum de verdade ela parou para conversar. Ainda distraída com uma sextanista que lhe havia dado oi, Lily trombou de frente com alguém.  


- Desculpa – ela disse a se ver de frente com o tronco de alguém, ela encaminhou seu olhar para cima e se viu encarando os olhos cinzentos e Sirius Black, seus cabelos estavam mais cumpridos do que no ano anterior, sua tez um pouco mais morena e havia um sorriso debochado em seus lábios. 


- Evans – ele sorriu de lado – Justamente quem eu estava procurando. 


Lily olhou para ele desconfiada.  


- E posso saber o motivo de estar me procurando?  


- Você não acreditaria se eu dissesse – disse ele com um tom de ironia. Lily sabia por que ele a estava procurando, não sabia é porque, se quer, havia se dignificado a perguntar. Se em um lugar estava Sirius Black, neste mesmo lugar estava James Potter. 


Sirius a agarrou pelo pulso antes que ela pudesse argumentar e praticamente a arrastou através das pessoas. Lily bateu seu malão em alguns alunos e pediu desculpa pelo ombro. Lily suspeitava que Sirius estava fazendo o caminho mais conturbado de proposito, para sacudi-la deste jeito. 


Ele parou abruptamente, soltando Lily e fazendo com que ela ficasse ao seu lado, com os cabelos bagunçados atrapalhando a sua visão. Lily largou o malão no chão bufando e usando a mão para tirar os cabelos do rosto. 


- Olha quem eu achei! – a voz de Sirius estava convencida. 


Lily ouviu um suspiro antes de ver alguém a abraçar forte. O que estava acontecendo, todo mundo parecia querer ter contato físico com ela hoje. Lily ouviu uma voz rouca bem perto do seu ouvido, reconhecendo bem quem falava, devido a um arrepio na base da espinha, arrepio este que vinha se tornando um velho conhecido seu nos últimos tempos, principalmente ao ouvir aquela voz. 


- Lily – a voz de James tinha um tom de alívio. E seus braços lhe deram mais um aperto firme antes de afrouxar lentamente - Você esta bem? 


- Claro que estou bem – ela respondeu relutantemente saindo do abraço de James – Por que todo este desespero, Potter?  


- Tem uma guerra lá fora, Evans – disse ele desapontado – Caso você não tenha reparado. 


Lily olhou nos olhos castanhos dele. Apesar das lentes dos óculos estarem um pouco sujas ela identificou bolsas roxas por baixo das pálpebras, deixando-o com ar cansado e mais velho. Os lábios finos dele tremeram um pouco quando também encararam os olhos verdes dela. 


- Eu reparei – ela sussurrou. Ela nem sabia por que sussurrou, ela não estava com medo. Ou estava? Ao ver o Potter parece que toda uma fragilidade a assombrou, uma vontade de dizer que estava apavorada. Mas ela manteve a compostura – Esta tudo bem, sim – eles se soltaram de vez e Lily pode olhar para os três outros rapazes sorridentes. 


- Confesso que estou feliz de voltarmos para a escola – disse Remus olhando para a locomotiva saudoso.  


- Merlim, Remus, este ano vai ser uma loucura. Imaginem como ficaram os professores, se já quase surtamos com o NOMs, quem dirá com os NIEMs. - disse Peter coçando a cabeça - Confesso que aproveitaria mais uma semana de férias, ainda mais esta semana. 


Sirius concordou e Lily achou que eles esqueceram que ela estava ali, pois não entendeu a ultima frase de Peter, mas todos pareciam bastante comovidos com isso.  


- Eu já estou feliz que estas férias tenham terminado – disse James que agora encarava Lily. A menina enrubesceu com o contato direto dos olhos  de James com os dela. 


- Eu fico feliz que você realmente não nos faça correr por ai a cada nota do jornal – respondeu Sirius emburrado. 


Lily viu James corar como nunca havia visto antes. Estava totalmente a parte da conversa, mas mesmo assim não conseguia sair dali, em semanas ela finalmente se sentia tranquila de ficar parada em um mesmo lugar, sem ter que ficar olhando pelo ombro.  


Instaurou-se um silencio esquisito entre eles. James estava ainda vermelho, enquanto Remus cochichava nervoso algo para Sirius, que dava de ombros. Peter olhava de Lily para James repetidamente. 


-Er... - ela disse roubando os olhares para ela – Remus, você por acaso não seria o monitor chefe, seria? 


Foi uma pergunta digna, pensou Lily, se ela era a monitora chefe, algum dos monitores do sétimo ano deveria ser também. Mas os rapazes ficaram mais quietos ainda. Remus deu uma olhada apreensiva para James que o encarou duramente, antes de responder. 


- Não, Lily, não sou. Você não sabe quem é? - Remus sorriu amarelo para ela. 


- Não - ela respondeu – Pensei nisso desde que chegou o meu distintivo, você parecia o mais provável. Adoro o Abbot, mas sinceramente ele não consegue passar autoridade nem para primeiranistas assustados, quem dirá para monitores. O Miller, da Corvinal deixou a monitoria subir a cabeça dele, quem dirá a monitoria chefe, ele ficaria insuportável. Sobra, então, você e Sev... Snape  - Lily enumerava os monitores do ano passado, ficou branca quando falou em Snape – E bem, se não é você... 


Lily entrou em desespero. Não queria rever Severo, não estava pronta para tê-lo perto de si. A vida deles tinham tomado lados tão diferentes desde o quinto ano. Lily tinha se tornado cada vez mais ativista aos direito dos nascidos trouxas. Em geral podia se ver ela defendo os alunos menores ou discutindo quando pegava alguém pregando a pureza de sangue. Mas Snape tinha se tornado cada vez mais taciturno, andava com as pessoas mais preconceituosas da Sonserina, era pego confabulando ou ligado a "brincadeiras" de mau gosto com nascidos trouxas. 


Lily não queria ver o melhor amigo se afundando em uma vida que ela desprezava, que ela não poderia seguir e que era tudo de contrario com os ideais dela. 


- Tenho certeza que não será Snape – disse Remus com um sorriso consolador para ela. 


- Isso mesmo – disse Peter dando tapinhas no ombro dela. 


- Ranhoso não teria capacidade para ser monitor chefe – disse Sirius rindo. 


- Então vocês acham que é Miller? – disse Lily com uma careta em sinal de exasperação. 


- Ora, Evans eu teria mais esperança se fosse você - disse Sirius colocando o braço sobre os ombros dela – Quem sabe o que destino te reserva. 


Lily suspirou frustrada. Encarando o trem esperando encontrar a Marlene. Não percebeu Remus encarando James nervoso e este passando as mãos no cabelo como se tivesse vergonha de algo. Lily, quando não encontrou Marlene se virou para os meninos e abriu a boca para falar, o que aconteceu ao mesmo tempo que James: 


- Evans... - disse James 


- Eu... - disse Lily 


James ficou vermelho e suspirou indicando para que Lily continuasse. Ele percebeu o olhar profundo que Lily lhe lançou antes de terminar o que estava tentando dizer: 


- Eu acho melhor nós subirmos, o trem vai partir logo – disse ela. 


- Acho que Lily esta certa vocês deveriam ir logo – sorriu Remus com certo toque de tristeza.  


Lily virou espantada para ele, perguntando: 


- Como assim "vocês". Você não vai, Remus?  


- Minha doença piorou nestas férias - ele disse relaxado quase tranquilamente, como se estivesse acostumado a dizer que tem uma doença crônica - Tenho alguns exames para fazer no St. Mungus hoje. Devo ver vocês amanhã nas aulas. 


Lily olhou verdadeiramente para Remus. Ele parecia tranquilo, mas exausto, como se não dormisse há dias, suas vestes trouxas simples estavam folgadas no seu corpo e ele realmente parecia doente. Lily virou a cabeça para ver a reação dos outros meninos, mas eles não demonstravam preocupação com o amigo, havia até mínimos sorrisos travessos nos lábios. Lily encarou James, com o que ela achava ser seu melhor olhar intimidador, mas James se quer se moveu ou largou o sorriso tranquilo do rosto. 


Lily olhou desconfiada para Remus, claro que sabia da teoria de Sev... Snape, ele havia a exposto muitas vezes na vã tentativa de fazer Lily se afastar dos Grifinórios, e ela não era burra, sabia que a teoria era bem provável, apesar de ser bem hilária. Quem imaginaria o todo certinho Remus Lupin um lobisomem, Remus não tinha cara que machucaria uma mosca ou desalinharia seus cabelos partidos de lado. Mas Lily tinha que confessar que todos os desaparecimentos e agora este suposto exame que impediria que ele pegasse o expresso de Hogwarts bem no meio da Lua Cheia, eram convenientes demais para ser coincidência.  


- Você chegará a tempo do jantar, Remus? – Lily resolveu testar a teoria. Ela viu uma sombra passar no olhar despojado de Remus entes que ele respondesse. 


- Possivelmente não, Lily. Devo chegar a Hogwarts só amanhã. Vocês terão que aproveitar o jantar por mim. 


Lily se surpreendeu, então Remus não passaria a noite no colégio. Mas se ele fosse lobisomem, como faria no resto do ano? Quer dizer, ele já era um lobisomem adulto agora. Então ela pensou: o que importava? Remus sempre foi gentil com ela, ele aprontava, como James, Sirius e Peter, mas era uma boa pessoa, qual era de fato a importância se ele for mesmo um lobisomem, não convivia com ele por sete anos? O que havia acontecido até então? 


Lily sorriu para ele carinhosa. 


- Que pena! Você fara falta no banquete. – Remus assentiu para ela e Lily ouviu James grunhir alguma coisa inteligível. 


- Vamos subir então - disse James erguendo malão de Lily em uma mão e o seu próprio em outra. 


- Ei, Potter – disse Lily brava, enquanto acompanhava as passadas largas de James – Isso é meu. 


- Está pesado – foi a resposta de dele, ele estava emburrado com alguma coisa que Lily não identificava o que.  


- Eu sei – disse ela nervosa. Por que estava nervosa, mesmo? Geralmente ela tinha a resposta na ponta da língua. Depois de um tempo ela conseguiu se articular – Eu posso carregá-lo, Potter, carreguei de casa até aqui. 


- Só porque não me deixou buscá-la – respondeu ele imediatamente.  


- Eu não preciso de babá, Potter – disse Lily brava – Sou uma bruxa adulta e consigo me virar, obrigada. 


- Você não sabe, não é? - James parou e colocou os dois malões no chão, estavam a menos de dois metros do vagão.  


Peter, Sirius e Remus, que estava carregando seu malão para dentro mesmo que não fosse viajar, já tinham entrado. James olhou para a porta do vagão procurando se algum amigo estava lá, não achando ninguém passou as mãos no cabelo, em um tique a tempos adquirido, e encarou a ruiva a sua frente. Lily olhava curiosa com repentina explosão de James, seu semblante mostrava confusão pelas palavras dele. James suspirou antes de continuar: 


- Você não sabe, não é mesmo? Não faz a mínima ideia de como foram minhas férias? - ele disse bravo. 


- E por que eu saberia? - Lily respondeu confusa, queria estar brava por este ataque repentino, mas não conseguia. 


- Lily, eu... - ele começou a dizer, mas foi interrompido por um grito. 


James e Lily viraram correndo em direção ao grito. James quase quebrando o pescoço. A estação pareceu ficar em silêncio por breves segundos, antes de mais gritos e uma horda de alunos correrem na direção deles tentando entrar no trem. 


James enxergou um grupo de encapuzados rindo e colocando alunos pendurados ou os torturando, ele tremeu involuntariamente e olhou para Lily com os olhos esbugalhados. 


- Evans, entre no trem agora! - disse James jogando os malões para dentro do trem – Mantenha os alunos lá dentro.  


- Não! - ela disse empunhando a varinha - Não vou deixá-los aqui fora. 


- Sim, você é a monitora chefe, tem obrigação de deixá-los seguros – disse James a empurrando para dentro. Ele sabia que a havia vencido com este argumento. 


- E os que estão aqui fora? - disse ela em desesperando olhando para o lado – Tenho que trazê-los para dentro. 


- Deixa que eu faço isso – disse James retirando o distintivo de monitor chefe do bolso da calça jeans e pregando na camisa que usava. Lily olhou abismada para ele. Mas James a empurrou delicadamente – Acalme eles! 


James assistiu Lily concordar com um meneio da cabeça e entrar no trem tirando os malões dela e dele do caminho. Ela gritou com os alunos que estavam obstruindo a entrada e os corredores, mandando todos entrarem nas cabines e não saírem. Ela se pendurou na porta indicando para as pessoas que estavam fora para entrar por ali. James sentiu um bolinho se formando no estomago, um orgulho, por ela manter o controle, por saber exatamente como agir, por ela estar tão centrada. 


Ele girou em seus calcanhares correndo em direção a massa de alunos assustadas sendo imprensadas pelos Comensais da Morte. Ele brandiu a varinha criando escudos entre os mascarados e os alunos. 


- Abbot – gritou James para um rapaz loiro rodeados de alunos. O monitor setimanista da Lufa-lufa olhou para James assustado, mas James continuou andando enquanto gritava – Leve-os para dentro do trem, não deixe nenhum comensal entrar. 


William Abbot assentiu e guiou os alunos em direção a Lily. James viu bruxos adultos, provavelmente os pais dos alunos, lutando contra os comensais, evitando que eles chegassem perto dos jovens e crianças. Um senhor de rosto sério gritou com James: 


- Vá para dentro, garoto – disse o homem enquanto estuporava um comensal. 


- Só depois que todos os alunos estiverem lá - ele respondeu sério, enquanto puxava um garotinho da mira de um feitiço com um Accio.  


O senhor deu um sorriso de compreensão para ele   e voltou a lutar enquanto James arrastava, puxava ou empurrava alunos em direção ao trem, como um cão pastor mal encarado. James ouviu um berro vindo da porta do trem. Ele olhou assustado, mas só viu uma Lily apontando a varinha para um Sirius nervoso. 


- Eu vou te azarar, Black – disse Lily irritada – Volte para dentro agora! 


- Terá que azarar mesmo, Evans, se acha que vou deixar James sozinho – Sirius gritou com ela tentando a empurrar para passar e ir até James. 


James fez menção de voltar para mandar Sirius ficar lá dentro quando foi arremessado por um impedimenta vindo de algum lugar. Ele caiu no chão, os óculos pendendo fora do seu rosto, ele olhou para as mãos, estavam feridas, devido a tentar se segurar ao rolar pelo chão, a varinha estava bem firme em seu punho. 


James ouviu o grito de Sirius e logo após a voz tremula de Lily gritar "Petrifico Totalus". Ele adivinhou que ela de fato havia azarado Sirius, e sentiu uma leve vontade de gargalhar, colocando os óculos no lugar teve tempo de ver uma Lily descabelada com os braços abertos na porta, enquanto Sirius estava deitado na sua frente, a cabeça sendo segura por Remus.  


- Mais alguém vai querer testar minha paciência? – Lily gritou para dentro do trem.  


James podia rir naquele momento ou beijar aquela mulher. Mas resolveu que resgatar os últimos alunos era mais importante ou menos complicado, então se levantou, gemendo um pouco de uma dor que o atingiu na costela e foi em direção a um pequeno grupo de alunos amontoados no final da estação.  


Uma Grifinória, que James reconheceu como uma das artilheiras do time de Quadribol estava protegendo um grupinho de alunos menores que ela. A garota esbravejava frustrada enquanto não conseguia acertar um Comensal qualquer. 


- Lizzie– disse James chegando até ela estuporando um Comensal - Vá para o trem! 


- Capitão – ela respondeu aliviada sem tirar os olhos da batalha - Não consegui atravessar, são alunos do primeiro ano – ela disse como se esclarecesse um fato. 


- Vou te dar cobertura – respondeu James indicando o caminho e conjurando um feitiço escudo para proteger os meninos. - Vá na frente. 


Lizzie Steel foi à frente tentando manter a turma de primeiranistas calma atrás dela. James foi atrás lançando todos os feitiços que conseguia lembrar. Deixando um rastro de tentáculos e brotoejas pelo caminho. Um dos meninos chorava muito e se fazia de difícil para seguir o comboio. Lizzie tentava fazer com que o menino a seguisse mas estava perdendo a pouca paciência que possuía. James se irritou e passando na frente de duas gêmeas de trancinhas segurou o menino como se fosse um saco de roupas, o carregando enquanto impelia que Lizzie corresse.  


Eles chegaram ao trem. Lily ainda estava com os braços esticados evitando que os alunos curiosos ou o resto dos amigos não azarados de James se aproximasse da porta. Lizzie sorriu ao ver a colega, que abriu passagem para os jovenzinhos. Lily murmurava um "está tudo bem?" enquanto os ajudava a subir no trem.  


James foi o ultimo a subir ainda com o menino choroso no braço.  


- São os últimos - disse ele cansado – Feche a porta Evans. 


Lily acenou positivamente e começou a fechar as grandes portas de ferro do trem, quando viu o menino que James depositava no chão. Ela largou a porta e se ajoelhou perto do menino. 


- Greg – disse ela tremula - Você esta bem? 


O menino olhou para ela surpreendido, e a reconheceu imediatamente. Mas continuou mudo com os olhos cheios de lágrimas. 


- Onde está Ellie, Greg? - disse Lily com o tom de voz de desespero  - Onde estão seus pais? 


Greg apontou para aonde estavam um grupo de mascarados rindo e pessoas sendo levitadas no ar. James olhou para um homem muito parecido com o menino choroso. Aqueles deviam ser a família dele, Greg era um nascido trouxa. 


Lily pôs a mão na boca em desespero, mas abraçou o menino tentando consolá-lo. Neste momento tudo ficou confuso para James, ele olhava a família pendurada enquanto Marlene lutava com o Sirius, que havia se recuperado, para chegar a Lily. 


- Lily – disse Marlene – Oh, meu Merlim, Lily, estive te procurando por todo o trem, você esta bem? 


- É bom ela estar bem McKinnon, porque eu quero ter o prazer de olhar nos olhos dela quando eu a azarar – Sirius disse irado enquanto seguia para Lily com a varinha erguida – Quem você pensa que é, Evans? 


- Não tenho tempo agora, Black – disse Lily mal humorada – Eu vou buscar sua família, Greg. 


- Não vai não - disse James bloqueando a porta - Você vai ficar aqui, Evans. 


- Potter, me deixe sair, tem uma menininha lá fora – ela apontou com lágrimas nos olhos. 


- Não - James foi incisivo. 


- James, por favor – Lily disse baixinho, quase frágil. James tremeu, Lily nunca, nunca, o chamava de James. Mas ele olhou para aqueles olhos verdes insistentes. 


- Eu vou buscá-la, você fica aqui. – ele respondeu se movendo para sair do trem. 


 - Não, eu vou com você! - ela o seguiu. Mas James virou com os olhos assustados para ela, ela tremeu antes de continuar com o fio de voz – Ellie me conhece, ela confia em mim. Você não entende... 


- Não, Lily – disse ele segurando o pulso dela - Você que não entende. Você é uma nascida trouxa, se eles te pegam. Se eles simplesmente descobrem o que você é... Eu não gosto nem de pensar nisso. 


- Potter, eu não tenho medo. – disse ela encarando o rapaz a sua frente. 


- Mas eu tenho – ele respondeu baixinho – Eu fico apavorado só de imaginar você em perigo. Estas férias eu não sosseguei um minuto, até saber que você estava bem. Fiz os meninos te mandarem cartas, implorei por noticias a Marlene e a Mary, cogitei em acampar na sua rua. Então por favor não se arrisque, não agora quando eu sei que deveria estar segura. 


- Potter, eu... - mas Lily não chegou a responder ou se quer processar as palavras do moreno de óculos. James a empurrou e ela sentiu os braços Sirius a segurarem rudemente. 


- Sirius, não deixe  sair daqui – disse James dando uma volta e correndo em direção aos comensais que estavam torturando os McCoys. 


- De jeito nenhum companheiro – sorriu Sirius largando Lily nos braços de Remus – Cuide dela, Moony. 


Sirius correu atrás de James com um sorriso estampado no rosto. Remus olhou culpado para Lily, a ruiva percebeu ali uma fraqueza e apontou a varinha em direção a Remus. 


- Sinto muito, Lily – respondeu Remus segundos antes que Peter a desarmasse. A varinha da garota foi segura por Peter. Remus se afastou delicadamente de Lily para ir atrás dos amigos – Fique com ela, Peter. 


- Vocês querem parar, Lupin! - disse Lily esbravejando - Não sou uma boneca para ser passada de mão em mão. 


- Lily, escute James, fique aqui... - ele tentava pará-la enquanto Lily tentava sair pela porta mesmo sem a sua varinha. 


Lily sentiu braços finos a agarrando pela cintura a fim de mantê-la dentro do trem, estava louca para esbravejar com Peter, mas ao olhar para trás era Marlene, sua melhor amiga a segurando. 


- Deixa que eu e Pettigrew cuidamos dela – disse Marlene séria, rastros de lagrimas secas estavam marcadas em suas bochechas morenas. 


Remus sorriu para Marlene e saiu correndo do trem. 


- Marlene – esbravejou Lily batendo os pés. 


- Não olhe assim para mim, Lily Evans – disse Marlene brava – James estava certo. Não vou ver minha amiga torturada. Não vou mesmo. 


Lily bufou teatricamente assoprando uma mecha do seu cabelo acaju. Ela sentou-se ao lado de Greg e passou o braço nas costas do menino choroso. Marlene sentou-se do outro lado de Gregory.  


- Desde quando você chama ele de James? - perguntou Lily sem de fato olhar para a amiga. 


- Desde quando ele esta certo. – Marlene respondeu dando de ombros. 


Lily sorriu para ela. 


- Onde está Mary? - perguntou Lily preocupada. 


- Escondida, eu acho. Mary nunca foi de se colocar na linha de tiro. E eu não a culpo, para falar a verdade. 


- Nem eu! - disse Lily olhando por onde Potter e seus amigos haviam saído. 


- Eles vão ficar bem – disse Peter. E Lily olhou para ele pela primeira vez. Peter estava em pé escorando na lateral do vagão, os olhos perdidos em direção à plataforma. 


- James, Sirius e Remus – continuou ele – conseguem tudo que querem. - ele olhou confiante para Lily e sorriu – Bem, quase tudo. 


Lily não pode evitar sorrir. 


- É, eu sei – disse ela – Vocês são algo como D‘Artagnan e os três mosqueteiros. 


- D‘arta... Quem? - perguntou Peter olhando para ela como se ela fosse louca. 


- Esqueça, Pettigrew– disse ela sorrindo – Literatura trouxa. Mas saiba que foi um elogio. 


- Então, eu agradeço - disse ele sorrindo confuso – Eu acho. 


Lily gargalhou e Marlene olhou para ela com a testa franzida, mas preferiu não comentar. Mas a conversa pareceu chamar a atenção de Gregory, o menino levantou um pouco a cabeça secando as lágrimas e olhou para Lily. 


- Eu conheço os Três Mosqueteiros. - a voz era fraquinha, mas já sem o tom manhoso de choro. 


- Mesmo, Greg? - Lily tentou se mostrar interessada – E qual o seu mosqueteiro favorito? 


- D‘Artagnan é claro! - disse ele abrindo um pequeno sorriso – O mais corajoso. 


- E cabeça quente – riu-se Lily – Eu prefiro Aramis, inteligente e integro.  


Greg começou um discurso para promover D‘Artagnan à frente de Aramis, mas Lily deixou-se levar pelos seus pensamentos. Se havia comparado, Black, Potter, Lupin e Pettigrew aos três mosqueteiros, quem seria quem? 


Sirius, Lily pensou, seria com certeza D‘Artagnan, corajoso, impulsivo, esquentado o suficiente para arrumar briga com 3 mosqueteiros ao mesmo tempo (ou uma monitora chefe ruiva estressada, dependendo do ponto de vista), mas Lily tinha que convir que o bom coração e a lealdade era também a característica de Black. Remus, só poderia ser Athos, inteligente, misterioso, nobre de coração. Peter, Porthos, claro, o gordinho, menos inteligente, ingênuo e de coração bom e sincero. Então sobrava a James ser Aramis? O preferido de Lily, o jovem galanteador, leal aos seus valores, astuto, generoso, romântico? James era mesmo tudo isso? Lily não sabia por que, mas o papel de Aramis era bom para James, exceto que ele não queria ser padre, ou assim Lily esperava. 


- ... Por isso D‘Artagnan é o melhor. - terminou Greg fazendo Lily voltar a sua realidade. 


- É acho que você tem razão - disse ela um pouco envergonhada de não ter prestado atenção ao menino, achando melhor concordar com o que quer ele quisesse dizer. 


Os quatro entraram novamente em um silencio apreciativo, Lily estava feliz por isso, não queria mais pensar em livros cujos personagens favoritos a faziam lembrar-se de James Potter. Só faltava ela querer comparar ele a, por exemplo, Mr. Darcy... "Não Lily", ela pensou, "Mr. Darcy não, se quer cogite esta possibilidade!".  


O livro favorito de Lily sempre fora Orgulho e Preconceito, amava desde os seus sete anos, e o lia sempre que podia. Conhecia de cor as falas de Elizabeth Bennet ou as atitudes de Mr. Darcy. Mas sempre se surpreendia em cada nova leitura, com as atitudes dos personagens que achava nunca ter visto antes. 


Marlene a achava louca por ler mais de uma vez um mesmo livro, ou no caso de Lily, mais de 10 vezes. Mas ela não criticava Lene, por ouvir a mesma canção por horas seguidas, ainda mais a canção quatro do  ultimo disco dos Magic‘s Hypogrifs. Sério, quem acima de treze anos gostava de Magic‘s Hypogrifs?  


Lily foi desperta novamente de seu devaneio com uma batida na lateral do trem, Peter correu para abrir a pesada porta um tanto suficiente para ver quem era e depois o bastante para que três meninos cansados e maltrapilhos entrassem. O alivio foi tanto que Lily não percebeu que um deles vinha sendo carregado. 


Enquanto Lily sorria em vê-los voltar, Remus depositava um desacordado James no chão. Marlene foi a primeira a reagir: 


- O que aconteceu com ele? - disse a morena assustada.  


Sirius se recostou na lateral do trem arfando e respondeu depois de respirar grandes porções de oxigênio. 


- O idiota se deixou ser estuporado – respondeu Sirius nervoso – Se os aurores não tivessem chegado...  


- Graças a Merlim! Então ninguém... - Marlene não teve coragem de dizer "morreu" - saiu muito ferido? 


- Não - quem respondeu foi Remus olhando para o amigo caído - quer dizer os trouxas estão bem assustados e James estuporado, quisemos traze-lo para cá, o trem vai sair em dez minutos. 


Lily não quis se pronunciar, olhava para James assustada, a pele dele estava atipicamente pálida, ela viu olheiras por baixo dos olhos, havia um corte recente em sua bochecha, provavelmente da luta lá fora. Ela se aproximou de James quase involuntariamente, a franja dele estava caindo nos seus olhos e ela sentiu uma grande necessidade de tirá-las de  lá. 


Lily, frente aos olhares assustados de Sirius, Remus, Peter e Marlene, colocou a cabeça de James em seu colo enquanto carinhosamente empurrava o cabelo dele para trás, tirando-o do rosto do menino. 


- Eu queria ver meus pais – disse Gregory tirando todos da contemplação daquela cena estranha. 


Remus se levantou sacudindo a poeira das mãos e se oferecendo a acompanhar o menino. 


- Vamos, eu te levo – disse ele descendo do trem sendo seguido pelo menino. 


Todos assistiram Remus e Gregory saírem em silêncio enquanto Lily ainda acariciava os cabelos bagunçados de James. Peter tossiu para aliviar o silêncio e disse com a voz insegura: 


- Acho melhor acordar James – provavelmente Peter queria que o amigo presenciasse que estava praticamente no colo de Lily. 


Marlene que estava mais próxima assentiu e sussurrou um "Enervate" com a varinha apontada para James. 


James acordou imediatamente, mas sentia dores em locais inimaginados. Sentiu sua cabeça apoiada em alguém que provavelmente acariciava seus cabelos, alguém que cheirava canela. O cheiro de Lily. Ele não queria acreditar que era nela que sua cabeça se apoiava, mas aquele toque e aquele cheiro não podiam ser de mais ninguém. 


- Hey – disse ele abrindo os olhos calmamente e olhando para os verdes de Lily. 


- Hey – ela respondeu o encarando com um sorriso no rosto - Você esta bem? 


- Todo o meu corpo dói – respondeu ele suspirando – Mas já passei por coisas piores. 


Marlene, Sirius e Peter olhavam embasbacados para os dois. James nunca tinham tido se quer uma conversa civilizada, quem dirá uma tão carinhosa. 


- Você tem um corte na bochecha – Lily olhou triste para o ponto onde havia um ferimento já quase seco na bochecha direita de James. 


- Me distraí. - ele respondeu enquanto colocava as pontas dos dedos no local indicado por Lily e fazendo uma careta ao sentir a dor com o contato. 


- Posso? - ela perguntou apontando a varinha para o ferimento. Ele assentiu e ela sussurrou o feitiço - "Epskey". 


O ferimento se fechou cobrindo com uma nova pele deixando apenas um rastro de sangue seco no rosto de James. Lily levantou a mão e tocou o local com um polegar. 


- Prometa que nunca mais fará isso. – disse ela olhando nos olhos dele. 


- Isso o que? - ele respondeu divertido. 


- Sair por ai sozinho bancando o herói, não me deixando ajudá-lo. - ela disse séria. 


- Não posso prometer isso – James disse com um sorriso triste – quando se trata de você eu não consigo parar, eu mal penso direito. 


Lily engasgou sem fala por esta declaração tão aberta e sincera. Ela olhou nos olhos dele a procura de alguma piada ou meandro para conquista-la, mas só achou um olhar triste e sincero.  


- Eu posso lutar minhas próprias lutas, James – disse ela suspirando cansada – E quero fazer isso, você não pode me impedir sempre. Achei que você soubesse disso. 


- É, eu sei – disse ele desviando os olhos dela pela primeira vez – Prometo que não farei mais isso, ok? Mas você promete que vai treinar, que vai aprender o máximo que puder para se defender? 


A voz dele era tremula e desesperada, mas Lily sorriu e corou. 


- Prometo. 


Ambos ficaram se olhando, mas o trem começou a andar e eles acabaram acordando de seus devaneios.  


- Precisamos achar uma cabine – disse Peter. 


Sirius ofereceu a mão para que James levantasse e ele o fez lamentando um pouco. Lily também se levantou depois dele , bastante corada sacudiu a poeira de suas calças e foi para o lado de Marlene. 


- Acho que deveríamos procurar Mary – disse Lily para Lene – ela deve estar assustada com isso tudo. 


Marlene concordou e foi em direção à porta que levava as cabines, abriu a porta e deixou um espaço para Lily passar, mas antes de entrar Lily sorriu e virou-se para os meninos. James estava mais a frente com as mãos enfiadas nos bolsos, Sirius e Peter estavam mais atrás cochichando alguma coisa.  


- Nos vemos no vagão dos monitores, Monitor Chefe? - disse Lily encarando o broche que ainda estava grudado no peito da camisa de James. 


- Ah, isso, desculpa... - ele começou meio gaguejando , olhando para sua insígnia de monitor,  tentando se explicar, mas depois encarou Lily e ela estava sorrindo e com mais confiança terminou - É acho que nos vemos lá. 


Com esta resposta, Lily saiu acompanhada de Marlene deixando os três rapazes encarando a porta atônitos.  


- O que foi tudo isso? - perguntou Sirius apontando para a porta. 


- Você a fez tomar alguma poção? - perguntou Peter olhando para James. 


- Não - disse James passando as mãos nos cabelos - Vocês que me colocaram no colo dela? - James sorriu e olhou para os amigos. 


Peter negou com a cabeça e Sirius sorriu malicioso. 


- Jogamos você no chão - disse Sirius – Ela que se aproximou e colocou você ali.  


- Você tem certeza que não deu uma poção. - riu Peter enquanto pegava o malão de James e se encaminhava para a porta – Pode ser um feitiço também. 


- Não que eu me lembre, Wormtail – riu James feliz – Isso é bom, não é? 


- O que? As atitudes de Lily? - disse Sirius dando de ombros – Com Lily nunca se sabe, eu não a entendo. Muito menos entendo você, por ainda quere-la depois de tanto tempo. 


- Queria que Remus estivesse aqui – disse James se fazendo de magoado – ele tem conselhos melhores que o seus. 


Sirius deu de ombros mais uma vez, enquanto Peter gargalhava. Eles andaram até uma cabine perto do fim do trem, perceberam pelo caminho que todas as outras estavam lotas estavam lotadas de alunos falantes e alvoroçados. Ao chegarem ao destino pretendido deram de cara com dois garotos baixinhos sentados nela. 


Sirius encarou os meninos com a sobrancelha arqueada e se posicionou na porta para deixa-la aberta porém sem ninguém a obstruindo, indicando que ele só estava esperando os dois meninos saírem. Os jovens garotos se entreolharam e depois olharam para Sirius que fazia cara de impaciência, eles suspiraram pegaram suas coisas e saíram. 


- Já era para eles saberem que esta cabine é nossa. São sete anos de domínio afinal de contas. – disse Peter se jogando na poltrona. 


- Eles nunca aprendem – respondeu James se fazendo de chateado e depois gargalhando e indo se sentar de frente para Peter. 


- Aposto que ano que vem terá alunos que nem chegarão nem perto desta cabine, mesmo nós não estando mais nelas – sorriu Sirius sentando-se do lado de Peter  e abrindo o seu malão com um pé e pegando um punhado de revistas. 


- É estranho viajar sem Moony – disse Peter pensativo – Ainda mais no ultimo ano. 


- Dumbledore não deixaria ele pegar o trem com Lua cheia – disse James - Não chegaríamos a tempo da transformação, mas vamos vê-lo hoje depois do banquete.  


Sirius sorriu animado, concordando.  


- Estou com saudades da floresta proibida  - disse Sirius. 


James concordou silenciosamente, no fim do período passado eles haviam irritado um pouco os centauros, eles obviamente perceberam que aquele cachorro, cervo e rato andando com um lobisomem não eram exatamente um cachorro, cervo e rato e sim três bruxos adultos. E o fato de estes bruxos adultos serem também três bruxos baderneiros em companhia de um lobisomem plenamente crescido não ajudava muito a opinião publica dos centauros. Para amenizar a situação eles resolveram evitar por um tempo a floresta proibida. 


 Sirius pegou uma de suas revistas. James identificou que se tratava de uma sobre motos, obviamente. Sirius havia comprado com a herança de seu tio um apartamento no centro de Londres, e uma moto incrível. Ele vinha trabalhando nela e James acreditava fortemente que não envolvia somente compostos mecânicos, e estava fortemente inclinado a achar que Sirius estava estudando uma forma de fazê-la voar, 


Peter escolheu uma revista da pilha de Sirius e abriu também. As de Peter não eram de motos e sim com fotos de modelos de biquíni. James segurou o riso ao lembrar que Sirius costumava espalhar aqueles pôsteres pelo o quarto no Largo Grimmald.  


Sem ter o que fazer James tirou de seu malão um pergaminho, uma pena, tinta e seu livro de historia da magia, que lhe daria um bom apoio. Ele apontou a varinha para o pergaminho e disse: 


- "Juro solenemente não fazer nada de bom". - Ele apoiou o pergaminho que vinha se transformando em um mapa de Hogwarts no livro de História da Magia enquanto destampava a tinta para molhar a pena. 


- Achei que faria isso nas férias - disse Sirius por detrás da sua revista.  


- Não tive tempo – disse James mordendo os lábios enquanto traçava uma linha no canto do mapa. 


- Claro que não teve – respondeu Sirius bravo – Ficou correndo atrás da Evans as férias inteiras. 


- Não corri atrás dela, Sirius – respondeu James nem se dignificando a desgrudar os olhos do pergaminho – Era um risco real, estão atacando trouxas e nascidos trouxas a torto e a direita. Era apenas preocupação com uma amiga. 


- Amiga? - resmungou Sirius - Não vi esta correria toda com McDonald  


- Mandei cartas à Mary também – responde James passando a desenhar uma estatua no começo da passagem que tinha acabado de desenhar - Além disso ela não é de perto tão ousada quanto Lily nestes assuntos, você sabe disso. 


- Deixe ele, Sirius, James não escuta mesmo. - disse Peter por trás da revista – Falta muito ai, Prongs? 


- Não. Faltava só a passagem da Bruxa de um olho só. - disse James finalizando e olhando sua obra - Vocês acham que o mapa deveria dizer a senha da passagem? Quer dizer não adianta nada só mostrar que a passagem existe. 


- Mas nós sabemos a senha – disse Peter confuso. 


- Sim, mas não é para nós - disse Sirius sorrindo e acompanhando o raciocínio de James - É para as nossas futuras gerações de arruaceiros. 


James sorriu e concordou. Sirius e Peter chegaram mais perto dele para então colocar um feitiço que revelaria a senha de entrada das passagens secretas. Quando uma movimentação em um lugar do mapa chamou a atenção deles. 


- O que é este monte de gente no escritório de Dumbledore? - perguntou Peter. 


Os três olharam tentando ler no meio de um bolo de gente o nome de alguém conhecido. 


- Alastor Moody – disse James apontando o ponto com este nome intitulado - Não é o chefe dos aurores? 


- Sim – respondeu Sirius – Deve ser por conta dos ataques na plataforma. Olhe Frank Longbotton está lá também. 


- Ele não era o monitor chefe há uns dois anos atrás? - perguntou Peter  


- Sim. Foi ele quem safou a gente daquela vez que colorirmos o escritório do Filch de rosa – disse James olhando o mapa – Mas fiquei sabendo que entrou no programa de Aurores, deve estar acompanhando o caso. 


- Então o que os Preweet estão fazendo lá também? - perguntou Peter. 


- Gildeon e Fabian? - perguntou James trazendo o mapa mais para perto. 


- Eles são aurores também? - perguntou Sirius se aproximando do mapa. 


- Não, Gildeon esta no ministério, controle de criaturas mágicas - disse James – Acho que Fabian queria ir estudar esfinges no Egito. O que eu acho um desperdício, eram os melhores batedores que a Grifinória já teve, poderiam entrar em qualquer time de Quadribol, vai ser difícil achar gente para substitui-los este ano. 


- Isso não explica por que os dois estão lá - disse Peter. 


Eles se olharam intrigados, tentando imaginar o que os gêmeos Preweet, antigos e simpáticos batedores da Grifinória, estariam fazendo em uma sala com Dumbledore, aurores e mais uma boa dúzia de pessoas. Mas uma batida na porta interrompeu-os. Sirius correu com a varinha apontada para o pergaminho sussurrando "mal feito feito" enquanto Peter dobrava o mapa apressadamente. 


Eles viram o rosto moreno de Marlene pela fresta da porta sorrindo. Ela virou para trás e disse em uma voz animada: 


- Eu disse que estariam aqui. Eles estão sempre aqui. - ela abriu a porta completamente, deixando Mary, uma loirinha risonha entrar. 


- Eu sempre quis saber como conseguem ficar sempre na mesma cabine – disse Mary sorrindo e sentando-se ao lado de James. 


- Se contarmos teríamos que te matar – disse Sirius brincando e voltando a sentar no seu lugar.  


- Podemos ficar aqui? - Perguntou Mary com um olhar pidão - Nas outras cabines só falam nos ataques e de como a culpa é nossa, os terríveis nascidos-trouxas. 


- São um bando de imbecis– disse James – Fiquem a vontade. 


- Não vai entrar, Evans? - Perguntou Sirius olhando para a ruiva do outro lado da porta, enquanto Marlene se ajeitava perto de Peter. 


- Estou esperando o Potter – respondeu ela ficando vermelha. James engasgou, mas ela continuou como se não houvesse dito nada demais – Temos que ir para o vagão dos monitores. 


James levantou apressado derrubando livro, a pena e o frasco de tinta aberto no chão. 


- Me esqueci – disse ele nervoso passando as mãos nos cabelos. 


- Você só não esta acostumado – respondeu ela simpática enquanto ele saia da cabine e fechava a porta – Pronto? 


Ele sorriu a ponto de responder "Eu já nasci pronto" quando ouviu um grito de Marlene de dentro da cabine: 


- Isso é nojento, Black! 


- Ela deve ter encontrado as revistas de Sirius - sussurrou James para Lily. 


Lily olhou confusa para o menino que tinha ficado um pouco avermelhado. 


- Não pergunte – ele terminou rindo da cara de confusa dela – Vamos sair daqui antes que ela saia atirando alguma coisa. 


Lily riu divertida enquanto ela e James saiam lado a lado em direção ao começo do trem. Ao chegarem à cabine havia um bando de monitores e monitoras o esperando. As bochechas de James se avermelharam ao encarar aquele bando de alunos. 


Apenas alguns não pareciam surpresos por James estar entre eles. Willian Abbot levantou o polegar para ele. Theodore Miller, monitor do sétimo ano da Corvinal lhe olhou com nojo e desdém. Algumas monitoras, quinto ano provavelmente, suspiraram. Ele viu o tímido Nicholas Carter lhe olhar admirado, ele era o monitor do sexto ano da Grifinória e ao seu lado Lizzie lhe sorria travessa. 


- Steel – disse James sorrindo para ela – Quem foi o louco que te nomeou monitora? 


- O mesmo louco que te fez monitor chefe, capitão. - Lizzie riu e James deu de ombros concordando com a piada. 


Se alguém não tinha percebido ainda o que James estava fazendo naquele vagão ou preferia não acreditar, teve a confirmação naquele momento. James viu a patota da Sonserina toda lhe lançar olhares ameaçadores para ele. James viu Snape lhe olhar com ódio, o monitor sextanista Crouch Jr desviar os olhos e Régulos Black exclamar irado: 


- Impossível! 


James sorriu prepotente. Apesar de ele ter dito a mesma coisa quando recebeu a carta com o distintivo. Quer dizer, ele nunca imaginou que Dumbledore fosse louco o suficiente para lhe entregar um distintivo de monitor, muito menos um de monitor chefe. Deveria ser de Remus e não dele, foi o que ele disse ao amigo: 


- Eu não posso ser monitor chefe, Moony – disse James desesperado empurrando o distintivo para o amigo enquanto Sirius olhava rindo para os dois – Isso deveria ser seu, tome fique com ele. 


- Não é assim que as coisas funcionam, James – disse Remus sorrindo pacientemente – Tome seu distintivo de volta, estou bem satisfeito com o meu. 


- Não, não, não, você não entende – disse James desesperado - Você é o bom moço Moony, o estudante perfeito, responsável. Eu e Sirius, bem, eu e Sirius somos eu e Sirius. Ninguém em sã consciência nomearia um de nós dois como monitores, ainda mais monitores chefes. 


- Essa até eu tenho que concordar – disse Sirius sorrindo. 


Para a indignação de James, Remus gargalhou da cara dele. Estavam no apartamento de Sirius, sentados nas caixas de papelão que traziam alguns móveis que ele havia comprado. 


- Não tem graça Remus, o que eu vou fazer com isso aqui? - disse James bravo – Eu não sei ser monitor, eu mal sei respeitar as regras. 


- Mas conhece todas elas – disse Peter rindo – Nossa meta sempre foi quebrar todas as regras da escola.  


- E quase conseguimos - concordou Sirius orgulhoso – exceto a de não fazer cocegas em um dragão adormecido. Mas aonde vamos arranjar um dragão?  


- Isso nem é uma regra, Sirius – riu Remus - É o lema da escola. 


- Soa como uma regra para mim – responde Sirius presunçoso - Será que se fizermos uma campanha com Hagrid, Dumbledore não solicita um dragão para ficar de guarda? 


Sirius, Remus e Peter gargalharam. Mas James olhou nervoso para eles.  


- Vocês estão fugindo do problema – disse James exasperado balançando o distintivo na frente dos outros – O que eu vou fazer com isso aqui?  


- O mesmo que você faz com o de capitão de Quadribol – disse Remus pacifico. 


- Ficar se exibindo por ai? - disse Sirius - Não sei se isso fará bem para a reputação dele, Moony. 


James deu um tapa na cabeça de Sirius. 


- Cala a boca, Sirius! – disse Remus segurando uma risada – Escute, James. Você e Sirius são lideres natos, qualquer coisa que fizerem terão hordas de seguidores atrás de vocês. Dumbledore sabe disso. Sirius só não ficou com este distintivo porque é impulsivo e cabeça quente demais.  


- Sem ofensas, companheiro – disse Sirius rindo. 


- Olha o que você fez com o time de Quadribol? - disse Remus depois do olhar desconfiado de James – Vivíamos com resultados apertados, perdíamos, às vezes, mais que ganhávamos. Foi você entrar como capitão e a Grifinória tornou-se um time disciplinado. Ninguém mais falta aos treinos, você não escolhe jogador por amizade, e sim por merecimento. Você é um ótimo líder James Potter, só tem que canalizar sua energia para o ponto certo. 


- Mas não sei o ponto certo? - disse James puxando os cabelos – Devo ter aprontado mais do que qualquer outro aluno na escola, exceto Sirius. Peguei mais detenções que o resto dos alunos de nossa casa juntos. Não posso ser monitor. 


- Dumbledore não deve querer alguém que siga as regras – disse Peter dando de ombros – Se ele quisesse realmente não teria escolhido nem Remus. 


- Peter tem razão - disse Sirius abraçando James – Dumbledore deve querer alguém confiável. Não conheço ninguém que seja mais do que você neste quesito.  


James encarou Sirius e assentiu sério. Era uma promessa dos quatro, todos confiariam a vida em todos. Eles juraram solenemente, James não descumpriria esta promessa nunca e sabia que seus amigos também não o fariam. 


- O que Dumbledore quer é alguém que saiba o que é certo, não sobre regras, mas sobre o que esta acontecendo aqui fora. E claro, é uma ultima cartada para nos controlar – Remus sorriu travesso. 


- Como assim? - olhou desconfiado Sirius. 


- Como falhei miseravelmente na tentativa de controla-los – disse Remus rindo e não parecendo nada arrependido de não ter cumprido esta missão - Ele vai usar James, que é o único que consegue controlar Sirius, e consequentemente todos nós. 


- Dumbledore esta enganado, não faço a mínima questão de controlar Sirius – disse James. 


- Claro. Mas por acaso você sabe quem vai ser a monitora chefe? - disse Remus não fazendo mais questão de segurar a risada. 


- Claro que não. Você sabe? 


- A melhor monitora do nosso ano com certeza – Remus fez um pequeno mistério antes de dizer – Lily Evans. 


Sirius caiu da caixa que estava sentado, James pôs a cabeça entre as mãos e gemeu. 


- Dumbledore nos pegou direitinho – disse Peter se jogando de costas em uma pilha próxima. Sirius gemeu tentando se levantar e James lamentou entre as mão enquanto Remus se acabava de rir. 


Aquelas lembranças quase fizera James rir sozinho na frente dos outros. Ainda tinha a sensação de culpa de estar tirando o lugar de Remus, mas o amigo havia lhe garantido que estava bem com isso e parecia bem feliz sob a perspectiva de ver James penar com eles assim como ele próprio penou. 


- Acho que só faltávamos nós - disse Lily sorrindo simpática - Bom dia a todos, eu sou Lily Evans e serei a monitora chefe este ano. Bem-vindos de volta aos monitores antigos e será um prazer conhecer os novos. 


Lily sorria contagiante, metade dos alunos homens quase babavam olhando para ela, inclusive James. A sala caiu em silencio e James sentiu Lily lhe cutucar com o braço. Ele piscou e olhou para ela que sorria e o incentivava a falar. 


- Bem, eu sou James Potter e vou ser o monitor chefe esse ano. - Ele ouviu uns risinhos femininos e um muxoxos dos sonserinos e de Miller. - eu sou novo por aqui, então peguem leve comigo – James sorriu, alegre e despreocupado, piscando o olho para as monitoras corvinais. Novos risos. 


Lily revirou os olhos e continuou. 


- Bem, agora que nos apresentamos, vamos lá! Aos novos monitores, vocês devem levar os alunos novos as suas casas comunais, após o banquete. Steel e Summers – ela apontou para os monitores novos da Grifinória - Aqui esta a senha da sala comunal - Lizzie saiu saltitando e pegando a senha dando risadinhas quando leu, o seu companheiro de monitoria olhou para ela constrangido, Edmund Summers era do tipo certinho demais para Steel. 


- Carter e Summers – continuou Lily para os monitores do sexto ano da Grifinória. Ellen Summers não poderia ser mais diferente do irmão mais novo, ela era a hippie mais colorida que James já vira – Peguem a senha vocês também. Black, Zambini, Crouch, Limbert, Snape e Goyle a senha de vocês. 


Regulos Black se adiantou com cara de nojo tentando não encostar em Lily enquanto pegava os papeizinhos com as senhas dele e de sua companheira de turma, Trista Zambini. Barto Crouch, Caroline Limbert, do sexto ano, e Severo Snape e Anne Goyle do sétimo ano, tinham a mesma expressão do rapaz. James tremeu com vontade de bater naqueles metidos, mas Lily pareceu estar acostumada e os ignorou. 


- Corvinal e Lufa-lufa não têm senhas, mas quero que vocês fiquem para ajudar todos a passar pela entrada, ouviram? Se eu souber, Miller, que algum aluno dormiu fora da sala comunal novamente por não conseguir acertar a pergunta eu juro que conto pessoalmente a Dumbledore. - ela disse encarando mal humorada o monitor da Corvinal – Estamos na escola para aprender, mesmo os corvinais não sabem tudo. 


Miller resmungou alguma coisa, mas os companheiros da casa dele riram e assentiram para Lily, que mais uma vez sorriu e o ar dos pulmões de James pareceram o abandonar com isso. 


- Aqui esta a planilha de rondas – disse ela tirando um pergaminho da pilha que vinha segurando – Vamos fazer somente para os próximos 15 dias, depois disso teremos um pouco mais de problemas. Já que estes malucos por Quadribol – ela apontou James, Steel e outros monitores que faziam parte de seus times de Quadribol - Vão nos perturbar por conta dos dias dos treinos. Cada um assina o dia que prefere e se houver coincidência se conversem, vocês estão bem grandinhos para isso. 


Enquanto os monitores se digladiavam pelas datas de rondas, James chegou perto de Lily e cochichou. 


- Aonde arranjou tudo isso? - perguntou James para as pilhas de pergaminhos e senhas . 


- Ficam com o condutor – Lily explicou - Você não tinha como saber, por isso me adiantei para pegar e explicar a eles. Já assisti esta reunião muitas vezes.  


- Você é incrível – sorriu James deixando-a vermelha - Nós não faremos rondas? 


- Faremos – respondeu ela – mas achei de bom tom ficarmos com aquilo que sobrar. Espero que não se importe de trabalhar no domingo. Todo mundo odeia o domingo. 


- De jeito nenhum – disse James rindo – Obrigada, Evans. Por não surtar por eu ser o monitor chefe. 


- Sabe – disse ela pensativa – Eu surtaria antes de hoje, mas posso entender porque Dumbledore te escolheu. - James olhou para ela assustado mas ela ignorou – E veja bem podia ser pior – Ela apontou para onde Miller e Anne Goyle brigavam por conta das rondas. 


James riu e se aproximou dos dois. 


- Por Merlim, se não conseguem decidir tirem no par ou impar – disse ele rindo – Ou você pode ser cavalheiro, Miller e conceder a dama o dia solicitado. 


Miller olhou incrédulo para James e disse: 


- De jeito nenhum! Ímpar. 


James riu, ainda mais depois que Goyle ganhou, um pouco roubado para opinião de James, mas ele não iria interferir nisso. Lily recolheu a lista de rondas e chamou a atenção de todos. 


- Só mais uma coisa – disse ela séria - Atenção ao retirar pontos dos alunos, isso não é guerra de casas. Estamos aqui para manter a ordem e seguir as regras, mas do que isso, estamos aqui para ajudar os alunos. Não quero saber de nenhum monitor tirando pontos da casa adversária por tirar, ou defendo a sua casa quando seus colegas estão errados. Justiça é a única coisa que peço. 


Lily deixou sua voz morrer e ninguém ousou desafia-la, talvez a azaração que ela deu em Sirius tenha sido contada de boca em boca neste meio tempo. James achava que isso era bem provável se tratando da rede eficiente de fofocas de Hogwarts. 


- Alguma dúvida? - perguntou Lily voltando a dar seu sorriso simpático. 


Uma loirinha de nariz arrebitado e óculos quadrados levantou a mão. Lily sorriu dando abertura. 


- Lupin não será mais monitor? - a menina disse e pareceu se arrepender no mesmo minuto, ficando muito vermelha. James sorriu malicioso, perguntaria a Remus quem era a garota. Mas Lily pareceu compreensiva e respondeu a menina de forma solicita. 


- Remus teve uma pequena piora em sua doença estas férias. Vai ao St. Mungus hoje para realizar alguns exames, mas acredito que em menos de uma semana estará de volta conosco. Fiquem tranquilos que eu o incluirei no rodizio das rondas. - Snape sussurrou alguma coisa mas Lily o encarou brava - Mais alguma dúvida, Snape? 


Severo pareceu surpreso de ela ter dito seu nome e balançou a cabeça negando. Mas Lizzie levantou suas mãos para desgosto do seu colega do lado. 


- Qual sua dúvida, Steel? – disse Lily graciosamente. 


- O que faremos sobre o ataque de hoje? Quero dizer, vão nos perguntar, os alunos devem ficar com medo. 


Lily se assustou com a pergunta ousada e pela primeira vez não parecia saber o que dizer. Mas todos os outros monitores se mostraram interessados ou incomodados, James se empertigou e falou pela primeira vez: 


- O ataque de hoje é reflexo de um guerra que estamos vivendo fora dos muros de Hogwarts. E se Merlim não me deixar estar enganado, dentro dos muros veremos reflexos disso também - James deu um olhar profundo para os Sonserinos - Não vou enganar vocês que fiquei bem decepcionado de ver somente Steel, Abbot e Evans se esforçando para ajudar os alunos.  


James olhou bravo para todos os outros, demorando mais nos monitores da Grifinória.  


- Como Evans disse estamos aqui para ajudar os alunos, tinham garotinhos assustados lá fora, e onde vocês estavam? 


- Você quer que lutemos a favor de sangue-ru... digo, nascidos trouxas? – disse Miller. 


James deu um passo à frente mas sentiu Lily segurando a mão dele. Ele ainda ia pegar o insosso do Miller, ah isso ele ia.  


- Não estou pedindo que lutem nesta guerra, apesar de achar que isso seria o certo a fazer, mas quero que protejam os alunos das consequências. Se não estão preparados para isso entreguem estes distintivos a Dumbledore. Hogwarts nunca caiu frente a nada que acontecia no mundo, nem no bruxo, nem no trouxa, e não vai sofrer desta vez, não sob nossa gestão. Espero que estejam comigo, assim como Lizzie, Will e Lily estiveram. 


- É isso ai capitão - gritou Lizzie pulando e batendo, enquanto Abbot era ovacionado pelos outros monitores da lufa-lufa, os outros Grifinórios aplaudiam entusiasmados e a mão de Lily apertava a de James com força. 


- Bem – disse ela sorrindo – Acho que Potter disse tudo. Vamos seguir a ordem de rondas que vocês escolheram para as rondas no trem. Qualquer duvida sabem onde me procurar. 


Todos foram saindo e dando tchau uns aos outros. Lizzie passou por James sorrindo e carregando um Edmund chateado. 


- Mandou bem, Capitão - ela sorriu para James. 


- Você também, Lizzie! Parabéns. – James retribuiu o sorrindo ainda segurando a mão de Lily. 


- Imagina – ela abanou a mão e virou-se em direção ao colega – Vamos Eddy, desamarre esta cara, ficará velho cedo se continuar com esta careta. 


James gargalhou enquanto os dois saiam ainda a tempo de ouvir Summers dizendo "Não me chame de Eddy, Steel" e Lizzie respondendo: "Eddy é tão mais bonito que Edmund e Summers, não reclame". 


- Ela é um barato – disse James para Lily agora que estavam sozinhos – Mas é uma boa menina. 


- Ela é ótima – sorriu Lily parecendo um pouco vermelha. 


- Ela vai matar os primeiranistas – disse James. 


- Se não matar Edmund primeiro – riu Lily divertida. 


- Vem, vamos – disse James não querendo que Lily se separasse dele tão cedo – Sirius já deve estar entediado, logo começará a explodir este trem, ainda mais que Remus não está lá para impedir. 


- E você fara este papel? Impedir Sirius? – perguntou ela com uma cara de dúvida. 


- Nunca!– respondeu James divertido começando a puxa-la – Mas eu não perderia a explosões dele por nada! 


Lily deu uma risada gostosa e James se viu impelido a olhar para ela com um sorriso no rosto. Ela o encarou ainda divertida e disse: 


- Ainda bem! - James a olhou confuso e ela continuou - Já estava quase me perguntando quem é você e qual o motivo de estar usando uma poção polissuco para se fingir de James Potter. 


- Acredite, Lily Evans, este sou eu – e ele começou a andar rápido com a mão enlaçada a dela e um sorriso estampado no rosto. 


Lily teve que correr para acompanha-lo, mas não desatou sua mão da dele e apenas sussurrou "eu estou começando a acreditar, James". 


 


 

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