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– Tori!


 


– Hey! Hoje não podia ser pior, ver você é um alívio.


 


Era verdade. Astoria estava saindo da redação do Profeta Diário naquele exato momento e tudo havia dado errado. Uma chuva torrencial caía sobre ela, que, naturalmente, estava sem guarda–chuva; O editor de "Cidades" havia feito uma crítica realmente pesada sobre um de seus trabalhos do dia; E hoje fazia cinco anos que sua avó – única pessoa de família com a qual se dava inteiramente bem – havia falecido.


 


 


Era um alívio ver o sorriso de Gina.


 


– Vem aqui debaixo. – falou referindo–se a seu guarda–chuva. – E... aceitei!


 


– O quê?


 


– O emprego em Glasgow. Provavelmente eu vou ser a técnica mais nova da história, mas –


 


– Não, espera. – balançou a cabeça, confusa. – Quando você sequer recebeu uma proposta de emprego?


 


– Algumas semanas atrás... e eu não contei porque não tinha realmente importância. Era só uma possibilidade remota... mas deu certo!


 


– Mas e –


 


– O Profeta? Tá tudo arranjado. Trabalharei mesmo à distância e algumas vezes virei pra reuniões e etc.


 


– Bom, é... perfeito.


 


– Sim, é! Eu vou conciliar tudo o que eu gosto! É a oportunidade dos sonhos!


 


– Mas Gina, e quanto... a nós?


 


 


O sorriso de Gina não murchou tanto quanto Astoria teria gostado.


 


 


– O que tem?


 


– O que vai acontecer com a gente?


 


– Eu vou sentir sua falta. Vou. Mas eu e minhas antigas colegas do Harpias ainda nos falamos frequentemente. É possível manter uma amizade mesmo à –


 


– Amizade?! – Astoria deu um passo atrás, saindo debaixo do guarda–chuva da amiga.


 


– É, amizade.


 


– Não, Gina! Estou falando sobre “nós”. Como “nós” fica?


 


– Tori – Gina encarou os próprios pés. – Não existe “nós”.


 


– Quê? – Tori encarou Gina sem realmente entender o que ela estava dizendo.


 


– Eu nunca disse que haveria algo além da nossa amizade...


 


– Nós dormimos juntas! Várias vezes!


 


– O que eu posso dizer?


 


– Que está brincando! Você não pode aparecer pra mim no fim do dia e dizer que não existe nada entre a gente... que foi uma amizade... que você vai morar em outra cidade!


 


– Eu nunca menti pra você.


 


– Pra mim você é minha namorada!


 


– Eu nunca disse isso...


 


– E precisava?


 


– Pensei que ser honesta era suficiente pra deixar as coisas claras. Eu sinto muito... de verdade. Nós não temos que parar de nos ver, Tori. A escolha é–


 


– Vá se foder.


 


 


Tori não esperou para ouvir se Gina a xingaria de volta ou seja lá o que ela fosse dizer, apenas correu contra a chuva forte e fria, sem nem se lembrar que poderia somente ter aparatado.

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