Capítulo 1.





Março, 1996


Mansão Malfoy




Algumas semanas antes, os comensais que anteriormente estiveram na invasão ao Ministério, em busca da profecia, foram libertados de Azkaban. E com isso, Lucius Malfoy retornou à sua antiga rotina. E, como Narcissa esperava, não fora incluída nos afazeres do marido.


Achou que seria de muito bom grado chamar a irmã, juntamente do cunhado, para um jantar. Ambos os homens já deviam estar recuperados da prisão, e nada mais ético do que reunir as famílias. Enviou cartas à eles com uma semana de antecedência, convidando-os para um jantar na Mansão.


Chegado o dia, Narcissa ordenou que os elfos organizassem a sala de jantar e abastecessem a adega com os mais caros e raros vinhos. Tudo para que o jantar pudesse fluir da melhor maneira.


Próximo da hora dos convidados chegarem, Narcissa já estava pronta. Trajava um vestido comprido, bastante acinturado e com uma fenda na lateral, mangas até o antebraço, numa renda clara, e um salto não muito alto, porém com fitas que contornavam o tornozelo. E seu cabelo loiro estava solto, com grossos cachos nas pontas que caiam pelas suas costas. Sentou-se numa poltrona, na sala de visitas, esperando que o elfo anunciasse a chegada de seus convidados.


Dado o horário marcado, a campainha soou na casa, e um elfo anunciou a chegada de Rodolphus Lestrange. Concedeu a permissão de entrada para o cunhado, que logo apareceu no cômodo junto à ela. Ele trajava um terno negro, com uma camisa esverdeada por dentro, com os cabelos castanhos jogados para trás. Cumprimentou Narcissa com um beijo no dorso da mão.




-Bellatrix não virá. - disse ele, antes mesmo de dar boa noite. Havia um peso em sua voz. -Disse estar ocupada com uns trabalhos para o Lorde das Trevas. - Narcissa indicou a poltrona ao lado da que outrora estava sentada, para que Rodolphus pudesse se acomodar -Não será necessário. Creio que queira adiar o jantar para um outro dia…


Narcissa olhou brevemente o modo como ele havia se vestido, tendo que admitir que estava muito bonito, e devidamente arrumado. -Marcaremos outro dia, é claro. Mas isso não significa que não possa ficar para nos acompanhar esta noite. Ande, sente-se. Assim que Lucius descer, o jantar será servido.




Sentaram-se, então, um de frente para o outro. Olharam-se por um tempo.


Narcissa sempre sorria, tentando transparescer para o convidado a visão de que sua vida era de fato perfeita, enquanto na verdade explodia em fúria pelo atraso do marido.


Cerca de vinte minutos mais tarde, Lucius desceu as escadas, trajando roupas costumeiras dele. Conjuntos sociais, muito exagerado quando aos detalhes, e com o cabelo loiro e comprido preso com uma fita negra. Cumprimentou Rodolphus com um aceno breve com a cabeça, e nem sequer olhou para a esposa -gesto este que ninguém deixou de notar. Ordenou que os elfos servissem o jantar, e os instruiu à irem para a sala ao lado.


Sentaram-se a mesa, em silêncio. E, desde o momento que o  jantar começou, o silêncio prosseguiu. Era claro para Rodolphus o esforço que Narcissa fazia para fingir que tudo estava bem, ele reconhecia os gestos, os sorrisos contínuos e até o modo de se sentar à mesa.


Passado-se um tempo, um som tomou o salão, anunciando a chegada de uma coruja. Narcissa revirou os olhos, como se já conhecesse o animal de muito tempo. Tomou um gole de vinho, enquanto o marido recolhia a carta e a lia.




-Trabalho a fazer, querido? - questionou, assim que ele terminava de enrolar o pergaminho e afirmava com um murmuro.


-Volto pela manhã. - disse Lucius ao se levantar da mesa, cumprimentando o convidado e retirando-se em seguida.




Narcissa, mais uma vez, tomou de seu vinho, claramente tentando se acalmar. Já não bastava o lugar vazio, que deveria ser ocupado por sua irmã. Agora o marido decidira sair, e ela sabia muito bem para onde.


 


-Sinto muito por isso, ele… trabalha demais. - disse baixo, voltando a comer.


Rodolphus franziu o cenho, após a pausa que ela deu, mas logo deu um sorriso fraco -Não se preocupe. - Eu entendo, era o que viria a seguir.




O que aconteceu em seguida foi que nenhum dos dois conseguia comer. Remexeram os pratos por alguns minutos, em silêncio, até que desistiram de fingir. Este clima se deixou levar por um tempo, enquanto ambos davam pequenos goles de seus vinhos, sem de fato olhar um para o outro.




-Ela está com o Lorde das Trevas, não está? - perguntou Narcissa, quebrando o silêncio, em determinado momento. Ele olhou-a um tanto surpreso, mas afirmou com um breve aceno de cabeça. -Olha, Rodolphus, se precisar de uma amiga para, você sabe, conversar… desabafar…


Ele sorriu, um pouco mais confortável. -Obrigado, Narcissa. Mas estou bem. Não é como se eu não sobresse da relação de Bellatrix com o Lorde, desde antes de Azkaban. - riu baixo de sua própria impotência diante daquela situação. -Mas vê-la assim, jogando que está com alguém melhor do que eu… Só preciso de um tempo para me recompor.


-Eu imagino o quão difícil deva ser. - estendeu a mão sobre a mesa, encontrando a mão dele, apertando-a levemente. -Eu falei sério quando disse sobre precisar de uma amiga. E… Bom, eu e Lucius também não estamos muito bem, então acho que compartilhamos um pouco dessa sensação. - riu baixo, para depois levantar-se da mesa. -Venha comigo. Vamos dar uma caminhada pelo jardim. Quem sabe assim seus ânimos não melhoram?




Rodolphus sorriu com aquelas palavras tão sinceras de sua cunhada. Ele e Narcissa nunca foram muito próximos, e ainda assim as palavras dela o estava acalmando de um jeito que dificilmente outra pessoa conseguiria. E a mudança de humor dele, começou a agradá-la.


Andaram até os jardins, lado a lado, mas não muito próximos. Logo o ambiente os rodeou com várias espécies de plantas, na maioria flores. Muitas cores, mas sempre ornando umas com as outras, e exalando um perfume maravilhoso.




-Fico feliz de saber que posso contar com você. É uma pena que nós sejamos tão distantes. - caminhavam mais próximos agora, por entre as flores, numa trilha de pedra posta entre os jardins. -Aliás, é realmente um belíssimo jardim, Narcissa. Quase tão belo quanto sua dona. - o jardim era iluminado por pequenas lamparinas, postas em pontos estratégicos. E, sob a luz de uma dessas, Rodolphus a viu corar.


-Oh, Rodolphus. - riu divertida, dando um tapa leve no braço dele, numa tentativa descontraída de repreensão.


Ele levantou as mãos na defensiva, mas ainda com um sorriso no rosto. -Eu só disse a verdade.


-Muito obrigada. Eu gosto daqui. Tudo é pequeno, frágil, mas todos as admiram. - aproximou-se de um ramo, retirando uma flor. -Estas são as melhores, minhas favoritas. Os narcisos tem um aroma calmante, sabia? - disse, ao entregar a flor ao homem.




Rodolphus pegou a flor entre os dedos, levando-as até próxima das narinas, exalando o perfume, apreciando-o.




-Realmente… - disse o homem, em seguida. -É uma flor encantadora. Faz com que eu me sinta bem. Mais calmo. - observou-a sorrir, devolvendo-lhe um sorriso.


-Eu não disse? Venha, vamos nos sentar. Tem um banquinho com uma vista encantadora, logo ali na frente.




Andaram juntos até o dito banco. Era um dos lugares mais altos do jardim, dando à quem lá estivesse, uma vista privilegiada de toda a paisagem.


Ficaram um tempo em silêncio, enquanto olhavam o jardim. Narcissa, então, lembrou-se de Azkaban. Lembrou-se também que Lucius havia recusado os cuidados da esposa, e com isso se perguntou se Bellatrix ao menos ofereceu ajuda à Rodolphus.




-Qual foi a sensação de estar livre novamente? - perguntou, quebrando o silêncio.


-A melhor coisa do mundo é estar livre depois de tanto tempo. Poder conversar com pessoas, ter uma vida de volta. Mas o que realmente me fez mais falta foi poder pensar no que eu quiser. Finalmente conseguir trazer boas memórias sem que elas sejam arrancadas no minuto seguinte.


-Dementadores, não? Mas lembre-se de que agora não só poderá pensar o que quiser, como poderá criar novas lembranças. Ânimo, Rodolphus! - riu, mudando seu olhar do jardim, para o homem. E então, o viu sorrir. Ele estava se acalmando, e o humor dele só melhorava. E se tinha uma coisa que Narcissa gostava mais do que suas flores e de dar festas, era ver alguém sorrir daquela maneira por ela.


-Tem toda razão. Não posso viver com essas velhas lembranças - olhou-a, se impressionando com a mulher fabulosa que Narcissa revelava ser. -E pode ter certeza que essa conversa já entrou para minhas novas memórias.


-Você é um doce, sabia? - sentou-se de pernas cruzadas, a fenda de seu vestido escorregou, deixando a perna dela a mostra, sem que ela percebesse.




Rodolphus não conseguiu deixar de olhar rapidamente para as pernas de Narcissa quando a fenda escorregou, mas conseguiu disfarçar, voltando a olhar para o jardim. O assunto sobre as memórias trouxeram pensamentos mais profundos à ele. Sabia que, inevitavelmente, Bellatrix estaria nessas novas lembranças. E que, com isso, as lembranças não seriam boas.


Narcissa pareceu notar o desconforto dele, e de algum modo já sabia do que se tratava.




-Por que não desabafa? Eu farei de tudo possível a te ajudar a esquecê-la. Me deixe tentar. - disse baixo, voltando-se para ele.


-Narcissa… - suspirou o nome dela -É tudo tão complicado. Nunca esperei que eu e Bellatrix fossemos ter um relacionamento comum. Fidelidade é algo que eu soube desde o início que não teria da parte dela. E de verdade, nunca me importei. Sabia que no fim das contas eu seria o seu marido, aquele com quem ela dormiria todos os dias. Mas agora... Bem, as coisas se tornaram um pouco diferentes do que eu imaginava. E eu não sei ao certo por que isso me afeta tanto. - parou por um momento após ter soltado todas aquelas palavras entaladas em sua garganta de uma só vez. -Eu não a amo. Decididamente não. Mas sinto alguma coisa por ela. Não sei o que é. É algo forte... Diferente... Queria poder esquecer.


Sorriu triste e aproximou-se de Rodolphus -Você não pode se esquecer dela. Mas pode aprender a conviver sem ela, Rold. - Narcissa contornou os braços sobre os deles, o abraçando acolhedora, apoiando o queixo no ombro de Rodolphus, enquanto dizia baixo próxima ao ouvido dele -Eu não concordo com muitas das atitudes de Bella. Ela não tinha o direito de magoar você dessa maneira. Principalmente depois de você ter ficado em Azkaban tanto tempo. Eu vou conversar com ela. Ela não vai voltar pra você, tenho certeza. Mas não vou permitir que ela pise no seu orgulho desta maneira.




Aquele abraço mexeu com Rodolphus, mais do que ele esperava. Se sentiu tão confortado pelas palavras de Narcissa que, talvez pelo seu estado emocional tão debilitado, acabou por não controlar suas ações. Acariciou carinhosamente as costas de Narcissa, assim que ela parou de falar, como um gesto de agradecimento. Em seguida, afastou os corpos, separando do abraço. Assim que viu o rosto dela, foi impulsionado por algo dentro de si a colar os lábios nos dela, beijando-a.


Narcissa, por alguns milésimos de segundo, ficou parada, em choque. Não esperava tal reação vinda dele. Mas seu interior clamava por algum tipo de carinho, mais do que gostaria de admitir. Então entregou-se ao beijo, calma e lentamente. Subiu as mãos que, antes nas costas dele, agora entravam nos cabelos, trazendo-o mais para perto, enquanto ele contornava a fina cintura dela com as mãos, cortando os centímetros que os separavam.


Não se sabe ao certo por quanto tempo se beijaram, mas, assim que Narcissa se deu conta do que fazia, colocou uma mão sobre o peitoral dele, empurrando-o levemente. Os corpos ainda estavam próximos, apenas as bocas estavam separadas por poucos centímetros.




-Narcissa... eu... - ele disse, um tanto nervoso, afastando o corpo do dela e passando a mão no cabelo. -Por Merlin, me desculpe! Não sei o que deu em mim! Por favor, peço que me perdoe. Isso não irá se repetir. - olhava para os próprios sapatos, enquanto falava.


-Está tudo bem. - fechou os olhos, sentando-se corretamente no banco. -Não se preocupe, está tudo bem. Não se desculpe, por favor. - levantou-se, em seguida. Olhou para ele. -Já está um pouco tarde… Bellatrix provavelmente não gostará disso. É melhor ir. Marcarei um jantar, logo.


-Claro. É melhor eu ir. - estava totalmente desconcertado depois do que tinha acabado de fazer. Não conseguiu mais olhar diretamente para ela, apenas se levantou e os dois voltaram à mansão.




Caminharam em silêncio até o salão de entrada, Narcissa alguns passos à frente e um silêncio constrangedor. Chegaram até a porta, e forçaram a olhar um para o outro.




-Boa noite. - disse ela, tentando disfarçar o nervosismo. Conhecia muito bem a irmã, e sabia que, apesar dela estar com o Lorde das Trevas, Bellatrix não admitiria ser traída, muito menos pela irmã mais nova. -Não contarei nada à ela, então não se preocupe.


Rodolphus confirmou, com um breve aceno de cabeça. Pegou a mão dela e beijou o dorso. -Boa noite, Narcissa. - sua boca ainda estava muito próxima da mão dela quando disse, e ele pode senti-la se arrepiar levemente.




Com um sorriso de ambos, Rodolphus partiu, aparatando para a Mansão Lestrange.


Seria difícil, para não dizer impossível, esquecer o que acabara de acontecer. Ambos os corações eram abalados por tipos semelhantes de relacionamentos frustados, ao ponto de um gesto de carinho bastar para reaquecer bons sentimentos.




no dia seguinte…




Você sabe aquela sensação de preenchimento, quando seu interior parece estar completo, mesmo com apenas uma esperança? Foi desta maneira que Rodolphus e Narcissa acordaram. Tardaram a dormir, sincronizadamente pensando no que havia acontecendo. Aquele famoso “e se...” tomando a mente de ambos por toda a noite. E, ao finalmente dormir, entrando em estado de paz incomum para os dois. As casas em silêncio, vazias, enquanto cada um dormia em sua própria cama.


A rotineira preocupação sobre onde estava seus parceiros havia sumido aquela manhã. Pouco importava se Bellatrix estava na cama com o Lorde das Trevas, ou se Lucius estava bêbado depois de transar com uma prostituta qualquer. O que importava era a deliciosa confusão de que tudo poderia melhorar.


A questão agora era como isso aconteceria. E se aconteceria. Aquilo fora apenas um beijo, de dois corações partidos.
 



 


Início de abril, 1996




Em um closet, Narcissa se arrumava para a festa da irmã. Passara o dia instruindo os elfos para uma perfeita decoração e, apesar de passar o dia todo ocupada, não tinha tempo para descansar.


Sentada de frente à uma penteadeira, Narcissa delineava os olhos, enquanto sua cabeça somente se focava na festa. Pensando se Rodolphus estaria lá, se ele ainda se lembrava do beijo que ocorreu dois meses antes, ou se ele teria contado para Bellatrix. Apesar de tê-lo afastado, quando ele a beijou, não significava que ela não queria aquele beijo. O medo do errado, e de ser pega, falou muito mais alto. E agora, depois de semanas, sua cabeça já estava menos confusa, e até criando expectativas. Algo ainda lhe dizia que era errado, afinal ele era o marido de sua irmã. O que ainda lhe dava esperanças era que, apesar de ser casada, e ele também ser, nenhum dos parceiros era fiel, e provavelmente não se importariam, ou talvez nem precisassem descobrir.


Enquanto passava um batom vermelho, com a ajuda de um pincel delicado, Narcissa recordava-se dos segundos que sua boca esteve junto à ele, do que ele lhe falava antes. Era visível o como ele estava triste com o rumo que sua relação com Bellatrix tinha tomado, e como a história dele se assemelhava com a dela. Casamentos arranjados, parceiros que não escolhemos, a esperança de um relacionamento feliz, a decepção. Por conta de tantas semelhanças, Narcissa entendia o sofrimento de Rodolphus. E via nesses corações partidos uma chance de reconstrução, de felicidade. Via então um possível futuro.


Terminando de pentear o cabelo, lembrou-se do marido, Lucius. Desde o beijo entre ela e Rodolphus, parecia se importar cada vez menos em tentar agradar Lucius para que ele gostasse, ou quiçá a amasse. Já não se importava com os gemidos que escutava quase toda noite. Fechava os olhos e dormia com a esperança.


Fechou seu longo vestido vestido vermelho, acinturado e com as costas nuas, ainda mais bonita pelo fato de seu cabelo estar preso num coque firme. Esta noite usava jóias menos chamativas, mas ainda com seu charme; um colar e brincos banhados à ouro e pedras de rubis, um fino conjunto de pulseiras, e seu inseparável anel de diamantes. Olhou-se uma última vez no espelho, antes de descer ao salão. Os convidados ainda não haviam chegado, apenas ela, os elfos e Lucius ocupavam o local.


Como de costume, desde o beijo, Narcissa não mais se incomodava em cumprimentar o marido. Andou pelo salão, admirando a decoração para a festa. As mesas estavam forradas com panos negros, mas que, quando refletidos à luz, tornavam-se esmeraldas. Bandejas de ouro estavam à postos, flutuando nas extremidades do salão, apenas aguardando os convidados chegarem para passear pelo salão distribuindo bebidas. O grande lustre de cristais havia sido substituído por um com pedras de esmeralda. E em um dos cantos do salão estava um pequeno palco, com instrumentos que tocariam com magia.


Observava a decoração, atenta a qualquer detalhe que pudesse arruinar a festa. Estava tão atenta que mal notou os passos do marido atrás de si, apenas se dando conta quando ele segurou em seu braço com certa força, a impedindo de prosseguir.




-Esqueceu que eu existo, Narcissa? - questionou, frio. Uma das grandes características de Lucius era que ele, definitivamente, odiava ser ignorado.


Narcissa levou a mão delicadamente sobre a dele, retirando-a de seu braço. -Estou ocupada planejando a festa. - disse no mesmo tom que ele.


-Está planejando a muito tempo, então. - arqueou a sobrancelha.




Narcissa riu de canto, pronta para devolver com alguma alfinetada, tal como as constantes discussões que tinham. Um som ecoou no salão, anunciando a chegada de algum convidado, que logo entrou no salão. Pouco a pouco, a mansão foi se enchendo de bruxos da alta sociedade, que bebiam e conversavam em tom baixo, enquanto um jazz tocava nos instrumentos enfeitiçados.


Cumprimentos aqui e ali, saudações à pessoas que sempre via, elogios constantes sobre a aparências e olhares desaprovadores do marido, resumiam a festa para Narcissa. Havia acabado de sorrir sarcástica para Lucius, quando um elfo anunciou a chegada de mais um convidado.


Mais uma vez desacompanhado, chegava Rodolphus Lestrange. Trajava um terno tão belo e negro quanto o último, mas desta vez, a camisa que o acompanhava era tão negra quanto. Os cabelos em seu usual penteado, jogados para trás. Sorriu de canto para Narcissa, dando alguns passos até a mulher.


Narcissa manteve-se parada em seu lugar. Todas as coisas que planejou dizer, quando o visse, sumiu de seu conceito, então apenas sorriu de volta.




-Está muito bonita esta noite, Narcissa. - disse Rodolphus, antes de pegar a mão dela e depositar um beijo demorado no dorso.


O rosto de Narcissa enrubesceu. -Obrigada. - sussurrou, à tempo de analisá-lo também. Seu sorriso disse por si só: ele estava maravilhoso.




Em grandes festas, sempre há conhecidos demais. Por conta disso, Narcissa se retirou logo após uma troca de olhares com Rodolphus, para dar atenção à todos, igualmente, enquanto Bellatirx não chegava. E este era o grande porém. Com quase uma hora de atraso, Bellatrix ainda não havia chegado para a própria festa de aniversário, que com muita insistência, convenceu Narcissa à organizar e sediar o evento.


Mas, como se fosse uma tradição de Bellatrix, lá estava ela. atrasada, uma hora e meia após o início da festa. Trajava mais um de seus vestidos pretos, e, posto ao seu lado, o próprio Lorde das Trevas. Era mais do que claro o caso entre eles, tanto que poucos dos convidados ficaram surpresos. E mesmo com isso, Narcissa não pôde evitar de procurar Rodolphus na multidão com o olhar. Ele nem mesmo olhava para o lado em que Bellatrix estava, concentrava-se nos instrumentos enfeitiçados.


Narcissa andou até Bellatrix, que caminhou em sua direção ignorando os convidados.




-A decoração está magnífica. - disse Bellatrix, fingindo que admirava o salão.


-Ela está magnífica a mais de uma hora, Bellatrix. Onde você estava? - Narcissa abaixou o tom de voz,mas tornou-o cortante.


-Numa missão com Milorde. Vim apenas avisar meus queridos convidados de que, infelizmente, não poderei ficar esta noite. Tenho muito trabalho a fazer. - olhou de relance para o Lorde das Trevas.


Narcissa bufou. -Claro. Vejo que está ocupadíssima. - em seguida, deu com os ombros. -Se terminar, volte para aproveitar o fim…


-É provável que isso não aconteça. Posso demorar a noite toda. - Bellatrix sorriu. -Mas obrigada, Cissy. Está tudo magnífico. Continue agradando meus convidados, você é melhor do que eu nisso de ser anfitriã. E eu vou indo. Tenho uma longa noite pela frente.




Sem ao menos esperar, Bellatrix partiu junto ao Lorde das Trevas, deixando Narcissa à cuidar da festa. Voltou a dar atenção aos convidados, que agora começavam a ocupar a pista de dança. Uma valsa começava a tocar, chamando vários casais à pista. Lucius dançava com uma convidada que ela não lembrava de ter posto à lista, mas lembrava-se brevemente de vê-la saindo alguma madrugada de sua casa. Revirou os olhos, observando os convidados.




-Me concede uma dança? - Narcissa escutou a voz soar atrás de si, virando-se. Encontrou Rodolphus, que a estendeu uma mão. O respondeu com um sorriso.




Andaram de mãos dadas até a pista, juntando os corpos e movimentando-se numa dança calma. A mão de Rodolphus encontrava-se pousada respeitosamente na cintura de Narcissa, enquanto a ela mantinha a mão próxima da nuca dele, sentindo as pontas do cabelo curtos dele fazerem um leve afagar em seus dedos. Mantinham o olhar colado um no outro, como se conversassem por legilimência, apesar de nenhum dos dois ter tal dom.




-Precisamos conversar. - disse ela, em determinado momento. -Sobre…


-O beijo. - completou, como se já soubesse que o assunto viria à tona.


-Sim… - franziu o cenho, tentando decifrar o que se passava em sua mente. Minutos antes, conversavam com o olhar, mas agora parecia impossível saber o que se passava na cabeça dele. -Por que?


-Por que… o que? - queria ouvi-la dizer.


-Por que me beijou? - sussurrou o fim da frase, por medo de ser escutada. Era cômico, o tal medo, já que a maioria dos presentes tinham amantes; algo frequente, já que a maioria absoluta dos casamentos eram arranjados.


-Como anda seu relacionamento com Lucius? - fugiu do assunto, e ao mesmo tempo se fundou nele.


-Não foi isso que eu perguntei.


-Como anda seu relacionamento com Lucius? - insistiu, como se ela não tivesse feito pergunta alguma.


-Rodolphus…


-Como anda seu relacionamento com Lucius?


Narcissa respirou fundo, rendida. -Bem, eu acho... Quase não discutimos.


-Deixe-me adivinhar. Não dormem na mesma cama, quase não se falam, e quando se falam, discutem. - não olhava para ela, quando falava.


-A quanto tempo anda me espionando? - soltou uma risada, mas rir era o que menos queria. Se esta parte de sua vida pessoal estivesse exposta, seria cada vez mais difícil conviver com Lucius.


-Desde o beijo. - disse ele, por fim. E ela o olhou surpresa. -Não teria correspondido se estivesse num perfeito relacionamento.


-Ou eu poderia ter acabado de discutir com meu marido e estar apenas abalada. - era claro a mentira, fazendo com que a frase soasse como uma piada.


-Bellatrix faz isso a todo momento. Conheço os gestos, o modo de se despedir no meio de um jantar. - a voz dele soava conformada. -Nós vivemos parte de nossas vidas tentando agradar alguém que não nos queria por perto, tudo por uma busca de algo além do carnal.


Manteve-se em silêncio por alguns segundos, absorvendo o que ele falava. -O que quer dizer com isso? - sua voz soou fraca.


-Estou dizendo que vi em você uma chance de ter um futuro... feliz. Desde que correspondeu o beijo, eu tenho pensado nisso.


-Nisso?


-Eu e você. Juntos.


-Por que me beijou? - repetiu a pergunta feita minutos antes, com os olhos fixos nos dele.


-Eu vi o seu rosto quando Lucius recebeu aquela carta. Eu sei o que passa na sua cabeça. Aquela cena já se repetiu milhares de vezes, para você e para mim. Há quem diga que apenas um coração partido pode consertar outro.




A essa altura, Narcissa respirava pesadamente, tentando ao máximo esconder as reações que as palavras dele causavam nela. Sentia que ele tinha completa razão. Compartilhavam uma dor, um vazio, e viam, um no outro, a oportunidade de cessar essa dor e preencher o vazio.


Em seu olhar, ela implorava pelo fim da confusão. Queria algo que não seria dado ali, no meio da multidão, aos olhares do marido. Parecia que Lucius sabia o que estava acontecendo, já que não tirava os olhos da esposa desde que a dança começou. Estaria ele com ciúmes? Não, ciúmes não. Posse.




-Janta comigo. Amanhã. - os pensamentos de Narcissa foram cortados pela voz de Rodolphus. -Bellatrix vai sair em uma missão com o Lorde das Trevas, durante alguns dias. A casa estará vazia, e, sinceramente, eu adoraria ter a oportunidade de me expressar melhor, sem precisar sussurrar ou me preocupar com seu marido nos olhando. - viu-a concordar, com um discreto aceno com a cabeça e um sorriso de canto.




Separaram-se da dança, indo de encontro com outros convidados. E poucas horas depois, a festa deu-se por acabada. Os convidados se foram, os elfos limparam a bagunça e Narcissa foi se deitar. Lucius havia acompanhado aquela garota com que dançou durante a noite, deixando a esposa sozinha na Mansão.


Narcissa dormiu com o sentimento de esperança. Sua cama não parecia mais tão fazia, ou pelo menos soava preenchida. Sentia que, nas próximas 24 horas, sua vida mudaria de modo maravilhoso. Somente teria que esperar seu futuro finalmente começar.





no dia seguinte


Abriu os olhos, sentindo mais uma vez a cama vazia ao seu lado. Bellatrix ainda não havia voltado da missão, deixando Rodolphus mais uma vez sozinho. Desde um período de dois meses, até os dias atuais, não mais se importava.


Levantou-se, minutos mais tarde, chamando alguns elfos para que viessem arrumar a cama, e ordenou que deixassem o quarto de hóspedes arrumado, com novos lençóis e travesseiros. Não sabia, ao certo, se Narcissa dormiria na mansão aquela noite, mas queria se prevenir para que, na cama que ela dormisse, não tivesse vestígios da irmã.


Ordenou, também, que os elfos preparassem um cardápio especial para aquela noite. Com direito à frutos do mar, vinhos caríssimos e uma sobremesa deliciosamente preparada com os melhores chocolates da Inglaterra.


Próximo do anoitecer, Rodolphus tomou um banho demorado na banheira, deixando-se relaxar para se preparar para a noite que estava por vir. Optou, mais tarde, por uma roupa menos formal. Uma calça jeans escura, com uma camisa negra por dentro e um blazer, tão negro quanto a camisa.


Assim que terminou de pentear os cabelos, escutou um elfo anunciar a chegada de Narcissa. Olhou-se uma última vez no espelho, ajeitando o terno, para então ir ao encontro da convidada, avistando-a desde o topo das escadas. Teve que parar, por alguns breves segundos, para respirar fundo e admirá-la, mesmo que ainda de longe. Ela usava um lindo vestido branco, e comprido, com mangas compridas e as costas fechadas por um zíper. Completamente acinturada. Rodolphus poderia dizer que, naquele momento, ela se assemelharia a um anjo, se não fosse pelo batom vermelho que cobria seus lábios. Desceu os degraus, em direção à sua tão esperada convidada.




-Boa noite, Cissy. - disse, ao final da escada, dando passadas lentas até ela, que também caminhava em sua direção. -Está encantadora esta noite.


Sorriu de canto. -Boa noite, Rold querido. - olhou-o de cima a baixo, deixando-o notar o movimento -Também está muito bonito.


-Fico feliz que tenha aceitado meu convite. - pegou a mão dela, depositando um beijo no dorso. -Prometo que não se arrependerá. - ainda segurando-a pela mão, conduziu-a até a sala de jantar, onde tudo já estava devidamente arrumado. Puxou uma cadeira para ela. -Espere que aprecie o que mandei preparar.


-Está perfeito. - disse olhando a mesa. Sentou-se na cadeira que ele puxou.




Rodolphus tratou de servir as taças de cristal com o vinho que havia escolhido, tomando cuidado para que nenhuma gota ficasse fora da taça. Mantinha um sorriso no rosto, e de lá ele não saía. Fazia tempo que esperava por uma oportunidade semelhante à essa, e era bom finalmente conquistar seus objetivos.


Não que ela fosse apenas um condimento nas conquistas dele. Muito pelo contrário. Até antes de se beijarem, ele apenas queria não se sentir preso à Bellatrix, enquanto agora queria livrar-se da esposa para poder se prender a alguém que também se prenderia à ele, da melhor maneira. Esta pessoa não poderia ser qualquer uma, e desde o beijo, seu objetivo tinha um nome. Narcissa Malfoy,




-Está delicioso. - disse Narcissa, após degustar o vinho, despertando Rodolphus de seus pensamentos.


Ele sorriu, um pouco mais, ao escutá-la. -Espero que o jantar como um todo te agrade. Não é de meu querer desagradá-la, seja com o que for. - piscou para ela.




Rodolphus pode ver um leve tom rosado nas bochechas de Narcissa, corada pelas palavras. E notou que, por várias vezes durante as conversas daquela noite, ela corava. O tom pálido da pele dela deixava estampado o que ela sentia a cada elogio ou conquista.


Conversaram sobre muitas coisas. Trabalho, família, ideologia. Mas faltava algo, que Rodolphus não sabia como começar. Aproveitou-se de uns minutos em silêncio, ao fim da sobremesa, para dar início ao seu discurso.




-Narcissa… - começou, quase como um sussurro. -Sabe porquê está aqui hoje, não sabe? - olhou para ela.


-Eu imagino. - mais uma vez o rosto dela tornou-se rosado.


-Bom, eu… - deu uma pausa, sem conseguir encontrar as palavras. Deu uma risada leve, diante do próprio nervosismo. Encontrou os olhos dela, antes de tentar retomar suas palavras.




Ao encontrar o azul dos olhos dela, suas palavras realmente se foram, e ele já não viu mais saída. Respirou fundo antes de tomar, enfim, uma iniciativa. Curvou-se sobre a mesa, ficando mais próximo do corpo dela. Cada vez se aproximava mais, e ele sentia que ela não relutava. O caminho até os lábios dela estava próximo, e logo ele poderia beijá-la para expressar o que queria dizer a manhã toda. Viu-a entreabrir os lábios, convidando-o a se aproximar mais.


O que aconteceu em seguida passou rápido, e completamente longe dos planos de Rodolphus. Ao chegar a centímetros de distância do encontro entre seus lábios e os de Narcissa, ele acabou por esbarrar em uma das taças de vinho, derramando o líquido arroxeado sobre o vestido branco que ela usava. Narcissa deu um salto para trás, se levantando, enquanto Rodolphus a enchia de perdões.


Sugeriu que ela tomasse um banho e vestisse algo de Bellatrix para não ficar com o vestido manchado. Mas, na verdade, só queria a chance de se redimir, podendo tê-la como companhia por mais tempo naquela noite. Pensavam a mesma coisa, logo ela aceitou.


Subiram juntos até a suíte para hóspedes. Todo o percurso até lá, Rodolphus pedia desculpas, chamando a si mesmo de desastrado, fazendo com que Narcissa risse. Não zombando-o, mas por gostar da preocupação dele, por uma coisa tão simplória.




-Bom, é aqui. As toalhas estão próximas à banheira, e eu iriei providenciar um vestido para você. Se precisar de alguma coisa, pode me chamar. Estarei aqui fora te esperando.




Narcissa entrou no quarto, fechando a porta atrás de si. Sentou-se na beira da cama, com um sorriso maroto no rosto. Tirou seus saltos, colares, pulseiras, anéis e brincos. Percebeu, ao retirar as jóias, que já não usava aliança por muito tempo. Sorriu com o tal pensamento. Levantou-se para tentar alcançar o zíper do vestido, que por ser muito alto, ela usualmente usaria um elfo para ajudá-la. Mas sozinha seria quase impossível descer o zíper.


Andou até a porta, relutando em segurar a maçaneta por alguns segundos. Respirou fundo, antes de abri-la. Encontrou Rodolphus em pé, encostado na parede do lado oposto da porta. A olhou preocupado, andando em sua direção.




-O vestido… Eu não consigo abrir. - disse Narcissa, corando novamente.




Rodolphus riu baixo, adentrando no quarto junto à ela. Viu-a colocar os cabelos para cima de um dos ombros, posta de costas para ele. Seus dedos foram até próximos ao pescoço dela, segurando o zíper e o descendo lentamente. As pontas dos dedos faziam um leve afagar nas costas dela, fazendo com que ela se arrepiasse. O silêncio era tanto que ela podia escutar o próprio coração bater. Ou seria o dele? O que ela escutava eram batidas ritmadas. Eram os dois corações batendo sincronizadamente.


O zíper ia até próximo da cintura, fazendo com que, quando este chegasse ao fim, Rodolphus pudesse ver o início da fina lingerie que ela usava. Vendo a fina peça, ele percebeu que derrubar vinho sobre o vestido dela não fora, de fato, ruim. Suas mãos, sem que ele pudesse controlar, foram até a cintura dela, segurando-a levemente, enquanto trazia o próprio corpo para próximo ao dela.


Neste momento, Narcissa fechou os olhos, deixando que ele conduzisse os corpos unidos. Soltou um suspiro ao sentir a respiração dele próximo ao seu ouvido, e levou uma das mãos para trás, encontrando o cabelo dele, enterrando os dedos lá.


As mãos de Rodolphus acariciavam a cintura dela, ao passo que seus lábios seguiram o caminho até o pescoço de Narcissa, roçando levemente antes de beijar o local com delicadeza, mordiscando a pele, fazendo-a se arrepiar.




-Rodolphus... - suspirou o nome dele, sem se permitir abrir os olhos.




Virando-se para a frente dele, Narcissa contornou o pescoço de Rodolphus com os braços, enquanto ele a puxava mais para si pela cintura. Os olhos já se encontravam abertos, e mantinham-os fixos um no outro. Ela acariciava a nuca dele, e sob seus dedos sentia a pulsação acelerada naquele local.


Tomando a rédeas da situação, Rodolphus aproximou os rostos, levando uma das mãos para sobre a bochecha levemente corada de Narcissa, acariciando-a. Seus lábios percorreram a extensão do maxilar, subindo para cada detalhe do rosto dela, enquanto sua mão agora segurava-a no queixo com carinho. Viu-a fechar os olhos, e sorriu contra a pele dela. Com este sorriso, ele não mais tardou em colar seus lábios aos dela, deleitando-se do doce sabor acerejado que ela tinha. Mantiveram-se num selinho por breves segundos, até que ele a segurou mais firmemente pelo queixo, fazendo do beijo algo mais profundo. Manteve uma mão na cintura, e a outra no quadril de Narcissa, trazendo-a mais e mais para perto ao passo que ela segurava-se no pescoço dele, dependendo da proximidade como se fosse vital.


Quando sentiram os corpos completamente colados, deram passagem para a língua um do outro, deleitando-me mais profundamente ao sabor que compartilhavam. Tímidos gemidos saíam da boca de Narcissa, ecoando entre o beijo, fazendo com que ambos se arrepiassem com a vibração do som. Rodolphus levou as mãos até as costas dela, adentrando na abertura do vestido, acariciando a nudez do lugar. Dado um tempo à tal carícia, ele começou a trazer o tecido mais para a frente, despindo-a aos poucos, sem parar de beijá-la em momento algum.


Pouco tempo mais tarde, o tronco de Narcissa já se encontrava nu, deixando-a com o vestido no quadril. Rodolphus interrompeu o beijo neste momento, dedicando-se a olhá-la. Tocou com as pontas dos dedos a cintura dela, acariciando em uma trilha até os seios.


O toque nos seios de Narcissa a fez se arrepiar, arqueando as costas em direção a ele. Rodolphus levou ambas as mãos até os seios dela, acariciando-os no momentos que voltou a beijá-la nos lábios. Os corpos estavam mais uma vez colados durante o beijo, e Narcissa sentia seus seios roçarem na camisa, e sob as mãos dele. Ela levou as mãos até o terno de Rodolphus, livrando-o daquela peça e desabotoando a camisa negra. Não tinham pressa, mantinham um ritmo leve e calmo, apesar do beijo desesperado e das mãos inquietas que percorriam os corpos.


Ao ver-se livre da própria camisa, Rodolphus deu-se conta de que o vinho havia sujado não só o vestido de Narcissa, mas seu corpo, que grudava no contato entre as peles. Com isso, passou um de seus braços pela cintura dela, e a outra por debaixo dos joelhos, pegando-a no colo e a conduzindo até o banheiro. Teve de cortar o beijo durante o percurso, e isso levou Narcissa à beijar o pescoço de Rodolphus até que chegassem no banheiro.


Sentou-a na borda da banheira, ajoelhando-se na sua frente. Beijou todo seu tronco, acariciando os seios com as mãos antes de abocanhá-los com os lábios. Mordiscou a pele em volta dos mamilos, enquanto sua mão brincava com o outro seio. A ouvia gemer audivelmente, e sentia os dedos dela emaranhados nos seus cabelos, e as unhas arranhando-lhe as costas.


Rodolphus levou as mãos até o quadril de Narcissa, quando passava os lábios pela barriga dela. Segurou o vestido branco, manchado pelo vinho, e o puxou para baixo lentamente, deixando-a somente com a fina calcinha de renda preta e verde. Ele desceu as mãos pelo corpo dela até chegar aos joelhos, abrindo as pernas dela à sua frente. Narcissa não mostrou resistência alguma. Estava entregue à ele.


Rodolphus subiu as mãos pelas coxas de Narcissa, até encontrar o cós da calcinha dela. Passou a ponta dos dedos pelo tecido, chegando à área sobre a intimidade, fazendo com que Narcissa gemesse, arqueasse as costas e enterrasse mais ainda os dedos nos cabelos dele.


Ele afastou o tecido, deixando-a exposta. Uma das mãos segurava a calcinha afastada, e a outra tocou no clitóris de Narcissa. Com decorrência às reações dela, Rodolphus sentiu que tinha permissão para ir mais além, e com isso aproximou seus lábios do vértice entre as pernas dela. Primeiramente ele passou a ponta da língua por toda a extensão de Narcissa, fazendo com que ela segurasse um gemido mordendo o lábio inferior. E, em seguida, passou a beijar a área, sentindo prazer com o que fazia. Sentia-a molhada ao seu toque, absorvendo cada pedaço do sabor dela.


Tudo que se ouvia naquele banheiro eram os gemidos de Narcissa, que antes discretos, passaram a ser altos e desesperados ao toque dos lábios dele.


Rodolphus, quando sentiu uma pequena contração no interior de Narcissa, parou de tocá-la com os lábios e se levantou. Ela gemeu em reprovação e ele a calou com um beijo, levando uma mão até a nuca dela, a segurando firmemente ao beijo, e a outra de volta à intimidade, penetrando-a com 2 dedos, enquanto o polegar a estimulava no clitóris. Ainda mantinha a delicadeza, mas agora num ritmo mais desesperado, necessário à dele. Queria que aqueles gemidos que ela soltava dentro de sua boca nunca mais cessassem.


Em pouco tempo, as contrações tornavam-se mais frequentes e mais fortes, fazendo com que Narcissa não conseguisse mais beijá-lo direito, apenas gemer próxima à gritos. Com isso, Rodolphus aumentou o ritmo de seus dedos, sentindo-a de contrair por completo. Olhou-a a tempo de deleitar-se com o rosto dela se transformando no mais puro prazer. Sentiu seus próprios dedos molhados, dentro dela. Curvou os dedos, prolongando as sensações de Narcissa.


Quando ela finalmente conseguiu abrir os olhos e parar de gemer, ela já estava ofegante e com o corpo suado. Trêmula e arrepiada do recente orgasmo. Com isso, Rodolphus finalmente a libertou da calcinha, deixando-a completamente nua. Pegou sua varinha dentro do bolso, a acenou e a banheira se encheu de água. Tornou a colocar Narcissa em seu colo, conduzindo-a até dentro da banheira, deixando apenas sua cabeça imersa.


Sentou-se na borda da banheira, atrás do lugar em que as costas dela estavam encostadas. Levou as mãos aos ombros de Narcissa, massageando-a. Ela gemeu baixinho.




-Fica aqui comigo... - disse Narcissa, num determinado momento.




Rodolphus sorriu, depositou um beijo no topo da cabeça dela e se levantou. Tirou os sapatos, meias, a calça e a cueca, para depois adentrar no lado oposto dela na banheira. Narcissa lançou um sorriso ao vê-lo submerso, andando pela água até chegar próxima a ele, que envolveu seu corpo com os braços.


Narcissa levou uma das mãos ao rosto dele, fazendo com que ele a olhasse. Sorriu, antes de beijá-lo. Sentiu os braços dele apertarem-a mais forte. Durante o beijo, sentiu as mãos dele a puxarem para seu colo, e deixou ser conduzida. Sua intimidade roçava no membro dele, que já se mostrava rígido. Beijaram-se por longos minutos, excitando um ao outro com aquele roçar entre eles.


Em um determinado momento, separaram o beijo, e Rodolphus levantou um pouco o corpo de Narcissa, segurando-a pela cintura, enquanto ela segurava o membro dele abaixo de si, e se encaixava dele. Mantiveram o olhos colados um no outro, no momento que ela descia sobre o membro dele e eles se tornavam um só, fazendo um gemido rouco ecoar pelo banheiro. Começaram se movendo lentamente, gemendo baixo com os lábios próximos. Rodolphus segurava a cintura de Narcissa, conduzindo-a para cima e para baixo ao passo que golpeava seu quadril contra o dela. Aos poucos a água da banheira os conduzia à uma dança erótica, fazendo com que se mexessem mais rápido por conta das pequenas ondas que se formavam. O ritmo aumentava gradativamente, ao passo que a excitação crescia. As unhas de Narcissa se cravavam nas costas de Rodolphus a cada espasmo que sentia.


Rodolphus não tirava os olhos de Narcissa, alterando em cada pedaço do corpo dela. Em especial, mantinha o olhar no azul dos olhos dela, nas bochechas rosadas pelo prazer, e o lábio vermelho e levemente inchado, de tanto se beijarem. Segurava firmemente na cintura dela, agora elevanto a um ritmo mais bruto e forte. Os primeiros gemidos de Narcissa podiam ser considerados tímidos, se comparados aos que se iniciavam agora. Ela não escondia reação alguma, gemia à beira de gritos, enquanto rebolava sobre ele.


Não era apenas um ato carnal. Era como se pudessem ver um no outro a cura para seus corações. Não era apenas o prazer, era o que ele representava. Não era apenas um orgasmo, era a entrega de um coração à outro, e a reparação da dor. Em questão de tempo, o orgasmo foi se formando. Ambos a ponto de explodir em perfeita sincronia. Olhavam um nos olhos do outro, gemendo enquanto se movimentavam rapidamente.


Quando finalmente explodiram, Narcissa fechou fortemente os olhos, soltando um gemido alto e agudo, enquanto Rodolphus forçou a si mesmo a manter os olhos abertos, para assisti-la chegar ao ápice, fazendo disso mais um prazer a ser acressentado em seu orgasmo. O corpo de Narcissa caiu exalsto sobre o de Rodolphus, mas sem tirá-lo de detro de si. Ambos ofegavam, acariciando carinhosamente o corpo um do outro, recuperando-se do orgasmo.


Quando finalmente se sentiram recuperados, Narcissa saiu do colo de Rodolphus, gemendo baixo quando o membro dele saiu de si. Sentou-se ao lado dele, sentindo os braços de Rodolphus ao redor de seu corpo. Recostou-se com a cabeça no ombro, cobrindo seu pescoço com beijos, fazendo círculos com a ponta dos dedos no peitoral dele. Ambos sorriam, por todo o tempo que estavam em silêncio e se recuperando. Em determinado tempo, Narcissa soltou uma risada.




-Eu havia dito para abrir meu vestido. Apenas abri-lo. - riu contra a pele dele, escutando-o rir também.


-Lembre-me de fazer o que pede à risca, da próxima vez. - segurou a mão dela, entrelaçando os dedos. Olhou para as mãos unidas. -Mas acho que não posso prometer algo que não vou cumprir...




Narcissa sorriu, levando sua mão livre até o rosto dele, virando-o para si e lhe beijando os lábios com delicadeza. Beijaram-se por longos minutos, acariciando um ao outro.


Rodolphus pegou uma esponja, assim que partiram o beijo, e começou a passá-la pelos braços de Narcissa, que apenas fechou os olhos, aproveitando. A esponja passeava livre por cada pedaço do corpo dela, enquanto ela soltava vários gemidos de satisfação.


Assim que o beijo deu-se por concluído, Rodolphus pegou Narcissa no colo, tirando-a da banheira, e a sentando sobre a pia de mármore. Encaixou-se entre as pernas dela, contornando os braços no corpo de Narcissa e a beijando. Mais uma vez se perderam no tempo, durante o beijo.




-Você é linda, Narcissa. - disse contra os lábios dela, sorrindo ao vê-la corar. Separou-se do corpo dela para pegar duas toalhas. Prendeu uma na cintura, e usou a outra para secar Narcissa. -Me dê um minuto.




Rodolphus saiu do cômodo, indo até o próprio escritório. Abriu uma gaveta, tirando de lá um pacote empoeirado, mas que nunca havia sido aberto. Voltou até o quarto, tirando do pacote o pó. Encontrou Narcissa sentada sobre a cama, com a toalha enrolada no corpo.




-Comprei isso há alguns anos, antes de me casar. Pretendia dar de presente à Bellatrix, no dia em que nosso casamento fosse além de um trato puro sangue... Mas isso nunca aconteceu. - aproximou-se dela, sentando-se ao seu lado. -Guardei porque tinha esperanças de que encontraria alguém digno de usar isso para mim. - estendeu o pacote à ela, que recebeu-o confusa. -É seu agora. Posso estar sendo precipitado, mas vejo em você... em nós, algo que vale a pena.




Narcissa ficou sem saber o que falar, então apenas sorriu e virou-se para beijar próximo da boca dele. Em seguida, começou a desembrulhar o pacote. Encontrou, dentro dele, um tecido fino e preto dobrado. Estendeu-o à sua frente, descobrindo o que era. Uma delicada camisola, longa e com finas tiras na manga, com uma fenda na lateral. Era simples, mas ao mesmo tempo era cheio de significados. Narcissa virou-se para ele, com os olho marejados.




-Veste pra mim. Eu quero ver. - disse ele, olhando-a com um sorriso no rosto.




E assim ela fez. Levantou-se, deixando a toalha escorregar pelo corpo, ficando nua novamente. De costas para ele, ela vestiu a camisola, que parecia ter sido magicamente moldada para seu corpo.


Antes mesmo de mostrá-la à Rodolphus, Narcissa caminhou até a penteadeira do quarto, olhando-se. Sorriu para o seu próprio reflexo, e viu pelo espelho Rodolphus se levantar, andando até ela. Chegou bem próximo a ela, abraçando-a por atrás, enquanto ela pousava as mãos sobre as dele em sua cintura. Narcissa virou-se para Rodolphus, e beijou seus lábios, contornando o pescoço dele com os braços. Ele segurou em sua cintura, colocando o corpo dela para cima, pegando-a no colo sem nunca separar os lábios.


Conduziu-a até a cama, deixando de beijá-la apenas para admirar a mulher à sua frente. Sentou-se na lateral, passando a mão pelo corpo dela, sobre a camisola. Mantinham ambos um sorriso no rosto, e uma esperança sobre eles mesmos.


Passaram alguns minutos, olhando um para o outro em silêncio, tentando decifrar o que se passava na cabeça do outro. Rodolphus se levantou, conjurou uma cueca box e a vestiu. Ao olhar para Narcissa, ele a viu dar leves batidas na lateral da cama, o convidando para deitar-se com ela, e assim ele fez, acolhendo-a em seus braços no momento seguinte.




-É engraçado como nós sempre estivemos próximos, saindo juntos, jantando juntos, e eu nunca o tinha percebido. - disse à ele, em sussurros.


-Estávamos conformados com nosso destino, Cissy. Eu, até pouco tempo atrás, tinha desistido.


-E o que fez mudar de ideia? - levantou o rosto, olhando-o risonha.


Ele riu, respirando fundo em seguida. -Eu beijei uma mulher maravilhosa. Beijei porque estava quebrado por dentro, e ela me acolheu, demonstrou carinho como ninguém nunca havia feito. Mas... ela correspondeu. Ela estava como eu. Quebrada, destruída… sozinha. - ele sorriu para ela -Tudo que eu quis foi reparar o coração dela, e deixar que ela reparasse o meu. - segurou carinhosamente o queixo dela, depositando um pequeno beijo em seus lábios. -Nada como um coração partido, para consertar outro, não é?


Os olhos dela marejaram. -Vai consertar meu coração, Rodolphus Lestrange? - disse com a voz um tanto embargada. Em resposta, Rodolphus beijou seus lábios, apertando-a mais contra seus braços, fazendo-a suspirar.


-Durma, minha querida. Eu estarei aqui quando você acordar. - beijou o topo da cabeça dela, observando-a fechar os olhos, enquanto acariciava suas madeixas loiras.


-Boa noite, Rold. - sussurrou contra o peito nu dele.


-Boa noite, querida Cissy.




Aos poucos, Narcissa foi se entregando ao sono, tendo como espectador Rodolphus, que assistiu-a cair no sono angelicalmente. Assim que a respiração dela tornou-se pesada, ele permitiu-se fechar os olhos e dormir.


Dormir junto. Este era um prazer que ambos não tinham à tempos. Carinho, sexo por sentimento, cuidados. Estes então, era possível dizer que nunca tiveram. Estar nos braços de alguém que se importava era como provar um tipo de amor que, até então, acreditavam existir apenas em livros. E agora, os grandes romances que liam escondidos, tornavam-se realidades.

***
HI!
Voltei com uma Roldissa, que é meu presentinho de fim de ano pra B.Black!
A fic foi baseada no RPG que jogamos, mas claro que com a história alterada e com mais detalhes *-*
Espero que vocês (principalmente minha Rold) gostem!

Beijos nas bochechas de cima.
Hellie Lestrange. 

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