Perda



Capítulo Cinco - Perda


 


- E então? Vai me explicar o que está acontecendo entre você e a Gina? - Rony perguntou pela enésima vez para Harry.


Depois da briga com Gina, Rony foi convencido por Hermione a levar Harry para casa dele.


Embora enfurecido com a atitude do amigo perante sua irmã, Rony acatou o pedido da namorada.


A mãe de Harry, Lily, fez o filho tomar um banho gelado. Nunca havia visto o filho bêbado daquele jeito e estava furiosa. Rony sabia por que Harry tinha exagerado, mas não ia contar para a mãe do amigo.


Harry estava meio tonto, a cabeça latejando. Ele ainda podia sentir o rosto arder com a bofetada de Gina. Fora suficiente para despertar.


- Não está acontecendo nada, Rony - falou e gemeu ao sentir as pontadas na cabeça. – Somos amigos, apenas isso.


- Ok, amigos - Rony revirou os olhos. Aquele papo de "amigos" não colava mais para ele. -


Amigos não têm crises de ciúmes e nem fica agarrando outra pessoa só porque a outra está se divertindo.


- O que você... - Mas Harry parou ao ver o olhar questionador do amigo e viu que não podia negar mais. - Ok, acho que não dá mais pra negar, né? - Sentou-se na cama com a bolsa de gelo na cabeça. - Ai... Olha só, eu gosto da sua irmã, tá legal? Nós nos aproximamos muito durante as aulas. Mas não quero magoá-la cara. Ela não merece.


- Mas você a magoou hoje - Rony sentou-se na cama e encarou o amigo. - Tentando humilhá-la daquele jeito, como acha que ela ficou.


Harry gemeu. Sabia que aquela ruiva era teimosa e que um pedido de desculpas não seria nada fácil.


- Vou conversar com ela... assim que estiver sóbrio. - Deitou-se novamente, a voz embargada.


- Quando estiver 100% sóbrio, quer dizer - Rony enfatizou. - Olha, eu devia de dar umas porradas por humilhar minha irmã, mas farei isso quando você tentar algo... sóbrio.


Harry fez uma careta ao ouvir aquilo. Fechou os olhos. Rony percebeu que o amigo caíra num sono profundo. Estaria com uma enorme ressacada no dia seguinte, mas com certeza, lembraria de tudo.



Dia seguinte...


Foi difícil para Harry abrir os olhos. As pálpebras pareciam não obedecer e sua cabeça pesava toneladas. Sentiu uma tontura e viu seu quarto girar. Jogou-se na cama.


O acontecido do dia anterior veio a mente. Gina sendo paparicada pelos garotos, ele bebendo além da conta e brigando com Gina. Sentiu culpa. Tomara que ela o perdoasse.


Mas não podia visitar a garota naquele estado. Com a cabeça girando e sentido enjôos, arrastou-se para o banheiro. Antes de encarar Gina, teria que encarar uma ruiva ainda mais aborrecida. Sua mãe.


Já estava alguns minutos embaixo do chuveiro quando sua mãe bateu na porta.


- Harry? Tudo bem, querido? - Ele percebeu que a voz da mãe estava embargada. Tinha acontecido alguma coisa?


- Só estou com um pouco de dor de cabeça, mas tudo bem. Já vou sair. - Desligou o chuveiro. O tom de voz da mãe o preocupara.


Harry apoiou-se nas escadas para descer e foi até a cozinha. Tal foi sua surpresa ao ver a mãe chorando.


- Mãe, o que aconteceu? - Sentou-se ao lado dela. - Desculpe, eu não devia ter bebido tanto ontem. Perdi o controle.


- Não se preocupe com isso, querido - respirou fundo antes de prosseguir: - É o seu padrinho.


- Sirius? O que aconteceu com ele?


Sirius Black, padrinho de Harry Potter era uma das poucas figuras masculinas na vida de Harry, desde que seu pai morrera num acidente de avião há 10 anos.


- Ele foi assaltado enquanto saia de um banco. Ele reagiu ao assalto, mas os bandidos estavam armados e... - Não conseguia falar e Harry já temia o pior.


- E o que, mãe? - Mas sua mãe desatou a chorar. Já sabia a resposta. - Não, o Sirius não!


Lágrimas escorreram pela face de Harry. Perdera o pai e agora perdera o padrinho.


Sua mãe abraçou a ele e juntos, choraram a perda de mais um ente querido.


Gina estava sentada na areia, observando o mar. Não sabia quanto tempo estava lá, mas sabia que era tarde.


Precisava refletir sobre tudo que acontecera. Sua briga com Harry. Sua "recente" descoberta. Bem, Gina sabia que não era tão recente. Era algo que ela tentara negar a si mesma, mas que não tinha mais forças para isso. Agora só lhe restava saber como encararia Harry. Ainda não o perdoara por ter tentado humilhar ela no luau.


- Idiota. Insensível... - Não sabia quantas vezes já pronunciara aquelas palavras.


- Falando sozinha? - Ouviu uma voz atrás dela e não precisou virar para ver quem era. Seu coração acelerou, mas permaneceu onde estava.


- Sim, estou falando mal de você.


Harry riu sem-graça e sentou-se ao lado dela, mas um pouco afastado.  - Eu realmente mereço seus xingamentos, Gina. Desculpe-me, eu fui um idiota. Não devia ter bebido daquele jeito e falado aquelas coisas com você.


A ruiva respirou fundo e virou-se.


- É, você foi um idiota. E depois se... - Percebeu que iria falar sobre ele com Cho, mas não queria que ele percebesse seu ciúme. Mal sabia ela que Harry também sentira ciúmes ao vê-la sendo paparicada daquele jeito pelos garotos, mas também resolveu não entrar nesse assunto.


Gina virou-se para o mar. Ainda estava magoada com ele, mas não sabia por quanto tempo ficaria sem perdoá-lo.


- Então, você me desculpa? - Harry pediu com voz calma e Gina pôde perceber que havia uma certa tristeza em sua voz.


- Desculpo. - Deu um sorriso doce e Harry devolveu com um sorriso triste. Gina ficou séria. – O que aconteceu?


- Lembra do meu padrinho, o Sirius? - Gina assentiu. - Então... recebemos uma notícia hoje. Ele morreu... num assalto. - Harry falou com um fio de voz. Ele não contara a mais ninguém. Depois que soube da morte de seu padrinho, saiu desnorteado e por alguma razão, foi parar na praia e vira Gina.


Ele tinha que se desculpar, por mais que a dor da perda era grande. Talvez acalmasse seu coração ter o perdão da ruiva.


- Oh, Harry, sinto muito. - Gina não se conteve e abraçou o moreno. - Harry passou os braços pela cintura de Gina e pode sentir o delicioso cheiro de morango que ela exalava.


Ruiva e com sardas... sua moranguinho.


- E como sua mãe está? - Gina desvencilhou-se do abraço. Harry deu de ombros.


- Está bem, eu acho.


- Mas é você que está sentindo mais, não é? Afinal, ele é seu padrinho.


- É, eu já perdi meu pai, agora mais essa - suspirou. - Mas eu vou superar. - Deu um sorriso fraco.


- Meus pais já sabem? - Harry negou com a cabeça.


- Não, eu saí e vim direto pra cá. Vi você, então resolvi conversar. Minha mãe já deve ter telefonado pra sua casa.
- E agora? O que vocês vão fazer? - Harry deu de ombros.


- Sirius morava em Manchester. Iremos pra lá hoje. Ficaremos um tempo lá com a família.


- Que horas vocês irão?


- Hoje à noite. O enterro será amanhã à tarde.


- Então, eu passo na sua cara pra se despedir, então.


Harry sorriu agradecido.


- Pode ir. Com certeza, sua família irá também. E Hermione.


Gina olhou condescendente para o moreno e o abraçou. Não tinha o que falar. Só queria confortá-lo daquela dor.


- Harry, vamos? - Lily chamou o filho do quarto. Ele desceu com o semblante triste. Mesmo com o apoio dos Weasley e de Hermione horas atrás, teria que encarar a despedida mais uma vez. - Oh, meu filho - sua mãe o abraçou. - Eu sei como está se sentindo. Perdemos seu pai e perdemos seu padrinho, mas nós vamos superar.


- O Sirius era como um pai para mim - Harry falou num fio de voz e sua mãe conteve as lágrimas.


- Eu sei, querido, eu sei. Acredito que seu padrinho e seu pai devem estar matando as saudades em algum lugar. É isso que me conforta.


- Você acredita mesmo nisso, mãe? - Harry afastou-se da mãe para encará-la.


- Eu acredito, meu filho. Agora vamos. Temos que chegar lá cedo.


Harry assentiu e saiu. Ficaria algumas semanas fora. Algumas semanas longe de sua ruiva, que nesse momento rezava para que Harry pudesse superar mais essa perda.


 

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