Amigos



- Eu sei o que você está tentando fazer. – Seus olhos perderam o foco por um instante, e ele ficou absorto em pensamentos. – Eu vou ter que te provar então. – Seus olhos se estreitaram enquanto ele olhava nos meus, com a mesma determinação que exibia antes de uma luta. – Eu não quero mais ninguém. Quer ser minha amiga? Ok, seremos amigos.

(Belo Desastre - Jamie McGuire)
 



     Lílian observava o Sol que acabava de nascer da janela onde agora era seu quarto. A Mansão Stuart (isso mesmo, não era nem uma casa, era uma mansão mesmo) era gigantesca, com vários corredores, portas e cômodos. 


     O segundo lugar que Lily mais gostava na mansão eram os jardins. Ela odiava ficar enfurnada dentro de casa, por isso, ela e Snape sempre viviam nos jardins quando ainda eram amigos. Ela ficou até os 9 anos trancafiada dentro de casa, desde os 2 anos, quando deu seu primeiro sinal de magia, que assustou um pouco sua família, pois, digamos, não é exatamente normal os cabelos da vizinha que tinha tentado roubar os seus brinquedos ficarem verdes, e a frase "Roubei os brinquedos de Lílian Evans" aparecer na testa de sua vizinha também não ajudou muito na situação.


      Ela sorriu ao ver o relógio no seu quarto fazer o barulho de uma campainha, que durou apenas um instante. Ela saiu correndo em direção a biblioteca, que era seu verdadeiro lugar favorito. Nos 7 anos trancafiada, só saindo de casa para ir para a escola, ela havia tomado gosto por leitura. Ela gostava mais de ler do que ficar nos jardins, o que espantava os pais de Júlia.


     Lílian entrou no grande aposento que ela conheci de cor depois de um mês na Mansão Stuart.


     Ela correu até a seção de contos, e sorriu ao pegar o livro que Clara dissera para ela ler em sua última carta.


     "Os Contos de Beddle, o Bardo" 


     Ela se jogou na poltrona que virara sua, pois sempre a ocupava, e começou a ler, feliz da vida.


     — Já aqui, Lílian? - perguntou uma voz atrás de Lily, após alguns minutos.


     A ruiva se virou para encontrar o rosto sorridente de Miranda Stuart, que era estritamente parecida com Júlia. A mãe da própria.


     — Bom… Sim. - respondeu a garota, sem nenhum constrangimento. Já era considerada uma segunda filha pelos Stuart.


     — Imaginei que estivesse aqui. Atena voltou. E trouxe uma carta pra você. E um… Hummm… Amigo dela.


     A coruja de penugem bege entrou com um rasante na biblioteca, sendo seguida por outra coruja, de penas marrons.


     Atena pousou graciosamente no ombro de Lílian, e olhou feio pra a outra coruja, que tinha batido em uma das estantes e caído no chão, fazendo Miranda rir.


     —  Apolo! Já disse que você tem de parar de ser distraído meu querido! - brigou Miranda, pegando a coruja, que encarrapitou-se em seu ombro.


     A coruja marrom olhava interessadamente para Atena, que olhava o outro meio irritada.


     — Lily, este é Apolo. É a coruja do meu sobrinho, Tiago. Pelo visto, ele é como o dono, adora seguir as corujas que não cedem aos seus encantos. - riu Miranda - Apolo é como  Tiago. Também não perdoa uma. Vai atrás de toda e qualquer coruja fêmea que apareça em sua frente. Não duvido nada que Tiago enviara a carta dele por Atena, e Apolo acabou se apaixonando pela mesma.


     Lílian olhou mais atentamente a carta. Droga. Era de Potter.


     — Não sabia que Potter morava em Londres. - falou ela, fazendo pouco caso enquanto observava a carta, acariciando distraidamente as penas de Atena.


     Apolo piou, e Atena saiu voando, querendo fugir da outra coruja que a perseguia, sendo logo seguidos por Miranda, que tentava fazer Apolo parar de perseguir Atena. 


     Lílian abriu a carta.



"Querido Lírio,


     Certo, certo! Não precisa fazer essa cara. Vamos recomeçar.


Querida Evans (melhorou?),

     Eu gostaria de te fazer uma graaaaaande surpresa que eu e Júlia preparamos pra você! Minha amada, você e Júlia viram aqui semana que vem, e ficaram até o fim das férias!

     Você provavelmente deve estar chorando de felicidade, então eu vou te dar espaço.

    Ui, ai, não me bata! Shuashuashua

          Com amor,
                O seu amor, Tiago Potter.

P.S.: Acho que Apolo gostou da sua coruja. Eles fazem um casal lindo, como os donos!"




     Lily estava completamente abobalhada. Como ele tinha a audácia de adivinhar as reações dela? Ela levantou-se, e correu pela Mansão, até chegar no quarto de Júlia. Ela abriu a porta com força, e chacoalhou a amiga, fazendo-a acordar assustada.


     — NÓS VAMOS PRA CASA DO POTTER?! - berrou ela.


     — Err… Vamos. E hoje. De Oxford até Londres é meio longe para uma coruja. Provavelmente devia ter chegado semana passada. - disse Júlia, lendo a carta.


    — Hoje? - gemeu Lily.


     — Hoje.



        ~~~



     — Lírio! - exclamou Tiago, correndo em direção a ruiva, que acabava de sair da lareira, meio contrariada. - Fez boa viagem?


     — Sabendo que viria pra cá, não. - resmungou ela, irritada. 


     — Não seja tão negativa, Ruivinha! - retrucou Sirius, aparecendo do nada, com Remo atrás dele.


     — Graças a Merlin! Vocês também estão aqui! Que saudades! - gritou Lílian, pulando em cima de Sirius e Remo, abraçando-os.


     — Se eu também recebesse uma recepção calorosa dessas… - disse Tiago, sonhador.


     — Ah, cale a boca. - respondeu ela.


     Júlia logo apareceu, e Sirius praticamente teve de correr pela casa inteira para poder fugir de sua amada, que estava furiosa por ele ter mandado-lhe milhares de cartas nas férias.


     — Como foram as férias, Lírio? - perguntou Tiago.


     Ela resolveu ser simpática. Afinal, ia ficar na casa dele.


     — Boas. Menos o começo: tive de voltar pra casa pra pegar minhas coisas. Não poderia ir morar na casa de Júlia só com as coisas de Hogwarts, não é?


     Ela agora tinha notado a beleza da casa. Era tudo lindamente decorado, e a mansão era ainda maior que a de Júlia.


     — Sirius veio pra cá também, sabe. Está morando aqui desde o começo das férias. - disse Tiago, se sentando em uma poltrona, e indicando que Lily sentasse-se na poltrona a frente, e ela logo o fez.


     — Por que? - instigou ela.


     — Bom, a mãe dele o prendeu pelos pulsos no teto do porão pela… vejamos… 1580º vez? Sabe, esse é o número da sorte do Sirius, por isso ele conseguiu fugir sem dificuldades. - disse Tiago, fazendo Lílian rir.


     — Bom pra ele. - riu ela.


     — Verdade. Então… - disse ele, insunuante, aproximando-se - Vamos fazer coisas mais interessantes?


     Ela levantou-se de um salto, registrando que estavam sozinhos na sala de estar dos Potter.


     — Potter, não. - disse ela baixinho - Eu… Eu não vou gritar com você. E, se você quer saber a verdade, estou cansada de brigar. Por que… Por que você não para com isso? Por que você não me esquece? Por que não vai atrás de outras garotas?


     — Porque eu te amo.


     — Não, não ama. - ela levantou o rosto, olhando nos olhos dele - Você acha que me ama. Porque eu sou diferente. Porque eu não quero sair com você. Se eu fosse fácil, como todas as outras, você me trataria exatamente assim: como todas as outras. E, sinceramente, não quero me iludir. Podemos ser só… Amigos?


     Ele a olhou estático por alguns segundos, até se recuperar do choque.


     — Então… Eu vou ter que te provar que te amo. Eu só quero você. Quer ser minha amiga? - ela assentiu - Ótimo. Seremos amigos.


     Eles ficaram em silêncio, Tiago falando palavras desconexas, e Lílian completamente absorta em pensamentos, até o maroto resolver se pronunciar:


     — Amigos podem dar presentes um ao outro?


     Lily voltou a olhar pra ele, o encarando intrigada, e assentiu.


     — Ótimo. Venha comigo.


     Ele se levantou e começou a andar. Lílian, curiosa, o seguiu. 


     Eles dois entraram em um amplo aposento, completamente bagunçado, com uma vassoura num canto, um monte de fotos dos Marotos espalhadas pelas paredes, uma bandeira da Grifinória cobrindo uma das paredes, e um monte de desenhos espalhados pelo chão.


     — Fique aí. Acho que o Bolinha pode estar aqui no meio dessa bagunça. O Bolinha não gosta de gente nova, entende? Demora a se acostumar com outras pessoas. - disse Tiago, olhando discretamente para uma bolinha peluda e laranja, que observava Lílian com curiosidade.


     Tiago entrou no quarto, e rapidamente a bola peluda pulou em cima dele, bagunçando-lhe ainda mais os cabelos.


     O maroto pegou a bola laranja e enfiou-a em um aquário, no que ela começou a nadar com alegria.


     Tiago abriu uma gaveta e tirou tudo de dentro dela, bagunçando ainda mais o quarto, até achar uma caixa de veludo azul-escuro, que ao encontrar os dedos dele, ficou azul clarinho.


      — Bom, feliz aniversário. - disse ele animado, após sair do quarto e colocar a caixa na mão de Lílian, fazendo com que a caixa ficasse imediatamente branca.


     — Meu aniversário é em janeiro, Potter. - disse Lily, franzindo o cenho, ainda examinando a caixa.


     — Eu sei! E eu não te dei nada. Isso é horroroso! Principalmente agora que somos amigos, não? - ele disse a palavra "amigos" de forma irônica, deixando Lily com vontade de bater nele. 


     — Eu vou…


     — Passe a me chamar de Tiago, por favor. Já temos 16 anos, e somos amigos agora. Chega de sobrenomes. E abra logo o seu presente! - interrompeu o maroto.


     Lily suspirou e abriu a caixa com cuidado, deixando transparecer um leve sorriso ao ver seu conteúdo.


     Dentro da caixa continha uma linda corrente de ouro, que carregava um lindo pomo-de-ouro, que tinha as asas abertas e estava quieto mas, ao ver sua dona, mexeu as asas cautelosamente.


     — Eu… Eu…


     — Gostou? Esse foi o primeiro pomo que eu peguei. É uma coisa muito importante pra mim. Mas não tão importante quanto você. Por isso, agora ele é seu. - disse ele, ansioso.


     Lílian o encarou, demonstrando tristeza.


     — Não posso aceitar. - disse ela, suspirando, e devolvendo-lhe a caixa.


     — Não seja boba! - retrucou ele, colocando a caixa na mão dela de novo - É seu. Se você não quiser, tudo bem, eu jogo fora. Pois saiba que esse será o fim dele se você não aceitá-lo.


     A ruiva voltou a olhar o pomo, e deu um levo sorriso.


     — Hummm… Sabe, não vale a pena jogá-lo fora. Eu fico com ele. Mas só pra ele não ir pro lixo. - disse ela, fazendo Tiago rir.


     Ela fechou a caixa com cuidado, e perguntou:


     — Onde é o meu quarto?


     — Eu te mostro. Os elfos já devem ter levado suas malas pra lá. Sabe, é uma caminhada muuuuuito longa então se prepare. - disse ele, sorrindo.


     Ele caminhou até a porta a frente do quarto dele e a abriu, fazendo Lily rir ao notar a caminhada muuuuuito longa que devia ser feita.


     Ela ficou de boca aberta ao entrar no quarto.


     Era um quarto digno de Lílian, com uma mesa colada a parede, uma estante repleta de livros trouxas e bruxos e uma bela cama de dossel ao lado da enorme janela que tinha em uma das paredes, onde não tinha nada.


     — Isso… Isso é fantástico! - exclamou.


     — Que bom que gostou! - disse ele, animado, vendo a ruiva ler o nome dos livros na estante - Eu peguei da biblioteca todos os livros que achei que você gostaria de ler. Se quiser ler outro que não tenha aí, posso te levar até a biblioteca aqui de casa. - ele empurrou a mala de Lílian até a parede - Júlia me disse que você gosta quando a cama fica perto da janela. - disse ele, apontando a janela ao lado da cama.


     — Adoro. - falou ela, andando até a janela e se inclinando pra ver a linda vista, que dava para um bosque - Gosto de ver as estrelas durante a noite. 


     Tiago sorriu e a deixou sozinha, dizendo pra ela arrumar suas coisas, que na hora do jantar, um dos elfos domésticos a chamaria. 


     Lílian arrumou tudo e, antes de sair com Finc, o elfo que a veio chamar, colocou uma corrente com um pomo-de-ouro como pingente no pescoço, o encondendo dentro da camiseta.  

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