Fadas e Trovão




Um garotinho de cabelo cuinha estava com a cara afundada na mesa da biblioteca, enquanto Rosa e Dominique tentavam acalmar o primo.


— Calma, Al, é só uma detenção... — Rosa disse, dando tapinhas na costa do garotinho. — Vogelweide quis expulsar a gente, mas Slurgn salvou nossa pele, não é? Tá tudo bem...


— É, Al.. Não é a sua terceira? Não sei por que o drama. Você está batendo o record do tio Jorge! — Dominique ponderou.


Alvo levantou a cabeça olhando feio para Dominique.


— É, mas dessa vez é o Vogelweide! — Alvo exaltou-se um pouco.


O velho mudo Hibram balançou o livro de lá de sua mesa, repreendendo o garoto.


Alvo baixou novamente a cabeça, imerso em um monte de livros de poções e Defesa contra as artes das trevas. Eles estavam em uma segunda feira, esperando a aula de Herbologia começar (estavam reinvazando dengosas, umas plantas que só cresciam se você fizesse carinho nela em uma hora específica do dia). Estava muito cedo, isso porque o garoto tinha acordado muito cedo. Não conseguira dormir direito desde a conversa com Vogelweide na sala do professor.


— Primo ele não pode fazer nada de mal com você. É um professor, a diretora Mcgonagall é amiga do papai, e o Neville também — Rosa disse, tentando ser sensata.


O garoto inçou a cabeça novamente para responder:


— Claro! — o garoto esganiçou-se agudo — ele só vai me levar pra floresta negra pra ajudar a pegar uns bichos perigosos que podem, por puro acidente, me matar! E o pior de tudo... É no próximo sábado!


Alvo baixou a cabeça. Dominique revirou os olhos.


— Alvo, não esquece que eu também recebi detenção — Rosa tentou ser clara. — Inclusive a mamãe já apareceu do salão comunal na lareira hoje de manhã.


— É... todo mundo acordou mais cedo por causa disso.


Rosa corou depois que Dominique disse aquilo, mas logo tratou de falar:


— Eu vou estar lá pra te ajudar...


— Comoseissofossefazerdiferençaaaaaa — a voz do garoto saiu abafada por debaixo dos braços.


— Ai, Alvo, é claro que o Vogelweide não vai te matar. Por merlim! — Dominique deu um coque na cabeça do primo. O menino levantou a cabeça, irritado:


— Ele é inimigo do meu pai, ouvi praticamente falando que o odeia e me odeia também! E Vogelweide é superamigo da Integra Waldorf! — o garoto esganiçou-se — E ele deixou claro que já sabe que eu ando vigiando Ravus também. E ontem disse: “Acredito que você não me vigiará mais depois que visitarmos a floresta negra”. Eu morri!


— Fala com a Diretora Mcgonagall! — Dominique sugeriu nervosamente.


— Ela nunca iria acreditar em mim...


— Podemos falar com o Rúbeo... — Rosa deu a opção.


— É... — o garoto pensou — ele pode me ajudar, já que sabe sobre o Vogelweide. E agora vai ter que nos contar!


— Isso. Calma, primo. Vai dar tudo certo!


Alvo baixou a cabeça novamente, pensando só para si.


Se sobreviver ao Vogelweide, ainda vai ter que se explicar para Tiago. Afinal, o precioso Mapa do Maroto do irmão... estava agora em alguma gaveta na sala da Zeladora Brendan. Só de pensar nisso, ficava pensando... Por que ele era tão azarado?


...
Música tema: Frio e fatos


Com a chegada de novembro, o clima ia se tornando cada vez mais frio em Hogwarts. As fogueiras nunca eram apagadas, nem mesmo de dia e os alunos passavam mais tempo ao redor delas, abrigados no salão comunal de suas casas.
Os quartanistas, que odiavam usar as capas, já eram vistos agasalhados naquele embrulho preto até os pés. E as corujas estavam enfrentando temporadas difíceis, ao que parecia: cada vez mais as correspondências demoravam à chegar. Isso quando chegavam. Alvo certo dia foi para o corujal visitar Lude. Ele estava no último andar, separado das demais. A coruja branca não parecia estar sofrendo com o frio. Lude sempre fora um animal forte e silencioso.
Entrementes, até Hagrid podia ser visto todo empacotado com casacas e peles quando ia atravessar a barco o lago inimaginavelmente gelado para alimentar a lula gigante.


Mas além do frio, outro sentimento estava crescendo em Alvo. E estava diretamente ligado com o fato da semana estar acabando, pois um evento muito esperado ia ocorrer na sexta-feira, na primeira semana de Novembro.


No dia em questão, Alvo estava extremamente distraído. O professor Slugorn achou estranho quando o garoto cortou os feijõezinhos-cresce-cresce, e deixou intacto o picles do Nepal.


— Algo de errado, hoje, Alvo, meu rapaz? — o velho quis saber, aproximando-se do caldeirão e constatando a cor errada da poção de fazer crescer pelos. Era para ser purpura e estava vermelho aguado. — o senhor vem mostrado pouco a pouco seus dotes herdados do seu pai, mas hoje me parece um pouco avulso...


O garotinho apenas sorriu e negou. Nelson olhou para o próprio caldeirão e para o professor, na ânsia de ter sua poção rósea choque vista e parabenizada, mas Slugorn apenas voltou ao seu assento, deixando o garotinho branquela deveras decepcionado.


Alvo estava voltando a olhar para os ingredientes sob uma tábua de cortar e observando os erros no caldeirão de cobre, mexendo como dizia o livro básico de poções mágicas. O garoto ainda não tinha encontrado o livro de Severo Snape.


Muito menos tinha encontrado uma solução para a tragédia que aconteceria hoje.


Quando a aula acabou o garotinho se desvencilhou dos Notórios e correu para o salão comunal, sem ligar para as brigas no corredor entre Sonserinos e Grifinórios. Comeu um pouco de rosbife com grãos, tentando não ouvir piadinhas sobre ele ser parente da maioria dos jogadores de Quadribol da Grifinória. Alvo levantou-se e logo procurou a prima Rosa na biblioteca, sem dar atenção para o Corvino que o olhava feio.


— Pensou em alguma coisa, Rose? — Alvo quis saber assim que se sentou ao lado da prima, como de costume, nas últimas cadeiras da biblioteca de Hogwarts.


— Nada além do que eu já tinha dito. Vamos ficar perto do professor Neville, talvez ele ajude a gente de alguma forma, na hora que a minha visão se realizar.


Rosa olhou para os lados, constatando se ninguém ouvia nada. Não, Malone dormia (novidade), e poucas pessoas estavam na biblioteca, já que daqui a pouco aconteceria o fenomenal clássico: abertura do campeonato de Quadribol das casas de Hogwarts, Sonserina contra Grifinória.


A casa do Leão havia ganhado a taça ano passado, por isso a rival, a Cobra, estava furiosa pela derrota e gostaria de uma revanche destruidora. E isso era mau.


Rosa tinha visto há um mês atrás o irmão de Alvo, o atual apanhador da Grifinória, despencar do céu em queda livre. E como Alvo não conseguira entrar no time (“Obrigado, Desmond”), teria que observar o irmão correr risco de vida dos espectadores. Rosa não gostaria que ninguém soubesse de seu dom, pois sentia-se envergonhada demais para isso, porém concordara em ambos ficarem ao lado do professor Neville e agir rápido assim que notasse Tiago despencando a céu aberto.


Meia hora antes do jogo as pessoas começaram a se mover em direção ao segundo prédio, descendo o campo de treino para alcançar ao campo de Quadribol. Os jogadores da Sonserina estavam rodeados de amigos, todos gritando os nomes dos jogadores. Eles pareciam ser celebridades... E Alvo estava ali, perto de Mathew, observando tudo aquilo que ele poderia ter sido, se não fosse o babaca do primo do Owen...


Na área comum, antes de entrar para as escadas das arquibancadas, Alvo procurou a prima, mas estava um misto colorido indefinível de pessoas com bandeirinhas verdes, outras com prateadas, fazendo algazarra. E também sorridentes grifinórios carregando bandeiras amarelas e vermelhas, gritando e se empurrando. E além disso, haviam pessoas das outras casas, que estavam torcendo para a Grifinória (a Sonserina era universalmente odiada). Assim, era totalmente impossível encontrar a prima.


A caminho das escadas Alvo ainda tentou buscar Rosa entre o grupo de Sonserinos e Grifinórios, juntos, que se amontoavam para ver alguém que subia nas arquibancadas. Foi quando o garoto viu quem estava atraindo a atenção de todos...


Um homem alto, de óculos redondos, vestido com uma capa negra com ombreira prateada com duas varinhas cruzadas estava subindo na arquibancada, na frente de todos, de mãos dadas com uma mulher ruiva com roupas sociais cinzentas e um chapéu tortinho à estilo marreco. Ambos conversavam alegremente com Rúbeo.


Alvo fez de tudo para passar na frente de todos. Mas é claro que todos estavam querendo passar na frente para ver Harry e Gina Potter, que na companhia do guarda-caças de Hogwarts, subiam em direção ao camarote dos professores.


— PAPAIMAMÃE! — Alvo gritava inutilmente. Muitas pessoas queriam espichar a cabeça um pouco mais para ver Harry, ou se espremiam pelos corrimões para chegar mais perto dos dois famosos pais de Alvo, enquanto o próprio garoto se resumia ali. Não era filho deles, mas apenas outro gritando por uma celebridade.


“DÁ LICENÇA, SÃO MEUS PAIS” Alvo cotovelou um garoto gordo que tampava seu caminho. E foi com muito esforço que Alvo conseguiu chegar na ponta do corrimão e gritar, a plenos pulmões:


“PAPAI, MÃMÃE! ”


Foi algo meio sobrenatural. Harry virou o rosto para a multidão do exato segundo que Alvo havia gritado. E avistou o filho, chamando Gina. O garotinho sorriu ao ver o rosto alegre dos pais.


Rúbeo foi até o garoto e o puxou para dentro da área restrita. E Alvo olhou para trás, se sentindo o máximo por todos estarem olhando para ele invejoso, enquanto ele corria em direção a sua mãe, Gina e seu pai, Harry Potter.


O garoto abraçou os dois fortemente.


— Viemos ver o jogo do Ti e visitar você. — Gina disse gentilmente.


— Você está tendo muitos problemas com detenções, Al... — Harry disse cauteloso — achamos melhor sentar sua mãe, você, Aleph e eu para vermos o que está acontecendo... — mas quando Harry notou a feição de desespero do garoto, logo acrescentou: — mas agora vamos aproveitar o jogo. Você vai ficar com a gente lá de cima. Vai ser o máximo, o.k?


Ambos foram subindo, até entrarem no camarote alto, onde estavam Vogelweide, a diretora Minerva Mcgonagall, Aleph Ravus, Adhara Aillen, Talyshen Fang (com um fumo em cigarro longo na boca), Neville Longbotton e mais alguns professores, além de senhores que Alvo não conhecia.


Quando o garoto entrou na área dos professores correndo animado na frente dos pais, estacou quando viu Vogelweide, que logo disse:


— Que este garoto está fazendo aqui? Este lugar é apenas para professores...


— E convidados — Gina salientou.


Vogelweide parecia que segurava uma ânsia de vômito quando viu Harry Potter e sua esposa. Ele fitou o auror por alguns segundos com aqueles olhos vermelhos vivos e, em seguida disse:


— ...Potter. Veio ver o filhinho jogar.


— Vim fazer outras coisas também.


Harry cumprimentou todos os professores, abraçou calorosamente Minerva e Neville. E apertou as mãos de Ravus respeitosamente, mas em nenhum momento olhou para o albino professor de defesa contra as artes das trevas. Adhara deu um “oi” para Harry, mas nada além disso. Ela e Gina pareciam ter faíscas saindo uma do olho da outra, mas fora muito rápido.


Todos se posicionaram em suas cadeiras. Harry falava algo no ouvido de Gina. Ambos estavam logo ao lado de Ravus e Vogelweide.


Isso era ótimo! Com Harry ali, Tiago não corria risco de vida. O garoto havia trazido os onióculos (binóculos de repetição) para ver o jogo com todos os detalhes e, dessa forma, vigiar o irmão e gritar para o pai assim que visse algo estranho.


Neville perguntou para Alvo porque Rosa queria tanto que o professor visse o jogo do lado dela com os garotos da Grifinória, mas Alvo desconversou. Não era mais necessário. Tudo estava bem com Harry e Gina ali.


Alvo debruçou-se sobre o parapeito do camarote alto, mais alto do que qualquer cadeira da arquibancada e regozijou-se com o lugar especial que ocupava, enquanto Escórpio, Isobel e os Grifinórios tinham que lhe olhar de baixo.


As arquibancadas estavam divididas nitidamente entre o verde da Sonserina e o vermelho da Grifinória. Os garotos de vermelho e amarelo (em publico maior, pela aderência das outras casas odiadores de Sonserinos) gritavam “A TAÇA É NOSSA, A TAÇA É NOSSA” e também “VAI GRIFINÓRIA, VAI-VAI, GRIFINÓRIA”. Os Sonserinos, do outro lado, como uma onda verde, agitavam-se repetindo “ÊS-ÊS-ÊS GRIFINÓRIA É FREGUÊS”, além de insultos à jogadores “REZNOR É FRANGOTE, DEIXA PASSAR TODA GOLE”.


Alvo pegou os onióculos e conseguiu avistar Isobel e Escórpio gritando alguma coisa lá do outro lado. Os Notórios estavam caracterizados. Nelson com a cara pintada de verde e uma cartola alta de listras verdes e prateadas e uma camisa preta com o brasão dos Derwent (cobra enrolada na varinha). Mathew também vestido como Nelson pulava abraçado com o amigo, fazendo coro às provocações à Tiago (“TIAGUINHO VESGO E CEGO, TIAGUINHO VESGO E CEGO ”). Juliana e Dedâmia estavam de verde e usavam um cachecol para se protegerem do frio. Ambas gritavam desvairadas.


Música tema: Quadribol 2017


SEJAM BEM-VINDOS AO CAMPEONATO DE QUADRIBOL DE HOGWARTS!


Era a voz magicamente aumentada de Roxanne ecoando por todo o campo. A morena aparecera sei-lá-de-onde e agora achava-se ao lado da diretora Mcgonagall. Era a narradora do jogo.


HOJE, NA ABERTURA DA TEMPORADA DE 2017 VEREMOS UM CLÁSSICO: GRIFINÓRIA VERSUS SONSERINA!!”


Então houve uma explosão de som. Era como se um trovão tivesse caído três vezes ali. Os jogadores da Grifinória entraram no campo. Tiago veio acenando, com sua capa vermelha, cotoveleiras e joelheiras, a luva de apanhador. Ele tirava os cabelos perfeitamente ondulados do rosto e piscava para a torcida com um sorriso canalha no rosto.


Alvo ouviu sua mãe gritando “VA TII!” e seu pai “É O MEU FILHO”, batendo palmas e sorrindo. Alvo tentou expulsar para dentro de si a inveja. Seu pai nunca tinha falado para os outros “esse é o meu filho”...


E quando entraram os jogadores da Sonserina, Alvo notou que apenas Hadassa Owen estava ali, a tia de Desmond, para privilegiar o jogo do sobrinho, vestido com o magnífico uniforme verde que um dia Alvo mesmo já colocara...


Os sete de cada time pararam no meio do campo elipsoide, de frente para Rodrico Ruffeil, o juiz da partida. Desmond e Tiago apertaram as mãos (por um tempo superior ao normal. Deveriam estar esmagando um a mão do outro) e Ruffeil puxou um silvo forte que ecoou por todo canto. A partida fora dada.


Quinze vassouras (incluindo a de Ruffeil) partiram com toda a velocidade para o alto do campo;


E a goles já é rebatida por Hugo Durden, artilheiro da Grifinória. E ele repassa para Carla Halsted, agora de volta para o Durden que avança e prepara para repassar para... E a Sonserina toma posse da goles! Yurick Rutherdan, merda, esse menino é bom!”


— Olha a boca, Weasley! — Ravus ralhou.


Ok, vice-diretor, escapou...” Roxanne irradiou a desculpa com aquela voz marota “...Agora Rutherdan voa para o alto com toda a velocidade, Victoire está logo atrás dele. E... o CAVALO do Ephel Walker quase derruba Victoire da vassoura para conseguir pegar o passe do Rutherdan


— Roxanne Weasley! Não ofenda os jogadores!!! — Ravus gritou, fazendo menção de tirar o microfone da morena.


Foi mal vice-diretor...” a garota falou, colocando o microfone numa posição alta demais para o baixinho alcançar “Mas olha só, o Walker teve o que mereceu! Um belo balaço de Jorge Bonpassion! Carla Halsted tem a posse da goles! Ela voa com tudo, o caminho está livre... ela desvia do balaço de Lorcan Scamander — está de frente para as balizas — desvia do encontrão de Kellion Kingsley e o goleiro Desmond Padalecki mergulha para defender eeeee é..... QUE DEFESAÇA! Padaleck rebate a bola de canto e agora a goles é do Kingsley!


Alvo então se tocou que deveria vigiar Tiago e virou os onióculos para procurar o irmão.


Tiago voava mais alto que os demais, de um lado para o outro, de um lado para o outro... bem como tinha feito no treino com Alvo há um mês atrás. Deborah seguia o garoto lentamente (era difícil vê-la, por conta da finura que ela era), indecisa para onde ele estava olhando, mas a garota também vigiava para outras direção, à procura do pomo de ouro...


“PONTO DA GRIFINÓRIA!” Roxanne gritara.


Alvo virou os onióculos rapidamente para ver quem havia marcado. Fora Carla Halsted. A torcida vermelha fora à loucura, gritando o nome da artilheira. Desmond parecia extremamente odioso e gritava com Ephel. Muito pra si, Alvo dizia “Bem feito...”.


O garoto voltou a olhar para Tiago e Deborah Waldorf, que digladiavam-se silenciosamente... O irmão ziguezagueando, sem porém parar por um segundo de vigiar em todas as direções.


De repente Alvo ouviu a voz de seu pai falar em um tom urgente, mas baixo, atrás de si.


— ... tomar atitudes drásticas. — Harry dizia.


— Você não tem o direito de opinar sobre o modo como eu lido com os meus alunos! — Vogelweide cuspia para o pai de Alvo. Harry estava em pé, cara a cara com o professor albino, ambos no canto isolado do camarote, onde não podiam ser ouvidos, a não ser por um garotinho fofoqueiro.


— Não posso? Sou pai! E você age de maneira injusta com o meu filho!


— Ajo da forma que me parece didaticamente melhor. — Kaleb respondera desdenhosamente. — Não sou seu subordinado. Fui fiel à Seth Waldorf. E agora apenas ouço à diretora Mcgonagall.


Alvo virou-se para observar em silêncio a briga do pai com o professor.


— Então você confessa que está agindo assim por pura vingança? — Harry entufou o peito, dando um passo à frente.


— Confessar? — Vogelweide não recuou, fuzilando Harry com os olhos em uma distância mínima — Potter, você me enoja. Vou me retirar. Este lugar fede à assassino.


Vogelweide desceu às escadas do camarote e sumiu, deixando Harry bufando de ódio. Era como se ele tivesse levado um tapa. Gina parecia ter notado o desentendimento, olhava disfarçadamente, mas fingira que não, para não atrair a atenção dos demais professores, que estavam vidrados na partida. Yurick havia acabado de marcar o primeiro ponto da Sonserina, empatando o placar.


Alvo, apesar de intrigado com a briga do pai, tentou se concentrar em vigiar Tiago, tentando também ignorar enquanto Roxanne narrava:


“Kignsley desvia do balaço de Fred Weasley com um giro preguiça e passa pela imprensada de Carla e Hugo — ele está de frente com a baliza e vai lançar... Mas não! Passa a goles para Ephel Walker do outro lado que dispara para o gol, maaaaaaaaas.... LETÍCIA DEFENDE! LETÍCIA REZNOR, MINHA GENTE! AMO ESSA GAROTA, ELA CURTE O LE PAPISE, A MELHOR BANDA DE ROCK DE TODOS OS TEMPOS. ESSE CAVALO WALKER FOI UMA ESCOLHA RUIM, HEIN, DESMOND? ”


— Senhorita Weasley! — dessa vez a Diretora Mcgonagall que brigou. Roxanne se desculpou amuada e continuou narrando, tentando ser mais séria, mas falhando miseravelmente assim que viu algo:


Música tema: Potter versus Waldorf


“ESPERA AÍ, MINHA GENTEEu estou enganada ou... Não! TIAGO POTTER AVISTOU O POMO E ESTÁ ATRÁS DELE COM TODA A VELOCIDADE, EM SUA VASSOURA NOVA, A MAGNÍFICA RAIDEN!


— VAI MEU FILHO! — Gina Potter é a que mais gritava. Harry até estava assustado.


Os Grifinórios explodiam no “VAI-VAI, GRIFINÓRIA”, enquanto os Sonserinos vaiavam com muita vontade.


Deborah Waldorf estava no encalço de Tiago, ambos ziguezagueando até as alturas, atrás do pomo de ouro. Era uma disputa acirrada, os apanhadores zuniam pelo ar, em uma velocidade incrível, ambos montando Raidens, as vassouras atualmente mais velozes do mundo...


Deborah começou a girar como um parafuso e incrivelmente começara a alcançar Tiago. O garoto tinha a mão estendida para o minúsculo brilhinho dourado, quase imperceptível. Todos prenderam a respiração.


Mas de repente Tiago deu uma freiada brusca e inçou-se para o alto, voando verticalmente, com as duas mãos fora do cabo da vassoura, estendidas, sedentas em tomar o pomo de ouro para si... Deborah acompanhou Tiago, aproximando-se cada vez mais com seu vôo giratório, emparelhando com Tiago e dando um encontrão com o garoto, que o fez desequilibrar da vassoura...


Mas Tiago agarrou o cabo e manteve a outra mão estendida. Ambos estavam voando cada vez mais alto... mais alto, mas Tiago estava na frente... Ambos desapareceram entre as nuvens...


Silêncio.


Somente um enorme e forte clarão surgiu no céu, perfurando as nuvens que os dois apanhadores tinham atravessado. Alvo apertou os Onióculos com força no rosto para procurar no céu o irmão. A torcida gritava ainda em incentivo, mas o garoto sentia que alguma coisa estava errada... O coração batia a mil


Mais alguns segundos de silêncio até que...


Tiago reapareceu!


... Mas sem vassoura, despencando sem mostrar resistências. Sua capa vermelha balançava com violência do ar e seu corpo molenga girava e girava como um boneco à mercê da altura, em uma queda livre de mais de cem metros.


...


Caos.


A palavra definia exatamente o clima daquele momento. Alvo disparava pelos corredores em meio a um monte de gente: o time da Grifinória e os amigos de Tiago (que pareciam ser muitos mesmo), enquanto o próprio Tiago já fora levado por Hagrid, e os pais. O garoto provavelmente estava sendo atendido na ala hospitalar. Victoire, Rosa e Mcgonagall, além de Hagrid e os pais, foram os únicos permitidos pelo enfermeiro a ficar junto com o garoto.


Alvo, o irmão de Tiago, por sua vez, fora ignorado em meio aos outros amigos do irmão, sem ter informação alguma, sem saber se o garoto estava vivo ou morto...


Quando todo mundo chegou na porta da ala hospitalar no quarto andar, formou-se um pequeno tumulto de pessoas chilreando “E o Tiago?”, “Ele está bem?”, “Harry está aí”, “Ele morreu?”. E isso deixava Alvo ainda mais enjoado...


Ele não queria nem lembrar da cena que presenciou. Tiago despencando no ar e....


Então aconteceu uma coisa que fez os ânimos da pequena multidão na porta da Ala hospitalar se esquentar.


Deborah Waldorf aparecera junto com Ephel e Desmond. A menina parecia pálida. Assim que Carla Halsted avistou a magrela, avançou em cima dela.


— SUA VACA!


“Calma, Carla!”. Precisou Jorge e Caerulleus segurarem a artilheira para ela não fazer um estrago com a apanhadora Sonserina. Essa se afastou, enquanto Ephel cruzava os braços grossos como toras, fazendo-se de guarda para Deborah.


— ME LARGA. — Carla debatia-se nos braços dos dois amigos, tentando com todas as forças (que não eram poucas) voar em cima do pescoço da Sonserina. — Que que essa assassina tá fazendo aqui? QUER APANHAR, SIM OU CLARO?


— Para com isso, Halsted — Desmond disse sério — a gente só quer saber se o Tiago está vivo — o garoto abraçou Deborah, que parecia estar muito fraca e sem reação para responder algo.


— Ah, claro, Desmond, Tiago está superbem — Letícia Reznor ironizou, aproximando-se e ficando cara a cara com o loiro alto. — muito melhor pelo feitiço que essa espantalho sujo da Waldorf aí lançou nele no meio do ar!


— EU NÃO FIZ NADA! — Deborah gritou, irada. — EU ESTAVA SEM VARINHA, EU... EU...


— AH, MAS EU TENHO UMA VARINHA, VEM CÁ QUE EU TE MOSTRO — Carla tentava sacar a varinha do bolso, mas Caerulleu e Jorge a seguravam com um esforço fenomenal.


Mas Victoire surgiu pela porta dizendo:


— Vocês estão fazendo muito barulho! A diretora e o vice estão reclamando.


Todo mundo começou a falar desordenadamente, mas sobre a mesma dúvida. E Victoire respondeu:


— Ele tá vivo. Não se preocupem.


E a menina foi-se embora de volta para a enfermaria, sem nem sequer notar que Alvo estava ali.


— Estão vendo? — Desmond riu-se irônico, enquanto Deborah suspirava. — o Potter Pottinho tá vivo, podem enxugar as lágrimas. — e depois olhou para Carla, falando teatralmente — agora se você me dá licença, Halsted, nós temos uma festa de comemoração no salão comunal nos esperando. — e o garoto pegou o pomo de ouro que ainda estava apertado na mão de Deborah e mostrou para todos, sorrindo.


Aconteceu muito rápido. Carla deu uma cotovelada na cara de Jorge, que urrou e largou-a. Ela se desvencilhou facilmente de um Caerulleu estava atônito. A menina sacou a varinha muito rápido.


— Flipendo!


O feitiço voou em direção ao Capitão Padalecki. Ele foi empurrado com uma absurda violência pela magia contra a parede. E ali ficou desacordado.


— O QUE VOCÊ FEZ, SUA LOUCA! — Deborah gritou, socorrendo Desmond.


— MINHA BOCA! — Jorge dizia indignado, segurando o o bocão enorme de inchaço, com um filete de sangue saindo.


Letícia começou a discutir com Carla, a qual, por sua vez, gritava com Deborah. Jorge gemia cobrindo a boca e Caerulleu tentava levantar um Desmond zonzíssimo. Com os gritos, obviamente o enfermeiro apareceu logo-logo.


— SILÊNCIO — ele sibilou, afetadíssimo. Era um jovem que não poderia ter mais do que vinte e cinco anos. Muito pálido (Agora vermelho de estresse) com os olhos negros focados na garotada. Vestia-se totalmente de branco e tinha uma badana com o símbolo de uma cobra enrolada em uma varinha. Alvo não podia se esquecer. Era o brasão da família de Nelson. — Tiago Potter precisa descansar! Fora daqui, todos vocês. Nossa, aquele ali é o Desmond?


E o enfermeiro lançou um "Enervate" no garoto, que logo conseguiu se apoiar por si só e largou Caerulleu, como se sentisse nojo do rapaz.


— Eu não quero nem saber como isso aconteceu. Sanetur curea! — o rapaz apontou a varinha para a boca de Jorge e o ferimento se fechou, porem ainda estava inchado — só quero que sumam daqui.


E todos foram se dispersando, ainda discutindo, um tanto exaltados.


Menos Alvo.


— Eu quero ver o meu irmão! — o garotinho disse antes que o enfermeiro fosse embora.


— Desculpe, mas enfermaria está lotada com os parentes do Potter.


— Meus parentes! — o garoto ofendeu-se.


— Deixe-o, Brenon.


A diretora Mcgonagall disse. E não estava só. Alvo olhou para o próprio pai, sem reconhecer aquele tom. Harry parecia de alguma maneira estourado, apesar de não demonstrar quase nada. Seus olhos estavam um pouco avermelhados, mas sua postura ereta e firme não mudara. Ele segurou no ombro de Alvo e seguiu o corredor, acompanhado da Diretora.


— Hã... Isso, é.... Acho que, se tem duas pessoas a menos...


O enfermeiro parecia ter sido esbofeteado. No curto caminho até as macas, o garoto disse, sorrindo para Alvo.


— Não me entenda mal. Meu nome é Brenon Derwent. Meu primo falou muito de você.


Alvo sentiu nas palavras do rapaz algo estranho. Soava como um aviso.


Quando o garoto entrou na ala hospitalar, encontrou Rosa e Victoire conversando baixinho ao lado da maca de Tiago. Ravus estava próximo à umas das muitas janelas, despachando uma coruja. Ela voou para o horizonte que acimava a floresta negra...


Rosa abriu espaço para Alvo ver o irmão desacordado. O garotinho sentiu uma ponta de pânico amalgamado à culpa. Como ele deixara isso acontecer?


Tiago tinha o rosto bastante avermelhado e com leves pontos roxos, assim como os braços com alguns cortes inocentes. Os antebraços estavam completamente enfaixadas. Alvo lançou para Rosa, mas foi Gina que disse:


— Ele foi acertado por um raio.


— Um raio? — o garoto estava impressionado. — C-como?


— Sim... — Gina passava as mãos trêmulas entre os cabelos bagunçados do irmão. A mulher tinha os olhos embargados. — a vassoura tinha para-raio...


— E se o vice-diretor Ravus não tivesse deixado a terra mais fofa... a queda seria fatal — Victoire acrescentou com a voz sombria, quando o baixinho ruivo se aproximou dos garotos.


— Feitiços de levitações não estavam funcionando. Foi o máximo que pude fazer para salvar o Potter — Ravus disse, olhando pela metade da maca. Então voltou-se para um Alvo aflitíssimo — Ele ficará desacordado por horas até recuperar-se das lesões internas.


— Obrigada por isso, Aleph. Você é um ótimo amigo... — Gina dizia, sem, porém, desgrudar os olhos do filho.


— L-lesões internas? — Alvo engoliu a seco, olhando da mãe para o vice-diretor.


— A costela perfurou um dos pulmões e o fígado foi lesionado também, por pouco não estourou. — Ravus disse aquilo como se fosse nada. Mas quando viu a expressão de puro pânico na cara do garotinho, acrescentou: — não se preocupe, Brenon é um garoto muito talentoso, foi treinado pelo diretor do St. Mungus. Seu irmão acordará logo e amanhã estará muito bem — e Alvo viu o sorriso bondoso do vice-diretor transpassar pela barba ruiva encaracolada e sedosa. — agora, se vocês me derem licença, preciso conversar com Minerva e Harry.


E o baixinho saio da Ala, deixando aquele ar de mistério.


— Alvo — Rosa disse de repente — precisamos conversar.


Quando os garotos saíram da Ala, viram Fred, Caerulleu e Letícia discutindo com Brenon sobre eles não poderem entrar todos juntos. Mas Alvo e Rosa seguiram até próximo da sala de feitiços, sentaram-se no fim do corredor do terceiro andar, perto da estátua do duende malvado. A ruivinha disse:


— Acho que aquele raio não foi algo natural.


— Como assim?


— Você já viu raio cair sem fazer barulho depois?


— Hã... — o garoto pensou. — na verdade sim.


Rosa nitidamente não esperava aquela resposta.


— Onde? Isso é importante.


— Quando eu e o Tiago treinávamos Quadribol de noite. — o garotinho coçou o queixo lembrando-se — uma vez eu vi uma luz no céu da floresta negra. Parecia um raio, mas não tinha som nenhum. Até falei pro Tiago, mas ele não viu nada... Enfim. Aí depois umas luzinhas apareceram da copa das árvores.


— Fadas?


— É, agora que você falou...


— E o Ravus ou o Vogelweide estavam próximos nesse dia?


— Hã — o garotinho entortou as sobrancelhas — não, eu acho que estávamos só. Porque? Você acha que...


— Exato — a menina nem respirou quando metralhou sua teoria: — para mim, ou o professor Vogelweide ou Ravus fizeram um feitiço para acertar um raio mágico no seu irmão. O fato dos feitiços de levitação da diretora, Harry, Ravus, de todo mundo, não funcionarem e de não de não termos ouvido o trovão... reforça a minha teoria de que aquilo foi um raio mágico.


— Mas porque? — Alvo parecia tonto.


— Primo, é óbvio. Eu e você sabemos de muita coisa sobre os dois. Sabemos que eles têm alguma ligação com a Integra. E você ouviu aquela conversa do Ravus no antiquário. E o Ravus é amigo do Vogelweide e da Integra. Ambos odeiam o Harry. De repente o elfo doméstico do Flaunteroy some. O mesmo elfo que sabia da ligação do Ravus com o roubo. Além de você, é claro. E nós dois sabemos da reunião dele no Castlerouge... Aí o seu pai aparece para ver o jogo do Tiago e, assim, por coincidência, o filho dele leva um raio e cai da vassoura, quase morrendo. Não soa estranho isso para você?


— Mas o Ravus salvou o meu irmão!


— Eu sei. Mas isso pode ter sido só um aviso para você. Ou é isso, ou foi o Vogelweide.


— FOI O VOGELWEIDE! — Rosa fez “Shhh!”, foi o garotinho havia acabado de soltar um grito e levantar-se. Ela puxou o menino de volta, que continuou, dessa vez mais cauteloso: — Eu vi o Vogelweide brigando com o meu pai. E ele foi embora. Agora que você falou... Faz todo o sentido! Vogelweide sumiu bem na hora que Tiago caiu! Só pode ter sido ele!


—Bem... Isso piora as coisas para você, Al...


— Porque? O que você quer dizer com isso?


— É óbvio. Temos a detenção com o Vogelweide hoje. E lembra que o raio mágico que você viu caiu na floresta negra. O mesmo raio que quase matou o seu irmão. Seria coincidência alguma coisa acontecer na floresta?


— Eu estou tão ferrado — Alvo colocou a cabeça no joelho. Rosa deu uns tapinhas no ombro do primo.


— Foco, primo. Primeiro precisamos falar com o seu pai. Vamos contar tudo o que sabemos, pelo menos antes da detenção. Vai que acontece alguma coisa com a gente, né?


Alvo sentiu-se enjoado imediatamente. Arrepiou-se como se a morte tivesse acabado de soltar um soprinho carinhoso em seu pescoço.


Três horas depois, quando o céu já estava começando a ficar escuro, Fred encontrou Rosa e Alvo na biblioteca. O garoto lia sua terceira lista de feitiços defensivos e Rosa também anotava manhas de sobrevivência na selva quando o primo alto de pele morena veio dizendo.


— Alvo, é pra você e a Rosa ficarem com o Tiago. Tio Harry foi embora e a tia Gina precisa falar com um professor, acho que é o Vogelweide. Eu e a Victoire precisamos falar com o Ruffeil pra cancelar o jogo. — o garoto parecia muito irritado. Irritado o bastante para não olhar para a cara de Alvo.


— Certo... — disse o garotinho, olhando para Rosa com significância do tipo “e agora, como vamos falar com o papai?”. Mas antes de Rosa e Alvo irem embora, levando os livros, Fred segurou os ombros do garoto.


— Eu e a Letty sabemos que o Mapa sumiu. Algo a dizer, priminho?


Alvo sentiu como se tivesse acabado de engolir três pedras de gelo. Começou a formar as palavras defensivas, mas Fred o interroumpeu:


— Nem tenta se defender. Você é o único que sabia do mapa e o Jocosus da Grifinória viu você saindo da sala. Inclusive com você, Rosa. — o primo realmente estava com raiva. Rosa estava pálida, Alvo não conseguia dizer nada. — agora podem ir lá. Você tem muito o que explicar pro seu irmão.


Dizendo isso, o garoto foi se juntar com Letícia, que tinha os braços cruzados na porta da biblioteca, lançando um olhar de puro ódio para o garotinho.


— Espera, Fred! Eu posso explicar! — Rosa correu atrás do primo, dizendo sem olhar para trás: — eu já volto, Al!


— Ótimo... Não podia melhorar... — o menino levantou-se triste.


Tiago ainda estava desacordado, mas parecia bem menos roxo. Alvo sentou-se perto do garoto.


— Ele vai me matar! — o garotinho sibilou para si mesmo, olhando entristecido para o irmão. Ele parecia tão calminho...


— Não, ainda não...


Desmond surgiu na ala hospitalar. Ele foi até Alvo e segurou no ombro do garotinho, como que o abraçando.


— Vou chamar o Brenon! — o garoto ameaçou.


— Ele foi pegar mais poções de Ditamno com o Slugorn... Só vim agradecer ao Al aqui.


— Agradecer? — o garoto parecia confuso.


— Claro! Graças você, ganhamos o jogo! Victoire e Fred estão na sala do Ruffeil, tentando cancelar o jogo, mas não vai rolar. A Deby pegou o pomo muito antes do acidente... E, como eu disse, graças a você, um legítimo Sonserino!


— Para, Desmond... — Alvo implorou.


— Ei, Al, porque você não foi pra comemoração? Até penduramos uma faixa para você!


Desmond parecia estar se divertindo muito. Alvo manteve-se em silêncio. O loiro falou para o Tiago desacordado, com a certeza de que o inimigo não iria ouvir nada


— Sabia que o seu irmão informou todas as suas jogadas para os Sonserinos? Ahã, Potter, ele era um espiãozingo! Assim a Deby conseguiu pegar o pomo distraindo você entre as nuvens, nem precisava de raio nenhum... Graças ao Al aqui!


— Ele fez... o que?


A pressão de Alvo baixou imediatamente. Aquela voz... o garoto viu Tiago. O irmão ainda parecia meio grogue, mas não surdo.


Desmond perdeu o sorriso do rosto.


— Pensei que esse defunto só iria acordar depois de umas seis horas... — o loiro disse, fechando a cara para Alvo. E para completar, Rosa chegara falando alto:


— Fred não vai dizer que o mapa está com a Madame Brendon!


E a menina estacou quando percebeu que o primo estava acordado.


— Mapa? O MEU MAPA? — Tiago levantou-se gritando, mas logo deu umas tossidas fortes e colocou a mão na barriga, sentindo dor. Mas o garoto a ignorou e continuou exaltado: — O que aconteceu com o meu mapa, Severo?


O garotinho fechou os olhos, sentindo o quanto estava ferrado. Sabia disso, pois Tiago só o chamava de Severo quando estava realmente chateado com o irmão. Porém, caso tivesse alguma dúvida, Tiago repetiu:


— Você entregou minhas jogadas pros Sonserinos e ainda por cima ROUBOU E PERDEU O MEU MAPA? Eu vou-cof-cof-te-COF-COF-MA-COF-MATAR!


Tiago fez que levantaria da cama, mas nesse momento o senhor Derwent apareceu.


— Tiago! Fique na cama! E vocês fora-fora–FORA!


Alvo, Desmond e Rosa saíram correndo. O garotinho estava aflitíssimo. Respirava muito rápido e suava frio. Desmond também parecia sério. Ao que parece, não fazia parte de seu plano contar tudo para Tiago. Ele foi embora sem dizer nada e Alvo ficou sozinho com a prima.


Eles caminharam pelo quarto andar até chegarem no pátio da torre do relógio. Sentaram-se nos bancos perto da fonte dos javalis alados, olhando de longe para a torre do corujal coberta por uma neve fraquinha...


Rosa ficou calada por um tempo. Até...


— Al, você fez mesmo o que o Desmond disse?


Alvo apenas concordou, focando todas as suas forças para manter seus olhos secos.


— Diabos, porque você fez isso?


— POR QUE PRECISAVA — o menino gritou do nada. Não conseguiu conter as lágrimas — POR QUE EU PRECISAVA ENTRAR NO TIME E PROTEGER TIAGO E...


— Você podia ter falado comigo, né?


— Você concordou em me fazer espionar os Derwent, agora ta achando ruim o que eu fiz?


— Sim, porque não precisava você estar no jogo. Você agiu sem pensar prejudicou a Grifinória inteira. Agora o Tiago te odeia e provavelmente toda a Grifinória, porque o Fred não vai ficar calado agora que o Tiago sabe.


— Quero ficar sozinho. — Alvo levantou-se — te encontro de noite.


— Mas a gente tinha que treinar feitiços defensivos e ofensivos, caso o Vogelweide tente nos matar!


— Rosa, você viu como o Tiago tá... Se o Vogelweide quiser nos matar, ele vai conseguir! E se eu sobreviver, Tiago dá conta do recado — o garotinho disse esganiçado e foi embora.


...


Já eram sete horas da noite. Alvo olhava para a floresta negra entre os ponteiros girando na janela da torre do relógio, o lugar preferido do garoto, quando ele queria pensar. A detenção estava marcada para oito horas da noite... Ele sabia que não adiantava falar para a diretora, pois Ravus era o vice-diretor e muito amigo do Vogelweide...


Ele podia confiar apenas em três pessoas ali: Neville, Rúbeo e, talvez, Aileen. E quando o garoto notou a luz acessa vindo da cabana à beira da floresta negra, viu que ainda podia cometer um último ato de desespero.


Alvo desceu as escadas de madeira da torre do relógio, desceu ainda as em caracol, até encontrar-se no saguão do pátio da torre. E lá encontrou alguém totalmente indesejado.


— POTTINHO COBRINHA! — pirraça gritara, flutuando no ar, perigosamente próximo ao sino enorme que ficava no saguão da torre do relógio e batia hora em hora. — vai sair do castelo depois das seis? Hmmmm, não poti, pottinho! Eu vou...


Alvo nem esperou a ação do Pottergeist. Desesperado, apontou a varinha para pirraça e ressoou: “Travalingua!”, um feitiço que tinha treinado hoje com Rosa. Pirraça tentou continuar a falar, mas estava incapacitado pelo feitiço da língua presa bem-sucedido.


Então o Pottergeist irado se voltou para o sino, para o desesespero do garoto. Porém Alvo fora mais rápido:


— Abaffiato maxima!­ — o garoto lançou no sino o feitiço que seu pai tinha usado no monstro de fogo e, apesar das tentativas louváveis, nenhum som saia do badalar frenético que Pirraça dava nos sinos.


E antes do Pottergeist explodir algo, o garotinho correu, achando impressionante o fato de ter conseguido lançar dois feitiços sem gaguejar. A adrenalina fazia milagres mesmo!


O garoto desceu os caminhos íngremes até a horta de abóboras do velho Rúbeo, tentando não olhar para a floresta negra que o aguardava naquele sábado escuro e tenebroso...


Alvo bateu na porta e se surpreendeu. Rosa atendera.


— Nossa, aí está você, primo! — a menina disse empurrando o garoto perplexo para dentro da cabana.


— Ow, olá, Alvo? Por onde você meteu, hm? — Hagrid disse da mesa. — quer um pouco de chá? — e o velho gigante levantou-se e pegou a chaleira.


— Não, obrigado, tio Rúbeo... — o garotinho sentou-se junto com a prima e Hagrid — mas, Rosa, o que ta fazendo aqui? Veio pedir ajuda do tio também?


— Al, se você não tivesse sumido, iria saber que o tio Rúbeo que irá nos levar para a nossa detenção.


O garotinho deixou escapar um sorriso aliviado.


— Mas-mas como?


— Sua mãe é uma mulher muito influente, Al. — Hagrid sorriu entre a barba esbranquiçada, dando dois tapinhas de tirar o folego na costa do garoto.


— Existe um conselho de pais em Hogwarts e a tia Gina é a presidente. Você deveria se lembrar disso — Rosa disse, tomando um gole do chá (e incrivelmente gostando) — além do mais, você não é o único a desconfiar do Vogelweide por aqui.


Quando disse isso, Rosa olhou para Hagrid com um ‘Q’ de acusação.


— Hem? — o gigante disfarçou, olhando para os lados, mas Rosa não parou de encarar. Ele voltou a olhar para ruivinha, dizendo: — Está bem, está bem, inxiridinhos! Conto tudo para vocês na floresta... Agora vamos. São quase oito da noite.


Hagrid, Alvo, Rosa e o cachorrão ‘Uivo’ (que mais parecia um lobo) saíram pela floresta negra. O meio-gigante tinha duas garrafas cheias de um liquido transparente que fedia como roupa velha, além da besta de mão que usualmente tinha para caçar e uma mochilinha (pequena pare ele, mas enorme para os garotos).


Eles adentraram na Floresta negra. Rosa tinha uma luminária na mãe e Alvo segurava no cabo de sua varinha com firmeza, apontando para o local sempre que ouvia estalares estranhos entre as árvores agourentas.


— E o que vamos fazer hoje, Rúbeo? — Alvo quis saber, tentando distrair-se do medo daquele lugar ermo.


— Caçar fadas. — Hagrid meramente informou. Alvo de repente achou isso de bom tom.


Música tema: A Floresta negra


A noite estava bastante estrelada, mas não tão clara quanto Alvo desejava. As árvores eram altas e os arbustos raros, mas conforme eles iam caminhando e caminhando, o local ia se tornando mais fechado. O solo mais seco e tomado por troncos caídos e raízes grossas espalhadas por todo canto. Quase não se podia saber quando uma árvore começava e outra terminava, de tanto que suas raízes eram caóticas e suas copas unidas. O local foi se tornando cada vez mais escuro de acordo com a raridade de clareiras.


Uivo tomava a frente sempre e de vez enquanto uivava para o nada, e Hagrid sempre brigava para o cachorro ficar quieto. Aquele uivo longo e musical dava um arrepio na espinha do garoto. Rosa parecia querer manter cada aspecto da floresta sob a luz da luminária, por isso movia caoticamente para todos os lados o foco da luz.


— Você disse que ia falar sobre Vogelweide — Rosa de repente disse, desprendendo um galho de seu rabo de cavalo volumoso.


— Hem? — Hagrid parecia distraído procurando sinais em troncos grossíssimos. — Oh, sim, é claro. Depois do que aconteceu com o seu irmão...


Alvo e Rosa ouviram atentamente tudo o que Hagrid dissera.


Música tema: Segredos e sombras


— Vocês lembram que eu disse que o professor Vogelweide entrou na escola deve fazer uns 4 anos? Pois então. Ele era um auror. Mas nem sempre foi, entendem? Tempos obscuros, vocês nunca irão entender, mas na época em que Você-sabe-quem tinha voltado ao poder, toda a família dele tomou o lado do mal. Inclusive Kaleb Vogelweide.


— Caramba! Ele era um comensal da morte? — Rosa boquiabriu-se. Alvo tropeçou numa raiz e levou uma queda estupenda. Limpando-se, disse:


— Isso explica aquele papo todo sobre a marca negra que ele falou numa aula!


— Ow, mas quando Voldemort caiu, ele foi um dos maiores delatores que o mundo bruxo já viu. Ficou preso por uns dez anos em uma sela especial, para não ser morto. Ele próprio ajudou a localizar Dollores Umbridge em seu esconderijo no Brasil. Inclusive matou Aleto Carrow e alegou legitima defesa... Mas aconteceu uma tragédia em sua família. Desde então, ele odeia Harry.


— O que aconteceu? — Alvo estava concentradíssimo. Aliás, nesse momento todos haviam parado de andar.


— O irmão mais novo de Vogelweide, sabe? ... Era jovem, louco, um seguidor fiel de Voldemort que não quis saber de se entregar, como seu irmão. Ficou desaparecido por anos, até resolver reaparecer em Azkaban para soltar os familiares. Foi quando Harry, seu pai, enfrentou ele no penhasco da prisão. Ele sabia que iria morrer, então resolveu apressar as coisas.


Rosa cobriu a boca.


— Ele se...


— Sim, foi trágico. Harry quase perdeu a varinha. Mas tudo foi esclarecido e Harry foi inocentado. Claro! Ele nunca teve culpa. Vogelweide não entendeu isto. Nunca entendeu...


— Tudo faz sentido! — Alvo exclamou. — ele chamou meu pai de assassino na partida de Quadribol. Rúbeo, você acha que ele pode estar tentando se vingar do meu pai?


— Veja bem, depois que Kaleb saiu da prisão, ele se tornou auror. Mesmo com a morte do irmão, ele quis seguir o caminho correto. Ele era verdadeiramente fiel à Seth Waldorf, o Chefe dos aurores anterior a Harry. Quando o antigo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, Píramo Licaster, que antes de professor também fora auror, morreu... Kaleb se inscreveu e a Diretora sentiu que era bom ter alguém tão experiente com as artes das trevas ensinando os alunos, afinal, Kaleb já foi um comensal, mas ninguém duvidava de que ele agora era fiel ao Ministério... Entendem? Isso é meio complicado, eu sei...


Alvo recomeçou a caminhar.


— Mas ele ainda não superou o ódio que tem do meu pai — Alvo falou com um tom frio. — tenho certeza que ele tentou matar o meu irmão hoje, Hagrid! Só pode ter sido ele!


— Escute, Al, eu também não confio totalmente no professor Kaleb, mas não podemos fazer uma acusação desse calibre sem provas! Harry já conversou com o conselho, com a diretora, tudo está se encaminhando. Não se precipite, Al! Isso é um pouco maior do que você.


Rosa e Alvo se entreolharam, perguntando-se se valia a pena mencionar que eles também achavam que Kaleb e Ravus tinham envolvimento com o roubo. Mas nada disseram, apenas deixaram-se levar por pensamentos congruentes, enquanto caminhavam em meio a uma floresta negra cada vez mais escura e medonha.


O lugar parecia que tinha vida própria e que mantinha coisas esgueirando, observando os intrusos ali, só aguardando para agirem. As árvores rangiam, seres uivavam e Alvo rezava para que fossem somente lobos famintos... Hagrid sempre checava entre as raízes das árvores, procurando as fadas e melava um pouco do liquido ao sair. Eles já estavam muito tempo na floresta, tempo o suficiente para fazer Rosa perguntar, impaciente:


— Rúbeo, desculpe, mas eu ainda não vi nenhuma fada. E eu já li sobre elas. É uma raridade ver uma fada, se ela não quiser ser vista!


— Acalme-se, Rosinha, eu sou professor de Trato com as criaturas mágicas. Sei o que estou fazendo. Logo-logo você vai notar, está bem...?


— Mas porque estamos procurando fadas?


— Para a aula do Vogelweide. Ele vai falar sobre as que estamos procurando.


— Espera, fadas em uma aula de Defesa contra as Artes das trevas? — Rosa prendeu a respiração — então elas devem ser perigosas!


— Desencaminhadoras sabem se defender, se é isso que você quer dizer. Mas só se invadirmos o território delas. São inofensivas, no geral. Bem fofinhas.


— Mas nós estamos invadindo o território delas. — Alvo explicou, sentindo-se já mal.


Hagrid não ouviu. Estava assobiando feliz, enquanto passava um pouco do liquido fedorento entre buracos no tronco.


Alvo e Rosa se entreolharam, tentando não surtar.


Eles caminharam um pouco mais. Alvo sempre andava mais próximo de Uivo, pois se sentia bem seguro perto daquele cachorro-lobo pardo, forte e fiel. Mas de repente o animal correu na frente, saindo um pouco de vista de Hagrid e Rosa. Soltou latidos fortes. Alvo foi atrás para ver o que o animal tinha encontrado... O bicho estava sentado, cheirando uma coisa preta no chão. O cheiro era forte de carne queimada..


— Hã... Lumus! — o garoto balançou a varinha e uma luz fraca acendeu e apagou — A, qual é? Hoje mesmo você lançou um feitiço difícil e agora tá reclamando com o Lumus? — o garoto reclamou com a varinha. E tentou de novo: — Lumus!


Quando o garoto viu o que era, soltou um grito.


— AL! — Rosa veio correndo, acompanhada de Hagrid. — O que foi?


Quando a menina viu com o foco de luz, também esbugalhou os olhos.


— Merlim, que horrível...


Hagrid se aproximou, mexendo no corpo com a flecha da besta.


— É, é uma das corujas de Hogwarts... — constatou o gigante assim que viu o pezinho tostado do bicho com um porta-pergaminho de metal.


Agora Alvo notara que nada ao redor estava queimado nem nada. Era apenas ela. Tostada, pretinha como carvão. Realmente horrível.


— Hagrid, o que fiz isso com ela?


— Não sei... — Hagrid parecia paralisado.


— Então é por isso que algumas corujas não estão voltando... Elas estão morrendo. — de repente Alvo se lembrou: — Espera! Eu ouvi o Frei Gorducho falando que elas estavam morrendo!


— Alvo... — Hagrid disse baixinho, pegando o corpo da coruja e colocando numa sacola. — eu vou procurar se tem mais outra nas proximidades. Rosinha, você vem comigo. Uivo vai ficar com você, Al. Não saia daí! E tome cuidado com qualquer coisa branca!


E Rosa entregou a luz para Alvo e fez de sua varinha uma fonte de luz não tão forte, mas útil. Ela e Hagrid sumiram em meio as árvores.


Alvo estava completamente só, com medo de ser achado por um lobisomem, ou sei lá o que. Sentou-se numa raiz grossa com duas mariposas branquinhas pousadas ao seu lado, que abriam e fechavam suas asinhas... Alvo começou a acariciar os pelos marrões com pintinhas brancas de Uivo, enquanto segurava fortemente a varinha, olhando para até onde a luz da luminária conseguia chegar. O cachorro olhava para todos os lados, também em guarda. Como Alvo amava aquele cachorro...


Música tema: As desencaminhadoras


De repente o cachorro levantou a cabeça, olhando para além do escuro. E soltou dois latidos fortes para o nada. Alvo viu que tinha alguma coisa errada quando o bicho começou a ranger os dentes para a árvore na qual Alvo estava sentado, latir para o escuro e depois também latir para a árvore.


Porém, bem mais de repente do que começou a latir, o bicho parou. Perdeu o foco dos olhos e ficou calado, como se estivesse esperando por algo que nunca viria.


Alvo também começou a se sentir estranho. Olhou para as próprias mãos e moveu elas sem entender muito bem porque fazia aquilo. Então o garoto tomou uma decisão aparentemente muito sensata. Levantou-se e começou a andar.


Uivo seguiu o garoto, agora estava choramingando. Alvo sabia que deveria sair dali. Ele olhou para trás e viu um salgueiro completamente branco e brilhante. Como não tinha notado aquilo antes? Tão brilhante, bonito... Em meio a escuridão, como se uma estrela estivesse caído ali e alimentado as raízes grossas da árvore.


Mas ele precisava encontrar Hagrid. Por que... Porque tinha que fazer isso? Alvo sabia que precisava acha-los...


O garoto caminhou entre as raízes, sempre seguido de um Uivo choroso. As árvores estavam cada vez mais unidas, e a luz cada vez mais inútil. Trepadeiras surgiam, e o céu era coberto por um tapete de folhas e galhos. Um bom tempo de caminhada fez o garoto encontrar novamente o carvalho branco brilhoso...


Mas o garoto não desistiu. Seguiu caminhando, caminhando... Até finalmente!


Encontrar de novo o carvalho pálido à brilha na noite erma da floresta negra.


Uivo choramingava para o nada, mas também tentava latir, porém eram latidos fracos e cansados. Alvo também estava se sentindo desmotivado, sem proposito, fraco...


Ele sentou-se numa raiz qualquer e ficou observando o carvalho branco que o seguia para onde quer que ele fosse...


https://www.youtube.com/watch?v=f-flO0OXf8s


Foi quando ele viu. Crianças humanoides do tamanho de um polegar, todos brancos brilhosos, com asinhas pálidas de mariposas. Elas voavam ao redor de um Alvo tonto...


Uma delas disse, com a vozinha fina e musical de dentro de sua cabeça:


Ele está procurando a água também?”


A outra continuou:


Sim, deve ser ele. Ele e o raio. Matando sem piedade.”


Matemos também sem piedade” a terceira ofereceu, tocando no rosto do garoto já caído, fraco, cansado de andar. O cachorro estava também derrotado.


“Driedthy fará por nós”


“Leve ele para a rainha aranha...” a outra sorriu-se, maligna, voando para lá e para cá.


“E Titânia?”


“Titânia não reina entre nós. Não mais. Ele deve pagar, o humano...”


As fadas rodearam o garoto e começaram a carrega-lo. Alvo não sabia mais nem quem era.... Apenas se deixava levar naquela floresta branca e brilhante como o dia, numa sensação de prazer mortuário...


“...Enervate...” ouviu-se uma voz distante dizendo.


E foi de repente que as luzes sumiram. Ele se viu novamente na floresta escura e tenebrosa.


— ALVO! — Rosa estava com a varinha apontada para o garoto caído no chão.


— Alvo, eu disse para você tomar cuidado com qualquer coisa branca! — Hagrid carregou o garoto. O rosto de Alvo estava chupado, como se tivesse perdido litros de água de tanto andar. O meio-gigante pegou uma garrafinha vazia de sua mochilinha e apontou a varinha grossa para a boca: — como era mesmo...


— Aguamenti! — Rosa disse, desesperada.


— Isso! Aguamenti! — o gigante lançou o feitiço na garrafa, que se encheu de água. Alvo bebeu, notando que estava morrendo de sede.


Ao olhar ao redor, notou que o carvalho que vira não era branco, mas um carvalho comum. Havia um vidro cheio de bichos brancos horríveis. Tinham asas, pareciam louva deuses, mas tinham mãozinhas e vários pares de patas-garras. Elas se debatiam dentro do vidro, balançando as asinhas e lançando um pó por todo o pote. Faziam “kikikis” cheios de ódio, notadamente odiando a prisão, arreganhando os dentinhos afiados.


Foi quando Alvo notou que tinha os dedos todos perfurados com marquinhas de dentes. Mas não saia sangue, e sim água...


— São elas? — Alvo falou fraquinho, enquanto era levado de volta nos braços do gigante. — são as desemcaminhadoras?


— Elas se alimentam dos fluidos corporais. Sangue, suor, qualquer coisa que tenha água... Mas elas não costumam atacar ninguém assim... Elas devem estar com muita raiva de alguma coisa. Não imaginava que elas poderiam fazer isso comigo na floresta.


— Elas disseram... — Alvo falou baixinho — sobre um raio, sobre Driedthy, Titânia...


— Disseram, é? Ah não... — Hagrid ficou meditando, aflitíssimo.


— Rúbeo, o que está acontecendo na floresta? — Rosa saltou uma raiz para dizer, enquanto invocava mais água para o primo beber.


— Nada. — disse o gigante, sem olhar para os garotos.


Rosa encarou o homem, mas ele olhava apenas para frente, caminhando o mais rápido que podia. Obviamente, nem Alvo nem Rosa acreditaram no tio.


O que Hagrid estaria escondendo?


 

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