Dica três: sinceridade

Apesar de achar uma perda de tempo, Scorpius leu mais um capítulo. Já se passaram cinco dias desde que ele e Rose brigaram.

“Sinceridade:

Sinceridade é absurdamente fundamental. Falar o que pensa é bom, menos que a garota esteja parecendo um dragão. Leiam de novo a frase, porque vocês nunca entendem se leem só uma vez: ‘Nunca diga que a garota está parecendo um dragão! Nunca!’. Acho que agora deu pra fixar nesse vácuo que vocês chamam de mente. Como estava dizendo, sejam sinceros com seus sentimentos. O que provavelmente será perfeito, afinal, acho que alguns de vocês já se deram muito mal tentando seguir o que leram, não é?”

Ele parou de ler. Sim, ele se ferrou em um dos passos já dados. Então, sem mais nada para fazer, foi tomar seu café da manhã sozinho.

Já à mesa da Corvinal no Salão Principal, Scorpius mexia em seu mingau, mas não o comia. Observava uma certa ruiva, que também não comia. O caso estava realmente sério. Seus olhos estavam vermelhos e quando o loiro os viu sentiu o peso em seus ombros se triplicar, como se carregasse o céu.

– CADÊ O GAROTO MALFOY? – todos ouviram esse berro e alguns murmúrios adicionais. Scorpius mudou o curso de seu olhar e viu Rony à porta com uma expressão feroz que lembrava um leão prestes a atacar.

– Weasley, se você encostar um dedo no meu filho, juro que lhe arranco todos os fios de cabelo vermelho dessa sua cabeça! – ele ouviu seu pai exclamar.

– Rony! Vamos só conversar com a Profª Westerholt, sem escândalos, por favor! – Hermione foi ouvida. Harry assentiu e sussurrou algo para o amigo.

– Mas meu amor! Ele a chamou de sangue ruim! – o ruivo respondeu num sussurro alto.

Outro ruivo apareceu à porta, de mãos dadas com outra ruiva.

– Pai? Mãe? Tio Harry? – Hugo exclamou, o último nome um pouco mais esganiçado, e imediatamente soltou a mão de Lily – O que fazem aqui?

Todos se voltaram para os dois grifinórios parados à porta.

– Olá, Hugo, Lily. – Harry cumprimentou-os abraçando sua filha.

– Ah! Meu filhinho! – Hermione exclamou abraçando seu filho, que sussurrou algo em seu ouvido. Depois abraçou Lily Luna.

– Senhores, por favor, vocês podem me acompanhar até minha sala? – a diretora disse aos pais – Sr. Potter, peço que fique aqui, Srta. Weasley e Sr. Malfoy, por favor, nos acompanhem.

Rose, Scorpius, Hermione, Rony e Draco subiram para a sala da diretora junto a ela. Os dois homens trocavam ameaças e ofensas às costas de Scorpius.

– Um motivo, me dê um motivo para eu quebrar essa sua cara de doninha loira! Eu imploro! – Rony dissera.

Rose estava à sua frente, conversando aos sussurros com Hermione, que estava com seu braço esquerdo sobre os ombros da filha e a diretora à frente de todos. Scorpius se situava no meio desse confuso cortejo.

Os seis agora já estavam na sala, todos sentados em cadeiras que Hermione conjurara.

Draco e Rony discutiam firmemente, Hermione e Westerholt às vezes tentavam interrompê-los, mas nada adiantava.

– PAREM! – Scorpius berrou, deixando todos espantados. Estava cansado de ouvir seu pai berrando com o pai de Rose.

– Sr. Malfoy? – a diretora se dirigiu a ele – Quer dizer alguma coisa a nós?

– Na verdade... sim. – ele hesitou um pouco e se lembrou da dica que lera no livro, então se levantou e começou a falar – Rose me desculpe! Não tenho nem palavras para descrever o quão arrependido estou! Sabe que odeio quando falam mal do meu pai! Descobriu por conta própria no primeiro ano! Não queria ofender sua mãe, só que escapou! Nunca, nem nos piores devaneios, pensaria em te magoar. – Rony soltou um muxoxo baixo e sua esposa o cutucou nas costelas. Rose ainda não olhava para Scorpius.

“Sra. Weasley, – ele se dirigiu à Hermione – me perdoe! Não queria chamá-la do que chamei. Eu nem sei o que dizer à senhora, pelo fato do quão envergonhado estou. E sim, sei que meu pai a chamava assim quando freqüentaram Hogwarts e pode ter certeza que não me orgulho disso. – Hermione e Rony, percebeu Scorpius, lançaram um olhar esguio para Draco – E pai, você me faria um favor enorme se parasse de chamá-la assim até hoje na minha presença!”

“E Sr. Weasley, – ele começou timidamente – tem total direito de se zangar comigo.”

– Eu sei. – Rony retrucou como uma criança fazendo birra. Hermione lhe deu outro cutucão.

– Pode continuar Scorpius. – a morena disse carinhosamente.

– Tudo bem. – ele murmurou timidamente – Sr. Weasley, você sabe que sou muito amigo da sua filha e não quero que fique bravo com isso, afinal, Rose escolhe quem ela quiser para fazer amizade. Por um infeliz destino, ela escolheu a mim e o senhor tem de aceitar isso. Não queria magoar sua filha e lhe prometo que nunca mais o farei! Posso até fazer um Voto Perpétuo!

“Rose, – ela agora olhou para ele – por favor! Não precisa ficar mal por uma bobeira que deixei escapar! Gosto e prezo pela nossa amizade e quero voltar a ser seu amigo! Sinto falta das suas piadas e da sua risada. Sinto falta da sua implicância para com a minha letra e meus erros. Sinto falta de sentar ao seu lado nas aulas de Poções e acima de tudo, sinto muita falta do trio ‘Alvo, Rose e Scorpius’! Sabe que quando alguém te magoa o Alvo fica muito, mas muito bravo mesmo! E ele está muito furioso comigo!”

– Mas ele ainda fala com você! – a ruiva argumentou e Scorpius sorriu por ouvir sua voz.

– Sim, mas nós só trocamos ofensas! Ou vai dizer que não ouviu a música que ele carinhosamente dedicou a mim ao ganhar a última partida de Quadribol? – ele retrucou e ela abaixou a cabeça.

– O que o menino Potter fez a você? – Draco se manifestou.

– Isso não vem ao caso, pai. – o garoto respondeu – O que realmente importa é que Rose me perdoe e essa confusão toda acabe. Sabe que eu te amo! – disse se referindo a amiga, Rony arregalou seus olhos e abriu sua boca para dizer algo, mas Scorpius interveio – Como amigos!

Rose se levantou e o abraçou. Um tímido soluço escapou dos lábios da ruiva. E Scorpius a abraçou ainda mais forte.

– Você conseguiu falar com meu pai! – a garota sussurrou com a cabeça na curva do pescoço do loiro. Ela soltou uma risadinha abafada e os pêlos da nuca do garoto se eriçaram.

– É verdade! Consegui. – ele exclamou baixinho.

Ouviu Hermione dizer algo como: “Permaneça sentado, Ronald!”. Riu mais um pouco das faces carrancudas do pai e de Rony.

Placar total:

Scorpius 4 x 10 Problemas amorosos

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