O dementador



– O dementador.


– Não gostei nem um pouco do nome desse capítulo. – Frank disse com um tremor.
– Nenhum de nós gostou. – Rony disse com um suspiro pesaroso e recebeu uma repreensão de Hermione.
– Sério, Mione, – Gina disse revirando os olhos – ninguém tem boas experiências com dementadores, o que isso pode revelar do livro?
– Gina tem razão. – Harry disse dando de ombros – Aposto que ninguém aqui gosta de encontrar dementadores.
– Eu detesto. – Neville disse categórico. Alice abraçou-o pelo ombro reconfortando-o.
– Mas onde vocês vão encontrar dementadores? – Alice perguntou receosa.
– Espero que eles só cruzem com os dementadores no portão, e que eles não fiquem andando pelos corredores... – Lily disse com um suspiro.


No dia seguinte, Tom acordou Harry, com o seu habitual sorriso banguela e uma xícara de chá. O garoto se vestiu, e tentava convencer uma mal disposta Edwiges a entrar na gaiola quando Rony irrompeu no quarto, vestindo um suéter pela cabeça e parecendo irritado.
— Quanto mais cedo embarcarmos no trem melhor — disse. — Pelo menos posso fugir do Percy em Hogwarts. Agora ele está me acusando de pingar chá na foto da Penélope Clearwater. Sabe — disse Rony com uma careta —, aquela namoradinha dele. Ela escondeu a cara na moldura porque ficou com o nariz todo borrado...
— Tenho uma coisa para lhe dizer — começou Harry, mas foram interrompidos por Fred e Jorge, que meteram a cara no quarto para cumprimentar Rony por ter enfurecido Percy novamente.


– Pelo visto vai ser difícil contar a Rony e Hermione tudo o que o ministério pensa de Sirius. – Remo bufou.


Eles desceram para tomar café, e encontraram o Sr. Weasley lendo a primeira página do Profeta Diário com a testa franzida e a Sra. Weasley descrevendo para Hermione e Gina a poção de amor que preparara quando era moça. As três não paravam de rir.
— Que é que você ia me dizer? — perguntou Rony a Harry quando se sentaram.
— Depois — murmurou Harry na hora em que Percy irrompeu pela sala.
Harry não teve mais oportunidade de falar com Rony nem com Hermione no caos da partida ficaram demasiado ocupados, descendo as malas pela estreita escada do Caldeirão Furado e empilhando-as perto da porta, com Edwiges e Hermes, a coruja de Percy, encarapitadas no alto das gaiolas. Uma cestinha de vime fora deixada ao lado da pilha de malas, de onde alguma coisa bufava ruidosamente.
— Tudo bem, Bichento — tranquilizou-o Hermione pelas frestas do vime. — Vou soltar você no trem.
— Não vai, não — retorquiu Rony. — O que vai ser do coitado do Perebas, hein?


– Como se esses dois precisassem de mais motivos para brigar não é? – Lily perguntou com um suspiro.


O menino apontou para o próprio peito, onde um grande calombo indicava que Perebas estava enroscado no bolso interno da veste.
O Sr. Weasley, que estivera à porta aguardando os carros do Ministério, meteu a cabeça na entrada do Caldeirão.
— Eles chegaram — anunciou. — Harry, vamos.
O Sr. Weasley cruzou atrás de Harry o trechinho de calçada entre a hospedaria e o primeiro dos dois carros verde-escuros e antiquados, cada um dirigido por um bruxo de aparência furtiva, vestido de veludo verde-vivo.
— Para dentro, Harry — disse o Sr. Weasley, verificando um lado e outro da rua movimentada.


– Seu pai esperava que eu saltasse de dentro de um bueiro ou algo assim? – Sirius perguntou sombrio.
– Parece que sim. – Gina respondeu dando de ombros.


Harry entrou no banco traseiro do carro e se reuniram a ele Hermione, Rony e, para desgosto de Rony, Percy.
A viagem até King"s Cross foi muito tranquila se comparada à de Harry no Nôitibus Andante.
Os carros do Ministério da Magia pareciam quase comuns, embora Harry reparasse que eram capazes de deslizar por espaços apertados que o novo carro da companhia do tio Válter certamente não teria podido. O grupo chegou à estação de King’s Cross com vinte minutos de antecedência; os motoristas do Ministério apanharam carrinhos, descarregaram a bagagem, cumprimentaram o Sr. Weasley, levando a mão ao chapéu, e partiram, conseguindo, sabe-se lá como, tomar a dianteira de uma fila de carros parados no sinal luminoso.


– Pelo menos uma vez na vida chegamos cedo na estação. – Gina disse a Rony dando de ombros.
– Graças a Sirius, não é? – Rony respondeu rindo e fez Sirius e Tiago rirem também.


O Sr. Weasley manteve-se colado no cotovelo de Harry todo o percurso até a estação.
— Certo então — disse ele olhando para todos os lados. — Vamos fazer isso aos pares, porque somos muitos. Eu passo primeiro com Harry.


– Com certeza o ministério se aproveitou da amizade de Harry e Rony para colocar seu pai colado no Harry. – Tiago disse para Gina e Rony.


O Sr. Weasley dirigiu-se à barreira entre as plataformas nove e dez, empurrando o carrinho de malas e aparentemente muito interessado no Interurbano que acabara de parar na plataforma nove. Com um olhar expressivo para Harry, ele se encostou displicentemente na barreira. O garoto imitou-o.
Num segundo, os dois atravessaram de lado a sólida parede de metal e saíram na plataforma 9 e ½, quando ergueram a cabeça, viram o Expresso de Hogwarts, um trem vermelho a vapor, que soltava baforadas de fumaça na plataforma apinhada de bruxas e bruxos que foram levar os filhos ao embarque.
Percy e Gina apareceram de repente atrás de Harry. Ofegavam e pelo jeito tinham corrido para atravessar a barreira.
— Ah, olha lá a Penelope! — falou Percy, alisando os cabelos e corando de novo. O olhar de Gina surpreendeu o de Harry, e os dois se viraram para esconder o riso, enquanto Percy ia ao encontro da menina de cabelos longos e cacheados, com o peito estufado para que ela não deixasse de reparar no seu distintivo reluzente.
Depois que os outros Weasley e Hermione se reuniram a eles, Harry e o Sr. Weasley saíram andando até os últimos carros do trem, passando por cabines cheias, até uma que lhes pareceu bem vazia. Embarcaram as malas na cabine, guardaram Edwiges e Bichento no bagageiro, depois tornaram a sair para que todos pudessem se despedir do Sr. e da Sra. Weasley.
A Sra. Weasley beijou os filhos, depois Hermione e, por fim, Harry. O menino ficou encabulado, mas gostou bastante quando ela lhe deu mais um abraço.
— Você vai se cuidar, não vai, Harry? — recomendou a senhora, se endireitando, com um brilho estranho nos olhos. Depois, abriu uma enorme bolsa e disse:
— Fiz sanduíches para todos... Tome aqui, Rony... Não, não são de carne enlatada... Fred? Onde se meteu o Fred? Tome aqui, querido...


    Lily mordeu o lábio desconfortável, devia ser ela a dar um abraço de despedida no filho, ela quem devia mandar ele não se meter em confusões, e Tiago estaria lá, mandando ele se divertir... Uma lágrima brotou nos olhos verdes de Lily, Harry viu o reflexo da lágrima por menos de um segundo antes dela esconder o rosto no peito de Tiago.


— Harry — disse o Sr. Weasley discretamente —, venha até aqui um instante.
Indicou com a cabeça uma coluna, e Harry acompanhou-o até detrás dela, deixando os outros amontoados em volta da Sra. Weasley.
— Há uma coisa que preciso dizer antes de você embarcar... — começou o Sr. Weasley com a voz tensa.


– Pelo menos ele vai contar para o Harry. – Alice disse dando de ombros.


— Tudo bem, Sr. Weasley. Eu já sei.
— Você sabe? Como poderia saber?
— Eu... Ah... Ouvi o senhor e a Sra. Weasley conversando ontem à noite. Não pude deixar de ouvir — Harry acrescentou rapidamente. — Me desculpe...
— Não era assim que eu queria que você tivesse sabido — disse o Sr. Weasley, parecendo aflito.
— Não... Sinceramente, tudo bem. Assim o senhor não faltou com a palavra que deu ao Fudge e eu sei o que está acontecendo.
— Harry, você deve estar apavorado...
— Não estou — disse Harry honestamente. — Verdade — acrescentou, porque o Sr. Weasley fazia cara de descrença. — Não estou tentando bancar o herói, mas, sério, o Sirius Black não pode ser pior do que o Voldemort, pode?


– Ele poderia ser se quisesse. – Tiago disse trocando um olhar com Sirius e Remo – Mas ele tem preguiça demais para praticar artes das trevas...
    Lily, Hermione e Alice reviraram os olhos rindo. Pelo menos Tiago estava começando a encarar a situação como cômica, e isso estava melhorando o humor de todos.


O Sr. Weasley se perturbou ao som daquele nome, mas conseguiu disfarçar.
— Harry, eu sabia que você tinha mais fibra do que Fudge parece imaginar, e é óbvio que fico feliz em constatar que você não se sente apavorado, mas...
— Arthur! — chamou a Sra. Weasley, que agora tocava os garotos para embarcar no trem. — Arthur, que é que você está fazendo? O trem já vai sair!
— Ele já está indo, Molly! — respondeu o Sr. Weasley, mas voltou sua atenção para Harry e continuou a falar em tom mais baixo e mais apressado.
— Ouça, eu quero que você me dê sua palavra...
—... De que serei um bom menino e não sairei do castelo? — disse Harry com tristeza.
— Não é bem isso — disse o Sr. Weasley, que parecia mais sério do que Harry jamais o vira. — Harry, jure que você não vai sair procurando o Black.


– E por que você sairia por ai procurando uma pessoa que você acha que quer te matar? – Alice perguntou a Harry franzindo a testa.
– Por que é meio que o que eles fazem, não é? – Sirius perguntou dando de ombros – No primeiro ano ele foi atrás de Voldemort, ele não sabia que Voldemort estaria lá, mas mesmo assim foi atrás de alguém que queria matá-lo. E no segundo ano entrou na câmara secreta, é claro que ele fez para salvar a Gina, mas mesmo assim foi atrás de algo que queria matá-lo, o basilisco...
– Pensando assim eu também mandaria ele não sair por ai procurando uma pessoa que quer matá-lo... – Lily disse com um suspiro profundo.
– Mas pelo menos dessa vez nada vai tentar matá-lo. – Tiago disse sorrindo satisfeito.
    Harry, Rony e Hermione se entreolharam, Sirius não tentaria matá-lo, mas isso não significava que nada tentaria...


Harry arregalou os olhos.
— Quê?
Ouviu-se um apito forte. Guardas caminhavam ao lado do trem, batendo as portas para fechá-las.
— Prometa, Harry — disse o Sr. Weasley, falando ainda mais depressa —, que aconteça o que acontecer...
— Por que eu iria sair procurando alguém que eu sei que quer me matar? — perguntou Harry sem entender.
— Prometa que ouça o que ouvir...


– Ouça o que ouvir? – Frank perguntou confuso – O que ele poderia ouvir que faria com que quisesse encontrar alguém que acha que quer matá-lo?
– Talvez que Sirius é o padrinho dele e melhor amigo do pai dele? – Lily perguntou dando de ombros.
– Ou há mais coisas nessa história do que o Harry sabe até agora. – Sirius disse balançando as pernas nervoso.


— Arthur, vamos rápido! — chamou a Sra. Weasley.
O vapor saia da chaminé da locomotiva em gordas nuvens; o trem começara a se mexer. Harry correu para a porta da cabine e Rony abriu-a e se afastou para o amigo embarcar. Os dois se debruçaram na janela e acenaram para o Sr. e a Sra. Weasley até o trem fazer uma curva e o casal desaparecer de vista.
— Preciso falar com vocês em particular — murmurou Harry para Rony e Hermione quando o trem ganhou velocidade.
— Vai saindo, Gina — disse Rony.


– Eu não achei isso nada justo, sabe? – Gina disse encarando Harry, Rony e Hermione com raiva – Eu já tinha passado por bastante coisa no ano anterior, vocês podiam ter me deixado participar, eu já era grande o bastante para encarar o Sirius. – Gina completou apontando para o maroto sentado ao seu lado e revirando os olhos.
– Desculpa. – Harry disse com um suspiro – Não devíamos ter te deixado de fora.
– Não, é claro que vocês não poderiam me deixar participar das suas conversas secretas – Gina bufou ressentida – eu nunca fui uma integrante do trio de ouro. – ela revirou os olhos chateada.
– Não exagera Gina. – Rony disse com um meio sorriso.
– Trio de ouro? – Tiago, Sirius e Remo perguntaram ao mesmo tempo não conseguindo conter as risadas.
– É assim que algumas pessoas do nosso tempo chamam eles três. – Neville disse rindo também ao ver Harry, Rony e Hermione corarem constrangidos.


— Ah, quanta gentileza — respondeu a garota aborrecida, mas se afastando sem pressa.
Harry, Rony e Hermione saíram pelo corredor à procura de uma cabine vazia, mas todas estavam cheias exceto uma bem no finalzinho do trem.
Esta tinha apenas um ocupante, um homem que estava ferrado no sono ao lado da janela. Os garotos pararam à porta. O Expresso de Hogwarts era em geral reservado aos estudantes e, até então, eles nunca tinham visto um adulto a bordo, exceto a bruxa que passava com a carrocinha de comida.
O estranho usava um conjunto de vestes de bruxo extremamente surradas e cerzidas em vários lugares. Parecia doente e cansado. Embora fosse jovem, seus cabelos castanho-claros estavam salpicados de fios brancos.


– Esse homem se parece extremamente com alguém que conheço. – Sirius disse olhando para Remo de soslaio. 
– Não sou eu. – Remo disse revirando os olhos.
– Quem te garante que não é você? – Sirius perguntou.
– O que eu estaria fazendo no expresso de Hogwarts? – Remo perguntou incrédulo.
– Indo para Hogwarts? – Tiago respondeu irônico.


— Quem vocês acham que ele é? — sibilou Rony quando se sentaram e fecharam a porta, ocupando os assentos mais afastados da janela.
— O Profº. R. J. Lupin — cochichou Hermione na mesma hora.


– É você Remo! – Lily disse com alegria – É você!
– Eu? – Remo gaguejou – Professor?
– Claro Remo! – Sirius e Tiago disseram juntos, e Tiago completou – Ninguém seria melhor professor do que você!
– Mas como? – Remo perguntou ainda abismado, ele não conseguia acreditar que seu maior sonho poderia se tornar realidade.
– Dumbledore! – Sirius e Tiago responderam juntos.
    Severo crispou os lábios, é claro que Dumbledore confiaria a Lupin um cargo de professor em Hogwarts, se ele confiou em Severo como poderia não confiar em Lupin...
– Só você mesmo para estar dormindo no expresso de Hogwarts. – Tiago disse rindo satisfeito em saber que seu filho conheceria pelo menos um de seus melhores amigos.


— Como é que você sabe?
— Está na maleta — respondeu a menina, apontando para o bagageiro acima da cabeça do homem, onde havia uma maleta gasta e amarrada com vários fios de barbante caprichosamente trançados. O nome Profº. R. J. Lupin estava estampado a um canto em letras descascadas.
— Que será que ele ensina? — perguntou Rony, amarrando a cara para o perfil pálido do homem.
— É óbvio — sussurrou Hermione. — Só existe uma vaga, não é? Defesa contra as Artes das Trevas.
Harry, Rony e Hermione já tinham tido dois professores nessa matéria, e ambos só duraram um ano letivo. Corriam boatos de que o cargo estava enfeitiçado.


– Esses boatos já correm atualmente. – Frank disse dando de ombros.
– Nós não tivemos um professor que durou mais de um ano... – Tiago disse – Só espero que nada de ruim aconteça ao Remo...
– Não vai acontecer nada com ele. – Lily disse sorrindo para o amigo satisfeita – Essa história do cargo ser amaldiçoado é uma bobagem.


— Bem, espero que ele esteja à altura — disse Rony em tom de dúvida. — Dá a impressão de que um bom feitiço acabaria com ele de vez, não acham? Em todo o caso... — Rony virou-se para Harry.


    Remo levantou os olhos para Rony, pegou a varinha e começou a gira-la entre os dedos. 
– Vamos ver se você consegue acabar comigo de vez então. – Remo desafiou.
– Desculpa por isso. – Rony disse corando até as orelhas – Foi só uma má primeira impressão.
– Realmente Remo, – Sirius disse sorrindo para o amigo – o que você esperava que os alunos pensassem de um professor dormindo no trem?


— Que é que você ia nos dizer?
Harry contou toda a conversa entre o Sr. e a Sra. Weasley e o alerta que aquele senhor acabara de lhe dar. Quando terminou, Rony olhava abobado e Hermione cobrira a boca com as mãos. Finalmente a menina baixou as mãos e disse:
— Sirius Black fugiu para vir atrás de você? Ah, Harry... Você vai ter que tomar muito, mas muito cuidado. Não vai sair por aí procurando encrenca, Harry...
— Eu não saio por aí procurando encrenca — respondeu Harry, irritado. — Em geral as encrencas é que vêm ao meu encontro.


– Harry tem razão. – Tiago disse resignado – ele parece um imã para encrencas.
– Mas dessa vez está tudo bem. – Lily disse tranquila – Se a encrenca é o Sirius, vai dar tudo certo.
    Sirius sorriu para Lily satisfeito, era bom ter a confiança dela.


— Harry teria que ser um bocado obtuso para sair procurando um biruta que quer matá-lo, não acha?— falou Rony com a voz tremula.


– Desculpa. – Rony disse nervoso olhando para Sirius. 
    Sirius apenas revirou os olhos e indicou que Tiago continuasse lendo.


Eles estavam reagindo às noticias pior do que Harry esperara.
Tanto Rony quanto Hermione pareciam ter muito mais medo de Black do que ele próprio.
— Ninguém sabe como foi que o homem fugiu de Azkaban — disse Rony embaraçado. — Ninguém jamais tinha feito isso antes. E ainda por cima, ele era um prisioneiro de segurança máxima.


– Rony tem razão. – Sirius sorriu vaidoso – Eu devo ser muito impressionante para ter fugido de Azkaban.
– A não ser pelo fato de que eu imagino como você fugiu. – Remo cochichou para que apenas Sirius escutasse. 


— Mas vão pegá-lo, não vão? — perguntou Hermione muito séria. — Quero dizer, todos os trouxas estão procurando Black também...
— Que barulho foi esse? — perguntou Rony de repente. Uma espécie de apitinho fraco vinha de algum lugar. Os garotos procuraram por toda a cabine.
— Está vindo do seu malão, Harry — disse Rony se levantando e esticando os braços para o bagageiro. Pouco depois retirava o bisbilhoscópio de bolso, que fora guardado entre as vestes de Harry.
O objeto girava muito rápido na palma da mão de Rony e emitia um brilho intenso.


– É o bisbilhoscópio que Rony deu a Harry de aniversário. – Lily disse dando de ombros.
– Mas por que ele está apitando? – Alice perguntou.
– Deve haver algo suspeito na cabine. – Severo disse dando um sorriso maldoso para Remo.
    Remo, Tiago e Sirius engoliram em seco, e Tiago voltou a ler rápido antes que Severo dissesse mais alguma coisa.


— Isso é um bisbilhoscópio? — perguntou Hermione, interessada, levantando-se para ver melhor.
— É... E veja bem, é dos baratinhos — disse Rony. — Endoidou quando o amarrei na perna de Errol para mandar para Harry.


– Claro que endoidou. – Gina revirou os olhos – Você não devia usar Errol para viagens longas!


— Você estava fazendo alguma coisa suspeita na hora? — perguntou Hermione astutamente.
— Não! Bem... Eu não devia estar usando o Errol. Você sabe, ele não pode realmente fazer viagens longas... Mas como é que eu ia mandar o presente do Harry?
— Ponha-o de volta no malão — aconselhou Harry enquanto o bisbilhoscópio continuava a apitar baixinho —, senão vamos acordar o homem.
O menino indicou o Profº. Lupin com a cabeça. Rony enfiou o bisbilhoscópio dentro de um par de meias velhas do tio Válter particularmente horrendas, o que abafou o som, depois fechou a tampa do malão.
— Poderíamos mandar verificar esse bisbilhoscópio em Hogsmeade — disse Rony, sentando-se outra vez. — Vendem essas coisas na Dervixes e Bangues, instrumentos mágicos e artigos sortidos. Foi o que Fred e Jorge me contaram.


– Imagino que Harry vá se sentir muito mal agora. – Sirius suspirou – Ele não tem autorização para ir a Hogsmeade, e é tudo culpa minha...


— Você conhece muita coisa de Hogsmeade? — perguntou Hermione interessada. — Li que é o único povoado inteiramente bruxo da Grã-Bretanha...
— É, acho que é — disse Rony meio sem pensar —, mas não é por isso que quero ir lá. Só quero conhecer a Dedosdemel!
— E o que é a Dedosdemel? — perguntou Hermione.
— É uma loja de doces — disse Rony, com uma expressão sonhadora assomando em seu rosto —, que tem de tudo.. Diabinhos de Pimenta... Que fazem a boca fumegar... E enormes Chocobolas recheadas de musse de morango e creme cozido, e Canetas de açúcar realmente ótimas, que a gente pode chupar em classe e fazer de conta que está pensando no que se vai escrever...
— Mas Hogsmeade é um lugar muito interessante, não é? — insistiu Hermione, pressurosa. —O livro Sítios Históricos da Bruxaria diz que a estalagem foi o quartel-general da Revolta dos Duendes de 1612, e diz que a Casa dos Gritos é o prédio mais mal-assombrado da Grã-Bretanha...


    Remo, Tiago e Sirius começaram a rir de repente. Lily olhou para eles intrigada.
– É engraçado que no meio de tanta coisa boa para fazer em Hogsmeade ela pense só nas coisas históricas. – Tiago disse evasivo.


— E bolas maciças de sorvete de frutas que fazem a gente levitar uns centímetros acima do chão enquanto está comendo — continuou Rony, que decididamente não estava ouvindo uma palavra do que Hermione dizia.
A garota virou-se para Harry.
— Não vai ser ótimo sair um pouco da escola e explorar Hogsmeade?
— Imagino que sim — respondeu Harry deprimido. — Você vai ter que me contar quando descobrir.
— Como assim? — perguntou Rony.
— Não posso ir. Os Dursley não assinaram o meu formulário de autorização e o Fudge também não quis assinar.
Rony fez uma cara de horror.
— Você não tem autorização para ir? Mas... Nem pensar... McGonagall ou alguém vai ter que lhe dar essa autorização...


– McGonagall pode até contornar algumas regras, mas ela não vai dar autorização para o Harry ir a Hogsmeade. – Remo disse com um suspiro pesaroso – Não com o ministério achando que Sirius quer matá-lo.


Harry deu uma risada forçada. A Profª. McGonagall, diretora da Grifinória, era muito rigorosa.
—... Ou podemos apelar para o Fred e o Jorge, eles conhecem todas as passagens secretas para sair do castelo...


– Eles conhecem as passagens secretas para sair do castelo? – Tiago perguntou desconfiado – Mas como? – Ele completou olhando diretamente para Remo e Sirius.
– Vai dizer que você achava que só vocês tinham a capacidade de encontrar as passagens secretas? – Alice perguntou rindo maldosa.
    Remo e Sirius deram de ombros juntos. 


— Rony! — ralhou Hermione com severidade. — Acho que o Harry não devia sair escondido da escola com o Black solto por aí...
— É, imagino que é o que McGonagall vai dizer quando eu pedir autorização — disse Harry amargurado.


– Eu vou ficar muito decepcionado se McGonagall acreditar que eu quero matar Harry... – Sirius bufou de repente.


— Mas se nós estivermos com ele — disse Rony, animado, a Hermione — Black não ousaria...
— Ah, Rony, não diz besteira — retrucou Hermione. — Black já matou um monte de gente bem no meio de uma rua movimentada. Você acha mesmo que ele vai se preocupar se vai ou não atacar Harry só porque nós estamos presentes?


– Desse jeito eu pareço um monstro que mata crianças de treze anos... – Sirius disse chateado.
– Desculpa. – Hermione disse baixando os olhos.


Hermione mexia com as alças da cesta de Bichento enquanto falava.
— Não solta essa coisa! — exclamou Rony, mas tarde demais;
Bichento saltou com leveza da cesta, espreguiçou-se, bocejou e pulou nos joelhos de Rony, o calombo no peito do menino estremeceu e ele empurrou Bichento com raiva.
— Dê o fora daqui!
— Rony, não! — disse Hermione, zangada.
O menino ia responder quando o Profº. Lupin se mexeu. Eles o miraram com apreensão, mas ele simplesmente virou a cabeça para o outro lado, a boca ligeiramente entreaberta, e continuou a dormir.


– Remo dorme como uma pedra. – Tiago disse rindo – Eu não me preocuparia se fosse vocês.
– Todos vocês dormem como pedras. – Frank riu – As vezes até parece que passaram a noite toda acordados.
    Remo, Sirius e Tiago se entreolharam.


O Expresso de Hogwarts rodava numa velocidade constante para o norte e o cenário à janela ia se tornando cada vez mais bravio e escuro enquanto as nuvens, no alto, se avolumavam. Estudantes passavam pela porta da cabine correndo para cima e para baixo. Bichento agora se acomodara num assento vazio, a cara amassada virada para Rony, os olhos amarelos cravados no bolso do peito dele.
À uma hora, a bruxa gorducha com o carrinho de comida chegou à porta da cabine.
— Vocês acham que a gente devia acordar o professor? — perguntou Rony sem graça, indicando Lupin com a cabeça. — Ele está com cara de quem podia comer alguma coisa.


– Rony tem razão. – Alice disse de repente – Remo sempre está com cara de quem podia comer alguma coisa...
– Ele tem a saúde frágil. – Frank disse dando de ombros. – As vezes ele tem que passar vários dias na ala hospitalar... O estranho é que geralmente Tiago, Sirius e Pedro somem nesses dias...
    Tiago voltou a ler rapidamente antes que alguém pudesse desconfiar de alguma coisa.


Hermione se aproximou cautelosamente do homem.
— Hum... Professor? Com licença, professor?
O homem não se mexeu.
— Não se preocupe, querida — disse a bruxa entregando a Harry uma montanha de bolos de caldeirão. — Se ele tiver fome quando acordar, vou estar lá na frente com o maquinista.
— Suponho que ele esteja dormindo — disse Rony baixinho quando a bruxa fechou a porta da cabine. — Quero dizer: ele não morreu, não é?
— Não, está respirando — sussurrou Hermione, pegando o bolo de caldeirão que Harry lhe passava.
Talvez o Profº. Lupin não fosse uma ótima companhia, mas sua presença na cabine dos garotos tinha suas vantagens. No meio da tarde, bem na hora em que a chuva começou a cair, embaçando os contornos das colinas ondulantes por que passavam, os meninos ouviram novamente passos no corredor, e surgiram à porta as três pessoas que eles menos gostavam no mundo: Draco Malfoy, ladeado pelos seus asseclas, Vicente Crabbe e Gregório Goyle.
Draco Malfoy e Harry eram inimigos desde que se encontraram na primeira viagem de trem para Hogwarts. Malfoy, que tinha uma cara desdenhosa, pálida e pontuda, era aluno da Sonserina; jogava como apanhador no time de sua casa, a mesma posição de Harry no time da Grifinória. Crabbe e Goyle pareciam existir para fazer o que Draco mandava. Eram grandes e musculosos; Crabbe, mais alto, tinha um pescoço muito grosso e um corte de cabelos de cuia; os cabelos de Goyle eram curtos e espetados, e seus braços compridos como os de um gorila.
— Ora! vejam só quem está aqui — disse Draco naquela sua voz arrastada, abrindo a porta da cabine — Potinha e Fuinha!
Crabbe e Goyle riram feito trasgos.
— Ouvi dizer que seu pai finalmente pôs as mãos no ouro neste verão — disse Malfoy. — Sua mãe não morreu do choque?
Rony se levantou tão depressa que derrubou a cesta de Bichento no chão. O Profº. Lupin soltou um pequeno ronco.
— Quem é esse ai? — perguntou Draco, dando automaticamente um passo atrás, ao ver Lupin.
— Professor novo — disse Harry que se levantou também, caso precisasse segurar Rony. — Que é que você ia dizendo mesmo, Draco?
Os olhos muito claros do menino se estreitaram; ele não era bobo de puxar uma briga bem debaixo do nariz de um professor.
— Vamos — murmurou Draco, contrariado, para Crabbe e Goyle, e os três sumiram.


– De nada. – Remo disse rindo para Rony, Hermione e Harry.


Harry e Rony tornaram a se sentar, Rony massageando os nós dos dedos.
— Não vou aturar nenhum desaforo de Draco este ano — disse cheio de raiva. — Estou falando sério. Se ele disser mais uma piadinha sobre a minha família, vou agarrar a cabeça dele e...
Rony fez um gesto violento no ar.
— Rony — sibilou Hermione, apontando para o Profº. Lupin —, cuidado...
Mas o Profº. Lupin continuava ferrado no sono.


– Mas eu não recriminaria o Rony por isso. – Remo disse sorrindo.


A chuva engrossava à medida que o trem avançava mais para o norte; as janelas agora iam se tornando um cinza sólido e tremeluzente, que gradualmente escureceu até as lanternas se acenderem nos corredores e por cima dos bagageiros. O trem sacolejava, a chuva fustigava, o vento rugia, mas, ainda assim, o Profº. Lupin continuava adormecido.
— Devemos estar quase chegando — disse Rony, curvando-se para frente para olhar, além do professor, a janela agora completamente escura.
Nem bem essas palavras tinham saído de sua boca e o trem começou a reduzir a velocidade.
— Legal — exclamou Rony, levantando-se e passando com todo o cuidado pelo Profº. Lupin para tentar ver lá fora. — Estou morrendo de fome. Quero chegar logo para o banquete...
— Nós ainda não chegamos — disse Hermione, consultando o relógio. — Então por que estamos parando?


– Não estou gostando nada disso. – Sirius disse com um arrepio na espinha – O nome do capítulo é dementador...
– Mas pelo menos eles estão com Remo. – Tiago disse aliviado – Ele não vai deixar os dementadores chegarem perto deles.


O trem foi rodando cada vez mais lentamente. Quando o ronco dos pistões parou, o barulho do vento e da chuva de encontro às janelas pareceu mais forte que nunca.
Harry, que estava mais próximo da porta, levantou-se para espiar o corredor. Por todo o carro, cabeças, curiosas, surgiram à porta das cabines.
O trem parou completamente com um tranco, e baques e pancadas distantes sinalizaram que as malas tinham despencado dos bagageiros. Em seguida, sem aviso, todas as luzes se apagaram e eles mergulharam em total escuridão.
— Que é que está acontecendo? — ouviu-se a voz de Rony às costas de Harry.
— Ai! — exclamou Hermione. — Rony, isto é o meu pé!
Harry voltou ao seu lugar, às apalpadelas.
— Vocês acham que o trem enguiçou?
— Não sei...


– O Expresso de Hogwarts não enguiça. – Severo disse categórico – É um trem enfeitiçado, não é um trem trouxa...


Ouviu-se um barulho de pano esfregando vidro e Harry viu os contornos difusos de Rony desembaçando um pedaço da vidraça da janela para espiar.
— Tem uma coisa se mexendo lá fora — disse ele. — Acho que está embarcando gente no trem...
A porta da cabine se abriu repentinamente e alguém caiu por cima das pernas de Harry, machucando-o.
— Desculpe... Você sabe o que está acontecendo?... Ai... Desculpe...
— Ai, Neville — disse Harry tateando no escuro e levantando o colega pela capa.
— Harry? É você? Que é que está acontecendo?
— Não tenho idéia... Senta...
Ouviu-se um sibilo forte e um ganido de dor; Neville tentara se sentar em cima do Bichento.


– O seu gato – Neville disse a Hermione – me deu uma unhada tão forte que quando cheguei no dormitório vi que minha perna estava sangrando.
– Desculpa. – Hermione disse dando a Neville um meio sorriso.


— Vou perguntar ao maquinista o que está acontecendo — ouviu-se a voz de Hermione. Harry sentiu a amiga passar por ele, ouviu a porta deslizar, e em seguida um baque e dois berros de dor.
— Quem é?
— Quem é?
— Gina?
— Mione?
— Que é que você está fazendo?
— Estava procurando o Rony!
— Entra aqui e senta...
— Aqui não! — disse Harry depressa. — Eu estou aqui!
— Ai! — disse Neville.
— Silêncio! — ordenou uma voz rouca, de repente.


– Acho que nem o Remo conseguiria ficar dormindo nessa confusão, não é? – Lily disse rindo.


O Profº. Lupin parecia ter finalmente acordado. Harry ouviu movimentos no canto em que ele estava. Ninguém disse nada.
Seguiu-se um estalinho e uma luz trêmula inundou a cabine. Pelo que viam, o professor estava empunhando um feixe de chamas. Elas iluminavam um rosto cansado e cinzento, mas seus olhos tinham uma expressão alerta e cautelosa.
— Fiquem onde estão — disse com a mesma voz rouca, e começou a se levantar lentamente segurando as chamas à sua frente.
Mas a porta se abriu antes que Lupin pudesse alcançá-la.
Parado à porta, iluminado pelas chamas trêmulas na mão do professor, havia um vulto de capa que alcançava o teto. Seu rosto estava completamente oculto por um capuz. Harry baixou os olhos depressa, e o que ele viu provocou uma contração em seu estômago. Havia uma mão saindo da capa e ela brilhava, um brilho cinzento, de aparência viscosa e coberta de feridas, como uma coisa morta que se decompusera na água...


– Um dementador, dentro do trem... – Alice disse com um arrepio.
– Isso não vai ser nada agradável. – Remo disse desconfortável.


Mas foi visível apenas por uma fração de segundo. Como se a criatura sob a capa percebesse o olhar de Harry, a mão foi repentinamente ocultada nas dobras da capa preta.
E então a coisa encapuzada, fosse o que fosse, inspirou longa e lentamente, uma inspiração ruidosa, como se estivesse tentando inspirar mais do que o ar à sua volta.
Um frio intenso atingiu todos os presentes. Harry sentiu a própria respiração entalar no peito.
O frio penetrou mais fundo em sua pele. Chegou ao fundo do peito, ao seu próprio coração...


– Não quero nem pensar em como seria viver doze anos cercado por essas coisas... – Sirius disse mexendo-se desconfortável em seu lugar.
– Não vou deixar você ser preso. – Tiago disse categórico.


Os olhos de Harry giraram nas órbitas. Ele não conseguiu ver mais nada. Estava se afogando no frio. Sentia um farfalhar nos ouvidos que lembrava água correndo. Estava sendo puxado para o fundo, o farfalhar aumentou para um ronco que aumentava...
Então, vindos de muito longe, ouviu gritos, terríveis, apavorados, suplicantes. Ele queria ajudar quem gritava, tentou mexer os braços, mas não conseguiu... Um nevoeiro claro e denso rodopiava à volta dele, dentro dele...
— Harry! Harry! Você está bem?
Alguém batia no seu rosto.
— Q... Quê?
Harry abriu os olhos; havia lanternas no alto e o chão sacudia. O Expresso de Hogwarts recomeçara a andar e as luzes tinham voltado. Aparentemente ele escorregara do assento para o chão.


– Dementadores nos trazem nossa pior lembrança. – Tiago disse com a voz tremendo – A pior lembrança de Harry...
– A pior lembrança de Harry é terrível demais. – Remo completou o que sabia que Tiago estava tentando dizer.
– Os gritos... – Lily perguntou tremendo – Você acha que eram meus gritos?
– Provavelmente. – Sirius disse desconfortável. 


Rony e Hermione estavam ajoelhados ao seu lado, e acima dos seus amigos ele viu que Neville e o professor o observavam. Harry se sentiu muito doente; quando ergueu a mão para ajeitar os óculos no nariz, sentiu um suor frio no rosto.
Rony e Hermione puxaram-no para cima do assento.
— Você está bem? — perguntou Rony, nervoso.
— Estou — disse Harry, olhando depressa para a porta. A criatura encapuzada desaparecera.
— Que aconteceu? Onde está aquela... Aquela coisa? Quem gritou?
— Ninguém gritou — disse Rony, ainda mais nervoso.
Harry olhou para todos os lados da cabine iluminada. Gina e Neville retribuíram seu olhar, ambos muito pálidos.
— Mas eu ouvi gritos...
Um forte estalo assustou os meninos. O Profº. Lupin partia em pedaços uma enorme barra de chocolate.


– Que bom que você estava com ele. – Lily sorriu para Remo aliviada. 
– Que bom que Remo sabe o que fazer com dementadores. – Sirius suspirou.


— Tome — disse a Harry, oferecendo-lhe um pedaço particularmente avantajado. — Coma.
Vai fazer você se sentir melhor.
Harry apanhou o chocolate, mas não o comeu.
— Que era aquela coisa? — perguntou a Lupin.
— Um dementador — respondeu Lupin, que agora distribuía o chocolate para todos. — Um dos dementadores de Azkaban.
Todos o olharam espantados. O professor amassou a embalagem vazia de chocolate e meteu-a no bolso.
— Coma — insistiu. — Vai lhe fazer bem. Preciso falar com o maquinista, me dêem licença...
Ele passou por Harry e desapareceu no corredor.
— Você tem certeza de que está bem? — perguntou Hermione, observando-o com ansiedade.
— Não entendo... Que foi que aconteceu? — perguntou Harry, enxugando mais suor do rosto.
— Bem... Aquela coisa... O dementador... Ficou parado ali olhando, quero dizer, acho que foi, não pude ver o rosto dele... E você...
— Pensei que você estava tendo um acesso ou coisa parecida — disse Rony, que conservava no rosto uma expressão de pavor — Você ficou todo duro, escorregou do assento e começou a se contorcer...
— E o Profº. Lupin saltou por cima de você, foi ao encontro do dementador, puxou a varinha — contou Hermione — e disse: "Nenhum de nós está escondendo Sirius Black dentro da capa. Vá." — Mas o dementador não se mexeu, então Lupin murmurou alguma coisa e da varinha saiu um raio prateado contra a coisa, e ela deu as costas e se afastou como se deslizasse...


– Eu devo ter feito um feitiço do patrono. – Remo disse observando Harry. 
– O dementador deve ter vasculhado o trem inteiro procurando você. – Alice disse olhando para Sirius acusatoriamente.
– Alice. – Sirius disse com calma – Você passou o livro anterior inteiro defendendo Lockhart, e estava errada. Agora vai passar esse livro inteiro me acusando, e vai estar errada.
– Você podia poupar nosso tempo e nossa paciência calando a boca até saber do que está falando. – Tiago bufou complementando o que Sirius estava dizendo.


— Foi horrível — disse Neville numa voz mais alta do que de costume. — Vocês sentiram como ficou frio quando ele entrou?
— Eu me senti esquisito — disse Rony, sacudindo os ombros, desconfortável. — Como se eu nunca mais fosse sentir alegria na vida...
Gina, que se encolhera a um canto parecendo quase tão mal quanto Harry, deu um solucinho; Hermione aproximou-se e passou um braço pelas costas da menina para consolá-la.


– Quando o dementador entrou na cabine voltou tudo que eu senti no ano anterior. – Gina suspirou e mordeu o lábio – As lembranças daquele ano sempre vão me atormentar...


— Mas nenhum de vocês caiu do assento? — perguntou Harry sem graça.
— Não — disse Rony, olhando para Harry, ansioso, outra vez. — Mas Gina tremia feito louca...
Harry não entendeu. Sentia-se fraco e cheio de arrepios, como se estivesse se recuperando de uma gripe muito forte; começava também a sentir um início de vergonha. Por que desmaiara daquele jeito, quando mais ninguém desmaiara?
O Profº. Lupin voltou. Parou ao entrar, olhando para todos e disse, com um leve sorriso:
— Eu não envenenei o chocolate, sabem...
Harry deu uma dentada e, para sua grande surpresa, sentiu de repente um calor se espalhar até as pontas dos dedos dos pés e das mãos.
— Vamos chegar a Hogwarts dentro de dez minutos — disse o Profº. Lupin. — Você está bem, Harry?
O menino não perguntou como é que o professor sabia seu nome.
— Muito bem — murmurou ele, constrangido.
Ninguém falou muito durante o resto da viagem. Por fim, o trem parou na estação de Hogsmeade e houve uma grande correria para desembarcar; corujas piavam, gatos miavam e o sapo de estimação de Neville coaxou alto debaixo do chapéu do seu dono. Estava frio demais na minúscula plataforma; a chuva descia em cortinas geladas.
— Alunos do primeiro ano por aqui! — chamou uma voz conhecida. Harry, Rony e Hermione se viraram e depararam com o vulto gigantesco de Hagrid, no outro extremo da plataforma, fazendo sinal para os novos alunos, aterrorizados, se aproximarem para a tradicional travessia do lago.
— Tudo bem, vocês três? — gritou Hagrid sobre as cabeças dos alunos aglomerados. Eles acenaram para o guarda-caça, mas não tiveram chance de lhe falar porque a massa de alunos em volta deles os empurrava na direção oposta.
Harry, Rony e Hermione acompanharam o resto da escola pela plataforma e desceram para uma trilha enlameada, cheia de altos e baixos, onde no mínimo uns cem coches os aguardavam, cada qual, Harry só podia supor, puxado por um cavalo invisível, porque os garotos embarcaram em um, fecharam a porta e o veículo saiu andando, aos trancos e balanços, formando um cortejo.


– Na verdade são testrálios. – Remo disse dando de ombros.


O coche cheirava levemente a mofo e palha. Harry se sentia melhor desde o chocolate, mas continuava fraco. Rony e Hermione não paravam de lhe lançar olhares de esguelha, como se temessem que ele pudesse desmaiar outra vez.
Quando o coche foi se aproximando de um magnífico portão de ferro forjado, ladeado por colunas de pedra com javalis alados no alto, Harry viu mais dois dementadores encapuzados montando guarda dos lados do portão. Uma onda de náusea e frio tornou a invadi-lo; ele se recostou no banco encalombado e fechou os olhos até atravessarem a entrada. O coche ganhou velocidade no caminho longo e inclinado até o castelo; Hermione se debruçou pela janelinha, espiando as muitas torrinhas e torres que se aproximavam. Por fim, o coche parou balançando, e Hermione e Rony desembarcaram.


– Isso tudo só para tentar me capturar? – Sirius perguntou se sentindo importante.
– É claro. – Tiago riu – Você é um criminoso perigosíssimo. 


Quando Harry ia descendo, uma voz arrastada e satisfeita chegou aos seus ouvidos.
— Você desmaiou, Potter? Longbottom está falando a verdade? Desmaiou mesmo, é?
Draco passou por Hermione acotovelando-a, para impedir Harry de subir as escadas de pedra do castelo, o rosto jubilante e os olhos claros brilhando de malícia.


    Tiago, Sirius e Remo deram a Neville um olhar assassino. 
– Por que você resolveu falar para o Malfoy que Harry desmaiou? – Sirius perguntou irritado.
– Não foi minha intenção. – Neville disse desconfortável – Estava falando com a Ana e ele escutou.
– Mesmo assim. – Tiago disse – Você não tinha que falar isso para ninguém!
– Desculpa. – Neville disse a Harry constrangido.


— Se manda, Malfoy — disse Rony, cujos maxilares estavam cerrados.
— Você também desmaiou, Weasley? — perguntou Draco em voz alta. — O velho dementador apavorante também o assustou, Weasley?
— Algum problema? — perguntou uma voz suave, O Profº. Lupin acabara de desembarcar do coche seguinte.
Malfoy lançou ao Profº. Lupin um olhar insolente, que registrou os remendos em suas vestes e a mala surrada. Com uma sugestão de sarcasmo na voz, ele respondeu:
— Ah, não... Hum... Professor — depois fez cara de riso para Crabbe e Goyle, e subiu com os dois as escadas do castelo.
Hermione bateu nas costas de Rony para apressá-lo, e os três se reuniram aos muitos alunos que enchiam as escadas, cruzavam a soleira das enormes portas de carvalho e penetravam no saguão cavernoso iluminado com tochas ardentes, onde havia uma magnífica escadaria de mármore para os andares superiores.
A porta que levava ao Salão Principal, à direita, estava aberta;
Harry seguiu o grande número de alunos que se deslocava naquela direção, mas apenas vislumbrara o teto encantado, que àquela noite se mostrava escuro e anuviado, quando uma voz o chamou:
— Potter! Granger! Quero falar com os dois! — Os garotos se viraram surpresos. A Profª. McGonagall, que ensinava Transformação e dirigia a Casa da Grifinória, os chamava por cima das cabeças dos demais. Era uma bruxa de aspecto severo, que usava os cabelos presos em um coque apertado; seus olhos penetrantes eram emoldurados por óculos quadrados. Harry abriu caminho até ela com esforço e um mau pressentimento: a Profª. McGonagall tinha o condão de fazê-lo sentir que fizera alguma coisa errada.


– Ela já deve ter ficado sabendo do seu desmaio... – Lily disse com um suspiro.
– Remo deve ter avisado. – Frank disse – Deve ser alguma obrigação dos professores reportar esse tipo de coisa.


— Não precisa ficar tão preocupado, só quero dar uma palavrinha com vocês na minha sala — disse ela. — Pode continuar o seu caminho, Weasley.
Rony ficou olhando a professora se afastar, com Harry e Hermione, da aglomeração de alunos que falavam sem parar; os três atravessaram o saguão, subiram a escadaria de mármore e seguiram por um corredor.


– Eu me senti realmente estranho entrando no salão principal sem vocês. – Rony disse dando um meio sorriso constrangido – Normalmente os professores querem falar com os três ao mesmo tempo... Ou permitem que os outros dois fiquem por perto...
– Até os professores evitam separar o "trio de ouro". – Gina disse rindo.


Já na sala, um pequeno aposento com uma grande e acolhedora lareira, a professora fez sinal a Harry e Hermione para que se sentassem.
Ela própria se sentou à escrivaninha e disse sem rodeios:
— O Profº. Lupin mandou à frente uma coruja para avisar que você tinha passado mal no trem, Potter.
Antes que o garoto pudesse responder, ouviu-se uma leve batida na porta e Madame Pomfrey, a enfermeira, entrou com seu ar eficiente.
Harry sentiu o rosto corar. Já era bastante ruim que tivesse desmaiado, ou o que fosse, sem todo mundo ficar fazendo aquele alvoroço.
— Eu estou bem — disse. — Não preciso de nada...
— Ah, então foi você? — exclamou Madame Pomfrey, ignorando o comentário de Harry e se curvando para examiná-lo mais de perto. — Suponho que tenha feito outra vez alguma coisa perigosa.
— Foi um dementador, Papoula. — informou McGonagall.
As duas, trocaram olhares misteriosos e Madame Pomfrey deu um muxoxo de desaprovação.
— Postar dementadores em volta da escola — murmurou, afastando os cabelos de Harry e sentindo a temperatura na testa dele. — O menino não vai ser o último a desmaiar. É, está úmido de suor. Eles são terríveis e o efeito que produzem nas pessoas que já são delicadas...


– Não se preocupe. – Tiago disse rindo – Ela acha todo mundo delicado... Vocês tinham que ver como ela fica sempre que aparecemos todos quebrados na ala hospitalar...
– E por que vocês sempre aparecem quebrados na ala hospitalar? – Lily perguntou desconfiada.
– Quadribol. – Tiago respondeu rápido.
– Remo não joga quadribol. – Alice disse categórica.
– As vezes ele joga nos treinos. – Tiago respondeu evasivo.
    Alice e Lily se entreolharam, não acreditavam nem um pouco naquela história.


— Eu não sou delicado! — exclamou Harry aborrecido.
— Claro que não é — disse Madame Pomfrey distraída, agora tomando o seu pulso.
— Do que é que ele precisa? — perguntou a Profª. McGonagall, decidida. — Repouso? Quem sabe não fosse bom passar a noite na ala hospitalar?
— Eu estou ótimo! — disse Harry, levantando-se de um salto. A idéia do que Draco iria dizer se ele tivesse que ir para a ala hospitalar foi uma tortura.
— Bem, ele devia, no mínimo, tomar um chocolate — disse Madame Pomfrey, que agora tentava examinar os olhos de Harry.
— Já comi chocolate — disse ele. — O Profº. Lupin me deu. Deu a todos nós.


– Agora Madame Pomfrey vai ficar feliz. – Sirius disse dando um sorrisinho para Remo – Remo sempre foi o favorito dela.


— Deu, foi? — exclamou a bruxa-enfermeira em tom de aprovação. — Então finalmente conseguimos um professor de Defesa contra as Artes das Trevas que sabe o que faz!
— Você tem certeza de que está se sentindo bem, Potter? — perguntou a Profª. McGonagall bruscamente.
— Estou — respondeu Harry.
— Muito bem. Por favor espere aí fora enquanto dou uma palavrinha com a Srta. Granger sobre sua programação para o ano letivo, depois podemos descer juntos para a festa.


– O que ela quer dizer com isso? – Frank perguntou a Hermione.
– Ela deve querer dizer a Hermione que ela não vai poder fazer todas as matérias. – Lily disse dando de ombros – Deve dizer que não há possibilidade de encaixar no horário ou algo assim.


Harry saiu para o corredor com Madame Pomfrey, que seguiu para a ala hospitalar, resmungando sozinha. Ele só precisou esperar uns minutinhos; Hermione apareceu com um ar muito feliz, acompanhada pela professora, e todos desceram a escadaria de mármore para o Salão Principal.


– Pelo ar muito feliz, parece que a McGonagall não cortou o horário da Hermione. – Sirius disse desconfiado – Só queria saber como ela vai assistir todas essas aulas.
– A McGonagall deve ter dado um jeito de adaptar o horário, ou algo do tipo. – Lily respondeu pensativa.


Havia um mar de chapéus cônicos e pretos; cada uma das compridas mesas das casas estava lotada de estudantes, os rostos iluminados por milhares de velas que flutuavam no ar, acima das mesas.
O Profº. Flitwick, que era um bruxo franzino de cabeleira branca, carregava um chapéu antigo e um banquinho de três pernas para fora da sala.
— Ah — comentou Hermione em voz baixa — perdemos a cerimônia da seleção!


– Que bom. – Sirius disse revirando os olhos – A seleção é muito chata quando não tem nenhum conhecido... A única seleção que eu prestei atenção foi a do Régulo, e foi uma grande decepção.
– Você não fala muito sobre o seu irmão... – Lily constatou.
– Meu irmão é o filho perfeito para minha mãe e meu pai. – Sirius bufou – Segue todos os padrões da família Black, e quando chegar a hora vai aceitar a boa noiva de sangue-puro escolhida a dedo pela minha mãe...
– Mesmo ele fazendo tudo que eles querem, ele não pode escolher com quem vai se casar? – Lily perguntou abismada.
– É claro que não, – Sirius riu sombrio – imagine se o perfeito Régulo escolhe uma mulher que não tenha uma linhagem honrável... Por causa dessas coisas que meus pais se casaram... Apenas um Black é bom o bastante para um Black...
– Mas isso causa anomalias genéticas. – Hermione disse espantada.
– Por muito tempo pensaram que meu irmão era um aborto por isso. – Sirius riu soturno – Mas então o garotinho perfeito fez um simples feitiço de levitação e já era o favorito...
– Parece até que você tem inveja do seu irmão. – Alice disse ligeiramente venenosa.
– Ele não tem inveja nenhuma do Régulo. – Tiago franziu a testa – Ele tem pena.
– Não é o que parece. – Alice murmurou.


Os novos alunos de Hogwarts eram distribuídos pelas quatro casas do colégio, pondo na cabeça o Chapéu Seletor, que anunciava a casa (Grifinória, Corvinal, Lufa-Lufa ou Sonserina) que melhor convinha ao recém-chegado. A Profª. McGonagall dirigiu-se ao seu lugar, que estava vazio à mesa dos professores e funcionários e Harry e Hermione seguiram na direção oposta, o mais silenciosamente possível para se sentarem à mesa da Grifinória. As pessoas viraram a cabeça para olhá-los passar pelo fundo do salão, e alguns apontaram para Harry. Será que a história do seu desmaio ao topar com o dementador se espalhara com tanta rapidez?


– Do jeito que as coisas são em Hogwarts, não duvido nada. – Remo disse rindo.
– Um dia nós resolvemos testar a velocidade da rede de fofocas de Hogwarts. – Lily disse rindo com Alice.
– Como assim? – Tiago perguntou interessado.
– Nós sempre percebemos que as coisas aqui se espalhavam rápido demais, então deixamos uma fofoca escapar e ficamos esperando para ver em quanto tempo a fofoca chegava a uma de nós. – Alice explicou dando de ombros.
– O que vocês espalharam? – Sirius perguntou curioso.
– Espalhamos que Marlene estava apaixonada por você Sirius. – Lily disse caindo na gargalhada.
– Em menos de um dia você estava em cima dela... – Alice completou rindo – Foi o fora mais lindo que eu já vi alguém dar...
– Foram vocês! – Sirius gritou revoltado – Ela disse que era tudo mentira! 
– Ela fazia parte da experiência. – Lily falou ofegante de tanto rir.
– Mas depois disso você e a Marlene namoraram por um pouco mais de uma semana, não foi? – Tiago perguntou pensativo.
– Ela se arrependeu de me dar um fora e foi pedir desculpas. – Sirius disse insinuante – Agora tudo faz sentido... É claro que ela estava interessada em mim e usou vocês para que eu fosse atrás dela... E depois me deu um fora para as pessoas não acharem ela apaixonadinha... 
– Isso é você quem está falando. – Lily disse dando de ombros.


Ele e Hermione se sentaram um de cada lado de Rony, que guardara seus lugares.
— Que história foi essa? — murmurou Rony para Harry.
O amigo começou a lhe explicar aos cochichos, mas naquele momento, o diretor se ergueu para falar e ele se calou.
O Profº. Dumbledore, embora muito velho, sempre dava uma impressão de grande energia. Tinha alguns palmos de cabelos e barbas prateados, óculos de meia-lua e um nariz muito torto. Em geral era descrito como o maior bruxo da era atual, mas não era esta a razão por que Harry o respeitava. Não era possível deixar de confiar em Alvo Dumbledore, e quando Harry o contemplou sorrindo radiante para os alunos à sua volta, sentiu-se calmo, pela primeira vez, desde que o dementador entrara na cabine do trem.
— Sejam bem-vindos! — começou Dumbledore, a luz das velas tremeluzindo em suas barbas. — Sejam bem-vindos para mais um ano em Hogwarts! Tenho algumas coisas a dizer a todos, e uma delas é muito séria. Acho que é melhor tirá-la do caminho antes que vocês fiquem tontos com esse excelente banquete...
O diretor pigarreou e prosseguiu:
— Como vocês todos perceberam, depois da busca que houve no Expresso de Hogwarts, a nossa escola passou a hospedar alguns dementadores de Azkaban, que vieram cumprir ordens do Ministério da Magia.
Ele fez uma pausa e Harry se lembrou do que o Sr. Weasley comentara sobre a insatisfação de Dumbledore quanto ao fato de os dementadores estarem montando guarda na escola.


– Ninguém que tenha sofrido durante a vida suporta ficar em contato com dementadores. – Remo disse com um suspiro profundo.
– O que Dumbledore sofreu? – Alice perguntou confusa.
– Além do pai dele ser preso, a mãe dele ter morrido e deixado ele cuidando do irmão mais novo que odiava ele? – Tiago perguntou dando de ombros.
– Eu não sabia essas coisas. – Lily disse surpresa.
– Ninguém espera que os alunos conheçam o passado do diretor, não é? – Sirius disse – Os pais do Tiago conhecem Dumbledore há muitos anos...
– Eles sempre dizem que Dumbledore mereceu tudo que recebeu depois de sofrer tanto. – Tiago disse pesaroso – Ele também perdeu a irmã mais nova, logo depois de perder a mãe. E o pai dele morreu em Azkaban...
– Dá para entender por que ele não gosta de dementadores. – Neville disse com um suspiro.


— Eles estão postados em cada entrada da propriedade e, enquanto estiverem conosco, é preciso deixar muito claro que ninguém deve sair da escola sem permissão. Os dementadores não se deixam enganar por truques nem disfarces, nem mesmo por capas de invisibilidade — acrescentou ele brandamente, e Harry e Rony se entreolharam. 


– É claro que Dumbledore estava falando diretamente com vocês. – Frank disse dando de ombros.


— Não faz parte da natureza deles entender súplicas nem desculpas. Portanto, aviso a todos e a cada um em particular, para não darem a esses guardas razão para lhes fazerem mal. Apelo aos monitores, e ao nosso monitor e monitora chefes, para que se certifiquem de que nenhum aluno entre em conflito com os dementadores.
Percy, que estava sentado a algumas cadeiras de distância de Harry, estufou o peito outra vez e olhou à volta cheio de importância.
Dumbledore fez nova pausa; percorreu o salão com um olhar muito sério, mas ninguém se mexeu nem emitiu som algum.
— Agora, falando de coisas mais agradáveis — continuou ele —, tenho o prazer de dar as boas-vindas a dois novos professores este ano. Primeiro, o Profº. Lupin, que teve a bondade de aceitar ocupar a vaga de professor de Defesa contra as Artes das Trevas.


    Remo olhou para o livro abismado, então tudo aquilo era verdade, ele realmente seria professor de DCAT em Hogwarts. Sirius, Tiago, Lily, Rony, Hermione, Harry, Gina e Neville começaram a aplaudir Remo alegremente.
– Sempre soube que você conseguiria! – Sirius disse satisfeito dando tapinhas nas costas do amigo.
– Esse é o maior sonho do Remo. – Tiago disse explicando – Mas ele nunca acreditou que conseguiria.
 – Por que você achava que não conseguiria? – Lily perguntou a Remo com carinho – Você sempre foi ótimo em DCAT. 
– Era só inseguança. – Tiago disse antes que Remo tivesse que inventar alguma desculpa. Remo agradeceu internamente a interferencia do amigo. Tiago voltou a ler imediatamente antes que Lily pudesse perguntar mais alguma coisa.


Ouviram-se algumas palmas dispersas e pouco entusiásticas.


– Eu tenho certeza de que isso tem mais haver com eles terem tido dois professores inutéis seguidos do que deles não gostarem de você. – Lily disse dando um sorriso a Remo.
– Eles nem te conhecem ainda. – Tiago disse concordando com Lily veementemente. 


Somente os que tinham estado na cabine de trem com o novo professor bateram palmas animados, Harry entre eles. Lupin parecia particularmente mal vestido ao lado dos outros professores que trajavam suas melhores vestes.


    Remo e Harry trocaram um sorriso.
– Eu provavelmente estava usando minhas melhores vestes... – Remo disse dando de ombros.
– As roupas do Remo tem um talento incrível para se desgastar. – Tiago disse categórico.
– Uma vez Tiago comprou um conjunto novo de uniformes para Remo, – Sirius disse dando de ombros – para ocasiões especiais... É claro que Remo não queria aceitar, mas Tiago ameaçou azarar ele para que ele falasse rimando por uma semana e ele não teve muita escolha...
– No fim do ano as vestes estavam completamente desgastadas. – Tiago disse dando de ombros.


— Olha a cara do Snape! — sibilou Rony ao ouvido de Harry.
O olhar do Profº. Snape, mestre de Poções, passou pelos professores que ocupavam a mesa e se deteve em Lupin. Era fato sabido que Snape queria o cargo de professor de Defesa contra as Artes das Trevas, mas até Harry, que o detestava, se surpreendeu com a expressão que deformou o seu rosto macilento. Era mais do que raiva: era desprezo. Harry conhecia aquela expressão bem demais; era a que Snape usava sempre que o avistava.


– Era de se imaginar que o Ranhoso não ficaria nada feliz com o Remo professor. – Sirius disse encarando Severo com desprezo.
    Lily se mexeu desconfortável, Harry sempre insinuava no livro que Snape o desprezava, e isso fazia Lily se sentir muito mal.


— Quanto ao nosso segundo contratado — continuou Dumbledore quando cessavam as palmas mornas para o Profº. Lupin. — Bem, lamento informar que o Profº. Kettleburn, que ensinava Trato das Criaturas Mágicas, aposentou-se no fim do ano passado para poder aproveitar melhor os membros que ainda lhe restam. Contudo, tenho o prazer de informar que o seu cargo será preenchido por ninguém menos que Rúbeo Hagrid, que concordou em acrescentar essa responsabilidade docente às suas tarefas de guarda-caça.


– É claro! – Remo disse rindo – Quem mais mandaria os alunos comprarem um livro que morde?


Harry, Rony e Hermione se entreolharam, estupefatos. Em seguida acompanharam os aplausos, que foram tumultuosos principalmente à mesa da Grifinória. Harry se esticou para frente para ver Hagrid, que tinha o rosto vermelho-rubi, os olhos postos nas mãos enormes, e o sorriso largo escondido no emaranhado de sua barba escura.
— Nós devíamos ter adivinhado! — berrou Rony, dando socos na mesa. — Quem mais teria nos mandado comprar um livro que morde?
Os três garotos foram os últimos a parar de aplaudir e quando o Profº. Dumbledore recomeçou a falar, eles viram que Hagrid estava enxugando os olhos na toalha da mesa.
— Bem, acho que, de importante, é só o que tenho a dizer. Vamos à festa!
As travessas e taças de ouro diante das pessoas se encheram inesperadamente de comida e bebida. Harry, de repente faminto, se serviu de tudo que conseguiu alcançar e começou a comer.


– Pensar no banquete está me dando fome. – Rony disse e recebeu um enfático aceno de concordancia de Sirius. 
– Podemos comer alguma coisa assim que acabarmos esse capítulo. – Hermione disse com um meio sorriso.


Foi um banquete delicioso; o salão ecoava as conversas, os risos e o tilintar de talheres. Harry, Rony e Hermione, porém, estavam ansiosos para a festa terminar para poderem conversar com Hagrid.
Sabiam o quanto significava para ele ser nomeado professor. O guarda-caça não era um bruxo diplomado; fora expulso de Hogwarts no terceiro ano por um crime que não cometera. Harry, Rony e Hermione é que tinham limpado o seu nome no ano anterior.


– E a Gina. – Gina bufou irritada – Ninguém nunca se lembra da Gina, é sempre Harry, Rony e Hermione.
    Hermione deu um suspiro, ela se achava um pouco culpada, Gina era sua amiga, nem tanto na época, mas era irmã do Rony, eles podiam ter incluído ela em algumas das coisas que fizeram.


Finalmente, quando os últimos pedaços deliciosos de torta de abóbora tinham desaparecido das travessas de ouro, Dumbledore anunciou que era hora de todos se recolherem e os meninos tiveram a oportunidade que aguardavam.
— Hagrid! — exclamou Hermione quando se aproximaram da mesa dos professores.
— Graças a vocês — disse Hagrid, enxugando o rosto brilhante de lágrimas no guardanapo e erguendo os olhos para os garotos. — Nem consigo acreditar... Grande homem, o Dumbledore... Veio direto à minha cabana quando o Profº. Kettleburn disse que para ele já chegava... É o que eu sempre quis... .
Dominado pela emoção, ele escondeu o rosto no guardanapo e a Profª. McGonagall tocou os meninos para fora.


– Estou feliz pelo Hagrid. – Tiago disse sorrindo – Ele merecia isso de verdade, e você também Remo.
    Remo corou.


Harry, Rony e Hermione se reuniram aos outros colegas da Grifinória que ocupavam toda a escadaria de mármore e agora, muito cansados, caminharam por mais corredores e mais escadas até a entrada secreta para a torre da Grifinória. Uma grande pintura a óleo de uma mulher gorda vestida de rosa perguntou-lhes:
— A senha?
— Já estou indo, já estou indo! — gritou Percy lá do fim do ajuntamento. — A nova senha? Fortuna Major!
— Ah, não! — exclamou Neville Longbottom com tristeza. Ele sempre tinha dificuldade para se lembrar das senhas.
Depois de atravessar o buraco do retrato e a sala comunal, as garotas e garotos tomaram escadas separadas. Harry subiu a escada circular sem pensar em nada exceto na sua felicidade por estar de volta. Quando chegaram ao dormitório redondo com as camas de colunas que já conheciam, Harry, olhando a toda volta, se sentiu finalmente em casa.


– Eu também me sinto exatamente assim quando chego ao castelo. – Remo disse sorrindo para Harry.
– Então você devia estar na sua sala pensando exatamente o mesmo que Harry nesse momento. – Sirius disse dando palmadinhas nas costas de Remo.
– Podemos parar para tomar um chá? – Rony perguntou esfregando a barriga.
    Todos se dirigiram à mesa de refeições juntos, um grande bule de chá e uma torre de bolinhos de diversos sabores apareceram à mesa sem que ninguém precisasse realmente pedir. 
– Elfos domésticos, sempre eficientes. – Alice disse com um sorriso pegando um bolinho da pilha.
    Hermione estava prestes a falar alguma coisa, mas Rony segurou seu braço com delicadeza e a conduziu para o outro lado da mesa.
    Tiago voltou para o seu lugar no sofá antes de todos os outros, e Lily percebendo isso o seguiu.
– O que houve? – ela perguntou com carinho.
– Eu estava pensando, o que as pessoas acham que Sirius fez? – Tiago disse com um suspiro profundo – Eles devem pensar que ele é uma pessoa realmente ruim para todo mundo estar com tanto medo dele... E além disso, como as pessoas começaram a achar que ele era partidário de Voldemort? Isso não faz sentido algum. – ele bufou e enterrou o rosto nas mãos.
– Nós vamos descobrir logo. – Lily disse acariciando os cabelos de Tiago.
– Mas tudo que nós descobrirmos que diga que Sirius é um comensal da morte, é mentira, – Tiago disse categórico – qualquer um poderia se virar para o lado das trevas, alguns mais do que outros, mas não o Sirius. – ele completou resoluto – Sirius detesta tudo isso... E se fosse para ele ser adepto às Artes das Trevas, ele seguiria os passos da própria família desde cedo, não ficaria por ai namorando garotas trouxas durante as férias de verão. 
– Eu acredito nisso Tiago. – Lily disse dando um beijo no topo da cabeça de Tiago – Realmente não combina com Sirius se virar para o lado negro, não depois de tudo o que passou para fugir da própria família. 
    Severo observava de longe Lily e Tiago e mal conseguia se segurar. Se não estivesse preso ao juramento que fez a Dumbledore se descontrolaria e enfeitiçaria Tiago.
    Todos os outros voltaram para a área dos sofás. Sirius e Remo olharam para Tiago preocupados, mas Lily acenou que estava tudo bem, pegou o livro e, sem tirar a mão do cabelo de Tiago, começou a ler.
– Capítulo VI – Garras e folhas de chá.




Olá leitores mais maravilhosos que existem no mundo! Ainda estou com problemas, não sai do capítulo nove até agora, mas acredito que farei um grande progresso durante esse fim de semana. Espero não decepcionar vocês.
- Tanisa: Finalmente o Remo apareceu! Gostou da reação dele em ser um professor de Hogwarts? Eu amo muito o Remo, mas o Sirius sempre será o meu favorito. 
- HarryJ.Potter: Fico feliz que goste das minhas fics. E também espero que essa saia tão boa quanto as outras.
- Stehcec: Também acho que ela devia ter sofrido muito mais. Até por que Azkaban nem tem mais dementadores, ela está passando muito menos sofrimento do que o Sirius passou nos doze anos que viveu em Azkaban sendo inocente. Se eu não conseguir escrever o bastante esse fim de semana vou ter mesmo que postar a cada 15 dias, mas ainda tenho esperanças de conseguir. E a frase dessa semana? Acertou?
- Izabella Bella Black: Quando a amizade é verdadeira a pessoa não abandona os amigos em momento algum, e é isso que sinto da amizade de Tiago e Sirius, de Remo também, é claro, mas Tiago e Sirius eram como irmãos. Fico feliz que entenda se eu precisar postar menos, mas por enquanto vou continuar me esforçando para postar todo sábado.
- Day Caracas: Ainda falta um pouco para eu me formar mesmo. Mas mesmo assim muito obrigada. Sirius aguentou mais Azkaban do que os outros por que em seu coração ele sabia que era inocente. E isso não era um pensamento feliz de verdade, então os dementadores não podiam acabar com ele. Vai ser difícil para o Tiago, mas não disse que vai haver uma briga... Vai ter que esperar para ver. Acho que também não teria coordenação motora para jogar quadribol, não consigo nem andar de bicicleta, mas seria um jogo que eu gostaria de assistir. Sirius ser comensal é fora de questão para a maioria deles, mas Alice é influenciável demais, ela sabe que a família de Sirius é de preconceituosos sangue-puros, talvez ela ache que ele é como eles. Espero que tenha gostado da reação de todos ao descobrirem sobre o Professor Lupin!
- Clenery Aingremont: Tiago ama Lily, mas ele não consegue deixar de alfinetar ela e mandar indiretas sobre Snape, é da natureza dele, e sinceramente, acho que nós gostamos mais dele assim. A memória que Harry deve ter de Sirius é aquela memória afetiva, ele não se lembra conscientemente, mas no fundo se lembra, ou não teria acreditado em Sirius tão rápido. Essa semana eu vi que pouquissímas pessoas acertaram a frase da semana. Vou me esforçar para continuar postando uma vez por semana.
- Bia Ginny Potter: Que Dumbledore sabia que eles aprontavam, tenho certeza, mas ele não sabia sobre eles serem animagos até Sirius contar tudo para ele no final de PdA. Então ele não sabia de tudo, Sirius estava certo. Alice tem dificuldade de manter a boca fechada, mas logo logo ela vai ter uma liçãozinha. Que bom que acertou a frase da semana passada, mas e a dessa semana? Pouquissimas pessoas acertaram. Minha preocupação é justamente manter a qualidade dos capítulos, não quero dar a vocês capítulos corridos e mau-escritos, e acho ridículo quando autores "colocam um feitiço silenciador em todo mundo", acho falta de criatividade demais. O momento Hinny vai chegar em breve, vou continuar me esforçando para um capítulo por semana, pelo menos por enquanto.
- Thainá Aguiar: A amizade deles é uma das coisas mais bonitas que tem nos livros, isso e o amor de Lily por Harry. Acho que Lily queria consolar Sirius um pouco, fazer ele se sentir melhor sobre tudo isso. Esse pode não ser o livro mais calmo, mas com certeza foi o livro em que Harry esteve menos em risco de vida. Espero poder continuar postando uma vez por semana, anda difícil, mas vou continuar me esforçando.
- Mary Potter Malfoy: Em relação aos casais e as revelações e beijos, falta pouco, bem pouco, não para todos é claro, mas desenvolvi um pouco mais dois casais nesses próximos capítulos. Depois me mostra os primeiros capítulos da sua fic, e já falei que se precisar de ajuda pode me pedir, né? A JK realmente desenvolveu o Severo muito bem, eu gosto dele como personagem, mas não gosto dele, se é que da para me entender. Você vai ver aos poucos como os livros são mil vezes melhores do que os filmes e se você já acha que gosta de HP sem ter lido, você vai gostar mais ainda. Nos livros as coisas são muito melhor desenvolvidas, da para entender tudo muito melhor, especialmente em CdF e OdF, que são livros enormes e os livros cortaram muitas coisas. Mas imagino que você já esteja percebendo essas coisas.
- Luiza Snape: Concordo e discordo do que disse sobre as pessoas tratarem Snape melhor. Concordo por que amor nunca é demais para as pessoas. E discordo por que acho que, se nem pela Lily, que ele diz que ama, ele conseguiu se tornar uma pessoa melhor, será que ele seria uma pessoa melhor por pessoas que ele não "ama"?
- Clara Black Potter: Se você acha Lily e Tiago a coisa mais linda do mundo agora, imagino que você vai gostar dos capítulos que estão vindo. Espero que tenha gostado da aparição de Remo nesse capítulo, o que achou das reações deles? Esse livro é meu favorito por isso também, descobrimos tantas coisas, descobrimos sobre Sirius, Tiago e Remo e tudo isso é muito importante para a história.
- Hilary J. S. Lestrange: Snape e Alice ainda vão demorar um pouquinho para deixarem de ser babacas. É claro que Severo sabe que Sirius não poderia ser um comensal, mas mesmo assim ele não defenderia ele, Severo fica feliz de ver Sirius ser acusado dessas coisas. O resto do seu comentário eu já respondi no grupo. Mas gostaria de dizer novamente que fico feliz que ache que eu escrevo tão bem assim.
- Marlene.M.Black: Claro que sinto falta dos seus comentários quando você não aparece! Eu entendo perfeitamente o que quer dizer sobre o comportamento da Alice e adoro que você esteja detestando o comportamento, esse era meu objetivo afinal, criar outro antagonista na história. Pelo menos Tiago vai ficar aliviado em saber que não foi Sirius quem o traiu, Pedro tê-lo traído doi muito menos. Apesar de Tiago adorar Lily, ele não poderia deixar de mandar uma indireta para ela. 
- Monstra das Bolachas: Você vive em Portugal? Que legal! Mas você é brasileira ou portuguesa? (Vou me gabar muito por ai dizendo que tenho leitores em outros países. Vai ser difícil para o Tiago aceitar que Rabicho é um traidor, mas pelo menos doi menos do que se fosse o Sirius. O probleminha peludo do Remo vai ser uma parte complicada para escrever, mas espero que você goste. 
- MionGinnyLuna: A Alice (pelo menos a Alice da minha história) é imatura demais, e por isso ela acredita em qualquer coisa, além disso ela não é tão próxima de Sirius... Vou dar mais atenção ao Remo agora que ele vai aparecer nos livros também, ele fica silencioso por ter medo de ter seu segredo revelado, mas logo isso passa. Eu sou Corvinal *Ravenclaw*, sempre fui selecionada para lá. Nunca li divergente, mas ando vendo muitas pessoas lendo, talvez mais para frente eu leia. E se for para pensarmos em autores assassinos, JK matou o SIRIUS, REMO, TIAGO, LILY, FRED! Ela matou o Fred, isso é simplesmente maldade.
- sasa lovegood: Muito obrigada! Vocês que são leitores maravilhosos. Acho que para Sirius enquanto Tiago e Remo acreditarem nele vai estar tudo bem. Mas é claro que é difícil ouvir as pessoas comparando ele a tudo que ele mais despreza na vida. Ainda falta um pouco para a minha formatura, é só em janeiro, mas estamos tirando fotos para o convite e tudo mais.
- Bruh Lovegood: Senti falta de você comentando! Alice está se tornando muito previsível, né? 
- Milly Lovegood Black: Tudo bem demorar para ler, só não pode me abandonar. Sei bem como é ter que roubar wifi do vizinho, quando morava com minha mãe tinha que fazer isso também. Espero que esse capítulo tenha estado dentro das suas expectativas. 
- Talisman José da Silva Moraes: Respeito sua opinião (e já vi você dando essa mesma opinião em uma outra fic), mas levando em consideração meu próprio plano de escrita e as opiniões de meus outros leitores, vou manter a história como já havia planejado. Espero que isso não seja motivo para que desista da fic. Obrigada pela sugestão.


Quem quiser fazer parte do grupo da fic, onde posto novidades, prévias e enquetes:
https://www.facebook.com/groups/742689499098462/
E para quem já é do grupo, quem acertou o autor da frase da semana? Vi que apenas cinco pessoas acertaram! Vou começar a fazer algum tipo de pontuação a partir da próxima.

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Comentários (21)

  • Helena

    Maravilhoso. Essa Alice esta me irritando, garota mais chata.

    2018-09-12
  • Milly Lovegood Black

    Te JURO que tentei comentar antes mas não consegui :( Só vim entrar no not hoje!! Mas em fim, vamos ao que interessa: QUE CAPITULO PERFEIIIIIIIIIITOOOOOOOOOOOOOOOO SOCORRO! TÔ MORRENDOStatus: Aguardando anciosamente o próximo 

    2014-05-17
  • Akemi Lilith Homura

    Ok, sabemos que a Alice vai quebrar a cara novamente, porém... como será que ela vai descobrir que está enganada...fico esperando esse momento

    2014-05-17
  • ste_panza

    Oláááá Eu sei, eu sei, não comentei no capítulo anterior... Não me mate (senão você vai ter uma leitora a menos pra comentar hahahahahha). Semana passada foi meio complicada. Acabei indo para a casa dos meus pais e mal entrei na net. Mas aqui estou eu para comentar na sua fic (antes tarde do que nunca)Aiai esse capítulo... Tinha ficado dividida em achar se a Lily ia ter um ataque de "superprotecionismo" com o Harry ou ia ficar se sentindo culpada indiretamente pelo que aconteceu. Esse livro vai ser realmente complicado para o casal. Bom, não só para eles, talvez esse seja um dos livros mais complicados para a maioria dos personagens. Lily e Tiago por serem lembrados direto de que morrem antes mesmo de ver o filho crescer e Sirius, bom... E, de certa forma, também pro Lupin, o único do livro tendo que lidar com o filho de seus melhores amigos, ensinando-o a lidar com dementadores e com o outro melhor amigo que acaba de fugir da maior prisão do mundo bruxo... Snape também deve ter seus momentos ruins, tendo que viver novamente com o Lupin e com a ameaça da volta do Sirius.Sempre esqueço de falar o quanto eu amo o Bichento... OMG, meu sonho é ter um Bichento pra mim!!! Um gato lindo e inteligente. O que mais eu poderia querer? hahahahahhahahaAmei a tirada que a Lily deu no Frank!!! Aliás, tanto ele quanto a Alice estão me irritando (novamente) com essa inocência deles! OMG, será que eles não aprendem??? Ainda mais a Alice! As vezes fico pensando em como eles conseguiram virar aurores sem matar ninguém que estava do lado de Dumbledore. Aposto como ainda vão "quebrar a cara" várias vezes ainda durante o livro!Adorei ver que a Lily está mais convencida de que o Sirius não cometeu aquele crime. Sei que esse livro vai testar muito a confiança deles no Sirius mas acredito que tanto Tiago quanto Remo não vão acreditar naquela besteira toda e vão ver que tem algo de errado em toda aquela história. Mesmo que eles não suspeitem que a "coisa extremamente errada" seja aquele ratinho. (Siiim, peguei raiva do Rabicho depois que eu li esse livro) Não sei o que eu sinto pelo Snape. Tem horas que ele tem realmente me irritado durante sua fic por causa de seu amor obsessivo pela Lily, mas ao mesmo tempo, não posso deixar de me sentir culpada por pensar assim... Todo mundo ficaria com ciúmes se ficasse trancado em uma sala, vendo a pessoa que você ama se agarrando com outro. Só queria que ele gostasse de outra pessoa... Talvez a Bellatrix? Essa precisa de um marido pra descontar a raiva de vez em quando (ou para ela emprestar um pouco do óleo do cabelo dele pra fazer uma hidrataçãozinha no dela...) Por mais que eu nem consiga ver a Gina compartilhando as coisas do trio, não consigo deixar de ficar triste com eles deixando ela de lado... (Mas juro que ri com o escândalo que ela aprontou hahahahaha).Bom, acho que esses foram os comentários desse capítulo... Estava pensando em comentar o capítulo passado aqui também, mas ia ficar um comentário super ultra mega power gigantesco aqui (já que esse também está ficando grande, mas você sabe como eu nem consigo escrever pouco...).Não vejo a hora de ler o próximo capítulo... Começar todas aquelas coisas sobre o "sinistro" (estou louca para ver a reação da Lily e dos marotos nas previsões da Trelawney...) e sobre a aula com o Hagrid! *--*Só sua fic para fazer eu ficar pensando a semana inteira no sábado a tarde, quando eu estarei lendo e em quais serão os comentários do próximo capítulo do livro... Aliás, isso me lmbra, parabéns pela fic, porque ela está saindo ainda melhor do que eu esperava (e você sabe como eu tinha altas expectativas para esse livro)... Até o próximo capítulo...  

    2014-05-15
  • HarryJ.Potter

    Estou amando!!! essa fic nao esta tao boa quanto as outras. Esta melhor do que as outras !!!!!!!

    2014-05-14
  • Maria Eduarda Rieg Weasley

    OiiieeVoltei depois de tanto tempo desapericida kkkkkkk desculpa fiquei sem net e tava enrolada cm a escolaComo sempre ameeeeei os capitulos vc esta de parabens to amando as reaçoes de todos to amando a reaçoes de Gina ja que eu acho q vai fazelos perceber q foi ‘‘errado‘‘ deixa-la de lado o Remu assumindo o cargo amooooo e o Neville mais maduro levando td de boato pegando raiva da Alice ela ta mtooo irritanteameiii a Lily tambem apoiar o Sirius 

    2014-05-12
  • Luiza Snape

    Anyway, gosto do Snape desde sempre, acho que rola uma identificação, embora eu seja uma pessoa amorosa e boa. O Pedro não estar lendo os livros e o Snape sim os marotos ainda não questionaram isso???? Quanto ao Lupin, ele deve estar bem feliz ao saber que está ensinando o filho de um dos seus melhores amigos, quero ver também  a reação dos marotos ao saber que o mapa está com os gêmeos e que vão passar pro marotinho. Não vejo a hora de ler a continuação!!!!Bjs 

    2014-05-12
  • Izabella Bella Black

    Oi, como hoje manheci melhor resolvi comentar o capitulo.Bom, adorei o capitulo, Remo realmente merece sim ser professor, espero que com a leitura dos livros ele pare de pensar que só por que é um lobisomen não merece ser feliz.O Tiago realmente vai defenter o Sirius ate o fim. Acho que Tiago so acreditaria que Sirius é um traitor se ouvisse isso do proprio Sirius. Eu sei que Tiago não vai descobrir logo de cara que é o Pedro o verdadeiro traitor, mais espero que ele perceba que tem alguma coisa errada com a historia de que Sirius matou Pedro e de que foi Pedro que perceguiu Sirius. Estou louca para o capitulo em que a Grifinoria ganha a taça de Quadribol, Tiago vai ficar muito orgulhoso do filho. A Lily como sempre não gosta de ouvir que seu amigo de infancia despreza seu filho.Adorei o que o Sirius e o Tiago falaram para a Alice, realmente ela devia esperar um pouco antes de julgar as pessoas. Sirius vai ficar muito desepisionado com o Remo ao saber que o amigo acha que ele é realmente um comensal da morte. Amei saber que a Lily não vai ficar contra o Sirius. Snape esse vai adorar durante todo o livro o sofrimento que Sirius passou. Mais acho que Snape vai mudar muito com a leitura desses livros, ou melhor, todos vão mudar com a leitura.Fiquei muito feliz, acertei a frase da semana, fiquei na duvida se seria o Remo ou o Tiago, mais achei que o Tiago teria muito mais libertade para fazer uma brincadeira dessas com o Sirius.Nossa acho que escrevi muito.Beijos. 

    2014-05-12
  • Bia Ginny Potter

    eu n lembro se votei na frase da semana, acho q esqueci de marcar no negócio, mas se n me falha a memória, eu acertei... Porém, fica no neutro pq eu acho q n marquei nada. Palmas para o novo prof de DCAT *-* Que contraste entre a reação do povo do passado e do futuro, esse grupinho foi mais animado q a Hogwarts inteira. E eu amei a história da fofoca, vou fazer isso na minha escola kkkk acho q o resultado será parecido, uma vez uma menina da minha sala faltou, e alguém inventou q uma menina do primeiro ano se suicidou... Imagina no q deu hahaha Agora q eu parei pra pensar sobre a Alice, imagina a merda q n vai dar qdo descobrirem o probleminha peludo do Remo O.o O mais legal é q esse livro vai ser relativamente de boa, em compensação, no próximo o Harry encara um dragão e fica cara a cara com o tio Voldy :v a Lily vai pirar. Mas voltando pro cap, a Gina revoltada pela exclusão é o melhor kk  Ela vai ter esses ataques até a Armada? Mas eu  a entendo, tb já sofri com isso T.T  Sobre aquele início de fic q vc fez, achei interesante, vc gosta de mexer com o tempo em fics ein? Tb amo essas coisas, mas minha cabeça buga se eu tentar escrever, por isso tenho empenhado um pouco de tempo em escrever sobre Alvo Potter, quem sabe n sai algo? Sobre a sua, eu acho a ideia legal, o objetivo é mudar o passado como nessa? Pq n tem como ele conhecer os pais sem ninguém perceber q ele é a cara do James e os olhos da Lily, só se ele usar polissuco e encontrar com eles, dps sumir. Ia ser um encontro fofo, porém curto, e n ia mudar nd, talvez coubesse em 2 capítulos... Mas acho q o propósito é outro, enfim, até o próximo capítulo ou qq interação q tenhamos no grupo ^^

    2014-05-11
  • MionGinnyLuna

    Aiaiai... Se voc~evisse o quanto eu surto quando tem atualização da sua fic... Enfim, capítulo ótimo, nota mil... Eu amei, amei, amei a meção à Marlene (Apesar de ser uma apaoxonada por WolfStar). REMO DO EMU CORAÇÃO, VOCÊ ESTÁ FALANDO!!! Hehehe, brincadeira. Amo esse loirinho. Você via em achar muito louca se eu disser que não amo o DUmby tanto assim? Sim, ele era um grande bruxo, e tal... Só que eu não gosto dele, acho que ele é bom demais, e melhor ainda na propaganda, se é que você me entende... Mas, sobre a crueldade da J.K: Cedrico: aI, TIA jÔ, ele era fofo! Sirius: Sua vaca, desgraçada, idiota! Fred: (É nessa hora que você me bate) sim, foi triste, mas... Seilá, nunca fui uma fanática por gêmeos Weasley. Sim, foi uma morte e uma perda difíceis, mas... Não em afetaram Lupin&Tonks: Cara, eu morri junto com eles! Ela matou meu O.T.P, deixou o Teddy orfão, acabou com um resquício de família que o Harry tinha (Família que conheceu os pais dele, digo), matou meu marauder favorito, matou uam das poucas lufanas que era de destaque na saga, e ainda acabou com os marauders de uma vez! Vontade de tacar o livro na parede! Enfim... Só no tempo que eu levei para digitar esse comentário, já me deu crise de abstinência da perfeição que são seus capítulos! #Ansiosa para o próximo... P.S: Joga a Alice no Tártaro, véiii! Ela não aprendeu com a última #TOMA#NA#CARA que ela levou?

    2014-05-11
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